Tag: jeremy Irons

  • Review | Os Bórgias

    Review | Os Bórgias

    Serie dramática do canal Showtime, Os Bórgias, assinada por Neil Jordan, narra a história do polêmico religioso Rodrigo Bórgia e sua família, conhecidos por sua luxúria e ganância. O programa estrelado por Jeremy Irons ficou notadamente conhecido por conta do ator, dado que em 2011 não era tão comum grandes atores do cinema migrarem para a televisão. Já na primeira temporada, acompanhamos Rodrigo (Irons) se tornando o Papa Alexandre VI.

    Apesar de sua nacionalidade espanhola, isso pouco importa para a série. Os Borjas/Bórgias são uma grande família com três filhos adultos: o primogênito e também padre Cesare, de François Arnaud, que passa o programa tentando largar o manto religioso para ser um líder de exército; a filha Lucrécia (Holliday Grangier), uma bela e lasciva moça de aparência virginal e tendências incestuosas com o primeiro filho; o inconsequente e cruel Juan (David Oakes).

    Jordan dirige o piloto e brinca com a visão do espectador, colocando a câmera em lugares específicos, sob a ótica e perspectiva de algumas criaturas, como a gaiola do pombo-correio que leva as informações sobre os votos necessários para que Bórgia vença a eleição ao papado, ou a de outras figuras subalternas dentro desse xadrez político.

    Há algumas boas cenas de ação, inclusive de batalhas. Os exércitos do Papa e de outros países tem uma boa representação. Visualmente parecem realistas como bons filmes de época. A recriação de cenários e figurinos também impressiona. Porém, os efeitos de computação gráfica decepcionam, apesar da direção de arte compensar esses momentos.

    A série subverte temas como o machismo com uma astúcia grande, exibindo mulheres fortes capazes de manipular e dominar esse mundo comandado por homens. O primeiro ano termina com humilhações públicas e a ascensão da família que dá nome ao seriado. Com o tempo os episódios ganham tons mais “adultos”, desde cenas de nudez à violência.

    Durante o decorrer das temporadas, Rodrigo muda, passa a ser mais temente a religiosidade, mas não demora a retornar ao seu estado de escárnio com o catolicismo. Os personagens vão perdendo suas condições básicas de vida, inclusive o controle de suas faculdades mentais e até partes substanciais das memórias. É como se uma maldição caísse sobre eles, incluindo o avanço das questões relacionadas ao incesto. De todas as tramas, romances, traições e problemas tratados, certamente o mais focado no último e terceiro ano é a exploração da fé por parte dos políticos e poderosos de Roma.

    O seriado teve três temporadas sendo interrompido de forma abrupta, com apenas 29 episódios, tendo sua trama terminada em um ebook, fato que impede boa parte da audiência de saber o que aconteceria com os personagens, até por conta das muitas liberdades tomadas pelo roteiro. O que se observa no período em que ficou no ar é uma história em que o conservadorismo, a política e a hipocrisia sempre andaram juntos.

    Os Bórgias termina abruptamente, e nas temporadas seguintes lidaria com a morte do Papa e sua tentativa de se confessar para salvar a própria alma, porém sem sucesso. Diz-se também que teria uma participação maior do escritor Nicolau Maquiavel que se tornou personagem recorrente. É curioso como a série estreou no mesmo ano que Game Of Thrones, com semelhanças de tramas, contudo sem a mesma popularidade. Ainda assim, mesmo com os muitos defeitos em sua produção, a série de Jordan e da Showtime tem ótimos momentos.

  • Crítica | Casa Gucci

    Crítica | Casa Gucci

    Crítica Casa Gucci

    Casa Gucci é o filme que traz Ridley Scott de volta as cinebiografias. A obra se baseia no livro Casa Gucci: Uma história de glamour, ganância, loucura e morte de Sara Gay Forden e traz a controversa história do casal formado por Patrizia Reggiani e Maurizio Gucci. A trama se passa ao longo das décadas, e tem por base três períodos distintos, exibindo uma história de amor, ressentimento e ganância.

