Autor: Flávio Vieira

  • Resenha | A Busca do Graal: O Arqueiro – Bernard Cornwell

    Resenha | A Busca do Graal: O Arqueiro – Bernard Cornwell

    o-arqueiroO Arqueiro é o primeiro volume da saga A Busca do Graal, de um dos mais renomados escritores britânicos. Bernard Cornwell me fez acreditar que era possível criar uma história de ação, onde seu protagonista era um arqueiro e todas as grandes cenas de batalha seriam narradas sob o ponto de vista desses homens. Entendam, longe de desmerecê-los, a questão é: O arqueiro é dono de uma posição estática em uma linha de combate, diferente dos demais, onde travam combates corpo-a-corpo, sendo assim, não achava que seria possível ler um livro onde as principais cenas de ação são protagonizadas por arqueiros. Ledo engano. Cornwell colocou minha teoria por terra e eu o agradeço por isso.

    A Busca do Graal é ambientado durante importantes conflitos da Guerra dos Cem Anos, evento que marcou a consolidação das monarquias inglesa e francesa e que ocorreu de 1337 à 1453. Apenas como breve contextualização histórica. A Guerra dos Cem Anos se deu quando a França esteve carente de um herdeiro direto, devido a morte de todos os filhos de Filipe IV, o Belo. Após sua morte, o trono foi herdado por seu sobrinho Filipe de Valois. Contudo, o rei britânico Eduardo III, era herdeiro direto de Filipe IV, já que sua mãe era Isabel Capeto, filha de Filipe IV. Com isso, Eduardo III reivindicou o direito de unificar as coroas inglesa e francesa, já que se considerava herdeiro direto ao trono, diferente de Filipe De Valois.

    É nesse cenário que conhecemos, Thomas, um jovem morador de Hookton, uma pequena aldeia da costa inglesa. Seu grande sonho é se tornar um arqueiro, porém, seu pai quer prepará-lo para se tornar clérigo assim como ele e desaprova sua ambição em se tornar um soldado. Ainda assim, Thomas aprende a manusear o arco longo com seu avô enquanto mantém seus estudos para se tornar um sacerdote. Sua vida muda drasticamente quando sua aldeia é atacada por franceses e Thomas descobre que não se trata de um ataque comum, já que o responsável pela chacina está a procura da lança de São Jorge, relíquia que estava sob o poder do pai de Thomas. O ataque se mostra efetivo e Thomas se vê diante de seu pai prometendo vingar sua morte e recuperar a lança roubada.

    Se vendo sem família, lar e dinheiro, Thomas decide seguir seu sonho e se junta ao exército britânico de arqueiros. Com o tempo, esquece de sua promessa e de seu desejo de vingança e se envolve cada vez mais com o grupo de arqueiros, tendo como objetivo de vida apenas lutar, mas Thomas é quase uma personagem saída de uma tragédia grega. Seu destino caminha a passos imutáveis para o encontro derradeiro com os responsáveis pela destruição de sua aldeia e a morte de seu pai.

    No meio disso tudo, Cornwell ainda arruma tempo para incluir a “pouco conhecida” lenda do Graal na história. Apesar de ser um assunto tão explorado, o autor consegue trazer algo mais para discussão, abordando um pouco da lenda de que os cátaros foram possuidores do cálice durante determinado tempo.

    O Arqueiro traz uma narrativa bastante descritiva, mas por nenhum momento se torna enfadonha. As batalhas são de tirar o fôlego, é possível imaginar toda o desgaste necessário de um arqueiro ao armar seu arco e lançar repetidas flechas sobre o exército inimigo, todo o horror da guerra é relatado de forma crua, como de fato era na época. Suas personagens não são maniqueístas e estão longe dos grandes atos heroicos que são retratados em “histórias de cavaleiros”, cada um tem suas ambições, sejam elas boas ou ruins, como todas as pessoas comuns. Nosso protagonista é indeciso, repleto de dilemas, vive paixões com a mesma intensidade que as esquece, e são esses detalhes que tornam a leitura tão prazerosa.

    A saga de Thomas de Hookton continua em O Andarilho e termina em O Herege. Com certeza o leitor irá querer acompanhar mais aventuras desse complexo personagem e mais de suas grandiosas batalhas nos volumes seguintes. E depois de tantos detalhes técnicos sobre os arqueiros dados por Cornwell durante a aventura, não se surpreenda se você cogitar praticar o esporte depois de ter lido O Arqueiro. Eu sei que eu pensei nisso…

  • Crítica | Massacre no Bairro Chinês

    Crítica | Massacre no Bairro Chinês

    Massacre no Bairro ChinêsHá muito que me cansei de boa parte dos filmes do Jackie Chan, principalmente os mais recentes realizados em Hollywood, onde tínhamos contato apenas com suas cenas acrobáticas e uma dose de comédia já um tanto repetitiva. Este filme vem para resgatar um lado mais sóbrio e realista dos seus filmes, algo que já estava esquecido. Massacre no Bairro Chinês (2009) foi lançado no Brasil diretamente para DVD, o que realmente é uma pena, pois merecia sua passagem nas telonas, o que acabou não ocorrendo.

    O longa conta a história de chineses que no início dos anos 90, imigraram para o Japão ilegalmente, na esperança de uma vida melhor. Chan interpreta um mecânico chinês que entra no país clandestinamente a procura de sua namorada, que foi para Tóquio em busca de uma vida melhor. Ao ficar sem notícias dela por anos, decide ir buscá-la, mas descobre que ela está casada com um dos líderes da Yakuza. Sem ter como voltar para a China por ter perdido todos os seus documentos ao chegar no Japão, o personagem de Jackie Chan passa a sobreviver de subempregos, até que se vê obrigado a tomar atitudes que mudam completamente sua vida.

    O diretor Yee Tung-Shing demonstra experiência ao deixar de lado as lutas pirotécnicas costumeiras da filmografia de Jackie Chan e  focar no trabalho de construção de personagem de Chan, envolvendo todo o sacrifício feito pelo ator em retratar o drama de abandonar sua nação, amigos e familiares e demonstrar seus conflitos internos, problemas com a criminalidade japonesa, além de ver seus próprios ideais e familiares imergirem em areia movediça. Um excelente trabalho de parceria entre ator e diretor.

    Massacre no Bairro Chinês é competente ao mostrar o choque de culturas entre chineses e japoneses, a adaptação aos novos costumes e a dificuldade da vida dos imigrantes ilegais naquele local. O problema é que esse não é o objetivo principal do filme.

    Do meio para o final o filme começa a se perder, e bruscamente, deixa de ser um drama para se tornar um filme de ação. Algumas coisas poderiam ser evitados, como a mudança cretina no visual de um dos personagens, tudo isso para demonstrar que ele havia mudado de personalidade, o que acabou deixando a interpretação do ator totalmente caricata.

    O filme foi proibido na China devido a sua violência excessiva, que as vezes beirava o trash, e também, imagino eu, por pôr o dedo na ferida e mostrar a quantidade de chineses que saíam de seu país de origem para buscar um lugar sem um regime opressivo e que tivessem uma qualidade de vida melhor.

    Um filme que merece ser visto, principalmente pelo trabalho de atuação de Jackie Chan e o drama vivenciado pelos imigrantes chineses no Japão. Ainda assim, fica um gosto estranho ao saber que poderia ter sido muito melhor abordado.

  • VortCast 02 | Darren Aronofsky

    VortCast 02 | Darren Aronofsky

    Bem Vindos à bordo. Voltamos com mais a segunda edição do VortCast, e dessa vez contamos com Flávio Vieira, Amilton Brandao, Mario Abbade, Carlos Voltor, Rafael Moreira e Marcos Noriega em uma conversa profunda, perturbada, esquizofrênica e divertida sobre um grande cineasta contemporâneo: Darren Aronofsky. Adentre a mente deste diretor quando sentamos para analisar e compreender a sua curta, mas preciosa filmografia. (mais…)

  • Crítica | Réquiem Para um Sonho

    Crítica | Réquiem Para um Sonho

    Réquiem Para um Sonho

    Em seu segundo longa, Darren Aronofsky retorna com um filme realista onde retrata a vida de quatro dependentes de drogas, desde seu início e o que motivou essa atitude, os sonhos até seu total declínio, retratando como ela é usada como um instrumento do agora, de uma busca de seus objetivos, porém, da forma mais rápida e fácil possível.

