Tag: filmes de zumbis

  • Crítica | Mortos Não Morrem

    Crítica | Mortos Não Morrem

    Normalmente quando se pensa em filmes, hqs, livros ou series sobre zumbis, se mostra uma cidade grande e central lidando com a tal praga. Não é o caso de Mortos Não Morrem, novo longa-metragem de Jim Jamursch, que vem nos últimos anos, visitando o gênero terror – em 2013 conduziu o filme de vampiros Amantes Eternos. A localidade é Centerville, um pacato vilarejo vigiado pela dupla de policiais chefe Cliff Robertson e oficial Ronald ‘Ronnie’ Peterson, interpretados por sua vez por Bill Murray e Adam Driver, que começam a perceber uma movimentação estranha no local.

    Nos anos noventa Jamursch dedicou seu esforços a desconstruir alguns gêneros cinematográficos. Em Dead Man discutiu  o Western, enquanto Ghost Dog perverteu os clichês de filmes de samurai, e ele parece querer fazer isso com as obras de George Romero neste, além é claro de referenciar os populares Guerra Mundial Z e The Walking Dead, ainda que aqui haja uma carga de humor não óbvio muito forte, causada pela força das circunstancias, e em uma freqüência de ironia poucas vezes vistas nas parodias recentes.

    A câmera passeia pelo cotidiano bucólico de Centerville, mostrando algumas pessoas comuns, esperando sua comida, destilando preconceitos, se metendo em small talk em mais um dia comum. As pessoas estão tão entretidas com as futilidades comuns a si que não percebem que o mundo está mudando e está ruindo. É como se fosse mais um dia como outro qualquer, como se o fim do mundo não afetasse quem já está isolado do restante da “alta civilização”. Eles só percebem que algo está errado de fato quando os animais começam a sumir, e mesmo em meio a uma cidade de pequena população, há gente ainda mais excluída.

    Não há pressa em mostrar o mundo sendo destruído, o registro sobre o bucólico e sobre a vida simples no campo dá o tom no primeiro terço do filme, só ocorrendo o alvorecer dos mortos após o passar da manhã e tarde, possivelmente referenciando o nome do clássico maior de George Romero, A Noite dos Mortos Vivos. As cenas dos primeiros ataques guardam um humor que mistura o não obvio, ao colocar os mortos vivos andando vagarosamente até suas vítimas, diferente do péssimo conceito de zumbis velocistas como em Madrugada dos Mortos, Zumbilândia ou Extermínio, além de fazer troça com a aparência de Iggy Pop, um dos ídolos do diretor e protagonista de seu último longa, Gimme Danger.

    O roteiro também brinca com os fan services e referencias desnecessárias, utilizando uma discussão entre Zoe (Selena Gomez) e seus amigos com o frentista e fanático por filmes de horror b Bobby Wiggins (Caleb Landry Jones), mostrando um Pontiac LeMans, o carro utilizado pelos personagens de Uma Noite dos Mortos Vivos original de 1968. O modo que o filme reverencia as obras clássicas brinca com as obviedade do cinema de referencia e digere sua montanha de menções forma própria e debochada.

    A proximidade do fim faz com que os personagens percebam o obvio, que não há escapatória. Os poucos que ousam ficar vivos se vêem cercados, com pouca ou nenhuma perspectiva de sobrevivência, basicamente esperando a morte chegar, ou os recursos acabarem, ou terem seus domicílios invadidos, no entanto isso não é explorado de maneira melodramática ou seria, e sim fazendo piada, de humor negro, com desdém normalmente, como quando os hipsters de Cleveland são decapitados pelos caipiras de Centerville.

    Jamursch faz uma espécie  de filme resposta ao que Rob Zombie empregou em seu Halloween: O Início – embora a acusação de simplismo e de preconceito com o rural seja discutível – mostrando o cidadão do campo como superior ao urbano, e ainda guarda para seus momentos finais uma intervenção inesperada, que faz com que tudo que foi visto até aquele momento, pudesse ser apenas um despiste. A virada do roteiro é digna dos clássicos de Ed Wood, tão cretina que soa engraçada, como aliás é toda a tônica do longa,

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  • Crítica | Operação Overlord

    Crítica | Operação Overlord

    Operação Overlord começa em 1944, algumas horas antes do Dia D, que consolidaria ainda mais a vitória dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Na trama, uma equipe de paraquedistas norte-americanos invade a França ocupada pelos nazistas, com uma tarefa difícil de destruir uma torre transmissora de rádio em um ponto estratégico para os alemães. O que eles não imaginam é que ocorrem ali experiências encabeçadas por cientistas nazistas, baseadas de certa forma na realidade, mas com consequências mais exageradas.

    A companhia é formada por muitos soldados novatos. Os que mais se destacam são Boyce (Jovan Adepo) e o misterioso cabo Ford (Wyatt Russell), além de alguns personagens genéricos que servem apenas de alívio cômico, tentando evidentemente aplacar a tensão comum em filmes de guerra. No começo do filme de Julius Avery (Sangue Jovem), há um misto entre ansiedade e angústia, e essa boa sensação seria melhor aproveitada se os diálogos não fossem tão expositivos.

    Ao caírem em solo inimigo, Boyce quase sucumbe, aliás, há uma cena envolvendo o seu paraquedas e a queda na água, que faz uma referências óbvias demais a clichês de renascimento, em mais um exagero que ajuda a dar um charme de coisa irreal ao longa, e que junto à extrema violência e toda escatologia gore seja das dilerações e explosões, formam a atmosfera popular da produção de J. J. Abrams.

    Apesar de extremamente divertido, há também uma preocupação do roteiro de Billy Ray e Mark L. Smith em massificar a vilania dos nazistas, pondo eles como abusadores, malvados como o diabo e seus demônios. A figura de Wafner (Pilou Asbæk) é terrível em múltiplos sentidos, tão ruim que faz os momentos em que ele aparece soarem extremamente maniqueísta e beirando o sensacionalismo, mas nada que deponha contra o filme.

    Cada personagem tem um equivalente, uma pessoa a quem se afeiçoa ou se irrita, e isso soa bastante irritantes em alguns momentos, além disso, Boyce (que é o mais próximo da figura de protagonista) parece ter um super poder de ser imune a bombas e explosões, mas até esses super exageros ajudam a diferenciar esse de outras aventuras escapistas.

    De metade para o final o filme se assume como um trash de orçamento gigantesco. Avery parece ser muito fã da fase de terror da filmografia de Peter Jackson, pois pega emprestado algumas idéias de Trash: Náusea Total ou Fome Animal para criar a atmosfera da aventura de época. O fato da obra de Avery ser somente divertida e nada pretensiosa faz encaixa-la perfeitamente no panteão de histórias escapistas e mashups de estilos dissonantes, envolvendo filme de guerra e ficção cientifica de manipulação genética, fórmula essa que se estica mas não se torna cansativa, ao menos não nesse filme.

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  • Crítica | Resident Evil 6: O Capítulo Final

    Crítica | Resident Evil 6: O Capítulo Final

    Filme que, segundo as promessas do estúdio, será o último episódio da série que adapta os jogos de zumbi da Capcom, e dirigido pelo mesmo cineasta que inaugurou a saga em 2002, Resident Evil 6: O Capítulo Final busca dar algum conteúdo de discussão ao roteiro. Um novo começo é estabelecido para Alice (Milla Jojovich), através de um estranho contato da Rainha Vermelha (Ever Anderson), que a convoca para entender seu passado em Raccon City, além de prometer uma vingança junto a Albert Wesker – vivido por Shawn Roberts, e mais caricato do que nunca.

