Tag: April Bowlby

  • Review | Patrulha do Destino – 1ª Temporada

    Review | Patrulha do Destino – 1ª Temporada

    A primeira temporada de Patrulha do Destino prometia traduzir em tela todo o nonsense dos quadrinhos da equipe, sobretudo da fase de Grant Morrison à frente dos roteiros. A série capitaneada por Jeremy Carver e produzida Greg Berlanti, Geoff Johns e outros, tem 15 episódios nesse primeiro ano, e mostra um grupo de desajustados com poderes.

    O episódio piloto estabelece a mitologia, introduz o personagem de Timothy Dalton, chamado apenas de “O Chefe” e todos os seres estranhos que o cercam. Após essa gênese, o que se vê é uma batalha cósmica, que abusa de efeitos especiais, muito bem trabalhados. O turbilhão que se contrapõe aos quatros meta humanos – Crazy Jane (Diane Guerrero), Mulher Elástica (April Bowlby), Homem-Robô (dublado por Brendan Fraser e manipulado por Riley Shanahan) e  Homem-Negativo (Matthew Zuk) – é seguido de reações diversas, variando entre a histeria pela surpresa do possível fim da vida e tentativas vazias de controlar o ímpeto, afinal, o que se vê é algo grande demais para ser ignorado.

    Boa parte do acerto do seriado é que seus personagens mesmo sendo sobre-humanos, são imperfeitos, são repletos de complexos e se autossabotam o tempo inteiro. Cada um deles têm algum momento em que se torna o herói de sua própria jornada, com tempo e desenvolvimento que certamente fazem inveja a Chris Terrio, David S. Goyer e demais roteiristas da DC nos cinemas. Mesmo quando tem partes narradas, há um bom motivo para acontecer, normalmente movido pela metalinguagem de ser feita por Alan Tudyk, que interpreta o Sr. Ninguém.

    Uma das dúvidas em relação a composição do grupo era a presença do Cyborg (Joivan Wade) que jamais fez parte do grupo, e que não esteve no seriado dos Titans. Sua origem é a mais graficamente pesada da série, não há medo ou receio de parecer adulta e é muito mais bem resolvida que outras adaptações envolvendo o personagem.

    A primeira temporada tem como temática principal as obsessões. Victor tenta não ser manipulado, seja por vilões ou pelos laboratórios Star, Jane busca desesperadamente um equilíbrio, Cliff tem que lidar com a substituição parental que sua filha fez da figura paterna e Rita tenta se reinventar mesmo tendo perdido o aspecto físico que a tornava especial décadas atrás. Eles são na verdade um grupo de freaks, que precisam conviver, como forma de terapia.

    Não há um episódio que o espectador não se assuste com algum um aspecto dramático ou visual, sempre há surpresas tresloucadas, tão irreais que soam charmosas. O estranhamento que a série causa se assemelha ao visto em Legion, ainda que a abordagem se dê por um viés diferente, com camadas mais profundas.

    O elenco tem um desempenho primoroso, Tudyk e Dalton desempenham magistralmente as figuras arquétipo do vilão e mentor, enquanto Fraser, Guerrero e Bowlby estão afiadíssimos. O fato do trio não ter pudor em se apresentar como figuras jocosas só acrescenta à trama. A intérprete da Mulher Elástica surpreende, pois foge da simples figura de mulher linda que foi coadjuvante em Two And a Half Men para se tornar frustrada, complexa, e ainda assim, apaixonante. Sua Rita Farr é incrível, mesmo sendo digna de pena, seu drama é de fácil compreensão, bem como sua vocação para ser uma espécie de mentora do grupo de desajustados, na ausência de Dalton.

    Mesmo as coisas implausíveis fazem sentido. Todas as razões mesquinhas são lógicas, e mostram que os heróis podem ter ações canalhas e anti-éticas, para além da construção do anti-herói clássico, ou dos comentários ácidos de materiais que visam parodiar mais incisivamente o conceito dos quadrinhos da Marvel e DC, como Garth Ennis fez em The Boys. O resultado final de Patrulha do Destino em seu primeiro ano é algo seminal, não subestima os seus espectadores e mostra uma história onde praticamente todos os personagens odeiam a si mesmo e ainda assim tem de conviver com essa situação.