    Trazendo um elenco pequeno, mas com grande enfoque e profundidade em todos as personagens, Réquiem Para um Sonho é uma daquelas obras-primas ao retratar o declínio do ser humano em decorrência do vício, seja ele qual for.

    A trama conta a história de quatro viciados cheios sonhos, três deles são jovens, Harry (Jared Leto), Tyrone (Marlon Wayans) e Marion (Jennifer Connelly). Todos os três são viciados em drogas e buscam nela uma perspectiva para mudança em suas vidas passando a traficar, cada um com seu objetivo. Harry quer montar uma loja de grife para sua namorada Marion, ela por sua vez só queria não depender dos seus pais ricos para isso. Tyrone almejava ser alguém, não sofrer discriminação pela sua cor e provar para sua mãe que seria bem-sucedido.

    Em paralelo temos a personagem mais profunda, Sara Goldfarb (Ellen Burstyn), a mãe de Harry. Sara é uma senhora onde sua única distração é a televisão, onde passa boa parte de sua vida vendo programas de auditório. Sua vida muda quando recebe uma possível proposta para participar desse programa, com isso resolve se consultar com um médico para lhe receitar algo que a ajudasse a emagrecer. Sara passa a administrar comprimidos de anfetamina e calmantes que com o passar do tempo passam a lhe propiciar alucinações, com isso Sara passa a aumentar a dosagem dos comprimidos.

    A narrativa é contada por meio das estações do ano. O filme inicia no Verão, onde temos o ponto alto das personagens, e com a mudança de estações, esses mesmos personagens caminham para um final trágico. Os cortes rápidos do Diretor e a trilha de Clint Mansell ajudam a ambientar a ruína das personagens.

    Réquiem Para Um Sonho definitivamente não é um filme feliz. Não existe redenção alguma. A cada sequência em tela, nos sentimos incomodados com a forma cruel que os efeitos das drogas causam aos seus dependentes. Só resta desespero e dor. Ademais, fica claro a bandeira contra às drogas que o filme levanta, no entanto, em nenhum momento soa panfletário, nem tenta forçá-lo a tomar partido ou servir como lição de moral para alguém, ele apenas “vomita” a ruína causada pelas drogas ao longo de toda sua projeção. Cabe a cada um refletir se tudo o que viu é o suficiente ou não.

    Ouça nosso podcast sobre Darren Aronofsky.

  • Crítica | O Lutador

    Crítica | O Lutador

    O Lutador

    Darren Aronofsky traz de volta aos holofotes Mickey Rourke, em um filme quase autobiográfico do próprio ator. O Lutador utiliza uma abordagem com um caráter bastante documental, Aronofsky passa a seguir Rourke com sua câmera durante boa parte da filmagem, sendo bem comum, olharmos as costas do ator durante o longa, o que remete não apenas a um documentário, como a algo bastante pessoal, registrando os  acontecimentos da vida do protagonista.

    O filme conta a história de Randy “The Ram” Robinson, um astro de luta livre que foi muito conhecido durante os anos 80, mas que hoje em dia vive das glórias do passado, já que foi esquecido pela maioria, não só pelo desinteresse pela atração nos dias atuais, como também por sua personalidade autodestrutiva. A partir daí, se faz necessário um comparativo com a carreira do próprio Mickey Rourke, que como um dos grandes astros do cinema, caiu no esquecimento devido a sua vida repleta de excessos, e com isso passou a ganhar a vida fazendo filmes baratos, sem nenhum apelo do grande público.

    Randy tinha um futuro promissor, mas devido a uma série de escolhas equivocadas e da forma destrutiva que levou sua vida pessoal, chegou em um situação difícil financeiramente e familiarmente, já que nem sua filha o quer por perto. Na sequência inicial vemos uma série de montagens de sua época áurea, para logo depois o reencontrarmos vinte anos após, sozinho, com uma saúde já debilitada e se preparando para uma luta em uma escola infantil. A câmera demora a mostrar o rosto de Rourke, o que torna um triste reencontro, pois vemos que de galã de uma época, ele se tornou um homem de meia-idade completamentamente destruído pelo tempo e seu modo de vida.

    Stallone já havia ajudado o amigo em O Implacável (Get Carter), dando um papel de destaque para o astro em 2000, porém, o próprio Stallone estava tentando se reinventar na época e assim como o próprio Rourke, vivia de glórias do passado e filmes menores até se reencontrar com Rocky Balboa, de 2006. O reconhecimento merecido de Rourke, só viria anos depois com “O Lutador”, graças ao roteiro de Robert Siegel e a direção de Aronofsky.

    Os anos foram cruéis com Randy, que apesar de demonstrar um bom físico, notamos que  isso é devido ao uso exarcebado de anabolizantes, o que acabou lhe rendendo um problema no coração. Seu personagem sofre grandes dificuldades financeiras e com isso, se sujeita a trabalhar em um supermercado enquanto continua com suas lutas nos finais de semana. O contraste entre seus dois empregos é brutal, enquanto como lutador, recebe o carinho dos fãs e vê seus companheiros de luta como uma verdadeira família, o oposto ocorre no supermercado, onde recebe um tratamento degradante através do seu patrão.

    Rourke se doa por inteiro, transmitindo uma onda de emoções a cada momento em tela, deixando exposto a enorme sensibilidade da personagem, como quando recebe a notícia de quem não poderia mais subir aos ringues, ou mesmo nos diálogos com a stripper Cassidy, personagem de Marisa Tomei, que se identifica com Randy. Cassidy passa o mesmo que Randy, o pesadelo da idade, pois mesmo continuando linda, seus clientes já acham ela velha demais, e sente que em breve, terá que abandonar o palco. A troca do velho pelo novo.

    Entre os personagens centrais da trama, temos tambem Evan Rachel Wood interpretando a filha de Randy, Stephanie, e conhecemos um pouco mais do lado autodestrutivo de Randy e sua capacidade de magoar todos à sua volta, já que ela hesita em permitir uma reaproximação com o pai, devido ao passado onde foi magoada por ele. Rachel Wood traz uma grande atuação, mesmo com poucos momentos em tela. É impossível não sensibilizar com a vulnerabilidade da garota e as trocas de olhares que tem com o pai, muitas vezes sem necessitar de diálogo algum entre eles.

    Aronofsky adota um estilo narrativo completamente diferente de seus filmes anteriores, exibindo uma direção mais realista, quase documental, linear e pessoal, trazendo o expectador para a trama e apesar de não cair no lugar comum usando um tom melodramático, O Lutador emociona por esse pé na realidade, e claro, as atuações, bom roteiro e excelente direção, tudo sem soar clichê ou mesmo forçar uma identificação com o protagonista, como ocorre com tantos dramalhões por aí, pelo contrário, Randy é uma pessoa que vive cometendo os mesmos erros, autodestrutivo e trágico, mas que nem por isso, não se torna inesquecível.

    O Lutador é um filme sobre envelhecer, o que nos define como pessoas e o quanto podemos seguir adiante sem perder nossa identidade.

    Ouça nosso podcast sobre Darren Aronofsky.

  • Review | Boston Legal

    Review | Boston Legal

    boston legal posterBoston Legal foi uma daquelas séries que foi chegando sem muito alarde e hoje em dia é considerada uma das melhores séries já transmitidas. Produzida como um spin-off de The Practice, porém, com uma diferença grande em relação ao roteiro de sua percursora, Boston Legal abusava de um humor ácido e irônico.

