Rise of the Triad: Dark War, lançado em 1994, é um daqueles clássicos relativamente obscuros que, por um motivo ou outro, não ganhou tanto reconhecimento. Sua origem é curiosa: seria a continuação de Wolfenstein 3D, com uma engine melhorada, inovações gráficas e muito gore. Devido a algumas circunstâncias, o jogo sofreu algumas modificações e foi renomeado para o então subtítulo de Wolfenstein 2: Rise of the Triad, e fez relativo sucesso. Ganhou alguns pacotes de expansão com novas fases e finalmente caiu no ostracismo.
Se por um lado o cinema tem ressuscitado alguns títulos antigos, por outro os games também seguem por este caminho. Nos últimos anos, diversas franquias ganharam novos títulos (Serious Sam 3, Shadow Warrior, Duke Nukem Forever), além da revitalização dos títulos antigos para se tornarem compatíveis às novas plataformas. Merece destaque a Interceptor Entertainement, que foi a responsável pela reprogramação de vários títulos das franquias Duke Nukem, Blake Stone e do próprio Rise fo the Triad: Dark War, tornando-os compatíveis com os computadores atuais. E, vejam só, esta foi a desenvolvedora que nos trouxe o reboot de Rise of the Triad, lançado em 2013.
Logo de cara, percebemos que os elementos do jogo clássico estão presentes nesta nova versão: personagens com atributos distintos, ambientação em cenários antigos mesclados a elementos nazistas, uma tonelada de armas e, claro, tiroteio frenético. A parte visual ficou muito bacana, numa pegada mais cartunesca, ajudando a manter o clima galhofa. Mas aí já percebemos algumas falhas.
A motor gráfico utilizado foi a onipresente Unreal Engine, que já se provou muito versátil quando utilizada adequadamente. Não é o caso de RotT. O jogo é pesado mesmo sem possuir gráficos maravilhosos. Nos meses seguintes ao lançamento, a Interceptor criou alguns patches que melhoraram a performance gráfica, mas, até onde acompanhei, não solucionaram completamente o problema.
Continuando na parte visual, os cenários são bem legais. Há uma boa variação, desde bases militares até mosteiros. Mas as texturas por vezes dificultam a visualização dos inimigos. Será comum o jogador demorar vários segundos para localizar quem está atirando nele. Além disso, o level design peca em diversos aspectos, mantendo aquela babaquice de pegar chavinha lá na casa do chapéu para abrir uma porta no início da fase (típico dos FPS dos anos 90). Vejam bem, o level design do RotT de 1994 era terrível, medíocre, inexistente, com fases chatas de doer. Este reboot melhorou bastante neste aspecto, mas, infelizmente, manteve alguns elementos que já estão ultrapassados e não funcionam nos jogos atuais. Não se trata de saudosismo, mas sim de bom senso em aproveitar apenas os bons elementos dos clássicos.
Precisamos destacar a trilha sonora, que refez as músicas de 1994 com instrumentos reais e ficou simplesmente animal. Quem quiser curtir as músicas originais, basta mudar nas opções (e ganhar um achievement por isso). O outro ponto forte são as armas. Um arsenal de respeito, para todos os gostos, com a volta de várias armas do clássico (inclusive das pistolas e metralhadora de munição infinita). Não bastasse o vasto arsenal, o jogador poderá virar um cachorro fofinho e assassino (Dog Mode), bem como ganhar invulnerabilidade e poder de lançar raios pelas mãos (God Mode), mais uma herança de Dark War.
No final das contas, temos aqui um jogo honesto. A Interceptor lançou diversas atualizações, adicionando mais conteúdo ao jogo, sempre de forma gratuita, o que já é digno de nota. Mas não há apelo àqueles que desconhecem Dark War. Vale a pena indicar aos saudosistas, e mesmo assim há risco de enjoarem após algumas horas de jogo.