Resenha | Gabo: Memórias de uma Vida Mágica
Se a obra de Gabriel García Márquez foi marcada pela magia, é porque era um reflexo da sua própria vida. E essa trajetória é narrada em Gabo: Memórias de uma Vida Mágica, quadrinho biográfico que é roteirizado por Óscar Pantoja, com os desenhos de Miguel Bustos, Tatiana Córdoba, Julián Naranjo e Felipe Camargo, publicado pela editora Veneta no Brasil.
Realizado por artistas colombianos, o quadrinho não apenas retrata a história da vida do autor, mas pega emprestado o realismo mágico para desenvolver essa narrativa. Famoso por misturar o cotidiano e o extraordinário, o estilo ficou famoso por escritores latinos na década de 60 e 70. Os impactos disso na obra são diversos, indo da falta de uma linha cronológica fixa, mas sim organizada a partir de condições sentimentais e psicológicas do autor nos períodos narrados, até na forma com que alguns elementos aparecem em alguns quadros, como as borboletas que seguem o autor durante a história.
A escolha de dividir a obra em quatro partes não apenas torna mais fácil lidar com o desenho de quatro artistas diferentes, mas também serve como uma espécie de divisão de momentos na vida do autor colombiano. Isso acontece principalmente pela escolha de cores para retratar cada um desses períodos: o laranja traz os momentos de maior entusiasmo e criatividade, o azul os de maior dificuldade e solidão, o vermelho mostra a sua relação com a família e com o regime cubano e o verde a esperança de alcançar os seus objetivos.
Por ter apenas um roteirista, o ritmo do quadrinho não sofre com a mudança dos artistas. Além disso, a forma com que a sua história é contada te faz querer continuar passando cada página e saber quais os rumos a vida de Gabo tomaram até que ele finalmente conseguisse chegar no que ele consideraria a sua grande obra: Cem anos de solidão.
A edição brasileira não poupa em qualidade gráfica. Apesar da capa mole, o papel usado faz com que as cores fiquem bem delimitadas, mas não interfiram do outro lado da folha, evitando “fantasmas” durante a leitura. Pela utilização de cores intensas, esse é um detalhe que acaba tendo sua importância.
O quadrinho é uma ótima recomendação tanto para quem já conhece do autor quanto para quem nunca teve contato com ele. Como uma pessoa que estava no meio do caminho, sabendo do papel de Garcia Márquez para a literatura, mas que só leu um livro do autor, conhecer melhor a sua trajetória só me deixou com vontade de mergulhar um pouco mais nas suas obras. Até porque já deu pra entender que o “fantástico” no nome do estilo não descreve só o surreal, mas também a qualidade do seu trabalho.
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Texto de autoria de Caio Amorim.
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