    Normalmente, Paul W. S. Anderson começa franquias de ação e deixa as continuações a cargo de outras pessoas, foi assim em Corrida Mortal e suas duas continuações para a TV, como também com Mortal Kombat e Mortal Kombat: A Aniquilação. Resident Evil foi diferente, após produzir e colaborar com o roteiro de Apocalipse e Extinção, ele voltaria à direção em O Recomeço e Retribuição. O fato de não ter sido o realizador de dois deles parece ter mexido com a cabeça do sujeito, uma vez que seu argumento remonta as partes que não dirigiu, e basicamente reconta todo o conteúdo levantado no segundo filme, tentando salvar este que é o mais criticado da série.

    Em Retribuição, uma parcela considerável de críticos e cinéfilos fizeram um comentário de profundo apreço aos esforços de Anderson, afirmando que ele usava a sua câmera para desconstruir a ideia vigente no cinema de ação atual, utilizando o mesmo slow motion tão em voga atualmente para fazer um comentário debochado  sobre o cinema de ação atual. Se esses elogios estavam certos ou não cabe ao espectador atento decidir, fato é que a promessa de maior apego a realidade nesta versão não foi cumprida pelo diretor. As cenas de ação são frenéticas, ao melhor estilo Jason Bourne, e em alguns momentos também apelam para a desaceleração das brigas e perseguições.

    A tal maturidade prometida para o roteiro se resume a um plot-twist dos mais banais, construindo ali um background e um passado para Alice, que basicamente contradiz tudo o que foi dito até aqui. De positivo há algumas sequências de luta, que são muito bem construídas basicamente pela entrega exemplar que Jojovich dá a sua personagem, fato que quase faz esquecer tanto a performance terrível de Roberts, como também do terrível arquétipo de cientista maluco/homem de negócios malvado que Iain Glen faz em seu Dr. Isaac. O montante de personagens desnecessários segue intacto.

    Toda a construção em torno dos filmes de Resident Evil tem o nível de qualidade discutível, não só por questões de fidelidade com os games, mas também pelo uso excessivo de clichês. A mescla entre cenas de perseguição absolutamente frenéticas, reprisando os cenários do terceiro filme e referenciando o trabalho de George Miller em Mad Max: A Estrada da Fúria  demonstra que o intuito da produção não é inovar e sim referenciar o cinema de ação, encerrando aqui não só as homenagens a Miller, como também a filmes como a trilogia Matrix; o estilo de direção de Zack Snyder e alguns clássicos do terror ligados a zumbis, como Despertar dos Mortos, Extermínio, Madrugada dos Mortos, entre outros. Nesse sentido, toda a saga Resident Evil rendeu sim uma boa retrospectiva, mas ainda assim é muito pouco para um produto como ele.

  • Crítica | Invasão Zumbi

    Crítica | Invasão Zumbi

    Fenômeno popular recente entre os cinéfilos e obviamente cercado de expectativas boas, Invasão Zumbi é um filme sul-coreano, comandado por Yeun Sang-Ho, diretor que tinha experiência anterior com animes em longa-metragem, como O Impostor e Rei dos Porcos. A primeira mostra da situação de calamidade do filme se dá quando um cervo é atropelado e largado no asfalto, levantando em seguida após a fuga do atropelador, já em um aspecto decrepito e mórbido.

    O elo que liga o público ao drama retratado em tela está presente na relação de pai e filha entre Sok-woo (Gong Yo) e Soo-ahn (Kim Soo-Ahn), que estão em um trem que leva de Seul a cidade de Busan. Os parentes estão isolados do resto da civilização, e de dentro do transporte, se percebe que no lado externo há algo muito errado acontecendo, até que um dos tais contaminados tem sua transformação ocorrida com o trem em andamento, tornando aquele ambiente fechado um lugar propício para uma predação sem maiores resistências.

    As primeiras transformações acontecem lentamente, enquanto as próximas ocorrem mais rápido, em uma perversão de conceito que exala entropia e demonstra o quão imprevisível é essa contaminação. Sang-Ho posiciona a câmera com maestria, estabelecendo uma aura de desconforto e claustrofobia imensa, que torna toda a situação em algo ainda mais urgente, especialmente se o espectador assiste na tela grande. O filme possui um ritmo frenético, quase não dando tempo ao público para se recompor entre uma sequência de ação e outra, pondo em perspectivas muito mais assustadoras do que outros produtos semelhantes, como Madrugada dos Mortos e Extermínio.

    Até pela velocidade com que se estabelece o caos, não há muito tempo para mostrar o background dos sobreviventes, restando então o uso de arquétipos universais, que poderiam até soar rasos, não fosse a abordagem emotiva e realista escolhida pelo cineasta. O pouco do que se mostra em tela faz com que o espectador se importe de fato com o destino dos humanos que ainda vivem, fatores que se tornam ainda mais poderosos graças a trilha sonora forte e repleta de suspense.

    O maior diferencial de Invasão Zumbi em comparação com os zumbiexploitation recentes é a urgência com que se trata toda a história e a busca por ainda subsistir. Em The Walking Dead perde-se um tempo considerável com romances bobos, rivalidades infantis e embromação. O texto que Yeon redigiu é certeiro, rápido e repleto de conflitos, que mostram a pior face do egoísmo humano sem necessitar apelar para saídas baratas de emoção. Não há invencionices em relação as situações de privação dentro dos vagões e o terror mais assustador do longa mora principalmente nas cenas onde as mortes não são explicitas, tendo uma harmonia enorme entre o fato de mostrar as dilacerações dos personagens via mortos vivos e a contemplação distante das pessoas perecendo, normalmente com uma janela de distancia entre um carro e outro.

    As discussões morais e éticas não possuem a mesma força dos clássicos Despertar dos Mortos e A Noite dos Mortos Vivos, de George A. Romero, mas ainda levanta algumas questões éticas válidas, mesmo que se apele nos últimos momentos a velha questão do sacrifício pessoal para se consertar um caos familiar pregresso. O melodrama e os sonhos do personagem principal estabelecem um diálogo inteligente com O Dia dos Mortos, terceiro tomo da saga zombie de Romero, onde o homem em estágio zumbificado tem consciência de que precisa se afastar dos seus para que esses não sejam igualmente infectados, pondo em cheque até a questão de que não há volta para esse estado de morto vivo, ainda que não haja um diálogo realmente sério em relação a isso, já que o teor do filme é pragmático, e não esperançoso, fortificando a ideia de que Invasão Zumbi é mesmo uma pérola recente, em especial por seu ritmo forte e por saber usar bem até os clichês do gênero, principalmente nos ambientes extremos.

  • Crítica | Birth of the Living Dead

    Crítica | Birth of the Living Dead

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    Desnecessário dizer o tamanho do impacto do subgênero do terror de “zumbis” na cultura pop. A série de TV The Walking Dead, mesmo com todos os seus problemas, insiste em quebrar recordes de audiência, e as novas gerações cada vez mais se sentem atraídas pelas criaturas lentas e devoradoras de carne humana.

    Se o documentário Doc of the Dead tenta entender um pouco deste fenômeno de forma geral, o filme do diretor Rob Kuhn, Birth of the Living Dead (também conhecido por Year of the Living Dead) enfoca especificamente o filme que deu origem a todo este frenesi pelos mortos, o clássico A Noite dos Mortos Vivos, dirigido por George A. Romero e lançado em 1968.