    Com produção e roteiro de David E. Kelley (produtor também de Ally McBeal, The Practice, entre outras), Boston Legal estreou na TV americana em 2004 pela ABC. E talvez por ser uma cria de The Practice, muitos demoraram para apostar no potencial da série, não desmerecendo a original, porém, não acreditavam que a série teria algo novo a acrescentar no que sua antecessora já tinha feito. Ledo engano.

    A série trouxe o dia-a-dia de um grande escritório de advocacia, Crane, Poole & Schmidt, focando em seus personagens e seus casos jurídicos diários. Entre seus protagonistas estão ninguém menos que James Spader, onde interpretava Alan Shore, um manipulador e inescrupuloso advogado que passa a trabalhar nesse novo escritório (o personagem de Spader participou da última temporada de The Practice). O outro destaque fica com ninguém menos que William Shatner, que interpretava o advogado egocêntrico e fundador da firma de advocacia, Crane, Poole & Schmidt, Denny Crane, antes um grande advogado, mas que hoje não passa de uma caricatura de si mesmo.

    Entre o elenco de apoio, podemos citar Mark Valley, que interpreta Brad Chase, um associado da firma e típico escoteiro, acabou sendo contratado pela firma para dar apoio direto a Denny Crane, já que os demais sócios acreditam que o mesmo só venha a causar problemas.  O elenco feminino está repleto de talentos, além de todas serem um colírio e tanto para os olhos. Entre elas temos Rhonda Mitra como Tara Wilson, antiga namorada de Alan Shore, Monica Potter como Lori Colson, uma advogada centrada e um tanto conservadora, Candice Bergen chega durante o meio da temporada interpretando a Sócia Sênior da firma, Shirley Schimidt, que vem a missão de reestruturar o escritório.
    boston legalAs temporadas de Boston Legal sempre deram pouca importância para o elenco de coadjuvantes, havendo uma troca frequente de atores. O ponto forte da série é sem dúvida o desenvolvimento da amizade entre Denny e Shore, que aliás, é de se aplaudir de pé a química entre os dois atores, o que acabou rendendo um Emmy para ambos já em sua primeira temporada. Essa amizade seria desenvolvida com maestria durante toda a série.

    O roteiro de Kelley traz textos inteligentes, repletos de humor negro e sarcasmo, com diálogos ácidos e que passa longe dos enlatados americanos, inclusive, a série faz críticas severas ao governo americano, seja através da visão racional de Shore ou do discurso republicano de Crane que beira a ingenuidade muitas vezes, mas vez ou outra, acerta.

    Além disso tudo, a série traz uma trilha sonora memorável, tendo sempre ótimos temas de Blues e Jazz tocados durante seus episódios, inclusive um episódio especial de Natal com William Shattner cantando um clássico natalino que dificilmente esquecerei.

    Confesso que ao assistir a série, julguei que fosse apenas mais uma série jurídica, mas ela está muito acima disso. Questões morais, religiosas e políticas são abordadas de maneira inteligente e buscando o questionamento do telespectador, ao menos a dúvida razoável sobre esses temas, como um bom advogado deve fazer para convencer um tribunal ou juiz.

  • Crítica | Os Goonies

    Crítica | Os Goonies

    Os Goonies

    Pois é, bateu uma nostalgia nesses últimos dias e decidi assistir novamente o clássico da Sessão da Tarde, Os Goonies. Me pergunto, qual jovem nascido no final entre os anos 70/80 não se divertiu com este filme?

    O filme tinha a receita exata para a geração daquela época, afinal, era bastante comum inventar brincadeiras na rua e sair desbravando rua-a-rua, arrumar confusões com o pessoal do bairro vizinho, inventar brincadeiras novas ou mesmo as velhas, tudo isso até a hora do sol se pôr, sinal dado para a molecada voltar para casa antes que tomassem uns “petelecos” dos pais. Mas o melhor de tudo eram as tão esperadas férias, onde tínhamos quase 2 meses de diversão, sem se preocupar com lições de casa e provas. Enfim, um retrato de uma geração há muito esquecida, onde as travessuras de rua foram trocadas por horas em frente ao computador ou videogame (bons tempos de fliperama), tudo isso talvez seja motivado pela violência crescente e pelos pais super protetores de hoje, ou talvez, a violência continue a mesma, os pais também e eu esteja bancando o nostálgico aqui… Talvez, seja isso mesmo.

    No meio disso tudo, tínhamos os famosos filmes “juvenis” dos anos 80, entre eles estão clássicos como Conta Comigo, Clube dos Cinco, Curtindo a Vida Adoidado, entre tantos outros. Dentre essa invasão, Os Goonies reunia tudo aquilo que as crianças daquela época viviam: aventuras, confusões, trapalhada (parece até uma chamada da sessão da tarde, não é mesmo?), talvez por isso, o filme seja tão querido por tantos, por tudo que representou em sua infância, um retrato de suas aventuras, em menor potencial, é claro. Mas ele tem o ar infantil que toda criança tem, a vontade de sair por aí, conhecer novos lugares, fazer novos amigos, saber seus limites, Goonies transpira tudo isso.

    Richard Donner consegue transpor todos esses sentimentos em tela, o filme “cheira” a aventura juvenil, seja no roteiro, nas interpretações ou mesmo na trilha. A produção é assinada por ninguém menos que Steven Spielberg e o roteiro é do próprio, com a adaptação feita por Chris Columbus. Com um time desses, é difícil acreditar que não poderia dar certo.

    Falar da história de Goonies não é novidade pra ninguém, porém, se existe alguém que ainda não viu (corrija essa falha de caráter agora!), vamos lá. A cidade onde um grupo de garotos moram, será demolida para a criação de um campo de golfe, com isso, esse grupo de amigos terão de se mudar para lugares distantes uns dos outros, colocando ao fim nas aventuras vivenciadas por eles. No último dia deles em sua cidade, Mikey (Sean Astin ainda criança), encontra um mapa que supostamente levaria a um tesouro pirata.

    Como uma última aventura do grupo, eles decidem sair em busca desse tesouro e quem sabe quitar a dívida que os possibilitava de continuar com suas casas e impedir a construção do campo de golfe e a separação deles. Contudo, um dos pontos de partida fica dentro de uma casa na colina (por sinal, que fotografia excelente durante este trecho do filme), que está habitada pelos Fratelli, bandidos foragidos que estão usando o local como esconderijo. Uma trama relativamente simples, porém, divertidíssima.

    A produção de Spielberg não poupou verba durante o filme. Quem não se lembra do navio pirata construído em tamanho real para as filmagens? Quanto ao elenco, os personagens são carismáticos e muitos se tornaram ícones da cultura pop. Cenas como a do Gordo se confessando para os Fratelli, Sloth e seus chocolates, Bocão falando espanhol com a empregada da mãe de Mikey e as invenções que nunca davam certo do Data são inesquecíveis.

    Direção impecável e elenco cativante em uma história aventuresca e repleta de magia torna Goonies um filme que sempre será lembrado com carinho por quem já o assistiu, e acima de tudo, Goonies é um retrato de uma geração que quem viveu, sente saudades.

  • Agenda Cultural 24 | Ano Novo. Tudo Igual.

    Agenda Cultural 24 | Ano Novo. Tudo Igual.

    Bem Vindos à bordo. Edição especial do Agenda com uma seleção de diversos convidados de 2010! Além dos costumeiros Flávio VieiraAmilton Brandão e Mario Abbade, juntam-se ao bate-papo os colaboradores frequentes do blog, André (Kirano) e Levi Pedroso, além de vários convidados que participam em cada bloco do programa, tornando este primeiro episódio do ano um meretrício só deveras especial.

