Tag: Jeffrey Brown

  • Resenha | Star Wars: A Princesinha de Vader

    Resenha | Star Wars: A Princesinha de Vader

    “Eu odeio você!”

    “Isso, libere a sua ira!”

    Cada vez mais, a cultura pop mostra-se um celeiro de infinitas possibilidades – um cubo mágico de combinações sem fim. Nota-se, também, a habilidade que certos fãs como Jeffrey Brown têm de aprimorar o clássico, e atualizá-lo para as novas gerações. De modo que, se de 2015 a 2019, Star Wars não teve tanta sorte assim sob o regime do ambicioso império Disney, abusando de forma inconsequente e apressada da saga de George Lucas nos cinemas, pelo menos nos cartoons infanto-juvenis da editora Aleph a história teve caminhos bem opostos. E caminhos, aliás, para nenhum fã botar defeito.

    Ao apostar na simplicidade e na sátira elementar, Brown ilustra com perfeição a paternidade de Darth Vader, o ditador da galáxia, e sua filha Leia – muito antes dela se rebelar e lutar contra as maldades do próprio pai, junto do seu irmão Luke. Assim, acompanhamos com muita graça as confusões que A Princesinha de Vader apronta, indo de menina a adolescente através do traço e das cores muito expressivas que Brown usa, coerente no estilo do livro. Nem mesmo os diálogos são tão importantes: as imagens falam por si só, tal qual em Darth Vader e Filho. Quem disse que ser pai é fácil? Ainda mais quando se tem de manter a imagem de mau…

    Nada melhor do que presencial o Lorde Vader sentando à mesa com Han Solo, o namorado rebelde de uma Leia adolescente que não respeita nada. “Você não vai sair vestida assim!”, grita o ditador para ela, exibindo mais pele do que ele jamais exibiu – afinal, precisa usar aquele capacete o tempo todo! E mesmo após esconder as chaves de sua nave imperial só por diversão, e obrigá-lo a usar um gorro cafona que ela costurou para ele no Dia dos Pais, sua filha ganha o amor do Chefão que ninguém suspeita ter coração. Pois, se é melhor ser temido do que respeitado, Vader encontra na Leia (e no Luke) o calor no peito que todo pai sente diante das suas crias.

    Compre: A Princesinha de Vader.

  • Resenha | Star Wars: Darth Vader e Filho

    Resenha | Star Wars: Darth Vader e Filho

    Ser pai não é fácil, e Darth Vader descobre isso na nova historinha adorável de Jeffrey Brown, autor de outros contos no universo Star Wars para crianças e jovens adolescentes – todos distante da ficção científica, assumindo de vez a fantasia feito a saga original. Em Darth Vader e Filho, vemos em poucas e hilariantes páginas o que aconteceria ser Luke Skywalker não tivesse crescido como um escravo no esquecido planeta de Tatooine, mas sim junto ao seu pai verdadeiro, o temível imperador de preto. Pelo menos escapar das lições de moral malucas de Yoda, Luke certamente conseguiria.

    Em cartões de grande sagacidade e tão expressivos, quanto possível, vemos o Lorde Vader e seu garoto (ainda longe da fama) passando por todos os dramas de pai e filho, envolvendo brinquedos espalhados pelo chão e muito teimosia – será que Vader deixaria o filho brincar com um Han Solo de oito anos, o futuro símbolo da resistência? Em dado momento, Luke até pergunta ao paizão “todo-poderoso” da origem do nome “Estrela da morte”, lugar em que eles precisam morar. Se Luke soubesse que seu pai é o Hitler do espaço, algo poderia mudar no coração do menino?

    Nunca de fato saberemos, mas a resposta está sugerida logo no fim de O Império Contra-Ataca, quando Luke descobre seu verdadeiro e terrível parentesco, e prefere o abismo ao destino que lhe aguarda. Muito antes de todo esse drama bem ao estilo George Lucas, Brown dá coração e até amor ao ditador das trevas, e muita paciência no decorrer da paternidade – mas sem saber o que falar quando Luke lhe pergunta de onde vem os bebês, até porque cegonhas não existem no vácuo espacial. “Juntos poderemos dominar o universo!”, almeja o pai, no que seu filho responde: “E ai eu ganho um doce?”. Espertinho.