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    Considerado como o reinventor dos zumbis e introdutor dessa nova, porém antiga, criatura no imaginário popular, A Noite dos Mortos Vivos possui também outras características marcantes que o fizeram ser tão cultuado. Enquanto Hollywood na época fazia apenas filmes épicos caríssimos, ou produções dentro de um formato conservador, o terror era deixado de fora por ser considerado um gênero B, quase perto da pornografia. A fase dos filmes deste gênero havia ficado para trás, com os monstros clássicos e super insetos radioativos.

    Romero e seus amigos de uma pequena produtora de Pittsburgh, que até então só filmava comerciais, decidem fazer um filme de terror baseado em uma história que Romero já havia escrito. Filmado de forma participativa e heroica, em que cada pessoa fazia muitas vezes duas ou mais funções na produção, o filme custou apenas 114 mil dólares. Mesmo contando com a desconfiança de todos sobre a finalização do projeto (inclusive do próprio Romero), o filme aos poucos vai ganhando terreno e conquistando o público enquanto o aterroriza como nenhum outro filme havia feito até então.

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    No cerne deste novo terror está este novo monstro que surgia, mas que não tinha participação de nenhuma conspiração do governo, da mídia ou de quem quer que fosse. Pior: não havia explicação. O monstro estava lá à espreita, e ao mesmo tempo que não era ninguém em específico, era todo mundo. Se em todas as narrativas de terror havia a perspectiva de um novo recomeço no dia seguinte, os zumbis mostravam que não havia. Eles eram uma força lenta, mas incrivelmente resilientes.

    Ao traçar paralelos com o terror da guerra do Vietnã e também da agitação política dos EUA na época do movimento pelos direitos civis, o filme vai por um caminho conhecido, mas acerta ao propor que a atração do público por este tema e por este tipo de monstro se dá justamente pelo fato de que agora o monstro não tem mais receita de como ser vencido. Não há mais segurança e ninguém está a salvo, e era exatamente isso o que a sociedade dos EUA vivia na época, onde a antiga e estável sociedade estava sendo demolida por novos atores sociais e caindo em uma realidade brutal.

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    Com curta duração, o documentário aposta em seu visual arrojado, com storyboards muito bem feitos, para ajudar a contar a história de como o filme foi feito. Porém, com poucas entrevistas, e somente dois que efetivamente participaram na produção do filme original, falta um direcionamento mais voltado a como o filme foi feito além da opinião de Romero. Talvez a presença dos atores originais pudesse ter contribuído mais nesse sentido. Algumas entrevistas de pessoas que viram o filme na época são interessantes, mas sequências de um professor mostrando o filme a crianças soam desnecessárias e um pouco forçadas.

    Birth of the Living Dead possui alguns problemas técnicos. Em diversos momentos conseguimos ouvir barulhos de fundo na captação de som, e a edição também deixa a desejar. Porém, apesar de simples, Kuhn faz um filme eficiente mesmo parecendo mais um bootleg do que algo oficial, como se estivesse parafraseando o objeto do documentário, o que de certa forma deixa um charme. Intencional ou não. Aos fãs do gênero e estudiosos de cinema e cultura pop em geral, é uma boa contribuição.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | Resident Evil 5: Retribuição

    Crítica | Resident Evil 5: Retribuição

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    As cenas iniciais de Residente Evil 5 Retribuição começam em câmera reversa, em mais um dos muitos recursos videoclípticos tão comuns na carreira de Paul W. S. Anderson. Curioso é que a feitoria desta introdução é bem executada, apesar de cortar o clímax desta reapresentação da saga que teve cinco exibições em live action.

    Alice (Milla Jojovich) ressume seu papel de moça imortal, se apresentando são e salva após um dos muitos ataques da Umbrella, e logo já é posta para sofrer exames que viriam a comprovar sua saúde.  Os testes psicológicos realizados nela fazem claras alusões ao filme de Snyder Madrugada dos Mortos, em uma apresentação tosca, mas que está longe de representar os maiores erros de Resident Evil 5.

    O clichê da clonagem, antes só dedicado a Milla e sua Alice foi amplificado, com o único pretexto de causar no fã da série um ar nostálgico. As falas da heroína estão ainda piores, atestando a sua classificação como mulher badass. Alguns personagens que tinham desaparecido na franquia são resgatados, somente para serem descaracterizados. Resident Evil 5: Retribuição é como uma reciclagem mal executada, retomando de maneira porca o que deu certo nos primeiros filmes.

    Os tiroteios são risíveis, as lutas terminam com poses de vitória semelhantes aos vistos em Power Ranges e os show-off de armas são tão frequentes que fazem a fita parecer um comercial da indústria armamentista norte-americana.  A cena da fábrica de clones é completamente dispensável, mal feita e irritante. Mesmo após 10 anos da franquia no Cinema, P.W.S. Anderson e sua equipe de produção continuam cometendo os mesmo erros primários de Resident Evil: O Hospede Maldito.

    Incongruências sobram, como o exemplo de o robô de controle que fica exposto o tempo inteiro. Outro factoide jamais explicado é como a Umbrella sobrevive ao fim do mundo e prossegue com dinheiro para executar tantas novas invenções, a despeito de todas as ideias estúpidas e administradores imbecis. Mistério é o motivo que fez o diretor achar que seria interessante mostrar os efeitos dos golpes com um panorama em raio-x esverdeado, aludindo talvez a expectativa de que o público que consome os filmes da franquia seja formado por pessoas mentalmente debilitados.

    Shawn Roberts volta ao papel de Wesker, para abrilhantar ainda mais a película, mas dessa vez ele é afável, e se alia a Alice, contra um inimigo em comum – numa reviravolta muito mal construída. A cena final de Resident Evil deixava claro que o objetivo da Companhia Guarda-Chuva era resgatar os irmãos Redfields – Chris e Claire – vivos, mas eles não aparecem em momento algum, nem é levantada qualquer possibilidade de onde eles estariam, o que deixa uma interrogação na cabeça de quem assiste: será que eles estariam se “poupando” para uma parte 6 ou o roteirista simplesmente esqueceu deles?  O final mais uma vez é aberto, a tomada que mostra como a Terra está após os últimos acontecimentos da Guerra contra a Umbrella causa calafrios e medo do que ainda está por vir, já que a sexta parte está confirmada, com data de estreia já marcada, com o que deve ser o capítulo derradeiro. A produção de Resident Evil se mostra cada vez mais desgastada, carregando um enfado que aumenta a cada novo filme.

  • Crítica | Resident Evil 4: O Recomeço

    Crítica | Resident Evil 4: O Recomeço

    Resident Evil 4 Recomeço 1

    Os efeitos em slow motion nos minutos iniciais de Resident Evil 4: O Recomeço já escancaram lastimavelmente que Paul W. S. Anderson voltou à cadeira de diretor apresentando os aspectos muito negativos que lhe são peculiares, especialmente no estilo videoclíptico que imitam porcamente o visual e estilo de Matrix.

    O começo da trama é efetuado por mais um recordatório, tornando claro que os produtores julgam que seu público sofre de amnésia crônica. A ideia de arquitetar um plano com dezenas de clones a uma instalação de segurança máxima é demasiado fraca, só servindo para tornar a Alice de Milla Jojovich em algo menos poderoso. Mesmo voltando a ser humana de novo, a protagonista e heroína de ação consegue sobreviver à queda de um avião. Após a mini odisseia, ela toma um aeroplano e viaja até o Alaska à procura de sobreviventes, sem qualquer explicação mínima, mas somente uma tela preta informando que seis meses haviam se passado.