    Duração: 125 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Literatura – Com Lucas Deschain

    A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao – Junot Díaz
    Visite: Meia Palavra

    HQ – Com Carlos Tourinho e Daniel HDR

    X-Men – Garotas em Fuga
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    Visite: HCast
    Visite: Daniel HDR

    Séries – Com Carlos Tourinho e Jojo Nerd

    Raising Hope
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    Visite: Pauta Livre e Filmes Com Legenda
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    Música – Com Ock-Tock
    The Big Four: Live From Sofia, Bulgaria
    The Big Four – Am I Evil
    Visite: Tockaí
    Visite: Máquina do Tempo

    Games Preferidos de 2010 – Com Pablo Rozados e Diego Gomes

    Super Mario Galaxy 2
    Donkey Kong Country Returns
    Assassin’s Creed 2
    God of War III
    Heavy Rain

    Cinema
    Senna
    Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos
    Incontrolável
    Tron
    Amor por Contrato
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    A Rede Social
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    Skyline
    As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada
    A Sétima Alma
    Enterrado Vivo
    Machete

    Produto da Semana

    Sqweel – Simulador de Sexo Oral Feminino com Línguas de Silicone Rotativas
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  • Resenha | A Autobiografia – Eric Clapton

    Resenha | A Autobiografia – Eric Clapton

    Eric Clapton - AutobiografiaTraçar toda a trajetória de qualquer celebridade, que viveu intensamente os excessos dos anos 60/70 não é uma tarefa fácil, o que falar quando a pessoa em questão é Eric Clapton.

    Primeiramente tenho que parabenizar a Editora Planeta, por publicar esse tipo de material por aqui, que tem sido tão raro e com uma qualidade tão boa, não só da pelo valor histórico e musical, como pelo material utilizado: capa, tradução e papel. Apesar de tudo isso, não sou um grande adepto de ler biografias, mas esta se fez necessária, não só pelo apreço que tenho pela obra do Clapton, mas também por trazer todo o relato de quem viveu uma vida de excessos, rodeado por artistas que estão entre os melhores e que fez parte do panteão do Rock and Roll.

    Eric Clapton, assim como Keith Richards e alguns outros poucos, foi contra todas as previsões daqueles que achavam que eles não chegariam aos 30 anos, motivo esse ao fato de vivenciarem mais do que ninguém o lema sexo, drogas e rock and roll. Hoje, mais do que tudo, Clapton é um sobrevivente e mantém uma sólida carreira de quase cinco décadas.

    Sua biografia está longe de ser sobre O rockstar Eric Clapton, mas sim a pessoa por trás da guitarra, dando ênfase maior em todo aspecto pessoal de Clapton. O livro acaba deixando de lado passagens de sua vida que seria deveras interessante para os fãs que queriam conhecer um pouco mais sobre seus muitos encontros com músicos famosos, detalhes de shows históricos e acaba optando por um mergulho profundo na psiquê do guitarrista.

    Já no seu início conhecemos um pouco de sua juventude sofrida e que refletirá diretamente em sua vida, ao descobrir que as pessoas que foram apresentadas como seus pais por boa parte de sua infância, são na realidade seus avós. Sua verdadeira mãe, após um tórrido romance com um soldado canadense, que servia ocasionalmente na Inglaterra durante a Segunda Guerra, fica grávida aos 16 anos, e por viver em uma época  conservadora, seus pais assumem a criança como sendo filho deles. Com o término da Guerra, o soldado retorna para seu País e família, deixando a mãe de Clapton sozinha e nunca mais retorna. Um tempo depois, sua mãe se casa e vai morar na Alemanha, deixando Clapton aos cuidados dos avós. Sua mãe sempre foi apresentada como sua irmã mais velha, apenas no fim de sua infância descobre que se tratava de sua mãe. Talvez por tudo isso, seu amor pungente pelo blues seja sua maior influência.

    Mesmo não dando um enfoque maior para o lado musical, Clapton relata detalhadamente como foi parar no Yardbirds, a criação do primeiro super-grupo, o Cream, que era formado Ginger Baker (bateria) e Jack Bruce (baixo/vocal), além de Clapton. Sua vontade de querer apenas se expressar através da música, fica evidente ao relatar sobre a criação do outro super-grupo Blind Faith, formado por ele, Baker, Steve Winwood (Teclado/vocal) do Traffic e Ric Grech (baixo) do Family, que buscavam apenas diversão, com a pretensão apenas de levar algumas jams e lançar algo em decorrência disso, após o grupo assumir diversos compromissos e obrigações, os membros perceberam que estavam fazendo novamente o que não queriam e decretaram seu fim.

    O livro também relata toda a produção do álbum da banda fictícia Derek and The Dominos, que não traz informações de Eric Clapton, pois ele mesmo não se sentia seguro e queria que ouvissem seu trabalho pela sua qualidade, não por ele ser Eric Clapton. Durante boa parte de sua vida, Clapton parece não ter se encontrado como pessoa, se mostra inseguro, deslocado e auto-destrutivo.

    É nesse disco que Clapton faz sua declaração de amor reprimida há muito tempo por Pattie Boyd, esposa do seu amigo, George Harrison. Aqui, Clapton despeja todos os seus sentimentos ao relatar sobre esse período de sua vida, de como tentou reprimir o que sentia, e de como tentou acabar com sua vida, através do álcool e heroína. Nessa época, seu gasto semanal com heroína era cerca de 30 mil libras. Contudo, foi nesse período sua melhor fase musicalmente e seu relacionamento com Pattie Boyd talvez seja o mais importante entre tantos fracassos em sua vida amorosa.

    A ausência de seus pais, seu relacionamento com Pattie, sua dependência com as drogas, a morte de seu filho, todos esses fatos são relatados de forma extremamente sentimental, soando como um desabafo ao poder contar um pouco de tudo o que passou. Clapton se despe de todos os mitos que envolve sua personalidade e faz um relato sentimental, apaixonante e muitas vezes agoniante de toda sua trajetória, em um leitura fluída e agradabilíssima e sob o pano de fundo de um blues tocado ao longe.

    Clapton se tornou mais que um Rockstar, mas um mito para todos os amantes de Blues e Rock and Roll e deixa grafado na história a tão pichada frase dos muros londrinos: Clapton is God.

  • Crítica | Final Fantasy VII: Advent Children

    Crítica | Final Fantasy VII: Advent Children

    Final Fantasy VII Advent Children

    Preparem as pedras. Final Fantasy VII: Advent Children, dirigido por Tetsuya Nomura e Takeshi Nozue, é um filme apenas para fãs xiitas que não aceitam sua má realização e roteiro pífio. Só tive a oportunidade de conferir o longa, tempos atrás, e minha decepção não foi pouca.

    Antes de prosseguir, é necessário fazer alguns apontamentos: O filme se passa logo após o término do jogo, para ser mais preciso, dois anos depois, porém, não vemos mudanças nenhuma no mundo em questão. Um doença sem cura chamada Geostigma surge, infectando diversas pessoas. Sem grandes explicações, surgem três novos vilões que são clones do Sephiroth, que estão em busca da entidade Jenova, pois através dela conseguiriam convocar um misterioso ser chamado “Mãe”. Cloud continua com seus problemas não superados e agora infectado pela nova doença.

    Sendo simplista, esse é o cenário onde se passa o filme, após os dois anos da derrota de Sephiroth, o mundo continua o mesmo, os personagens continuam com os mesmos problemas. Cloud está insuportável, já não bastasse todos os problemas e dramas psicológicos no jogo, aqui ele volta sem evolução alguma.

    Não poderia deixar de citar a tentativa frustrada da Square Enix em trazer de volta Sephiroth para a grande batalha final, porque não o deixam morto e tentam emplacar um outro grande vilão? Enfim, totalmente desnecessário, só mostrou que o filme foi um grande caça-níquel para os milhares de fãs que a franquia tem espalhada pelo mundo.

    O filme tem seus momentos: Lutas muito bem coreografadas abusando da computação gráfica, trilha fantástica de Nobuo Uematsu, fotografia de encher os olhos, todos os personagens da série estão de volta. Porém, as coisas param por aí, o roteiro é uma bagunça, é IMPOSSÍVEL para quem não jogou FFVII entender o que está se passando em tela, aliás, é difícil até pra quem jogou.

    Apesar da animação ser magnífica, como sempre, me incomodou um pouco o design dos personagens, boa parte dos personagens masculinos estão com um visual andrógino demais até para animes. No final das contas, Final Fantasy VII: Advent Children é mais um filme descartável, que seria abominável, se não fosse pela trilha sonora de Uematsu e a qualidade técnica da animação.

