Review | Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba
Tanjiro Kamado, um jovem camponês que ajuda a família vendendo carvão, cresce no período Taisho do Japão, até que uma tragédia acontece. Sua família é atacada e morta por um demônio, exceto sua irmã Nezuko, que acaba sendo transformada em uma dessas criaturas. Além de ter que lidar com a horrenda surpresa, aparece Giyu Tomioka, um espadachim exterminador de demônios, que ao cumprir seu papel, tenta dar fim em Nezuko. O espadachim vê potencial em Tanjiro, que o ataca por impulso e impede sua irmã de morrer. Giyu acaba deixando os irmãos em paz e envia o jovem carvoeiro para treinar com seu mestre, para que Tanjiro torne-se um exterminador de demônios, conseguindo poder para proteger sua irmã e tente achar uma maneira de fazê-la voltar a ser humana. Assim Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba começa, com a mudança de realidade do protagonista, de sua vida pacata para o treinamento (literalmente) mortal, entrando no mundo sobrenatural e fantástico da animação.
A jornada dos irmãos Kamado segue uma narrativa básica de animes de batalha, com o herói seguindo em busca do seu objetivo. Contudo, de modo bastante honesto, pelo carisma enorme que Tanjiro demonstra e como ele reage a cada pessoa que encontra em suas missões, a cada acontecimento em sua jornada, seja a violência constante que passa a presenciar pelas suas ações no novo posto de exterminador, nas lutas, no contato com o ambiente urbano que ele como camponês se espanta ao ver um Japão pós-modernização: cidades lotadas, vestimentas diferentes, transportes etc. tudo se torna recente para ele.
O aspecto emocional de Tanjiro e suas relações entre os personagens é um dos pontos altos da obra, envolvendo bastante o espectador com o desenvolvimento das relações em volta do protagonista, seja pelo vínculo entre os dois irmãos e o sacrifício que ele faz pela Nezuko, ganhando o apreço de quem o encontra durante o caminhar do anime, motivando os personagens para que até se arrisquem pela sua causa. Mesmo os vilões se afeiçoam pelo herói, já que os demônios são humanos transformados e ressentem sobre os sentimentos das suas vidas passadas.
Isso se sustenta quando Tanjiro encontra seus companheiros de jornada, Zenitsu Agatsuma e Inosuke Hashibira, dois outros exterminadores de demônios. O primeiro sendo um medroso e inseguro que não entende a capacidade que tem e o seu papel, e o segundo, um selvagem hiperativo que desconhece e luta contra as relações interpessoais, principalmente por ter detalhes faciais bem delicados, usando uma cabeça de javali como máscara. Eles veem Tanjiro como uma figura cativante e juntam-se à jornada instintivamente. Juntos os três compõem uma harmonia incrível e um alívio cômico bem dosado, complementando o elemento humano e emocional da obra.
O outro ponto alto de Kimetsu no Yaiba, e talvez o maior, é a parte técnica. Tanto na ambientação e estética propostas pelo mangá homônimo de Koyoharu Gotoge, com a reimaginação do contexto histórico, roupas, espaços e os elementos de terror do mundo sobrenatural criado, os designs dos demônios e suas habilidades bem inusitadas, encaixam perfeitamente para as cenas de ação, sendo uma experiência bastante imersiva. A animação é bem fluida e as técnicas de espada fazem das batalhas um espetáculo, certos momentos lembrando bastante um jogo de hack and slash, pela movimentação de tela usada. Somando a trilha sonora que é usada de forma bem sucinta, o estúdio Ufotable, responsável pela produção de Kimetsu no Yaiba, resume exatamente como fazer um anime de batalha ideal, divertido e muito empolgante, demonstrando o motivo do sucesso.
Os 26 episódios lançados introduzem bem a história e os personagens, com Tanjiro e os Pilares, que são os excêntricos exterminadores de demônios da mais alta patente, tendo que lidar com os planos do grande vilão da obra, Muzan Kibutsuji, o demônio que assassinou sua família e transformou Nezuko. Encerrando com Tanjiro, Nezuko, Inosuke e Zenitsu partindo para uma nova missão. A continuação foi anunciada nos pós-créditos do episódio final, que adaptará o arco do Trem Infinito em formato de filme.
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Texto de autoria de Wedson Correia.
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