    O Último Duelo, filme anterior de Scott bastante elogiado, portanto, havia uma grande expectativa em relação à produção de seu novo longa, seja por conta dos bastidores de um império da moda, como pelo elenco, desde o casal de protagonistas composto por Lady Gaga, que vinha de uma atuação elogiadíssima em Nasce Uma Estrela, e o sempre elogiado Adam Driver, como pelos coadjuvantes que incluía Al Pacino, Jeremy Irons, Jared Leto (em outra participação hilária e melancólica), Salma Hayek e Jack Huston.

    Na primeira hora do filme acompanhamos o relacionamento do casal, totalmente baseado no amor, que aparenta ser verdadeiro e completamente puro. Chega a ser estranho, pois até a parcela da família Gucci que compreende Maurizio parece de fato ter uma relação próxima. Em paralelo a isso o mercado da moda é mostrado como algo bastante semelhante à máfia. Com o desenrolar dos anos, acompanhamos uma série de reviravoltas e traições.

    Até se aproximar da metade, o filme é acertado, ainda que existam conveniências de roteiro. Os personagens são erráticos, repletos de tridimensionalidade e carisma. Infelizmente a metade final é bastante irregular. Nos anos finais o que mantém o espectador atento é a curiosidade de como a história se encerrará. Em alguns pontos, o filme parece uma minissérie biográfica com orçamento vultuoso.

    Os momentos finais comprometem bastante os bons momentos do filme. O cineasta repete boa parte dos erros de Todo o Dinheiro do Mundo, embora Casa Gucci tenha um roteiro mais interessante. No final das contas, o longa servirá para tentar angariar uma ou outra indicação ao Oscar e, possivelmente, uma estatueta ou outra para categorias técnicas como maquiagem, figurino e melhor atriz.

  • Review | Watchmen

    Review | Watchmen

    Watchmen está entre os grandes clássicos dos quadrinhos. A DC Comics já havia tentado lucrar com as figuras dos quadrinhos de Alan Moore e Dave Gibbons, com o desprezo extremo do primeiro desses, e depois de Antes de Watchmen e da minissérie O Relógio do Juízo Final, foi a vez de Damon Lindelof (Lost e Leftovers) se juntar a diretora Nicolle Kassell para dar a sua versão da continuação da história criada por Moore há mais de 30 anos.

    Sabiamente, os produtores escolheram que Watchmen fosse uma história curta e sem chances de continuação. Todo o seu drama e ação se desenvolvem ao longo de nove episódios que envolvem discussões sociais e políticas, principalmente na figura da Sétima Kavalaria, um grupo supremacista branco que utiliza a figura de Rorschach como símbolo de sua atuação. Muito se falou a respeito da interpretação equivocada das falas que Walter Kovacs, o Rorschach, pregava, mas ao ler o Diário enviado ao tabloide, não é de se admirar que reacionários tenham abraçado sua causa, e esta foi uma das grandes sacadas do roteiro.

    Os personagens novos predominam na trama. A escolha de Tulsa, Oklahoma, como cenário também evoca as disputas ideológicas e raciais. A história é contada a partir da família de Angela Abar (Regina King), a vigilante que usa o codinome de Sister Knight. Em sua cidade o vigilantismo é não só permitido, mas também encorajado desde que ocorreu um ataque a todos os policiais alguns anos antes.

    A publicação original possui muito material extra, e aqui há também alguns momentos que servem como paralelos ao Contos do Cargueiro Negro, como o seriado American Hero Story: Minutemen, que imita os show de TV de Ryan Murphy. Esse programa serve também para referenciar o passado de alguns personagens da primeira era.

    Da parte da “velha guarda”, o que se vê é uma decadência escancarada. Os antigos vigilantes são mostrados velhos, alguns bem decadentes, outros reinventados e cínicos em versões ainda mais duras do que as pensadas  originalmente. Tanto Jeremy Irons quanto Jean Smart tem participações soberbas, e produzem bons embates com Hong Chau e King.