    Milla volta à sua canastrice habitual. Os personagens secundários são sofríveis, mesmo os que funcionaram bem em Resident Evil 3 A Extinção. As mudanças de personalidade são “justificadas” por uma lavagem cerebral e controle da mente, e por incrível que pareça esses ainda os problemas pequenos. Wentworth Miller faz do seu Chris Redfield um prisioneiro que aparenta ser badass, mas que, diante dos perigos que se aproximam, pouco tem ação. O CG, antes bem feito, volta a ser tosco; parece até ter piorado em comparação com o filme anterior. A desconstrução de Claire Redfiled (Ali Larter) é de uma incompetência ímpar. As situações de perigo se tornaram fúteis mais uma vez, os zumbis pouco ameaçam – mesmo com todos os upgrades, Alice volta a ser intocável, executando exibições de saltos ornamentais dignas de uma gata molhada.

    Resident Evil 4 Recomeço 3

    A desconstrução do que foi visto anteriormente torna-se estranha, por perceber-se o óbvio fato de que o roteiro também era de W.S. Anderson. Entretanto, de todos os aspectos patéticos, o pior momento é de Albert Wesker. Sua palidez mórbida, os óculos escuros – que servem até como arma – e sua falta de talento dramatúrgico são sensacionais, e formam o arquétipo de um dos piores vilões que o cinema já produziu, graças e muito ao desempenho ridículo de Shawn Roberts, que só faz estalar o pescoço e ameaçar Alice. Mas não há como culpar somente o intérprete, que está limitado por um realizador que não parece saber instruir seus subalternos. Wesker é uma amálgama de Neo e Agente Smith, o que deve tornar a figura de Anderson em algo insuportável na roda de amigos ligados aos irmãos Watchowski.

    A batalha final é anticlimática, sem pé nem cabeça, e mesmo após todas as pirotecnias, a Umbrella está firme novamente, pronta para aprontar mais confusões e para infernizar a vida de Alice e do público do cinema. A cena pós-crédito é um acinte, e mostra que nada está tão ruim que não possa piorar mais ainda, encerrando o filme de modo quase tão desrespeitoso quanto Resident Evil 2: Apocalipse.

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  • Crítica | Resident Evil 3: A Extinção

    Crítica | Resident Evil 3: A Extinção

    Resident Evil 3 A Extinção 1

    Terceiro episódio da franquia, Resident Evil 3: A Extinção é aparentemente o mais distante da história do jogo e da cine série como um todo. No entanto, é o filme que mais se aproxima de ser correto. A direção está a cargo de Russell Mulcahy, realizador dos dois primeiros Highlander e começa com um recordatório ambienta o espectador desavisado do que se trata a situação até ali. Após a mostra do destino da humanidade, é explicitado que a Infestação Umbrella destruiu toda forma de vida no planeta, extinguindo praticamente qualquer subsistência do ecossistema mundial.

    Há basicamente dois cenários: o deserto e as Instalações da antiga Umbrella. As partes acertadas do filme ocorrem na primeira conjuntura, onde os raros sobreviventes lutam contra a praga zumbi. Ao contrário do anterior, este ganha pontos na diversão, primeiro por não levar-se tão a sério e também porque os personagens não são simples bonecos com frases de efeito. Apesar de não ser um conjunto que prima pela profundidade, ao menos causam comoção no público, seja pelos apuros reais ou pelo simples instinto de sobrevivência.

    Os períodos ocorridos no interior dos laboratórios são fracos, relembrando os piores momentos dos outros episódios. O pastiche involuntário presente no paradigma do cientista louco irrita, mas não compromete, principalmente em comparação com os absurdos anteriormente vistos. Até mesmo a Milla Jojovich está melhor que antes, pois Alice aparece e continua distribuindo seus golpes em quem aparece, mas se mostra insegura em usar seus super poderes, receosa em fazer mal aos seus amigos. A dúvida e a ambiguidade sobre a sua manipulação acrescenta muito suspense a trama e consegue funcionar sob a clara influência de Mulcahy.

    Resident Evil 3 A Extinção 3

    Os absurdos dramatúrgicos continuam presentes, especialmente nos cabelos femininos, que prosseguem lisos, vividos e esvoaçantes mesmo sem shampoos e em ambiente arenoso. Quase nunca há escassez de munição, as piadinhas prosseguem, e o clima Massa Véio permanece vivo. Mas tais aspectos são bem pontuados, tornando a experiência menos traumática, em alguns pontos acrescentando charme ao produto final. Mesmo esses clichês são ofuscados por causa de muitas referências a filmes clássicos, desde Os Pássaros, em uma boa ideia de contaminação do T-Vírus, até O Planeta dos Macacos, com uma Las Vegas soterrada. As mais óbvias comparações com Mad Max 2: A Caçada Continua se notam nas claras inspirações nas locações que formam o mundo comum do filme que, em suma, resgatam a ecologia discutida em Highlander II: A Ressurreição.

    A história melhora muito quando se assume o tom de filme B. Residente Evil 3 A Extinção é palatável por não ludibriar o espectador, fingindo-se um filme sério. Como filme de ação pouco peca, os combates são bem filmados, os efeitos especiais e maquiagens dos monstros são acertados – pela primeira vez. A direção é de Russell Mulcahy é ótima. Porém, as cenas finais são fracas, quase pondo tudo a perder. Uma lástima que a atmosfera criada nesta produção  tenha que dar lugar mais uma vez a roupas apertadas, golpes plásticos, vilões de desenho animado e pirotecnias de Paul W.S. Anderson, especialmente pela perda de um diretor mais hábil enquanto realizador que o marido de Milla.

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  • Crítica | Resident Evil 2: Apocalipse

    Crítica | Resident Evil 2: Apocalipse

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    Antes dos eventos do primeiro filme, uma onde de calor toma Racoon City. As cenas que seguem após o breve anúncio mostram que o caráter do Resident Evil 2 Apocalipse é bastante diferente do episódio anterior, fora claro alguns personagens recorrentes. De resto, mal dá pra se notar que este é uma sequência, especialmente pela troca na cadeira de diretor, com o cargo recaindo sobre Alexander Witt , mais acostumado a reger comédias, bastante diferente do que fazia Paul W. S. Anderson – que dessa vez só assina o roteiro e produz o filme.

    Já no início, o espectador é apresentado a um personagem clássico, exibindo Jill Valentine (Siena Guillory), que é basicamente uma mulher de belas curvas que sabe que zumbis morrem com tiros na cabeça, no entanto, não é fria o suficiente para acabar com o martírio de um amigo seu que foi mordido. Essa reticência da personagem se agrava pela superficialidade dos personagens, quem vê o filme não tem possibilidade nenhuma de se sensibilizar com os personagens, dada a falta de substância e estofo neles. Os sujeitos entram, se apresentam e morrem sem acrescentar nada a trama. As cenas de ação são mal filmadas e os truques de câmera são facilmente percebidos, com bungee jumps de helicópteros a corridas na vertical de prédios presos a cordas de rapéu, aspectos que aumentam horrorosamente o nível de vergonha alheia do filme.

