Lançado em meio a tantos programas culinários da última década, que discutem e tentam redefinir a cozinha contemporânea, Como Um Chef acaba contribuindo para o tema como uma comédia francesa padrão.
Um famoso chef de cozinha resolve aceitar a ajuda de um desconhecido ao enfrentar o dono da cadeia de restaurantes que deseja mudar o estilo do restaurante para a cozinha molecular.
O roteiro do diretor Daniel Cohen em colaboração com Olivier Dazat é bem estruturado em cima de uma comédia com toques de romance e funciona na maioria das situações. A narrativa principal é bem clara e sabe por onde conduzir a história. E apesar das subtramas serem fracas e não acrescentarem muito ao filme, pelo menos não comprometem. Os personagens não são mal construídos, igualmente não são originais e tampouco cativantes. O roteiro é redondo, porém não tem o brilho de um Que Mal Fiz Eu a Deus?.
O que sobra é a boa discussão que o filme traz sobre o choque que essa nova proposta molecular trouxe ao mundo da gastronomia. Qual a necessidade de modernizar uma cozinha contemporânea já estabelecida? Outro tema interessante é a enorme pressão que os chefs franceses têm ao ganhar estrelas nos guias culinários diversos e manter o prestígio do seu trabalho. Talvez poucas profissões do mundo atual passem pela necessidade de avaliação pública constante.
A direção de Daniel Cohen acaba não se imprimindo e não compromete o roteiro. O respeito ao roteiro e à composição dos enquadramentos é o seu ponto alto, enquanto a direção de atores é onde ele menos acerta.
Michael Youn não consegue encontrar o tom necessário que o filme pede, apesar de não comprometer a condução da narrativa como protagonista. Jean Reno está no piloto automático, e o que poderia acrescentar ao filme é suplantado pela preguiça evidente na sua interpretação.
A fotografia e a edição do filme são honestas, porém o trabalho de Robert Fraisse e Géraldine Rétif, respectivamente, acabam passando desapercebido já que não se sobressaem em nenhum momento.
Como Um Chef talvez interesse a quem gosta do tema gastronômico, porém a falta de expectativa é bem-vinda para não haver decepção em um filme esquecível.
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Texto de autoria de Pablo Grilo.
Nota: 2 estrelas.