    O formato dos episódios normalmente se dá com um epilogo, no passado que exemplifica como o mundo chegou aquele estado de um possível apocalipse novamente, agora por meio de conflitos raciais e não mais por Guerra Fria, seguido de um lento e providencial desenrolar dos plots e intenções dos homens, tanto dos poderosos como da milícia armada que protege Tulsa. A trilha sonora funciona, e na maior parte das vezes bastante acertada.

    Alguns momentos se valem demais da teatralidade, seja nas ações do personagem que faz Jeremy Irons, ou nos métodos que Tim Blake Nelson e seu Looking Glass faz ao empregar seu método de investigação. A forma como a tecnologia aparece também é bastante peculiar e curiosa, um modo inventivo de imaginar esse mundo que mesmo com o advento dos poderes do Dr. Manhattan, não tem acesso a coisas triviais, como a internet. Em um mundo real que possui seres super poderosos é natural que hajam mudanças significativas, sobretudo no saber político e na presunção das autoridades de que conseguiriam controlar os ânimos da humanidade, que basicamente, parece presa a ciclos bélicos de tempos em tempos.

    Cada episódio dedica-se em partes ou integralmente a resgatar as origens dos novos personagens, ou simplesmente reapresentar os velhos, e é certamente Sister Knight a mais rica dentre todos, seja pela completa perversão da condição de garota-refém – uma vez que é ela a chefe de sua família – como também no julgamento ingênuo que ela faz das pessoas que a cercam. Seu destino parecia pré-estabelecido, mesmo que ela não soubesse exatamente quem eram seus antepassados, e as surpresas envolvendo sua intimidade são certamente as mais assertivas e criativas dentro da série, principalmente no capítulo An Almost Religious Awe, que amarra seu passado com os inúmeros ataques da Klu Klux Klan e o levante anti-imperialista no Vietnã.

    Watchmen ainda consegue fazer um comentário bastante poético com Jon Osterman, que consegue enfim cumprir um dos seus desejos mais íntimos, com uma resolução que não pôde ser feita na sua primeira despedida, quando foi desintegrado nos laboratórios que deram origem aos seus poderes, fechando a trama principal com um final em aberto que foge da gratuidade e oportunismo, fato esse que acaba resultando em um produto bastante reverencial ao material original, por mais que Moore claramente preferisse que nem Lindelof e nem ninguém continuasse os passos além da graphic novel de 1986.

  • VortCast 60 | Duro de Matar

    VortCast 60 | Duro de Matar

    Yippee Ki-Yay. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira (@filipepereiral), Bruno Gaspar (@hecatesgaspar) e Jackson Good (@jacksgood) se reúnem para comentar sobre a série de filmes Duro de Matar, iniciada em 1988, e que revolucionou o gênero de ação. Saiba um pouco a respeito dos bastidores, curiosidades e o desenvolvimento de John McClane ao longo da franquia.

    Duração: 104 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Julio Assano Junior
    Arte do Banner:
     Bruno Gaspar

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    Filmografia Comentada

    Crítica Duro de Matar
    Crítica Duro de Matar 2
    Crítica Duro de Matar: A Vingança
    Crítica Duro de Matar 4.0
    Crítica Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer

    Comentados na Edição

    VortCast 25: Máquina Mortífera
    VortCast 40: Frank Sinatra e o Cinema
    Crítica Crime Sem Perdão
    Crítica Comando Para Matar
    Crítica Um Tira da Pesada
    Crítica O Predador
    Duro de Matar – Roderick Thorpe

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  • Agenda Cultural 65 | Car Wash, Lionélson ataca novamente, 1000 edições de Superman

    Agenda Cultural 65 | Car Wash, Lionélson ataca novamente, 1000 edições de Superman

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Filipe Pereira (@filipepereiral) recebem o convidado Wilker Medeiros (@willtage) para bater um papo sobre o que rolou nos cinemas, as polêmicas envolvendo a série “O Mecanismo”, a edição comemorativa de Actions Comics e muitos mais.

