Review | Diário de um Confinado
Diário de Um Confinado é uma série feita para o streaming da Rede Globo, protagonizada e idealizada por Bruno Mazzeo, o mesmo que anos antes havia feito Cilada, com direção geral e co-criação de Joana Jabace. O programa tem como personagem um sujeito solteiro, solitário e paranoico, que tem 12 episódios para mostrar seu cotidiano, lidando com seus receios de contrair corona vírus e apresentando seus vizinhos, parentes, o terapeuta, e toda sorte de vida social on line, já que está obrigado a ficar isolado.
Mazzeo vive Murilo Barros, um homem comum, cuja aparência não é tão diferente da que o ator e humorista sustenta. Um sujeito de meia idade, barbudo, levemente fora de forma, embora não seja esteticamente fora dos padrões. Sua aparência desleixada visa emular a condição da maioria das pessoas confinadas durante a pandemia, e nisso, ela acerta demais.
A trilha sonora é repleta de músicas populares, sobretudo de rock nacional incluindo a que abre o programa, AA UU dos Titãs, executada a exaustão ao longo dos capítulos. Entre os temas mais abordados estão a propagação de fake news por redes sociais, hipocondria, dificuldade em fazer exercícios, a futilidade da vida social, reuniões impertinentes entre condôminos, e até a dificuldade que um solteiro tem em se relacionar numa época em que não se pode ter quase nenhum contato social.
O elenco de apoio quase nunca interage com Mazzeo direta e pessoalmente, a não ser Deborah Bloch, sua vizinha de porta, e Matheus Nachtergaele, um conhecido que ele encontra na rua. Fora eles, participam Renata Sorrah, Fernanda Torres, Lúcio Mauro Filho, Luciana Paes, Lázaro Ramos, Arlette Sales entre outros, quase sempre aparecendo em vídeo conferencia, ou seja, sendo o grosso gravado na casa desses atores, uma vez que a temporada inteira foi gravada de maneira remota.
O programa foi dividido em duas partes, tendo seis episódios liberados em um dia e o restante na semana seguinte. Na primeira metade, os temas fluem bem, mas aos poucos a formula se desgasta, e se percebe um cansaço da parte dramática, com muita repetição de situações limite, e piadas não tão inspiradas.
Diário de Um Confinado serve bem ao serviço da metalinguagem, não só pela quebra da quarta parede que Murilo faz o tempo inteiro conversando com a câmera de seu celular e, portanto, com o público, mas também por conseguir mesmo com dificuldades apresentar uma historia original e engraçada com poucos recursos de cenários e de possibilidades. É uma boa distração, embora obviamente não seja tão escapista, já que lida o tempo inteiro com o incômodo tema da quarentena.