A Semana de Cinema foi um festival interessante, e nele eu pude usufruir de filmografias completamente diferentes. Um dos longa-metragens mais surpreendentes foi Superpina: Gostoso é Quando A Gente Faz, do diretor Jean Santos. A breve conversa que eu tive com ele você confere logo abaixo.
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Vortex Cultural: Como surgiu a ideia de Superpina, de quando é a primeira versão e onde ele foi exibido primariamente? Sempre foi um desejo seu o filme ter esse caráter mutável? Uma das coisas que me impressionou demais, foi a música cantada pela Dandara no começo e final do filme, a música é feita para o filme?
Jean Santos: Surgiu de um conto que eu tinha escrito sobre dois rapazes e uma personagem que era funcionária do supermercado e nessa altura, a praia era mais cenário que o mercado, e aí isso foi transformado como roteiro de curta, eu tentei também como web-série, sempre tentando tirar do papel, e eu consegui ganhar um edital de curta e também de clipe que é inclusive sobre Paola, essa música que você citou, a música na verdade é de um músico paulista, Goemon, e eu conheci a música uma versão de Aninha Martins, e acho que vai ter uma trilha sonora que vão ser originais do filme, unidos a Paola é claro.
Voltando ao filme, teve essa versão em curta em 2017, mas nós filmamos em 2016 por conta do edital que ganhamos dos videoclipes, montamos ele e passamos em Tiradentes, ganhamos o prêmio da crítica em Santa Maira da Feira, em Portugal, e o longa foi à terceira sessão (na 10 Semana), passou em Lisboa, no Festival Mix, na Mostra Panorama e na Competitiva da Semana.
Vortex Cultural: O filme já tem previsão de estreia no circuito ou está em negociação para compra por alguma distribuidora?
Jean Santos: Não tem previsão de estreia, estamos correndo os festivais e, é como tu falou e eu falei também, é mutável e desde sempre essa coisa de ver o filme em longa, curta, clipe, em embalagens diferentes, cada um escolhe como quer assistir, no celular ou no festival de cinema, na televisão, porque as vezes esses (tipos de) filmes ficam muito restritos a bolhas e como ele é transgressor, ao meu ver, e como traz um Nordeste diferente, traz diversas telas e eu acho importante que isso se propague. Os festivais são importantes e essa coisa (das pessoas saírem) é angustiante, pois dá uma mostra um pouco de como está nosso país e para sei lá onde estamos existindo, mas a gente resiste. Primeiro existe e depois resiste e essa foi a minha forma de existir com esse filme, assim um pouco louco, um quebra-cabeça montável.
Vortex Cultural: Você já tem algum outro projeto de cinema em mente, se sim, pretende continuar a falar sobre libertação e liberação da libido?
Jean Santos: Tenho mais dois ou três projetos em mente, em desenvolvimento talvez, um roteiro de longa que se chama Prainha da Pedra, que já tem os personagens e locações selecionados, mas ainda não tem dinheiro então vamos esperar. Tem outro que ainda não sei se é curta ou longa chamado Chalana Noturna. Por fim, tem outro roteiro que estou escrevendo para Dandara (de Morais) dirigir, e nele talvez eu seja ator (diz sorrindo).
Vortex Cultural: Como você acha que as repetições de ciclos ajudam seu filme a ficar na mente do espectador? E em que ponto os slogans dos produtos no mercado (para mim uma das coisas mais legais do filme) ajudam a explicar o que é o Amor Primo tanto dito no filme?
Jean Santos: Eu concordo que os slogans são ótimos, e elas explicam de certa forma o Amor Primo, mas o Amor Primo está sendo explicado aos poucos. As pessoas me falam que o Fofão é marcante, a voz do mercado, as músicas…