    Duração: 93 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira e Julio Assano Junior
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Comentados na Edição

    Séries

    Review O Mecanismo – 1ª Temporada (Vídeo Cinema Raiz)
    Jessica Jones – 2ª Temporada

    Cinema

    Crítica Projeto Flórida (Alerta Vermelho #68)
    Crítica 15h17: Trem Para Paris
    Crítica Operação Red Sparrow
    Crítica O Passageiro
    Crítica Tomb Raider: A Origem
    Crítica Círculo de Fogo: A Revolta
    Crítica A Melhor Escolha
    Crítica Jogador Nº 1

    Quadrinhos

    Action Comics #1000 – Compre aqui
    Visão: Pouco Pior que Homem – Compre aqui

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  • Crítica | Operação Red Sparrow

    Crítica | Operação Red Sparrow

    Francis Lawrence e Jennifer Lawrence têm uma parceria de anos, o diretor comandou os últimos três filmes da franquia que levou a jovem atriz ao estrelato, Jogos Vorazes. O trabalho de Francis na série de filmes sobre a revolucionária Katniss foi marcado pela grandiosidade que ele deu à franquia, com um controle requintado de cinematografia e design de produção, mas focando mesmo nas artimanhas e temáticas mais adultas e sérias que os últimos filmes possuíam. Jennifer Lawrence seguiu o mesmo caminho. A parceria dos dois rendeu frutos preciosos que chegam até ao novo filme deles, Operação Red Sparrow, que acaba sendo nada mais do que o esperado.

    Dominika (Jennifer Lawrence) é uma ex-bailarina prestigiada que acaba sendo recrutada para o mais importante programa de espionagem russo, que treina “sparrows”, homens e mulheres que usam da sensualidade e sedução para conseguirem o que o Estado precisa. O treinamento é violento, Dominika se destaca e recebe a importante missão de encontrar um traidor, para isso terá que se relacionar com o agente americano Nathan (Joel Edgerton).

    Tecnicamente, Francis está ainda mais apurado, a cinematografia cinza contínua dá espaço para momentos de uma fotografia mais quente muito bem colocados e coerentes. O filme não foca na ação, mas quando a situação é mais violenta, o amarelo fica presente e sempre destaca a cor mais presente em todo o longa, o vermelho. Presente no título, a cor vermelha está em todas as cenas, ela segue os passos da protagonista desde suas apresentações de dança até seu constante contato com sangue, dá identidade á personagem principal e ao próprio longa.

    O longa está mais para um thriller denso do que um filme de ação como a promoção dele possa ter deixado parecer, os muitos diálogos costuram acontecimentos arrastados e blocos claramente separados, essa estrutura dá um tom significativo para o longa mas acaba o enchendo de excessos, alguns dos blocos só servem para esticar a trama principal e criar novas subtramas que fazem o filme perder ritmo, principalmente no confuso segundo ato. A sensação é que a história se acha mais complexa do que realmente é e tenta dar meias voltas enquanto um espectador um pouco mais atento já consegue enxergar os caminhos que a história vai levar, as opções são muito limitadas para a trama querer parecer tão complexa.

    A protagonista carrega o filme inteiro, mas parece que Francis não soube diferenciar o trabalho com a atriz nos seus últimos filmes e nesse. É uma interpretação inexpressiva boa parte do tempo e que ocasionalmente explode, isso funcionava com a Katniss, e por isso não parece caber na personagem Dominika, parece repetido. O restante do elenco é funcional, mas nenhum tem grande tridimensionalidade, o personagem de Edgerton ganha um espaço desnecessário antes dele se tornar de fato importante na trama e soa pura encheção de linguiça.