    Recomendado apenas para “fãs”.

  • Crítica | Arraste-me para o Inferno

    Crítica | Arraste-me para o Inferno

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    Sam Raimi é um desses diretores que alçou o seu lugar na indústria pela criatividade empreendida em seus trabalhos, isso está explícito em sua série que o tornou visível para a Hollywood. Evil Dead ou Uma noite Alucinante, como ficou conhecida por aqui, era uma filme de terror que mesclava efeitos especiais paupérrimos, com um roteiro de terror simples mas extremamente funcional, tudo isso somado a doses de humor que beiravam o ridículo, e assim tornou-se um dos grandes nomes do chamado cinema “Terrir”.

    Com o tempo, Raimi abandonou o seu cultuado Evil Dead e foi se aproximando cada vez mais a um cinema hollywoodiano sem deixar sua veia autoral de lado, mas abandonando um pouco o gênero que o havia sido consagrado, porém, em 2009 ele retorna com Arraste-me Para o Inferno, um retorno ao passado em grande estilo.

    A história do filme é focada em Christine Brown (Alison Lohman), uma jovem simpática que trabalha em uma instituição financeira que com o tempo se vê obrigada a mudar o rumo de sua vida e se tornar uma pessoa mais ambiciosa, após seu chefe colocá-la em uma competição direta com seu colega de trabalho para uma oportunidade de promoção em seu emprego. Após ser pressionada pelo seu chefe de não conseguir tomar decisões difíceis, Christine nega um crédito para uma senhora idosa, e com isso faz com que ela perca seu imóvel.

    O que Christine não sabia era que essa senhora na realidade era uma feiticeira cigana, e que após se humilhar e ter seu crédito negado, um feitiço é preparado para a jovem. A maldição da Lâmia, que consiste em três dias de tormentos e ao fim desse terceiro dia, ela seria arrastada para o Inferno de onde não sairia mais.

    Raimi acerta em cheio, ao utilizar um tema que está tão em voga nos dias atuais como uma metáfora em seu filme. O capitalismo desenfreado, o desapego ao próximo e a crise econômica que tem assolado o mundo são colocados nas entrelinhas do longa, acrescentando um ponto para reflexão, que os mais atentos não deixarão passar despercebido. E tudo isso fica claro quando o banco em que a protagonista trabalha nega o crédito para a senhora, tomando seu imóvel e em decorrência disso, sua vida. O desespero da cigana em perder sua casa é o mesmo de Christine em lutar pela sua vida, custe o que custar.

    O trabalho de direção de Raimi é impecável, usando planos originais e com precisão, com um destaque para a cena entre o duelo entre dois carros, além de tantas outras tomadas que utilizam do clima sombrio na medida exata, e esse é o grande mérito do diretor, saber que o terror está em criar o clima proporcionando uma tensão que acarretará no susto, e não abusando de efeitos especiais e cenas de violência desmedidas.

    O elenco funciona muito bem, principalmente com sua protagonista, Alison, que funciona perfeitamente como a típica heroína de filmes de terror, porém, com personalidade, repleta de ambições e frustraçoes, defeitos e qualidades, enfim, uma personagem de verdade, não os estereótipos das atrizes de terror. O filme ainda arruma espaço de destaque para os coadjuvantes, entre eles, Justin Long, que interpreta o namorado de Christine, tendo uma boa química com o personagem. Lorna Raver interpreta a Sra. Ganush, a cigana/bruxa que faz o papel da antagonista da história, simplesmente medonha.

    Arraste-me para o Inferno prova para àqueles que não acreditavam que Sam Raimi teria a mesma vitalidade de antes e vem como um dos principais filmes de terror de 2009, não deixando de lado sua mescla de cenas assustadores e beirando ao gore, para logo depois dar uma aliviada com algo engraçado. Que Sam Raimi nos surpreenda dessa forma sempre.

  • Resenha | Leite Derramado – Chico Buarque

    Resenha | Leite Derramado – Chico Buarque

    Leite Derramado - Chico Buarque

    “A curva é o gesto de um rio.”

    Eis que Chico Buarque retorna com seu quarto livro, Leite Derramado. Uma história que traça todo o panorama do Brasil do último século, sob o ponto de vista de Eulálio Montenegro D’Assumpção, um senhor já com seus 100 anos de idade, que em seu leito de morte, relembra da melhor maneira possível – devido a sua memória já um tanto envelhecida – trechos de sua vida, relembrando em alguns momentos “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez.

    “…A memória é deveras um pandemônio, mas está tudo lá dentro, depois de fuçar um pouco o dono é capaz de encontrar todas as coisas”

    Chico cria uma narrativa sem ordem cronológica, porém, de maneira genial. É possível ir montando esse quebra-cabeça da história da nossa personagem de acordo com suas narrativas, e assim contextualizando com os costumes e valores do último século, além de referências a quebra da bolsa de NY, a Era Vargas, a ascensão nazista e a Segunda Guerra Mundial, a própria ditadura militar, entre outros acontecimentos.

    “…Meu avô foi um figurão do Império, grão-maçom e abolicionista radical, queria mandar todos os pretos brasileiros de volta para a África, mas não deu certo”

    Eulálio, hoje já decadente, foi pertencente de uma família aristocrática. Seu trisavô chegou ao Brasil na comitiva da família real portuguesa, já seu bisavô foi o grande Barão dos Arcos, seu avô esteve sempre ao lado de D. Pedro II, enquanto seu pai era um senador da República Velha. Com o decorrer dos anos, acompanhamos a decadência da elite carioca, que vai se adaptando às constantes mudanças sociais, e tendo seus valores alterados. A contextualização de “Leite Derramado” está em cada personagem, local e modos de vida que somos apresentados, onde tomamos para si um pouco daquelas tradições, costumes e falas de cada época.

    “… E qualquer coisa que eu me recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida!”

    Em sua história, Chico delimita bem o aspecto social de cada gestão presidencial e escancara a questão educacional brasileira, que sempre foi privilégio de uma pequena minoria. Os padrões morais dessa minoria sempre foram conservadores e dotados de preconceitos raciais, mostrando que esse sistema nunca preparou a formação de uma sociedade mais ética e desenvolvida.

    “… Era como se a cada passo eu me rasgasse um pouco, por que minha pele tinha ficado presa naquela mulher.”

    Acima disso tudo, Leite Derramado é uma grande história de amor mal resolvida e acabada que atravessa os anos. Eulálio relembra diversas vezes da mulher, Matilde, a mulata por quem se apaixonou durante uma missa na Igreja da Candelária. Chico está entre os poucos autores que sabem descrever o amor poético, que se dá como parceiro, que não se importa em revelar seus sentimentos, sejam eles repletos de fracassos, e isso está ao lado de Eulálio em seu leito de morte durante todo o livro. A busca pelo amor perdido, pungente.

    “…Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta. O ciúme é então a espécie mais introvertida das invejas, e mordendo-se todo, põe nos outros a culpa de sua feiúra.”

    Leite Derramado é bem menos pretensioso que os livros anteriores de Chico, tendo uma forma narrativa agradável e simples de ser consumida, mesclando trechos divertidos e trágicos ao mesmo tempo. Uma leitura intensa, com personagens falhos, mesquinhos e egoístas, como todos somos de verdade. Além de contar ainda com toda ambientação do último século, criando um Rio de Janeiro palpável, quase real para àqueles que lêem, trazendo consigo todo aspecto histórico da época. Acima disso tudo, Leite Derramado é uma história que lhe fará refletir por muito tempo.

    “… Mas se com a idade a gente dá para repetir certas histórias, não é por demência senil é porque certas histórias não param de acontecer em nós até o fim da nossa vida!”

