Ariano Suassuna: O Tal do Mal Irremediável
Contando: Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro e Ariano Suassuna. Tiro triplo! Três lacunas nacionais em questão de dias. Dona morte nos castiga como há muito se esqueceu de fazer! Chorar nessas palavras parece mais próximo do legado desses homens, não? Então, quem poderá nos salvar, nos dizer o que é certo e errado, nos pegar pela mão e nos indicar a melhor direção, senão eles? Seus livros, sonetos e palestras, talvez, deixados por essas razões, com certeza! Como se isso tapasse o vazio… Alguém toca aquela gaita pro Ariano voltar pra nós, por favor? Enferrujada, pelo que parece.
O mais famoso dos três, que agora confessam bobagens polêmicas, empolgados, entre si, sobre e longe de um mundo de polêmicas, ganhou fama narrando pessoalmente o DNA do Brasil, em especial do Nordeste continental brasileiro, além das fronteiras do mesmo e dos lugares-comuns que artistas remotos se assemelham na tentativa ambiciosa, sendo para Ariano natural, de traduzir as veredas e reflexos de cada região, investigadas em eterno êxito através dos mapas e personagens típicos e diversos, heterônimos do escritor, se tal constatação não soar rouca e ultrapassada em tempos modernos (João Grilo como principal reflexo do escritor, segundo o próprio). De qualquer forma, se o tempo não costuma cantar o contrário, sequer implicar ritmo temporal no caso dos escritores, porque então daria as costas para Ariano?
É senhorio de uma cadeira na Academia Brasileira e Pernambucana de Letras, sim, senhor (a), sobretudo de timbre remetente a tenor na menor das hipóteses, e digo tudo no presente, pois que fique registrado assim, por mais impossível que seja, ainda (ao menos), digerir que seu trem já deixou nossa estação sem ninguém ser veloz o bastante pra tocar as notas da bendita da gaita! Não usemos pretéritos nem meias palavras a quem não as usou uma vida inteira. Deixe estar. Ariano não escapa do nosso encontro marcado na nostalgia de suas obras. Aperitivo aos virgens de Suassuna, pois sim: Meia-dúzia pra molhar o bico.
– Uma Mulher Vestida de Sol (1947)
– Os Homens de Barro (1949)
– O Auto da Compadecida (1955)
– A Farsa da Boa Preguiça (1960)
– O Romance da Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971)
– Sonetos de Albano Cervonegro (1985)
Atualmente, o mestre nos preparava outra obra, a próprio punho: “O Jumento Sedutor“, onde pretendia unir poesia, teatro e romance, por fim. Não foi desta vez.