    Com um plot bastante interessante, como o de se treinar espiões e espiãs especialistas em sedução, Operação Red Sparrow é uma doa indicação, mas é uma pena que o filme não decida o que quer ser e acabe deixando bons filmes que ele poderia ser pelo caminho. Tem um tom emergente e violento muito imersivo e seus melhores momentos são em cenas mais gráficas, a violência e a nudez cabem no contexto e dão a verossimilhança necessária. Mas a parceria de Francis e Jennifer segue os moldes dos últimos trabalhos dos dois e por isso não surpreende, como temática avançam, mas como execução pararam no tempo, não digo que não quero mais um trabalho juntos porque sempre pode acontecer uma surpresa, mas acho que Francis Lawrence vai ter que tirar um tempo para se repensar.

    Texto de autoria de Felipe Freitas.

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  • Crítica | Liga da Justiça

    Crítica | Liga da Justiça

    Um agradável retorno a esperança e ao conceito do herói clássico, dessa vez de verdade, e pela primeira vez em muito tempo, levando em conta obviamente a exceção de Mulher-Maravilha. Esse é o resumo das sensações pós apreciação de Liga da Justiça, filme de Zack Snyder que sofreu algumas alterações de Joss Whedon, que aqui, é creditado como corroteirista junto à Chris Terrio. É um esforço fútil tentar descobrir de qual dos dois diretores é o mérito pelos pontos positivos do longa, mas certamente esse é um dos produtos mais redondos dentro da filmografia de Snyder.

    A história começa quase que imediatamente após os eventos de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, com a queda de Superman (Henry Cavill). A primeira cena do longa é uma gravação amadora, de crianças registrando uma ação do herói antes de sua morte, numa clara alusão a necessidade que o mundo tem de encontrar nos heróis os avatares da esperança. A mensagem é clara, direta e até um pouco pueril e óbvia, ainda mais por se tratar de um filme de herói de quadrinhos, mas que era absolutamente necessária, em se tratando desse universo cinematográfico construído por Snyder e David S. Goyer.

    Aliás, a saída de Goyer parece ter ajudado a simplificar muita coisa, uma vez que toda a problemático dos heróis inconsequentes é deixada de lado. Em alguns pontos, a busca por algo mais simples e maniqueísta pelo lado bondoso é tão absolutamente repetitivo que parece ser este um filme de Christopher Nolan – que aliás, ainda assina como produtor executivo. Não há a inteligência ou discussões adultas como em Batman – O Cavaleiro das Trevas ou Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, mas há um ideal por trás dessas questões, ainda que haja claramente uma influência de dois filmes da concorrente editorial da DC, em especial Vingadores e Vingadores: A Era de Ultron, não só pelo conjunto de piadas, envolvendo Barry Allen (Ezra Miller) e Aquaman (Jason Momoa), mas também por toda coordenação que o Batman de Ben Affleck faz, funcionando como um misto de Nick Fury com Amanda Waller, ainda que guarde todas as suas próprias características.

    Mais uma vez Gal Gadot apresenta a personagem mais altiva e forte do filme, sendo a dona da cena na maior parte dos momentos, subvertendo qualquer possibilidade de ter o papel diminuído por ser uma mulher. Sua experiência como amazona de quem ouvia bastante sobre as lutas com os para-demônios do Lobo da Estepe (Ciarán Hinds) foi fundamental não só para a simples trama, como também para explicar aos personagens masculinos como aconteceram as batalhas mais antigas. A sequência da explicação é bastante curiosa, pela quantidade enorme de referencias ao universo DC, com bastante fan service.

    Falando em agradar fãs e nostalgia, a música que Danny Elfman compôs para o filme beira a perfeição. O resgate do tema ouvido em Batman de 1989 e a utilização da versão que John Williams compôs para Superman – O Filme ajudam mais uma vez a resgatar o ideal heroico. Se ficasse apenas nessas músicas, haveria um problema, mas não, os embates físicos também funcionam, e tirando um outro problema de efeitos visuais, quase toda a interação física entre os personagens funciona, seja na tradicional luta entre eles, bem como nas investidas que dão em direção ao antagonista e a captura das caixas maternas, que é o artigo que o Lobo quer para reaver todo seu potencial.