    Jill consegue andar de ladinho, em um esforço estranhissimo para emular as características do vídeo game, que em suma, só provaca risos na platéia. Retorna a trama a sobrevivente Alice (Milla Jojovich), que demonstra sua imortalidade ao atravessar uma vidraça de igreja de moto sem nenhum motivo aparente. A câmera acompanha a trajetória dos tiros da mulher guerreira até as motos, unicamente para matar os monstros no cemitério. Ao mostrar a ressurreição dos mortos, que entram em conflito com a dupla feminina na porrada, são apenas alguns dos exageros que dão a tônica do filme, unido é claro as piadinhas repetitivas, mostrando que o mundo pode até acabar, mas o bom humor há de prevalecer sobre as adversidades, mesmo que seja as custas da paciência do espectador.

    A  mudança de caráter da protagonista serve como alegoria a completa falta de substância do roteiro, Alice que antes era reticente  em agir como heroína de ação, neste muda completamente de postura, tornando-se uma máquina de matar, graças provavelemente aos experimentos a que foi submetida, ou talvez pela falta de talento de Witt em dirigir atores. O aspecto mais risível do filme é a relação dela com o antagonista Nemesis, que no game é um vilão amedrontador e na fita é um ente sentimental, digno de pena e que somente não chora por ser feito de borracha e por consequentemente não possuir pálpebras.

    Quando Nemesis (Matthew G. Taylor) anda, lembra muito Shaquille O’Neal em Steel, por parecer um monstro obeso, cuja maior característica ´w dificuldade de locomoção. Ainda assim, o vilão acerta com uma bazuca o “possante” esquadrão de elite da cidade, que por sua vez, não apresentam resistência nenhuma, não justificando a alcunha de tropa especial. O monstro é semi-racional e só obedece ordens, mas ainda assim consegue fazer piadinhas irônicas.

    A luta final é mal urdida e completamente desnecessária, pontuada por um sentimentalismo extremo e bobo. Uma das poucas piadas tragáveis é a forma como uma das personagens mais insuportáveis falece, a repórter que registrava tudo com uma câmera foi atacada por um horda de zumbis juvenis, enquanto a filmadora gravava tudo.A forma como a mega empresa acoberta os incidentes acaba sendo uma das poucas saídas inteligentes do roteiro, mas não justifica nada. O final sem um desfecho real deixa dúvidas na cabeça do espectador, encerrando o argumento de modo apelativo, sensacionalista e pobre como todo a história que corre diante do espectador.

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  • Crítica | Resident Evil: O Hóspede Maldito

    Crítica | Resident Evil: O Hóspede Maldito

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    O primeiro filme baseado na franquia de jogos Resident Evil, revela a boa intenção de uma tentativa de releitura bem elaborada. Desde o início, o espectador é levado a crer que o roteiro será fiel ao jogo. Os créditos de abertura, a explicação do Incidente Umbrella e a trilha sonora são recursos bem executados, que colaboram com a ambientação do filme. A demonstração da ação do T-Vírus em um clima claustrofóbico de perigo iminente e a marcante cena em que Alice (Milla Jovovich) acorda desmemoriada, e com seu estilo único e um olhar cruel, desembaça o espelho, são realizadas com a edição de vídeo de Paul W. S. Anderson, tão criticado por sua tendência ao estilo de videoclipe.

    A iconografia do jogo é reconstruída no filme restringindo-se somente ao sistema de câmeras, às armas escondidas e guardadas com segredo e às portas que abrem sozinhas. Para o desapontamento do game-maníaco, as ações que acontecem após a entrada das forças especiais na Colmeia, base de estudos da Umbrella, em Racoon City, é uma sucessão de erros grosseiros. Todo o clima de filme de terror cai por terra, e se transforma em um frenesi de ação, frases feitas e combates grotescos, provando que essa mudança brusca de gênero é o maior equívoco do filme.

    Os monstros de Resident Evil não convencem quem assiste, os zumbis são light e não dilaceram ninguém, só arranham e mordem. Os membros do esquadrão de elite entram displicentemente pelos becos, a ponto de deixarem seu líder tático passar por um corredor cheio de armadilhas em uma cena com inúmeros erros de continuidade, como o sumiço de cadáveres.

    Os cenários, que pareciam bem elaborados no começo do filme, ganham um estilo de muito mau gosto e parecem construídos com cartolina e papelão. A maquiagem é tão horrenda que alguns mortos-vivos lembram o Kiko (Carlos Villagran) com hepatite. E os efeitos em computação gráfica são tão sofríveis, que os monstros parecem retirados dos cd-roms que vinham com revistas de informática nos idos dos anos 90.

    Os personagens são mal construídos e não ganham a empatia do público, até porque são descuidados e não fazem o mínimo de vigilância. Em uma das cenas, Alice vai sozinha e desarmada numa ala deserta, chacina dobermans ensanguentados ao maior estilo “extrato de tomate”, distribuindo voadoras nos focinhos e matando sem dó. A personagem, que só poderia ter sido preparada para a guerra, seria o maior potencial a ser explorado no filme, mas sua redenção moral e sua mudança de ethos justificada por uma surpreendente amnésia, transforma a situação em algo estúpido e pueril, subestimando a inteligência do espectador.

    O vilão também é totalmente questionável, a Rainha da Colmeia é uma máquina que tem crises de piedade, que servem unicamente pra explorar escolhas entre a vida e a morte de alguns infectados. Personagens que são dados como mortos voltam, só para morrerem segundos depois, em uma sequência de cenas incoerentes que tira a paciência até do espectador mais descompromissado.

    O desfecho deixa algumas perguntas em aberto, mas em momento nenhum isso suplanta as fragilidades da trama, fazendo com que a dúvida torne-se banal. Nem mesmo a cena final, com Alice retomando seu papel em O Quinto Elemento e segurando um trabuco na cidade devastada, salva o espetáculo, que ainda se seguiria por uma interminável franquia.

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  • Crítica | Extermínio 2

    Crítica | Extermínio 2

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    Extermínio 2 é uma grata surpresa. A continuação de Extermínio é inesperadamente superior ao seu antecessor. O filme começa com o estado de caos instaurado, assim como no primeiro, e é tão auto-contido que para se entender a trama não é necessário sequer assistir a prequência. As cenas de perseguição agora são fechadas, claustrofóbicas e amedrontadoras, a velocidade dos ataques continua, mas aqui elas são melhor realizadas.

    Após o prólogo, é mostrada uma Inglaterra em reconstrução, após inúmeras etapas de descontaminação. É feito um cerco onde os não infectados são postos separados dos doentes, numa espécie de área segura – ainda que essa segurança seja muito discutível.

    O ponto alto da narrativa é a relação familiar construída entre os protagonistas, e por mais que haja mil macguffins, é nesse ponto que o espectador atento deve focar. Juan Carlos Fresnadillo demonstra não só um bom tato com a câmera, mas também com as atuações. O elenco está em suas mãos e mesmo nas pequenas participações só há acertos.

    Extermínio 2 é muito competente em causar pavor em quem o vê, não é pretensioso e passa uma mensagem final um pouco catastrófica, mas ainda assim real: a de que a esperança por uma descontaminação – e consequente retorno a um estado de vida normal – é quase nula.

    A direção de Fresnadillo é algo extraordinário, a variação de estilos de filmagens com a câmera em primeira pessoa em determinado momento, em outros se utiliza de steadicam, se valendo de ambientes fechados e com pouca luz. Esses artifícios enriquecem demais a película, e proporciona a quem assiste um clima de pavor e suspense poucas vezes visto. Há outros elementos dentro do roteiro também interessantes, como a questão primordial sobre a proteção e o cerco que se faz ao Reino Unido, se este seria eficaz ou não, e se os métodos empregados pelo grupo de militares funcionariam numa condição tão calamitosa – estas indagações servem como metáfora para muitas questões cotidianas, e deixa uma resposta pouco agradável para a pergunta principal da franquia: A humanidade teria condições reais de combater uma praga tão avassaladora quanto a retratada na franquia?