  • VortCast 01 | A História da DC Comics – Parte 1

    VortCast 01 | A História da DC Comics – Parte 1

    Bem Vindos à bordo. Edição com Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Daniel HDR, Professor Nerd, André (Kirano) e Delfin (atrasado, mas sempre informativo) em um bate-papo descontraído sobre a trajetória da DC Comics nos primeiros anos dos 75 de sua vida: A criação de seus principais personagens, autores de grande renome, histórias que marcaram época e muito mais sobre uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo.

    Duração: 65 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Argcast #51 – Batman, o seriado da TV
    Conceito do Batman sem Bill Finger
    Multiverso DC – Material sobre o Gavião Negro

  • Crítica | Os Garotos Perdidos

    Crítica | Os Garotos Perdidos

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    Se tem algo que sinto falta são os filmes dos anos 80, que apesar de serem taxados de bobos e “vagos” pelos críticos, se tornaram cultuados por toda a molecada da época, e nos dias atuais ainda são lembrados com carinho por quem os viu. Além do que, a cada dia conquista mais adeptos entre os jovens de hoje, indo contra as previsões dos críticos que diziam que ninguém lembraria desses filmes futuramente. Não poderia deixar de lado um dos meus filmes preferidos dessa época: Os Garotos Perdidos.

    A indústria do cinema dos anos 80 apostou em filmes “teen”, claro que estes filmes eram bem diferentes dos que são lançados nos dias atuais. Graças ao saudoso politicamente incorreto, não era raro assistirmos filmes com sequências de sexo, violência e muito humor escrachado, mas acima de tudo, esses filmes enalteciam a amizade, o que não tenho visto hoje em dia, ou talvez seja apenas nostalgia da minha parte. Os Garotos Perdidos não foi uma exceção, tinha de tudo um pouco do que já citei, mas vamos a história em questão.

    Os irmãos Michael (Jason Patric) e Sam (Corey Haim), se mudam com a mãe Lucy (Dianne Wiest) que tinha acabado de se divorciar e buscava novos ares, para casa de seu avô em Santa Carla, uma cidade litorânea, aparentemente pacífica. Ao chegar na cidade, eles percebem que tem algo de errado ali, o lugar é repleto de panfletos de desaparecidos, além de ser conhecida como a “a capital mundial do crime”, como denuncia a pichação na placa de boas-vindas.

    Os dois irmãos logo dão um jeito de se enturmar no novo “lar”, Michael se envolve com uma gangue de motoqueiros aventureiros que são liderados por David (ninguém menos que Kieffer Sutherland, ou Jack Bauer se preferirem). Seu irmão mais novo, Sam, conhece os irmãos Edgar  e Alan Frog (Corey Feldman e Jamison Newlander), em uma loja de quadrinhos, eles se apresentam como caçadores de vampiros e alerta Sam sobre a cidade estar infestada por vampiros.

    Michael se envolve com Star, uma garota que faz parte da gangue liderada por David e com o tempo descobre que os assassinatos e desaparecimentos da cidade são de responsabilidade dessa mesma gangue, e mais do que isso, são todos vampiros. Sam passa a estranhar as novas atitudes do irmão, que passa a trocar a noite pelo dia, e a mudança de temperamento. O resto fica por conta de vocês.

    A direção de Joel Schumacher é competente, e apesar do péssimo Batman Eternamente e sua sequência, a filmografia dele não se resume a isso. Schumacher cria planos abusando das cores vivas, típicas de cidades litorâneas, e da escuridão típica de filmes clássicos de vampiros, criando um meio termo muito bacana.

    É importante lembrar que até o lançamento de Garotos Perdidos, os vampiros estavam em baixa, após o filme, foram consolidados como ícones da cultura pop, só isso já seria motivo suficiente para conferi-lo, mas o filme tem muito mais a oferecer. Com um elenco entrosadíssimo, ainda conta com Corey Feldman e Corey Haim esbanjando carisma e talento. É claro que o roteiro colabora muito na construção dos personagens com uma boa história e diálogos interessantes, consegue ainda retratar a alienação juvenil por meio de metáforas, além de demonstrar o cenário da época retratando a onda punk, tão comum nos anos 80. A trilha sonora é uma das melhores que já ouvi, e inseridas em momentos perfeitos, dando uma imersão incrível a cada cena. Impossível esquecê-las.

    Apesar do tempo, o filme continua sendo uma ótima pedida para aquela sessãozinha de filmes de terror com os amigos. Diferente dos péssimos filmes de terror que tem surgido por ai, Garotos Perdidos vem bem a calhar. Sem falar nos romances vampirescos que invadiram os cinemas nos últimos tempos… Esqueça divagações sobre o quão cruel e triste é ser um vampiro e viver eternamente, aqui temos é vontade de se juntar a eles. Se até agora não consegui convencer ninguém à conferir este clássico dos anos 80, é melhor parar por aqui.

    Enquanto a geração oitentista tinha Garotos Perdidos, os jovens de hoje têm Edward, Bela e cia. E depois ainda me pedem para não ser saudosista…

  • Resenha | Loki

    Resenha | Loki

    Loki - capa - Panini Comics

    Loki foi publicada pela Marvel Comics e lançada no Brasil pela Editora Panini em 2005 em duas edições com roteiro de Robert Rodi e arte de Esad Ribic. Posteriormente teve um tratamento que faz jus à obra, sendo lançada em grande estilo.

    A origem de Loki é retratada na HQ através de alguns flashbacks, onde mostra seu relacionamento com Thor, como se tornou filho adotivo de Odin e sua eterna rixa com os deuses nórdicos. Loki é filho de gigantes, inimigos mortais dos senhores de Asgard, mas devido a um juramento de sangue ele acabou se tornando irmão de Thor. Vale ressaltar que na mitologia nórdica, Odin é retratado como irmão de Loki e não Thor.

    Nas HQ’s, Loki é o inimigo eterno de Thor, o mal absoluto, enquanto na mitologia a história é um pouco diferente. Não há maniqueísmos aqui, não existe verdade absoluta sobre o bem e o mal, ambos os lados denotam seus pontos de vista, mas nunca fundamentado em versões totalmente díspares uma das outras e é isso que torna a leitura da graphic novel “Loki” tão agradável, pois somos apresentados a um personagem mais semelhante àquele da mitologia, e vemos seu crescimento no desenrolar da trama.

    A história dá início logo após a vitória de Loki sobre Thor, não nos é mostrado como isso ocorre, apenas sabemos que agora ele é soberano de Asgard, cabe ao leitor imaginar como ele conseguiu tal feito. As variações de humor do protagonista são magistrais, Robert Rodi construiu cada traço da personalidade de Loki muito bem, inclusive a forma como cada coadjuvante tem seu papel no desenvolvimento do personagem como conhecemos nos quadrinhos, tudo isso mesclando elementos da mitologia nórdica e outras histórias escritas por outros roteiristas. Rodi nos presenteia com ótimos diálogos a cada página. E o que falar da arte? Um show a parte. Ribic traça desenhos fantásticos com ótimas cores.

    A Panini publicou recentemente uma edição de luxo com capa dura em formato americano por um valor bem acessível. Vale a pena conferir, mesmo para leitores que não estão familiarizados com as histórias de Thor, pois o texto é bem escrito e nos traz uma visão geral da origem do personagem. Só temos a elogiar os editores brasileiros por nos trazer esta edição em grande estilo e por um preço bacana.

  • Agenda Cultural 23 | Maluquices, Mulheres e um Kit de Maquiagem

    Agenda Cultural 23 | Maluquices, Mulheres e um Kit de Maquiagem

    Sincronizem suas agendas. Edição com Flávio Vieira, Amilton BrandãoMario AbbadeLevi Pedroso (Johnny Depp), Bruno Gaspar e o convidado Carlos Tourinho.  Opniões à altura de tamanha bizarrice. A louca vida de Ozzy, dinossauros no teatro, zumbis na TV, Necromorfos nos games e um review do Kinect como você nunca viu. Além das mais absurdas declarações em nossa sessão de extras no final do podcast, por isso, não deixe de ouvir até o final!