    Os personagens coadjuvantes são pouco utilizados, o que é comum, já que esse é o um filme para apresentar o quinteto em ação. A Lois Lane de Amy Adams talvez seja a mais acionada, mas do lado do Morcego tanto Alfred (Jeremy Irons) quanto Gordon (J.K. Simmons) estão bastante a vontade, em seus papeis. Da parte dos outro heróis, a Mera de Amber Head pouco aparece, e só serve para aguçar a curiosidade em torno dos atlantes, já o Dr. Silas Stone (Joe Morton) tem uma participação maior, fato que ajuda o espectador a se afeiçoar mais pelo drama de Vic Stone/Cyborg de Ray Fisher. Ele aliás é o maior expoente positivo em matéria de efeitos especiais do filme.

    É incrível como o filme consegue dizer tanto em pouco mais de duas horas de filme. Há desenvolvimento dos fatos anteriores, conflito entre personagens, reaparecimento de heróis antigos, reunião dos vigilantes tudo em um ritmo que praticamente só peca no começo. Não há enormes ousadias, nem narrativamente nem dramaticamente, e como é um produto de Zack Snyder já se espera o velho uso do slow-motion, dessa vez não tão exaustivo quanto em 300 ou Watchmen.

    Ao final de Liga da Justiça a sensação que se tem é que esse é muito mais sóbrio e equilibrado que os episódios anteriores, e que a experiência com Mulher Maravilha finalmente colhe bons frutos, já que esse foi de fato o primeiro filme a estabelecer essa ideia do herói clássico como parâmetro básico, só assusta o quando que os produtores, em especial Geoff Johns, que veio da editoria de quadrinhos a fim de tentar consertar todos os defeitos do início da empreitada do visionário diretor e sua trupe. Agora, o esperado é que venha uma nova leva de filmes da DC, de tom mais leve, menos ambicioso e até medíocres, o que obviamente não justifica todos os graves defeitos de Homem de Aço e sua continuação. Há de se atentar para as cenas pós créditos, fato que ajuda a aproximar demais esse produto dos vistos a partir da Marvel Studios, em especial a que ocorre após o termino de todos os créditos, restando então a esperança de que esse seja um pontapé para uma nova fase de filme, como um Vingadores às avessas, já que aqui há de ser a gênese de uma fase e não fim dela.

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  • Crítica | Lembranças de Um Amor Eterno

    Crítica | Lembranças de Um Amor Eterno

    Giuseppe Tornatore volta aos cinemas com um filme que transita entre as alegorias das artes cênicas, englobando o teatro e o próprio cinema, e a instantaneidade​ dos diálogos frios, vazios e efêmeros das plataformas de comunicação à distância.

    Em Lembranças de Um Amor Eterno, Tornatore nos apresenta, logo em sua primeira cena, um casal apaixonado – talvez exageradamente apaixonado. É bastante visível aqui a tentativa de elevar a intensidade dessa relação à enésima potência. Algo que nos situa no exagero que dá a tônica do filme, mas também nos faz questionar a autenticidade de tal relação. Existe uma atmosfera de eternidade muito frágil no que tange o par romântico, bastante explicitada por um roteiro inconstante e inconsistente. Roteiro, aliás, assinado pelo próprio diretor, que apresenta com um didatismo por vezes exagerado a dinâmica do filme.

    Ed Phoerum, interpretado com alguma elegância por Jeremy Irons, mantém uma relação remota com a estudante Amy Ryan. Os dois se comunicam através de cartas e vídeos e mantém esse diálogo seriado mesmo após a morte do professor. Se a primeira vista o roteiro parece presunçoso, escapista e onírico, ele se desenvolve exatamente dessa maneira. São poucas as sequências que empolgam o espectador a passar mais tempo se dedicando ao entendimento da fita. Olga Kurylenko, no papel de Amy, passa pouca ou nenhuma credibilidade quanto as sensações que o roteiro tenta imprimir à personagem.

    O filme esbarra ainda em algumas limitações de enredo. Embora as subtramas do casal, como os seus contextos familiares, por exemplo, apresentem um novo ar para uma história segmentada, pouco material é oferecido para que o público efetivamente se importe com o que se desenrola na tela.

