O diretor de fotografia alemão Michael Ballhaus, que trabalhou na fotografia do vencedor do Oscar Os Infiltrados e ajudou Martin Scorsese em inúmeros projetos com sua capacidade singular de criar visuais, faleceu ontem aos 81 anos.
Ballhaus foi indicado ao Oscar três vezes por seu trabalho, sendo em 1987, por Os Bastidores da Notícia, em 1989, por Susie e os Baker Boys, e em 2002 também com Scorsese na direção por Gangues de Nova York. Seu agente e a American Society of Cinematographers confirmaram sua morte.
Sua filmografia conta com outras colaborações com o diretor como A Cor do Dinheiro, Depois de Horas, A Ultima Tentação de Cristo, A Era da Inocência e Os Bons Companheiros, além de Drácula, de Francis Ford Coppola, Uma Secretária de Futuro, Segredos do Poder, Lembranças de Hollywood, Nosso Querido Bob e Quiz Show: A verdade dos Bastidores.
Scorsese fez uma declaração: “Nos últimos 20 anos, Michael Ballhaus e eu tivemos uma parceria criativa, e uma amizade duradoura. Quando nos encontramos, ele já tinha uma carreira considerada com Rainer Werner Fassbinder, e eu o admirava. Era um ser humano amável e sempre tinha um sorriso nas horas mais difíceis, todos que o conheceram lembram de seu sorriso. Começamos a trabalhar juntos nos ano 80, quando eu estava numa péssima fase. Foi o Michael que me trouxe a vontade de fazer filmes novamente. Pra ele nada era impossível. Se eu pedisse algo muito difícil, ele respondia sempre com entusiasmo. Ele nunca me disse que não poderíamos fazer alguma coisa e amava ser desafiado. Sempre que estávamos com o prazo apertado ele conseguia resolver um jeito pra trabalhar mais rápido. Ao invés de ficar frustrado de terem tirado algo dele, ele sempre pensava no que ele ainda tinha. Ele de verdade me educou e mudou a minha forma de fazer cinema. Era um grande artista, um amigo insubstituível. Sem dúvida é uma grande perda”.
Ballhaus começou sua carreira em 1971 com Rainer Werner Fassbinder com o filme Whity e depois disso trabalhou em duzias de filmes com o diretor alemão incluindo O Casamento de Marie Braun e Lili Marlene.
Trabalhando com Fassbinder no filme Martha, ele desenvolveu a tomada em 360° Graus que se tornou depois sua marca registrada. Em um artigo escrito no Instituto Goethe foi descrito o trabalho dos filmes de Ballhaus como “Todo os seus filmes são estilisticamente inovadores; e mesmo assim, nos filmes dele reconhecemos o movimento de câmera, seu dinamismo autêntico, e o polimento de cena. Sempre dizem que os filmes de Ballhaus sempre parecem muito mais caros do que custaram de verdade”.
Em 2014 ele lançou sua autobiografia “Bilder im Kopf,” onde ele discute a progressiva perda de visão devido à um glaucoma. Ano passado ele foi homenageado durante o festival de Berlim com um Urso de Ouro pelo conjunto de sua obra.
Ele comentou a Variety que foi trabalhando com Fassbinder que o preparou para sua carreira nos EUA:
“Me ajudou muito porque ele não era um diretor fácil. Ele era muito autoritário e direto. Ele sempre estava tentando ser rápido e não gastar muito tempo, então eu tive que aprender a ser rápido e mesmo assim tentar ser bom com o meu trabalho. Isso foi de grande ajuda mais tarde quando foi para os EUA. Isso foi de grande ajuda também porque ele era tão temperamental que eu sabia que eu depois dele eu conseguiria trabalhar com qualquer diretor no mundo”
Ele na mesma entrevista comentou da dificuldade em trabalhar em Os Bons Companheiros por sua aversão a violência:
“Sim, eu tenho um problema com isso. Devo admitir que Marty (Scorsese) era chegado em cenas violentas; e ele também sabia. Era muito difícil algumas vezes, mas quando você trabalha com ele, que é um grande diretor, você tem que admitir que é uma maneira correta, especialmente em Os Bons Companheiros. Tem muita violência e isso as vezes era muito difícil pra mim. Ele sempre queria um pouquinho mais”.
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Texto de autoria de Halan Everson.