    Toda a graça e a sensibilidade cativantes que não existem (nem de longe) na trilogia Star Wars da Disney, de 2015 a 2019, tem de sobra em Darth Vader e Filho, em imagens que falam mais que mil palavras ou efeitos visuais vazios. Um livro imperdível aos fãs de star Wars, imortalizando a convivência de duas figuras ainda semelhantes, bem antes que a realidade estrague a relação entre eles, vivendo o amor que os une protegido pela simplicidade do momento. E ainda, pelo auto controle que Vader precisa ter na frente de seu exército, quando um Luke mimado começa a chorar na frente de todas as autoridades subordinadas a seu pai. Ironicamente, é nessa hora que Vader poderia dizer: “Que mico, meu filho! Que mico!”

    Compre: Darth Vader e Filho.

  • Resenha | Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan

    Resenha | Star Wars: Academia Jedi – O Retorno de Padawan

    Ser aprendiz de bruxo não é fácil, mas ser um padawan é menos ainda! Esses aprendizes de Jedi, os grandes guerreiros do universo Star Wars, recebem um treinamento pesado na Academia Jedi, e não é qualquer um que consegue passar pelas provas, aguentar os conselhos (chatos) do Yoda e ainda, engolir a comida (terrível) do Gammy, o pior cozinheiro das galáxias! Bem-vindos a Academia Jedi – O Retorno de Padawan, na qual o jovem Roan Novachez ainda está longe de ser o grande piloto que sempre sonhou ser, e ao invés disso, ainda tem que lidar com muitos desafios – e até ver o seu melhor amigo Pasha namorando Gaiana, a menina dos seus sonhos.

    De volta para mais um ano em Hog… na Academia Jedi, Roan está mais animado do que nunca, se divertindo em um universo de possibilidades que todo menino gostaria de participar! Pela primeira vez, ele já começa a dominar o uso da Força, essa energia que os Jedi precisam ter controle, mas nem tudo é diversão! Agora, a turminha de alunos precisam aprender a ser responsáveis e a cuidar de um bichinho de estimação, um Voorpak muito fofo, e as inimizades de Roan se mostram inevitáveis. Logo no início do ano letivo ele já se depara com uma turma de jovens Sith, os poderosos do lado sombrio da Força, que já lhe dão dor de cabeça. E haja desabafos no seu diários.

    Com um tom leve e jovial, o livro ilustrado de Jeffrey Brown segue o mesmo clima descontraído do primeiro livro, também publicado no Brasil pela Editora Aleph, com desenhos tão expressivos e situações tão engraçadas que a gente nem sente falta das cores, já que o livro é todo em preto e branco como se fosse ilustrado a mão, transmitindo uma forte sensação de espontaneidade, francamente deliciosa. Em O Retorno do Padawan, ninguém está seguro da influência do mal, nem Roan, que começa a se juntar com os jovens Sith, porque eles parecem mais divertidos e estilosos que seus amigos Jedi. Logo, lições serão aprendidas, e Roan vai descobrir que nada (nada mesmo) vale mais que uma amizade de verdade, e sem interesses.

    Por toda parte, ecos de Harry Potter, As Crônicas de Nárnia e outros títulos famosos da cultura pop estão em evidência na história, e nem pense que isso pode comprometer alguma coisa, ou tornar O Retorno de Padawan menos criativo e surpreendente pra alguém. O livro consegue homenagear suas influências de um jeito bastante simpático, trilhando seu próprio caminho no universo Star Wars e sem esquecer dos ícones que fizeram a série ser tão amada ao redor do mundo – os Ewoks continuam sendo apaixonantes, apesar de serem malandros demais para seu tamanho. E o que será que Roan, o mais normal dos meninos consegue conquistar primeiro: a Gaiana, a menina que nem dá muita bola pra ele, ou o controle de uma nave espacial? Só lendo pra saber.

    Compre: Academia Jedi – O Retorno de Padawan.