    O casal primeiramente mostrado – Robert Carlyle e Catherine McCormack – está ótimo, tanto na química, quanto no decorrer da história, mesmo com todos os desdobramentos e agruras pelas quais seus personagens passam. A dupla de crianças – Mackintosh Muggleton e Imogen Poots –  também estão a vontade em seus papéis, emprestando ao drama familiar uma carga enorme de verossimilhança. No fim das contas, a história é quase que exclusivamente uma perseguição particular dentro do grupo de parentes citados. A relação entre eles é recheada de escolhas entre a vida e a morte (de seus membros) e a consequente dicotomia entre abandonar os entes queridos ou permanecer unidos como uma família normativa, ainda que o mundo – e a vida – tenha mudado totalmente.

  • Crítica | Meu Namorado é um Zumbi

    Crítica | Meu Namorado é um Zumbi

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    Meu Namorado é um Zumbi começa com uma narração feita por um morto-vivo, que parece resgatar o raciocínio e algumas memórias. Apesar do público alvo ser a adolescente teenager assídua compradora de Capricho e afins, as cenas com os undeads não são farofa, ao contrário, são agressivas e com uma caracterização um pouco gore, ainda que seja uma versão amenizada da estética de zumbis. O filme se utiliza da mesma fórmula de Smallville e diversos sub-produtos: corpos sarados aliado a um tema canônico para a cultura pop.

    As incursões no modo de vida dos zumbis, que andam devagar e vão atrás de seu alimento constituem alguns dos pontos mais engraçadas do filme. Jonathan Levine utiliza-se muito do humor presente no seu filme anterior 50/50. A forma como “R” (Nicholas Hoult) recobra a consciência é curiosa e sua afeição por Julie – Teresa Palmer – é justificada, até porque o roteiro pouco se leva a sério (neste início somente), tornando todas as coincidências e clichês tragáveis.

    As piadas chupinhadas de Todo Mundo Quase Morto são reinterpretadas e até ridicularizadas, o filme é mais uma extrapolação do tema Fim do Mundo do que um filme de humor. A trama pega emprestado conceitos de Terra dos Mortos – quarto filme da antologia dead-alives de George Romero – como o aprimoramento dos infectados com o decorrer do tempo, o modo de vida dos sobreviventes se amontoando e formando cercos em volta dos acampamentos etc.

    Apesar de acertar no começo, a obra de Levine perde o fôlego com o desenrolar das tramas paralelas e cai nos mesmo problemas de seus primos da Saga Crepúsculo, torna-se sentimentalóide  e descerebrada, ignorando as boas coisas do começo. A motivação de Julie e a não existente contestação do cativeiro a que é submetida são demonstrações de como a história é mal construída. A empatia dela por R é automática e forçada demais, e sem nenhuma razão plausível. Para piorar a situação, a jornada do protagonista que deveria ser rumo ao alimento de carne humana torna-se moralista, R vira um zumbi sentimental, articulado e arrependido.

    O realizador não consegue decidir se este é uma pastiche dos filmes adolescentes açucarados, que se disfarçam com uma aura “dark” ou se é mais um fruto do meio. No desfecho, a união entre humanos e zumbis é muito forçada, e contradiz todo o enredo galhofa mostrado anteriormente. É uma ode ao amor e em como a vida desaparece sem a presença deste sentimento, a mensagem é piegas e genérica demais. Ainda assim, Meu Namorado é um Zumbi é bem menos constrangedor que Crepúsculo e suas crias, mas é igualmente irritante, principalmente devido ao começo ser muito superior ao desfecho do filme.

  • Crítica | Extermínio

    Crítica | Extermínio

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    Danny Boyle  em 2002 lançava 28 Days Later, sua interpretação do que seria um mundo pós-apocalíptico. O filme encaixa-se nos gêneros de Ação e Terror e é muitas vezes excluído das listas de filmes de zumbis – e  essa é uma polêmica que nem vale a pena ser discutida, apesar de nele conter uma série de semelhanças com filmes de sobrevivência aos mortos: isolamento, medo de infecção, perseguição, mundo contaminado, ausência de meios de comunicação e condições de vida extremas. A diferença mais gritante entre as criaturas (Zumbis x Infectados) é que em Extermínio os seres não tem corpos putrefatos.

    Logo nos primeiros minutos é mostrado o motivo da contaminação. O espectador acompanha o personagem Jim, interpretado por Cillian Murphy, que sai de um hospital e percebe-se só, até encontrar alguns opositores, que obviamente querem sua vida. Ele é resgatado por um pequeno grupo de sobreviventes. Aos poucos mais pessoas vão se achegando.

    No topo de um prédio, uma dupla de sobreviventes é mostrada tentando captar água da chuva, distribuindo baldes e recipientes plásticos pelo terraço – estratégia interessante e quase exitosa, não fosse à falta de chuva que acometia Londres.

    A edição do filme é frenética, quase todas as execuções são em alta velocidade até porque os infectados são muito velozes, isso faz com que os combates fiquem engraçados em determinados momentos. Nos outros filmes de zumbi existe um motivo crível para ainda haver alguma resistência por parte dos humanos, pois mesmo que os infectados estejam em um número esmagadoramente maior, os mortos ainda sim são estúpidos, e em Extermínio não é o caso, pois as criaturas são ágeis e muito fortes, seria impossível resistir a eles sem armas, e na maioria das situações os personagens estão de mãos nuas.

    As cenas de ação poderiam ser amedrontadoras, mas sempre há um evento externo para quebrar o clima de suspense. Talvez a ideia que Boyle tentou passar seja que tal calamidade causaria sérias mudanças na humanidade e no mundo, o modo de vida conhecido até então entraria em colapso.

    A evolução dos personagens também deixa a desejar. Jim torna-se um assassino a sangue frio calculista e super poderoso de um instante para o outro, ao ponto de aniquilar um grupo inteiro de soldados treinados, desarmado na maior parte do tempo. Naomie Harris atua de forma sofrível, seu personagem é sem profundidade e sua execução é muito fraca. Ponto positivo são as participações de Brendan Gleeson e Megan Burns como dois sobreviventes que ajudam os protagonistas e do major West, um vilão reticente, bem personificado por Christopher Eccleston.

    A mensagem final do filme é esperançosa, mas não muita, e não fica clara se a contaminação aconteceu em escala global ou somente no Reino-Unido. Extermínio é um exercício de um diretor iniciante, muito aquém de seus trabalhos vindouros.

  • Crítica | Juan dos Mortos

    Crítica | Juan dos Mortos

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    O 1° filme do subgênero mortos-vivos – absurdamente em alta graças à famigerada série da AMC – produzido em Cuba não poderia ser mais emblemático. Juan de Los Muertos – ou Juan of the Dead – tem um letreiro que se assemelha propositalmente a de Dawn of the Dead.

    Juan (Alexis Díaz de Villegas) é um personagem acomodado e que não quer sair de sua zona de conforto de forma alguma, mas algo acontece na sua bela Havana e muda tudo – o esqueleto do roteiro é muito semelhante a um sem número de histórias, mas a forma como os fatos são narrados a partir de sua premissa é sem igual. A causa da infecção é sugerida como manifestação de divisionistas inspirados pelos EUA.