     

  • Review | Doom Patrol (Episódio Piloto)

    Review | Doom Patrol (Episódio Piloto)

    Após um dos melhores episodio “filler” de Titans, chega finalmente o piloto de Doom Patrol, que promete traduzir em tela toda a lisergia dos quadrinhos da Patrulha do Destino, um grupo espacial, formado por desajustados, criados por Arnold Drake, Bruno Premiani e Bob Haney e que serviu de inspiração não oficial aos X-Men da Marvel, além de reunir grandes escritores em torno de seus runs, em especial, Grant Morrison.

    O episódio vai introduzindo cada um dos  seus personagens, com destaque ao personagem Robot-Man o Homem Robô, vivido por Brendan Fraser, que começa como um bon vivant, piloto de corridas que ludibria sua mulher e família sendo um cafajeste traidor e falso, sofrendo uma tragédia na pista, causada de maneira proposital pelas pessoas que ele enganou. Entre 1988, ano da colisão e 1995, ele é cuidado por um doutor em uma cadeira de rodas, chamado Niles Caulder, de codinome Chefe, vivido pelo eterno James Bond Timothy Dalton. Por mais pesada que seja a  situação, o episódio de Glen  Winter não é demasiado expositivo, ao contrário, causa curiosidade para ver mais momentos dessas pessoas, além de causa um saudosismo nos fãs dos dois atores, que não tem tido tantos trabalhos quanto seus carismas e antiga fama fariam merecer.

    Dois outros personagens são introduzidos, o Homem Negativo, de Matt BonnerMatthew Zukk um ex-piloto acidentado, que tem seu  corpo queimado, e Rita Farr (April Bowlby), a Mulher Elástica, uma bela ex-atriz que após encontrar  um estranho objeto, que a fez ficar com a pele enrugada, para dizer o mínimo. Num quesito esta produção supera e muito Titans, pois aparentemente ela já tem uma identidade formada, culpa de seu principal produtor, Jeremy Carver, e seus apelos emocionais são mais fortes e mais maduros que a rejeição que Ravena sente por ser o que é. Aqui, todos os personagens tentam entender o que são, e tem que lidar com um passado imperfeito e cheio de percalços.

    Os personagens parecem de verdade, são imperfeitos, sobretudo Cliff, que descobre aos poucos o que aconteceu ao seu passado e como realmente morreu. Brendan Fraser jamais foi um ator conhecido por seu dotes dramáticos, sempre foi encarado como um sujeito carismático que um dia foi bonito e agora, após um bom tempo no ostracismo, ele tem chance de fazer um papel trágico, e com um desempenho invejável.

    Incrivelmente este piloto consegue funcionar como um filme de origem típico da Marvel, mas de maneira resumida, apesar de não soar apressado, nos primeiros 30 minutos. Até o artifício de um narrrador em off é bem utilizado, e dá um tom engraçado a série. Os poucos minutos que se vêem de Diane Guerrero (de Orange is The New Black) atuando como Crazy Jane são fascinantes, não só pela personagem ter múltiplas personalidades, mas também pela complexidade com que a câmera lida com ela, sem atalhos narrativos, como Fragmentado de M Nigth Shyamalan fez, por exemplo. Há um cuidado especial com o roteiro, para que todo o seu conjunto dramático seja levado a sério, mesmo que a estética tenha um pouco do já utilizado nas outras séries de Greg Berlanti  (um dos produtores executivos, responsável por Arrow, Flash e Cia). A ideia de expandir conceitos e falar de forma adulta do mundo fantástico dos super heróis é bem construída nesse episódio, e combina demais com os quadrinhos clássicos da Patrulha.

    Próximo do final, ainda há uma sequência em que os personagens tem de lidar com uma situação limite, de stress e descontrole, que os obriga a agir de modo heroico, coisa que até então então eles não são, e cada um, da sua forma, tenta colocar em prática suas super habilidades, para tentar proteger os civis. Por mais calamitoso que fique o cenário após a aparição em público de Crazy Girl, Rita, Homem Negativo e Homem Robô, os fatos se encaminham de volta a normalidade, mesmo contra os pedidos do mentor, mas não sem antes chamar a atenção da mídia, assustada com as aberrações que ali apareceram.

    A expectativa para  Doom Patrol é a de um drama adulto ser tratado em tela, isso com o pouco que é mostrado do Senhor Ninguém (Alan Tudyk) e o que ainda nem é mostrado do Cyborg. Os efeitos especiais parecem caros, mesmo se tratando de uma produção para a televisão, não deixam nada a desejar ao cinema guardadas as devidas proporções e todos os ingredientes parecem estar ali prontos para serem misturados e para produzir uma experiência audiovisual tão viajandona quanto os gibis clássicos do grupo, e o que se assiste nesse episódio inaugural é bastante promissor.

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