    A nuance experimental empregada em algumas sequências protagonizadas por Amy conferem novidade e autenticidade à produção. Geram também a dúvida sobre os motivos que levaram Tornatore a não explorar uma linguagem mais fresh ao longo de toda a trama. Como também assina o roteiro, o diretor tinha total liberdade para conduzir o longa para a direção que bem entendesse. No fim das contas, escolheu mal. Lembranças de um Amor Eterno é um filme com pouco a oferecer e menos ainda a impressionar.

    Texto de autoria Marlon Eduardo Faria.

  • Crítica | O Homem que Viu o Infinito

    Crítica | O Homem que Viu o Infinito

    Baseado no livro The Man Who Knew Infinity: A Life of the Genius Ramanujan (ainda sem tradução no Brasil), de Robert Kanigel, com roteiro e direção de Matt Brown, o filme conta parte da história de Srinivasa Ramanujan (Dev Patel), um gênio matemático autodidata indiano. Um pouco antes de estourar a Primeira Guerra Mundial, em 1913, ele sai da pequena cidade de Madras e viaja para a Inglaterra para encontrar seu futuro mentor – o excêntrico G.H. Hardy (Jeremy Irons), professor de Matemática Pura no Trinity College, em Cambridge. Lá, além de ter de se adequar a regras com que não está habituado, ainda tem de enfrentar a xenofobia e o desprezo da maioria dos estudiosos de Cambridge, colegas de Hardy.

    Interessante observar a interação entre os personagens, uma vez que a visão que cada um deles – mentor e aluno – tem do estudo e da aplicação da Matemática Pura é bem diversa, quase oposta. Ramanujan diz que seu dom e todas os teoremas que escreve são originados de sua fé, aliás em certo momento, quando Hardy o pressiona para que diga de onde lhe vêm as ideias, ele responde que vê as fórmulas enquanto está rezando. E, enquanto Ramanujan acredita que seus teoremas são verdadeiras pura e simplesmente por terem sido inspiração divina, Hardy quer fazê-lo entender que isso não basta e que, para que suas fórmulas sejam publicadas e reconhecidas como verdadeiras é necessário fornecer provas. Essa diferença de abordagem garante boas discussões filosóficas entre eles.

    O roteiro é bem estruturado, simples, sem sofisticação ou arroubos inventivos. A narrativa mescla a estadia de Ramanujan em Cambridge com a vida de sua esposa, que ficou na Índia. Há quem tenha comparado o filme a Uma mente brilhante, dizendo ser uma versão simplificada deste, o que é uma tremenda bobagem, afinal são biografias de duas pessoas diferentes, com personalidades diferentes e problemas diferentes a enfrentar. A fotografia e a direção de arte são eficientes, se complementando para situar bem os personagens no período retratado.

    Ramanujan é um bom exemplo de pessoa famosa entre seus pares, mas praticamente desconhecida da maioria das pessoas. E que continuaria desconhecida não fosse pelo filme. É uma obra que, se não se destaca pela história em si, conquista o espectador pela boa atuação do elendo e pelo brilhantismo do personagem retratado.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Crítica | Assassin’s Creed

    Crítica | Assassin’s Creed

    Havia uma grande expectativa em relação ao que Michael Fassbender poderia fazer a frente do papel principal de um dos games mais adorados dos últimos anos. A franquia Assassin’s Creed prometia ser uma adaptação com mais chances de dar certo do que Warcraft, Resident Evil, Max Payne e tantos outras franquias de vídeo games, uma vez que o enredo de seus jogos era rico, cheio de detalhes e nuances que poderiam gerar uma história próxima dessa excelência quando transportada para a sétima arte.