  • Resenha | Star Wars: Academia Jedi

    Resenha | Star Wars: Academia Jedi

    Há uma certa genialidade no tipo de oportunismo bem empregado, e bem-sucedido. Nisso, o autor Jeffrey Brown fez juntar a criação de George Lucas com Harry Potter e uma pitada (generosa) dos famosos livros de O Diário de Um Banana, e o resultado não poderia ser mais gracioso, simbólico e solene. Lucas criou na década de setenta o ícone máximo da cultura pop, cultura essa que vive de personagens, hype e muita comercialização. Engana-se quem acredita que a Marvel detém o trono.

    A saga interestelar dos Skywalker, Darth Vader e cia. é a pura essência e o mais icônico expoente da sapiência popular fictícia, e o livro ilustrado Star Wars: Academia Jedi usa desse privilégio único da maneira mais jocosa possível, além de contar com o espírito das lendas cósmicas originais e nos fazer lembrar, em vários momentos, porque crescemos amando essa grande estória. Porém, vale lembrar que a publicação da editora Aleph não é de modo algum canônica, acontecendo a parte de todas as trilogias galácticas da Lucasfilm, e os seus spin-offs centrados no passado.

    Star Wars: Academia Jedi acontece quase num universo paralelo as clássicas aventuras sob o comando de George Lucas e J.J. Abrams, mantendo boa parte dos mesmos personagens, uma verdadeira iconografia intrínseca ao imaginário popular da humanidade – junto do logotipo da Coca-Cola, e a cruz católica. Assim, o livro de Brown toma certas liberdades criativas interessantes e inócuas a toda a mitologia já estabelecida e revisitada nos filmes clássicos e mais recentes da Disney, resgatando e evidenciando o poder da magia de uma ficção que ultrapassa gerações.

    E, pela primeira vez, o garoto que nos guia pela história não é um Skywalker, e sim Roan Novachez, um menino comum que não descende de grandes linhagens. Um escolhido, propriamente dito, que recebe o convite de estudar em Hog… ops, numa academia de treinamento para futuros Jedis, chefiada por Yoda, numa mistura bem-humorada de Dumbledore com o Mestre dos Magos, para crianças que não sabem nem manejar um sabre de luz direito, e, honestamente, não têm a mínima ideia do que estão fazendo ali.

    Eles só querem brincar, ser bons o bastante para si mesmos, seus colegas, para seus mestres, e, é claro, depois de um ano se superando individual e coletivamente num ambiente divertido, e desafiador, não voltar para casa. A Academia, assim como Hogwarts nas histórias de J.K. Rowling, vira-lhes um lar, uma segunda (ou primeira) casa, devido aos triunfos que os jovens Jedis conseguem obter, ao longo de semestres de muito esforço, e muito aprendizado – como o almejado domínio do uso da Força.

    Para os fãs, o livro é como um passeio ensolarado no parque. Tal um exemplar de autoajuda visto pelas lentes da fantasia, Brown construiu em 2015 (junto ao cataclísmico sucesso de O Despertar da Força, que contou com uma das melhores companhas de marketing da história do Cinema) um best-seller do The New York Times ao narrar a força de vontade de um guri, enfrentando lições, alegrias e adversidades de todos os tipos. Convivendo com a diversidade de raças numa escola mista, ele aprende que querer não é poder, se não usarmos nossa “força” de um jeito certo.

    Com desenhos espirituosos, carismáticos e feitos sob medida para serem copiados por garotos que adoram desenhar em seus cadernos escolares, Academia Jedi nos apresenta um outro lado da guerra nas estrelas, num cenário sem conflitos, tirando os que cada um trava consigo mesmo durante o crescimento. Longe de ser moralista, Brown é ciente do poder das mensagens embutidas nas aventuras de Roan e seus amiguinhos, desfazendo e reatando amizades, enquanto tentam não tirar nota três nos exames. O autor, assim, afirma que o lado infantil de uma história não precisa ser bobo, despretensioso, inofensivo, e garante o fascínio mitológico de Star Wars entre os pequenos sem perder o ar da graça, ou o fôlego, ao longo de uma leitura deliciosa.

    Compre: Star Wars – Academia Jedi.

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