    A forma como Juan e seus amigos enfrentam os mortos é curiosa e jocosa. O nível de alienação dos nativos da ilha faz com que eles não percebam as diferenças entre antes e depois da volta dos falecidos a vida. Há mais elementos de humor do que terror, o que é um acerto, visto que o vilão está a muito saturado. Os efeitos especiais utilizados nas execuções tornam estes atos em eventos hilários. A fim de se redimir de ser um pai ausente e para ganhar pontos com sua filha, Juan resolve instruir as pessoas do seu bairro para combater os undeads, e claro, cobra um preço para que ele e seu esquadrão exterminem os parentes vitimados pela praga.

    As criativas formas de lidar com os infectados são geniais, e as cenas em CGI parecem retiradas de um filme da Global Asylum – são tão absurdas, toscas e inverossímeis, que geram um efeito contrário a sua péssima qualidade, tornando-se bem executadas dentro da galhofa que permeia o filme. Cumpre facilmente a tarefa de fazer o espectador rir. O lucro em cima da desgraça, e a graça em cima da tragédia tornam o humor negro uma das marcas da obra.

    O nível de deboche é tão grande que a crítica política fica apenas na superfície, mas ainda assim ela é presente em vários momentos. As piadas de baixo calão e de cunho sexual são implacáveis e extremamente politicamente incorretas.

    O grupo – cada vez menor – se vê cercado pelos mortos e diante da falta de perspectivas, decidem deixar Havana e rumar para Miami. Apresentam-se percalços e até alguns questionamentos éticos para Juan, mas isso é breve. O foco é outro, e Alejandro Bruguès proporciona ao espectador uma forma bem humorada de encarar o fim do mundo.

    Os créditos finais em formato de quadrinhos estilizados acompanhados da versão de Sid Vicious de My Way fecham Juan dos Mortos de forma “massa veio”, condizente com o resto da história, que possui um conteúdo, mesmo não dando atenção a ele. É um filme totalmente despretensioso e que precisa se tornar idiota para fazer rir.

  • Crítica | Despertar dos Mortos

    Crítica | Despertar dos Mortos

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    Sem enrolação nenhuma, George Romero já joga na mesa todas as suas cartas, mostrando ao público o estado de nervos alterados que tomou os vivos, através das reações de uma equipe de TV que transmite informações aos cidadãos americanos sobre a praga dos mortos. Em meio ao caos presente no estúdio, alguns personagens se recusam a passar em rede nacional uma lista de abrigos fornecida pelas autoridades, que está desatualizada. Pouco tempo depois disso, é mostrada uma incursão da polícia em um prédio e no meio da ação um policial surta e passa a atirar em pessoas vivas, só sendo detido por fogo amigo. Essas experiências todas acontecem em menos de 10 minutos corridos e deixam claro o caráter deste filme.

    Há um claro antagonismo em relação ao cenário do primeiro episódio da Trilogia Zumbi de Romero. Ao contrário de Noite dos Mortos Vivos, este Dawn of the Dead não se passa numa cidade do interior, mas sim em uma metrópole, o que proporciona um olhar ainda mais atual para o apocalipse que se instaurou. Outro fator novo é a demonstração das memórias dos zumbis, que faz com que hábitos de sua vida normal voltem, mesmo após terem sido transformados.

    Segundo um cientista, interpretado por Richard France – um dos personagens mais curiosos, mesmo com poucas cenas –  os undeads não são canibais, pois não comem seus semelhantes, só carne humana fresca. É com esta fala que a questão da inteligência das criaturas é discutida pela primeira vez: ele afirma que os infectados têm por hábito repetir o que faziam em vida, dizendo que podem fazer uso de objetos e ferramentas de fácil manejo, mas não teriam perícia o suficiente para utilizar-se de armas de fogo. Aqui é demonstrado, ainda que timidamente, que estes seres estão em evolução.

    Apesar do clima trash e das maquiagens pouco convincentes – que funcionavam melhor com a  fotografia preto e branco –, o roteiro de Romero toca numa temática atual e critica o consumismo, associando o ato de comprar a um instinto primitivo humano – por isso o shopping estaria cheio de descerebrados. A forma de filmar o grupo de sobreviventes – em algumas passagens – andando lentamente, quase se arrastando, semelhante aos zumbis, faz discutir quem são os mortos na realidade. Isso é resquício da inspiração no romance de William Matheson, Eu Sou a Lenda. O agente que faz com que os protagonistas abandonem seu porto seguro não são os ressuscitados, mas sim os vivos, que tentam saquear o shopping. O bando de mercenários encabeçados por Tom Savini arromba tudo, inutilizando um bom esconderijo. O grupo em sua maioria age como seres irracionais, querendo unicamente tomar os pertences das lojas.

    Mais uma vez Romero põe um negro como protagonista e último sobrevivente, assim como no episódio anterior, reforçando o caráter crítico de sua filmografia. Despertar do Mortos não é um filme perfeito, carece principalmente de um orçamento razoável, mas é uma das primeiras amostras da genialidade do pai de um gênero de filmes hoje copiado à exaustão.

  • Crítica | Madrugada dos Mortos

    Crítica | Madrugada dos Mortos

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    A estreia de Zack Snyder foi em uma refilmagem e dificilmente seria melhor. Seu Dawn of the Dead é diferente de tudo o que Romero propôs como apocalipse zumbi e ainda assim é muito competente. O ritmo dos ataques é frenético, a transformação é praticamente instantânea e o departamento de arte não poupa galões de sangue falso.

    O imediatismo não é só devido ao fato dos mortos-vivos serem velozes, as criaturas são quase sobre-humanas, a sobrevivência é muito mais difícil e as condições de vida escassas. Não há tempo para ajudar pessoas ou resgatar entes queridos, é cada um por si. Madrugada dos Mortos é um fôlego novo no gênero, e muito superior aos seus primos pobres – Resident Evil e afins.

    O remake é certamente a obra mais acertada de Snyder. Sua forma de filmar causa arrepios, isola os personagens através da angulação da câmera e passa a atmosfera de desespero sem precisar ser didático. A música que acompanha os créditos iniciais – The Mans Come Around de Johnny Cash, serve como ótimo resumo dos fatos ocorridos após a infecção. A discussão proposta pelo roteiro é igual a mensagem de George Romero, mas é atualizada para uma nova geração, que cresceu vendo os vídeo-clipes da MTV, e o realizador é muito competente, pois engloba o espectador mais novo ao mesmo tempo que não esquece o velho fã de mortos andantes.

    O elenco está bastante à vontade. Ving Rhames faz um policial sem muita paciência para o moralismo comum ao outros sobreviventes, mas que no fundo se importa com o grupo. Sarah Polley faz uma protagonista que evolui muito com o decorrer da trama, de uma frágil e condescendente enfermeira até uma líder nata. Mesmo os clichês são bem utilizados, e não denigrem a obra.

    O filme é repleto de momentos grotescos. A cena do parto e toda a atmosfera que a envolve é sinistra, amedrontadora e asquerosa. É tenso e muito divertido. Snyder gravou um curta metragem – que está nos extras do DVD da versão nacional – mostrando o cotidiano de Andy (Bruce Bohne), que grava em vídeo desde o início do apocalipse zumbi até a sua transformação. Isso acrescenta muito a trama, e tornou-se prática comum nos filmes do diretor – vide o mockumentary  Sob o Capuz de Watchmen.

