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  • Crítica | Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

    Crítica | Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

    Luc Besson é um operário do cinema e seu trabalho tem muitas vertentes. Ultimamente, seus esforços incluem muitas produções executivas de blockbusters de alcance mediano, além de ser roteirista de algumas novas franquias de ação como Busca Implacável, Carga Explosiva, Táxi, etc. Em seu trabalho anterior, Lucy, Besson se dedicou a revisitar sua própria obra Nikita, de 1990, o que gerou muita discussão no que diz respeito a falta de originalidade do autor. Talvez por isso, o cineasta decidiu filmar Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, um clássico do quadrinho francês, escrito por Pierre Christin e desenhado por Jean-Claude Mézières.

    Os icônicos personagens centrais são interpretados por dois astros em ascenção: Dane Dehaan e Cara Delevingne. Porém, Dehaan tem feito filmes cujo sucesso é irrisório, apesar de já ter apresentado bons desempenhos anteriormente. Seu Major Valerian não é de todo mal, no entanto algo pesa muito contra si, que é a completa falta de química com seu par,  e Delevingne, também uma atriz cuja fase em blockbusters esta em baixa. Laureline apesar de ter tempo em tela não apresenta qualquer momento onde tenha a mínima nuance comportamental, tampouco há possibilidade de explorar a intérprete dramaticamente, sua figura está lá unica e exclusivamente para decoração e para apresentar alguns figurinos que deixam sua pela à mostra.

    Ainda que o entorno seja ruim, seria injusto julgar o produto do Besson pelos fracassos de seus protagonistas, no máximo há de se lamentar as péssimas escolhas de elenco, mas a realidade é que não se cria dentro do período de mais de duas horas qualquer empatia com os protagonistas, tão pouco há como torcer por eles, já que em todo momento eles parecem incapazes de correr perigo.

    Os efeitos visuais são bonitos em alguns pontos, mais grotescos em tantos outros. Há uma confusão tão grande na concepção desse universo que mesmo ideias desbravadoras, como a da cidade interplanetária comercial soa vazia. O restante do elenco é sub-aproveitado, desde Clive Owen, até Ethan Hawke e Rutger Hauer. A participação de Rihanna é reduzida em tempo, mas sua importância para a trama é bastante relevante, sendo um dos poucos momentos realmente emocionantes quando sua personagem tem seu apogeu, no entanto, sua conclusão resulta em uma cena boba de lamentação de Dehaan.

    Se Lucy é comparável a Nikita, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas certamente tenta se posicionar na esteira de O Quinto Elemento, ainda que não entregue quase nada da ambição atingida pelo jovem clássico dos anos noventa. Não há qualquer profundidade no drama exposto, tampouco há qualquer conexão dos personagens entre si ou o público. Ao fim da projeção fica a sensação de que esse seria um herdeiro espiritual de Avatar e John Carter, ainda que a comparação com esse primeiro seja tão pejorativa que soe injusta. Se a ideia do diretor era começar através desse uma nova cinessérie de adaptações dos quadrinhos franceses talvez fosse melhor uma auto-análise do realizador, já que ultimamente tem escolhido projetos bastante questionáveis

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  • Crítica | Esquadrão Suicida

    Crítica | Esquadrão Suicida

    Esquadrão Suicida

    Criado no fim dos anos 1950, mas só popularizado na saga pós-Crise Lendas, o Esquadrão Suicida era um grupo composto por vilões do segundo escalão, montado por Amanda Waller, uma das mentes que dominavam o cenário escuso do universo DC, responsável entre outras coisas pelo Projeto Cadmus. De fato, a equipe jamais havia sido alvo de uma popularidade indiscutível e funcionava melhor como elemento coadjuvante (como feito na segunda temporada de Arrow) do que como centro das atenções, inclusive com um péssimo evento audiovisual no longa animando Batman: Assalto em Arkham, que trata exatamente dos mesmos protagonistas do filme de David Ayer.

    Há dois pilares de confiança para o filme, o primeiro é o prestígio de Viola Davis interpretando Waller, desde sempre sendo ela a escolha perfeita para o papel. Apesar de ter pouca oportunidade de brilhar – e de conter para si um grande número de equívocos estratégicos – a atriz consegue fugir da mediocridade que permeia o filme. Já o outro parâmetro de qualidade recairia sobre Ayer, que desnecessariamente emula traços do estilo de filmagem de Zack Snyder, uma vez que seus trabalhos são em muito superiores aos do visionário realizador de Watchmen. O slow motion é excessivo e irritante, fazendo o tom bastante genérico.

    Uma das maiores discussões a respeito do filme era em relação a Arlequina de Margot Robbie. Quanto a isto, não há tanta exploração sexual quanto se imaginava antes da exibição, ainda que toda a vigilância não tenha sido em vão por futuras passagens com a personagem. Robbie permanece com muito mais pele à mostra do que deveria, especialmente comparando a versão original da esquizofrênica personagem pensada por Bruce Timm na série animada do Batman, com esta nova faceta pós-novos 52, hiper-sexualizada. Os inúmeros erros de roteiro não mostram uma personagem forte emocionalmente, e sim uma mulher que foi muito abusada e que sofre desse mal o tempo inteiro. Sua performance é a mais rica e profunda do longa e só perde força graças ao preciosismo do Coringa.