    Duração:102 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Literatura

    Eu sou Ozzy – Ozzy Osbourne

    Música

    Grave Digger – The Clans Will Rise Again
    Early Man – Death Potion
    Early Man – Beware of the Circling Fin
    Vídeo do He-Man ao som de Early Man

    Teatro

    Pterodáctilos
    A Garota do Bikini Vermelho

    Série

    Human Target
    No Ordinary Family
    The Walking Dead

    Games

    Dead Space
    Playstation Move
    Atriz porno testando o Kinect
    Kinect – Coleção de vídeos ”vergonha alheia”

    Cinema

    Um Homem Misterioso
    A Vida Durante a Guerra
    Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1

    Produto da Semana

    Saquinho para o seu chá!

  • Resenha | The Authority Vs. Lobo: Infeliz Natal!

    Resenha | The Authority Vs. Lobo: Infeliz Natal!

    Authority x lobo - infeliz natal

    Dezembro, mês de Natal e confraternizações. Para isso, nosso querido Lobo, retorna na continuação do já clássico, Lobo Versus Papai Noel. De novo Lobo? É, de novo. Mas vou explicar a razão de duas resenhas sobre “O Maioral” em um espaço de tempo tão curto. The Authority Vs. Lobo: Infeliz Natal! vem como uma pseudo-continuação e com algumas maluquices a acrescentar na história.

    Jenny Quantum, uma pirralha de 3 anos, filha de Apollo e Meia-Noite (O Batman e o Superman da Wildstorm), está entediada na véspera de Natal, se vê sem a atenção das pessoas ao redor, e acaba encontrando um livro para ler, que nada mais é que uma edição de (aposto que a essa altura todos sabem, mas vamos lá, façam cara de surpresa) Lobo Paramilitary Christmas.

    Agora começa a piração típica das histórias do Lobo. Após Jenny ler a história, ela altera a realidade inconscientemente e traz o universo da revista do Lobo para o seu, e exige que o grupo mate o “Palhaço Mau”, o homem que matou o Papai Noel. Em contrapartida, Lobo é contratado por um grupo de alienígenas para acabar com o Authority.

    A história se desenvolve com base nesse plot e está repleta dos elementos da história clássica onde o Lobo dá cabo do Papai Noel, em dado momento, o Authority vai até o Pólo Norte descobrir o que houve com o Papai Noel e se depara com um massacre de duendes, renas mortas e outros seres fantásticos que só o Lobo é capaz de fazer, ou quando a Fada do Açúcar; O boneco de Neve e Elliot, o Elfo tentam fazer uma emboscada para se vingar do assassino do Bom Velhinho. Pra quem conhece o Lobo, já sabe o que esperar com uma história dessas, certo?

    O roteiro é cheio de ótimas tiradas, culpa de Keith Giffen e Alan Grant, dignas das melhores histórias do Lobo. Os desenhos são de Simon Bisley, desenhista clássico do Lobo. Um time já mais do que entrosado. A história tem tudo que agrada os leitores do Lobo: Um plot nonsense, mulheres nuas, piadinhas infames, e claro, muita porradaria e sangue.

    Infeliz Natal foi lançado pela Panini, através do selo da Wildstorm e é o penúltimo encontro do Czarniano com a equipe criada por Warren Ellis até o momento. Fiquem de olhos que em breve, publicarei a última parte dessa maluquice.

  • Resenha | Lobo Versus Papai Noel

    Resenha | Lobo Versus Papai Noel

    lobo x papai noel

    Aproveitando a deixa que o Natal está aí, nada melhor do que escrever sobre esta divertida história, que não é conhecida pela maioria das pessoas e espero que corram atrás disso, pois vale muito a pena.

    Publicada nos EUA no longínguo ano de 1991 com o título Lobo ParaMilitary Christmas Special, e que só foi aparecer por aqui apenas em 1999. O criador do personagem Keith Giffen ficou a cargo dos roteiros e também rascunhou o grosso dos desenhos, quem deu continuidade ao trabalho de arte foi Simon Bisley e os diálogos que finalizam o pacote ficaram a cargo de Alan Grant.

    Só para situar a galera que não conhece. O Lobo é um personagem da DC Comics, criado por Giffen em 1983. Nascido no planeta Czárnia, planeta esse conhecido como um modelo de paz em toda a galáxia, onde seus habitantes viviam em plena harmonia. Tudo isso até o nascimento de Lobo, que era completamente diferente dos demais. Logo após o nascimento já arrancou os dedos da parteira e assassinou seus médicos. Após se tornar adulto, Lobo simplesmente exterminou todos os seres vivos de seu planeta natal, se tornando o último czarniano vivo. Encontrou seu objetivo de vida, ao se tornar um caçador de recompensas, unindo sua sede por sangue e desejo por dinheiro. É legal lembrar que Lobo é um personagem praticamente imortal, tem força sobre-humana e fator de cura. Ele inclusive, derrotou o Superman enquanto estava bêbado (!!!).

    Após essa rápida história do personagem, fica evidente que Lobo é o personagem mais “chuta-bundas” dos quadrinhos, mas aqui o buraco é mais embaixo. O Czarniano é contratado pelo Coelhinho da Páscoa para executar o Papai Noel, pois, de acordo com ele, os outros feriados já não tinham a mesma importância do Natal, e o bom velhinho (nessa história nem tanto…rs) andava se gabando demais por isso. Após fechado o acordo (que para Lobo vale ferro, pois mantém sua palavra, custe o que custar), Lobo vai ao encalço do Papai Noel e deixa seus rastro de sangue por onde passa, matando até mesmo duendes e renas pelo caminho.

    A história não tem frescuras, afinal, é uma história do Lobo, rapá!  Repleta de humor negro e muito sangue, é impossível não se divertir. Essa HQ foi que corroborou para uma visibilidade maior do Maioral pelo Mundo, só por isso, já é recomendadíssima. Como aqueles filmes dos anos 80 que nos amarrávamos em assistir, saca?

    Muita violência, sangue e politicamente incorreto.

    PS: Abaixo, deixo vocês com o fanfilm dessa história.

  • Review | Bastard!!

    Review | Bastard!!

    bastard!! posterEstou em uma onda de ir atrás de animações japonesas, para quem me conhece sabe que isso é uma evolução e tanto, já que nunca fui um grande fã do gênero. Não me entendam mal, tenho algumas animações como obras que dificilmente serão superadas, principalmente se for compará-las com o que sai aqui no ocidente. Akira, Ghost In The Shell, Evangelion e outros estão em um nível muito acima. Mas enfim, preconceitos à parte, pedi algumas sugestões do que poderia conferir, já que fazia muito tempo que não consumia nada novo do gênero, e entre tantas indicações me sugeriram Bastard!!.

    Que me perdoem os otaku’s de plantão, que não são poucos, caso esteja falando bobagens por aqui, mas como já disse sou apenas um iniciado, então take easy, folks. Após os avisos, vamos prosseguir. Bastard!! é um mangá criado por Kazushi Hagiwara, publicado no Japão pela Editora Shueisha em 1988 e até hoje está em produção, apesar de certa irregularidade (fiz o dever de casa hein?!). Mas como o objeto da resenha não é o mangá, e sim o anime, deixemos os detalhes de lado. O anime (OVA, no caso) foi produzido em 1992 e tem apenas 6 episódios, uma versão resumida do primeiro arco (posso chamar assim?) narrativo do personagem.

    A história se passa em um tempo onde a raça humana tem de conviver em meio a bestas e demônios, e apenas feitiçaria e espadas ditam a lei. Encabeçando este caos está Dark Schneider, um mago demoníaco que pretende dominar o mundo, criando o que ele acredita ser uma utopia para todos. Com ele estão Gara, Arshes, Abigail e Kall-Su que se juntam ao seu ideal, o que Dark Schneider não contava era ser preso em uma criança por um grupo de sacerdotes do reino de Metallicana.