    O plano de fuga arquitetado pelo heróis é estúpido, e nos 20 minutos finais todos viram exímios atiradores. Há um julgamento moral muito forte, até puritano em alguns pontos, os personagens que caem são os que antes eram mostrados com alguma “parafilia” latente – seja homossexualidade, poligamia ou o registro visual de relações sexuais – mas o recurso é comum a filmes de Terror, e não causa tanto descontentamento quanto à redenção de um dos anti-heróis.

    As cenas pós-créditos são ótimas, e dão um aperitivo de como seria a vida dos sobreviventes após a chegada na ilha. Quando o inferno estiver lotado, não haverá escapatória para os que ainda permanecem vivos.

    Ouça nosso podcast sobre Zack Snyder.

  • Crítica | Guerra Mundial Z

    Crítica | Guerra Mundial Z

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    O gênero zumbi é conhecidíssimo do grande público nos tempos atuais, principalmente por causa do sucesso da série de TV The Walking Dead. Grande parte deste sucesso é devido ao fato de que o criador do gênero moderno de zumbis, George Romero, usou essa temática para fazer analogias, sempre críticas, da sociedade naquele momento.

    Nos anos 2000, o gênero “zumbi” voltou com tudo após ficar em dormência durante os anos 80 e 90. Os expoentes desta retomada foram Extermínio e Madrugada dos Mortos. Porém, a estética dos zumbis se alterou. Ao invés de criaturas decrépitas e lentas, agora temos zumbis super-rápidos e que se movem sempre em grupos enormes com um comportamento irracional, e é aqui que se encaixa a analogia aos tempos modernos, a crítica ao consumismo, as grandes massas que se movimentam sem pensar, somente seguindo impulsos primários, aglomerando-se e brigando por aquilo que consideram vital. Quem já passou por uma liquidação, ou mesmo vivenciou uma Black Friday, deve ter experimentado algo parecido.

    Guerra Mundial Z segue nessa linha, porém, à sua própria forma. Terminou de ser filmado em 2011, mas problemas de produção, brigas entre o ator/produtor Brad Pitt e o diretor Marc Foster atrasaram o lançamento do longa, que até teve o final refilmado. Geralmente filmes com problemas assim acabam dando um resultado ruim, mas não foi este o caso. Guerra Mundial Z convence como filme-catástrofe e como ação. Consegue prender a atenção do espectador e criar momentos genuínos de tensão sem apelar a (muitos) clichês do gênero.

    Na história, Gerry Lane (Pitt) é um ex-funcionário da ONU especialista em trabalhar em regiões de conflito pelo mundo, por isso sua intensa experiência em fugas de situações de risco. Porém, agora ele está aposentado. E o filme se inicia justamente em seu cotidiano familiar na Filadélfia, ao mesmo tempo em que somos apresentados gradualmente a notícias de uma estranha infecção estar se espalhando pelo mundo (também excepcionalmente apresentada na abertura, com a também boa música-tema executada pela banda britânica Muse).

    Durante também uma excelente sequência no trânsito congestionado, somos apresentados a infecção de uma hora para outra, o que não pareceu fazer muito sentido, porque por mais que Lane conte o tempo de infecção através de mordida em 12 segundos, uma onda como a que atravessa a cidade seria sentida bem antes, de forma mais gradual. Neste aspecto, o avanço da infecção mostrado em Todo Mundo Quase Morto parece muito melhor construído, mesmo se tratando de uma paródia do gênero.

    A partir daí, o 1º ato é todo de Lane e sua família tentando fugir da infecção, conseguir mantimentos e procurar abrigo, o que também tem dois pontos negativos: a cena do supermercado, onde sua mulher é atacada sem mais nem menos em meio a uma multidão, para criar uma tensão que soou um pouco artificial, e a vitimização e o excesso de bondade e hospitalidade de imigrantes latinos que recebem Lane em sua família. Há a clara tentativa de sensibilizar o espectador, que também soa um pouco artificial. Pequenos problemas e situações ao mesmo tempo forçadas e sem sentido naquele contexto se repetem algumas vezes durante a exibição, o que talvez possa ser creditado a tantos problemas de filmagem e produção.

    No entanto, após o 2º ato seguimos Lane por sua investigação no mundo a respeito de como a doença surgiu e como poderia pará-la. E o comportamento de Lane frente à ameaça é um dos pontos mais interessantes do filme, já que geralmente protagonistas de filmes desse gênero não conseguem aprender com a prática, observando e tirando conclusões, o que Lane faz de maneira bem clara e inteligente, e sempre com o propósito de avançar a história. As sequências na Coreia do Sul e principalmente em Israel são boas, apesar dos zumbis escalando o muro e correndo em hordas parecerem artificiais demais em alguns momentos.

    Na parte final, no laboratório da OMS, momentos de tensão são muito bem construídos, com o som ambiente silencioso, construindo uma crescente e lenta angústia no espectador, consciente que o menor ato pode desencadear uma tragédia. No final, a história tem um desfecho aceitável, e que provavelmente será retomada em continuações.

    Apesar de alguns problemas, Guerra Mundial Z convence ao criar momentos honestos de tensão e medo, e um senso de urgência real frente ao perigo apresentado, onde conseguimos nos identificar com o protagonista, suas intenções e reações. Em um gênero tão desgastado por filmes e séries de TV, é sempre bom ver algo que tente apresentar algo de novo.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | Zumbilândia

    Crítica | Zumbilândia

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    George Romero, considerado o pai do gênero, imortalizou o que conhecemos como filmes de zumbis. Desde então, não temos nos deparado com grandes novidades depois de toda a invasão de zumbis na cultura pop, salvo raras exceções. Apesar da ideia velha, Ruben Fleischer dá uma nova roupagem e tenta mesclar terror com muito bom humor. OK, isso não é novidade, vide o ótimo Todo Mundo Quase morto, mas Zumbilândia vem com a proposta de um humor mais escrachado, mais ‘americano’.

    A história é simples, Columbus (Jesse Eisenberg), personagem central da história nos apresenta o mundo de Zumbilândia, revelando algumas regras que ele diz ser fundamental para sobreviver nesse mundo, tudo isso de maneira hilária. Apesar de ser um jovem medroso, Columbus decide cruzar os EUA para encontrar seus pais, mas no meio do caminho encontra Tallahassee (Woody Harrelson), um caçador de zumbi, e decide acompanhá-lo para chegar em segurança no seu destino mais facilmente.

    Durante a jornada dos dois, duas irmãs se juntam à eles, a mais jovem Little Rock (Abigail Breslin) e Wichitta (Emma Stone), o que acaba colaborando ainda mais na construção da história e trazendo ótimas risadas ao telespectador, como em dado momento onde decidem se esconder na mansão do um ator conhecido de Hollywood e o encontram se passando por um zumbi para se misturar a multidão de mortos-vivos.

    Não tenho o que falar do elenco, apesar de ser um filme que não exige grandes atuações, todos estão muito bem. Woody Harrelson está incrível bancando o maluco depressivo, Jesse Eisenberg interpreta o nerd loser magistralmente, Emma Stone continua lindíssima e esbanjando talento, o mesmo vale para Abigail Breslin. O ponto forte é a participação especial do tal ator hollywoodiano, o que só vem a enriquecer ainda mais o filme.

    Enfim, se ainda não tiveram a oportunidade de conferir, assistam sem medo. Apesar de não ter grandes novidades para o universo dos mortos-vivos, com certeza te fará rir bastante.