Sucesso entre o público, a trilogia de jogos Mass Effect revolucionou o gênero RPG/sci-fi e criou uma geração de fãs ao redor do mundo, mesmo após as críticas ao terceiro jogo da série. Sendo assim, o principal criador do jogo, Drew Karpyshyn (Star Wars: Knights of the Old Republic), resolveu aproveitar a onda de livros baseados em games (como Battlefield e Assassin’s Creed) e lançar suas próprias histórias paralelas que se passam dentro do universo Mass Effect, contando com a participação de personagens novos e secundários, (como o universo expandido de Star Wars também tentou fazer), e o primeiro dessa empreitada é “Revelação”.
A história do livro se passa antes dos jogos, logo após a descoberta dos Mass Relays pelos terráqueos e pela descoberta de todo um universo a ser explorados por estes, junto de novas espécies de seres, e consequentemente, novos problemas. Os seres humanos ganharam a galáxia, mas não o respeito dessas raças. Quando uma base de pesquisa no planeta Sidon é atacada e seus ocupantes são brutalmente assassinados, o tenente David Anderson é designado para investigar o evento. Kahlee Sanders, única sobrevivente da base, se tornou uma fugitiva e Anderson precisa encontrá-la antes que Saren, um questionável Espectro turian, o faça primeiro.
No que diz respeito à história e seu desenrolar, o livro é simples, às vezes até demais. A narrativa linear intercalando personagens e eventos faz a leitura ser muito rápida, e o excesso de descrição da ação, que tenta imitar o jogo, torna por vezes o livro um pouco arrastado em seu final, pois Mass Effect é sobre seus personagens, motivações e conflitos, e menos sobre ação. Obviamente que não sobra espaço no livro para aprendermos tudo sobre os personagens como aprendemos nos jogos, mas terminada a leitura, fica a sensação de que não passamos a conhecer muito bem aquelas pessoas, diferentemente de quando termina o jogo, onde cada morte é sentida de forma muito próxima.
Destinado especialmente para quem já está familiarizado com o jogo, esse leitor não sentirá dificuldades para se adaptar a narrativa intrincada com tantos nomes de raças, planetas e conflitos políticos. Muito pelo contrário, após o final do jogo sobrou em praticamente todos os fãs aquela sensação de orfandade de universo tão bem composto, e o livro consegue suprir essa demanda puramente emocional. Porém, quem quiser começar a se inteirar a respeito do universo pelo livro perderá parte importante de seu conteúdo.
De qualquer forma, apesar de não ser um livro genial, “Revelação” serve ao propósito de dar ao fã da trilogia Mass Effect um sentimento de voltar àquele universo e de fazer parte de novo das aventuras dos humanos na descoberta de universo tão complexo. E por isso vale a conferida.
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Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.