    O palhaço e príncipe do crime de Gotham soa patético e faz rir pelos motivos errados, não por possíveis gracejos e sim pela construção extremamente caricata e deslocada que Jared Leto emprega. A culpa pela participação pífia parece dividida entre o texto atrapalhado de Ayer e a necessidade do ator em tentar a todo custo superar seu antecessor, Heath Ledger. Não havia qualquer necessidade para tal, tanto no Batman de 1989 quanto em Cavaleiro das Trevas há boas apresentações do criminoso insano. Ambas conseguem atingir uma boa expectativa quadrinística do Coringa, mas esta não. As cenas com Leto parecem enxertadas às pressas para trazer algum rosto conhecido ao filme, e quase banaliza o pouco de argumento que funciona em relação a Harley.

    A ideia de se fazer um filme de equipe não passa de uma premissa não alcançada. O que se vê é um sub-aproveitamento dos personagens. Rick Flag (Joel Kinnaman) consegue alguns momentos condizentes com a figura de militar inspirador, mas logo perde força ao executar um momento de irreal cafonice, contendo em mãos a chave para convencer o protagonista Pistoleiro/Floyd Lawton (Will Smith) de segui-lo até a morte. Mesmo o sentimentalismo barato – marca registrada de Smith em muitos de seus filmes – neste soa desimportante.

    Mesmo as piadas que funcionam no material promocional ficam mal encaixadas, soam fracas e sem peso, jogadas em uma edição confusa, que por sua vez provém de um texto final nada sólido. Alguns poucos momentos de ação são salvos pela competente mão de Ayer, mas ainda assim é pouco, muito pouco. Falta lógica na maioria das táticas de guerra, e isso faz toda a diferença para a suspensão de descrença de um público ávido por uma abordagem mais certeira da Warner e DC no cinema.

    O resultado final carece de um bom vilão. E, fora Harley, os personagens femininos são fracos. Katana aparenta ser um cosplay, dada que sua motivação é tão ruim quanto a da Magia de Cara Delevingne, que faz uma vergonha tremenda nos instantes finais. Sua apresentação rivaliza com a do Crocodilo em matéria de caricatura, e é péssima em caráter de pieguice, acompanhada, claro, do restante do elenco nesse quesito. Esquadrão Suicida é aprisionado no limiar entre um filme de ação genérico dos anos 1980, um produto trash da Asylum, transitando entre Falcão, o Campeão dos Campeões e Sharknado, ainda que não haja, nem em seu orçamento quanto mais em expectativa, qualquer semelhança com quaisquer dos dois gêneros ou os dois exemplos citados.

  • Crítica | Cidades de Papel

    Crítica | Cidades de Papel

    Cidades de Papel - poster

    Segunda obra de John Green adaptada para as telas, Cidades de Papel consegue transpassar a barreira literária e se recodificar em uma narrativa cinematográfica com estilo e recursos cênicos próprios, modificando somente o essencial devido aos formatos diferentes e desenvolvendo uma bonita história sobre laços de amizade e a fase de transição e amadurecimento entre a adolescência e juventude.

    A obra de Green não é de difícil adaptação. Sua narrativa linear é estruturada de maneira simples com personagens adolescentes passando por uma ação específica de transformação. O estilo narrativo é eficiente ao compor tais personagens, e denota uma boa caracterização em cena para que não existam estereótipos.

    No papel central, Nat Wolff, presente também em A Culpa é Das Estrelas, corresponde com eficiência a Quentin, um jovem que nutre uma paixão platônica pela vizinha Margo Roth Spielgelman e participa de um engenhoso plano de vingança ao seu lado antes do desaparecimento da garota. Como um adolescente como outro qualquer, o jovem Quentin se apaixona pela beleza de Margo e nutre há anos um amor sem conhecer, de fato, sua amada.

    A trama transforma a fuga de Margo na trajetória de conhecimento de Quentin. Prestes a se formar no colegial e escolher uma faculdade, o universo conhecido do adolescente será transformado. Um rito de transição para uma juventude inexplorada e mudanças naturais da vida que deixa amizades e a família para trás. Ao mostrar Quentin e amigos partirem em uma viagem atravessando os Estados Unidos à procura de Margot, a narrativa enaltece a força da amizade e estabelece um fraterno road trip.

    O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber – que também versaram A Culpa – é eficiente ao modificar estruturas básicas da narrativa original, dando maior fluidez para a história tanto no aspecto temporal como na composição sensível dos personagens. Se há uma perda de densidade em comparação com os acontecimentos descritos por Green, há ganho no fluxo narrativo e no enfoque concentrado nas relações fraternais. Universalizando uma trama que, inicialmente, possui um público alvo específico. Ainda que em matéria de comparação, o estilo do autor mencionado anteriormente consegue ser ainda mais inspirador na mensagem do que esta adaptação, mantendo obra original e versão em bons parâmetros.