    Após 15 anos, o mesmo grupo de aliados de Dark Schneider está seguindo seus passos e com isso, buscam libertar  Anthrasax, a Deusa da Destruição, de seu sono milenar para destruir a humanidade e limpar o mundo. Para isto, eles precisam destruir quatro selos que estão espalhados pelo mundo, sob a responsabilidade de 4 reinos, um deles é Metallicana, o mesmo reino responsável por aprisionar seu inimigo.

    O reino tenta resistir aos seus inimigos, mas seu esforço é em vão e em um ato arriscado, Geo, um dos sacerdotes que aprisionou Dark Schneider, ordena a sua filha Yoko com o papel fundamental de libertar o mago aprisionado, em uma última tentativa de derrotar seus inimigos. O que eles não contavam era a forte personalidade e devoção por parte de Dark Schneider.

    Bastard!! é uma anime bastante divertido, repleto de cenas de ações com magias e batalhas de espadas, além de uma pitada de erotismo. Seus personagens são carismáticos o suficiente para o envolvimento na história, porém, o roteiro deixa a desejar, os diálogos são pífios e as motivações dos personagens não são das mais convincentes. Os famosos “chavões” estão presentes entre as tantas frases de efeito ou gritos de mocinhas em perigo serem o suficiente para o protagonista se infle e acabe com quem estiver na sua frente.

    Apesar dos clichês, Bastard!! é uma boa pedida por alguns pontos, e o primeiro deles é o protagonista. Dark Schneider é um anti-herói cafajeste, porradeiro, arrogante e ainda arruma tempo para soltar palavrões e ainda assediar a mulherada que está em volta. Outro ponto importante é a sacanagem que está presente em toda a série, seja em cenas implícitas ou naquelas escancaradas mesmo. E pra finalizar, as inúmeras referências feitas a bandas de rock durante a série, seja em nomes de magias como Megadeth, Venom, Accept, Iron Maiden, ou nome de locais ou personagens.

    Bastard!! vale pela qualidade gráfica da animação, que apesar de ser 1992, é muito bem feita. Se está atrás de diversão, pode ir sem medo, só não espere muito estofo no roteiro, pois certamente irá se decepcionar.

    bastard!!

  • Anotações na Agenda 02 | Feedback e Notícias

    Anotações na Agenda 02 | Feedback e Notícias

    Sincronizem suas Agendas. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Levi Pedroso  (@levipedroso), Bruno Gaspar e Rafael Moreira (@_rmc) retornam para um bate-papo descontraído sobre as principais notícias da semana, além de ler os comentários e emails das edições passadas enviados pelos ouvintes.

    Duração: 48 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Agenda Cultural 19 – Um Morto que caminha, Hurley e Larissa Riquelme
    Agenda Cultural 20 – Nostalgia, Possessões e muita Polêmica
    Agenda Cultural 21 – O Retorno do Rei, A Canção dos Bardos e a Volta do Coronel
    Facebook do Vortex Cultural
    Deviantart – Bruno Gaspar
    Galeria Hentai – Bruno Gaspar
    Projeto – Graphic Novel Negrinho do Pastoreio

    Playlist da Edição

    Cyber Heart (Cybercops) – Hiroshi Nishikawa
    Jikuu Senshi Spielvan (Spielvan) – Ichiro Mizuki
    I Will Always Love You – Kenny G
    Comando Estelar Flashman (português)
    Being Held In Love (Solbrain) – Takayuki Miyauchi
    Mobile Detective Jiban (Jiban) – Akira Kushida
    Unare Jikou Shinkuu Ken (Jiraya) – Akira Kushida
    Chou-denshi Bioman (Choudenshi Bioman) – Takayuki Miyauchi
    Senda no Rider (Kamen Rider Black RX)
    Metaltex Jaspion (português) – Fred Maciel
    Shooting Star (Cybercops) – Mika Chiba
    It’s All For Loving You (Kamen Rider Black RX) – Takayuki Miyauchi
    Passion Explosion (Jiban) – Akira Kushida
    Degenki Sentai Changeman(Changeman)Hironobu Kageyama
    O Fantástico Jaspion (Português) – Fred Maciel

  • Review | V

    Review | V

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    A série surgiu como uma nova roupagem as séries clássicas dos anos 80, V e sua continuação V – A Batalha Final, criada por Kenneth Johnson para a emissora NBC. A trama não trazia grandes diferenças do remake, já que também contava a história de alienígenas que surgem na Terra aparentemente com boas intenções, dizendo que precisam de certos artefatos químicos que só podem ser encontrados em nosso planeta. Para isso, eles prometem ajudar a humanidade em seu desenvolvimento.

    No decorrer da trama, descobre-se que esses alienígenas são répteis e possuem um apetite um tanto fora do comum, protagonizando uma das cenas mais bizarras já vistas, onde a antagonista engole um gato. A série, apesar de bem aceita pelo público americano, por muito tempo não se imaginou que nada relacionado a ela fosse “desenterrado”, até que em 2009 estreou nos EUA pela ABC, V.

    Dirigido por Yves Simoneau e Fred Toye e produzido por Scott Peters, V traz algumas diferenças em relação a série original. A trama se inicia quando várias naves alienígenas surgem nos céus das principais metrópoles mundias, e Anna (Morena Baccarin) projeta sua imagem através dessas naves para transmitir sua mensagem, discursando sobre a importância da união global sem divisões territoriais e acima de tudo, deixa claro que eles vêm em paz.

    Tendo como plano de fundo as teorias de conspiração sobre os reptilianos, bastante conhecida para àqueles que gostam do assunto, V reúne sci-fi com suspense, mas acaba pecando no desenvolvimento do seu roteiro e nos seus personagens. Para uma série de 12 episódios, deveríamos esperar um dinamismo maior, o que acaba não ocorrendo, tornando a série cansativa em alguns momentos. O que a princípio era uma ameaça, rapidamente se transforma em motivo de fascínio por boa parte da raça humana, e assim, o medo se transforma em devoção.

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    Com isso, os visitantes têm o que precisam para dar andamento em seu plano de conquista. Mas existem dissidentes que não acreditam na sinceridade e benevolência dos visitantes e partem em busca de respostas para desmascará-los. Entre eles está Erica Evans (Elizabeth Mitchell, a Juliet de Lost), uma agente do FBI que investigava uma organização terrorista e Jack Landry (Joel Gretsch), um padre que tem sua fé abalada com a chegada dos alienígenas; ambos descobrem a farsa dos visitantes durante uma sigilosa reunião organizada por Georgie Sutton, onde descobrimos que os visitantes já estão instalados entre nós há muitos anos. Não vou me ater a trama mais do que já foi feito, até porque não quero estragar as surpresas que uma série como V pode proporcionar.

    A atuação de Mitchell decepciona bastante, já que sua personagem, Erica Evans, desfila a série toda com a mesma cara, bem diferente de suas interpretações em Lost. O mesmo ocorre com outro personagem central, o Padre Jack, interpretado por Gretsch, que não consegue demonstrar suas hesitações e conflitos ao ter sua fé abalada com a chegada dos visitantes, já que seria algo interessante de ser visto. Baccarin atua durante a série toda representando uma personagem que não sente emoções, mas quando temos um episódio que exige isso, deixa a desejar, mas nada supera o “aborrescente” Tyler, filho de Erica, que é intragável não só pelas suas atuações como no desenvolvimento da personagem.

    Os coadjuvantes acabam roubando a cena, como é o caso do ambicioso repórter Chad Decker (Scott Wolf), que se envolve com os visitantes em busca de sucesso profissional e tem uma crescente interessante, além do misterioso Hobbes (Charles Mesure), um terrorista que se junta ao grupo para enfrentar os visitantes, mas que não deixa bem claro sua posição no jogo de tabuleiro que está se armando. Outro ponto que merece ser comentado são os “defeitos” espaciais da série que deixam a desejar, mas nada que atrapalhe a imersão na história.

    V chegou com muita pompa, mas acabou se perdendo em meios à episódios arrastados e isso se refletiu diretamente na audiência do seu público. Na soma final, a série tinha uma proposta interessante, mas deixou muito a desejar. Uma pena, já que séries sci-fi estão cada vez mais em baixa.