    Coube a Justin Kurzel, diretor de Macbeth – Ambição e Guerra a direção da adaptação. O filme baseado na obra shakespeariana não era à prova de críticas, ao contrário, tinha um sem número de defeitos, mas resgatava em si um visual arrebatador e performances dramatúrgicas muito bem engendradas tanto por Fassbender como por Marion Cotillard. Eis que o casal retorna a um filme de Kurzel, e executam papéis bastante genéricos para as ambições de uma transposição minimamente interessante do ponto de vista da fidelidade do jogo. Como no game de 2007, a introdução é curta e o personagem Aguilar / Callum Lynch (Fassbender) tem apenas uma breve explanação sobre o seu passado, tentando inclusive associar a sua infância as manobras comuns aos heróis que são a marca registrada dos jogos, mostrando o infante tentando saltar de um prédio alto em cima de uma bicicleta.

    Apesar do roteiro cansativo de Michael Lesslie, Adam Cooper e Bill Collage, a condução que Kurzel faz de seu filme tem altos e baixos. Alguns posicionamentos de câmera são muito bons, garantindo uma boa infiltração na intimidade dos personagens que normalmente não se vê em filmes de ação tão rasos quanto esses. O problema é a que a câmera peca em outros momentos cruciais, em especial nas cenas de ação, que são um ponto forte dentro dos games. Soa confusa a construção de lutas e das manobras de parkour, com uma fotografia que às vezes é obscurecida, fato que faz perder o grafismo dessas sequências.

    Toda a questão de teoria da conspiração e de espionagem é perdida através de personagens antagonistas que não possuem substância ou conteúdo. A trama que se desenrola é desinteressante, independente da linha temporal onde ela ocorre. Para quem não costuma jogar Assassin´s Creed as transições entre um período e outro soam confusas, e mesmo assim, nem mesmo esse aspecto é o mais terrível do roteiro.

    As atuações são histriônica e exageradas, os momentos que deveriam causar suspense no espectador simplesmente o entediam, até Jeremy Irons e Cotillard estão subaproveitados. Os efeitos visuais tampouco se destacam da mediocridade atual, sendo mal enquadrados dentro do filme, tendo como maior curiosidade a utilização por parte de Doutor Estranho, que se vale da estética dos games de maneira muito mais criativa que neste produto. Não será à toa qualquer fracasso de bilheteria ou de crítica, relativa a esta franquia, uma vez que o filme não é divertido, tampouco entretém ou estabelece um diálogo mais pessoal com os fãs dos jogos, o que de fato é uma pena, uma vez que havia muito potencial na produção.

  • Crítica | Raça

    Crítica | Raça

    Race - Poster

    Filmes sobre personalidades históricas que, com seus feitos, superaram diversas barreiras e deixaram uma grande marca na humanidade não costumam ser muito justos, pela complexidade que geralmente esses personagens trazem, o que os torna difíceis de serem transpostos à tela grande. Nesse contexto, a figura de Jesse Owens se encaixa perfeitamente. Símbolo de uma das maiores realizações esportivas (e também políticas) do século, Owens incompreensivelmente nunca teve sua história contada em um filme de grande orçamento, série de TV, ou nada à sua altura. Porém, tendo em vista o contexto, época e país de origem, esse fato passa a ser compreensível.

    Raça é dirigido por Stephen Hopkins, mais conhecido por alguns filmes dos anos 1990 e por dirigir episódios de seriados como 24 Horas, e escrito por Joe Shrapnel e Anna Waterhouse. A produção histórica é bastante precisa e de qualidade, tanto no figurino quanto em locação. O ator principal, Stephan James, sustenta e entrega um Jesse Owens bastante convincente. Sobra apenas a dúvida se o atleta possuía a mesma personalidade introspectiva e cabisbaixa que o ator mostra. O comediante Jason Sudeikis interpreta o treinador de Jesse, o antigo corredor Larry Snyder. Sudeikis é um ator limitado, mas também não compromete a relação estabelecida entre mestre e pupilo, que é o eixo central do filme.

    race-still

    Porém, mesmo abordando tudo isso e sendo historicamente bem apurado, faltou ao filme uma energia mais determinante, um senso mais agudo de apontar o problema além do óbvio, uma veia “Spike Lee” de problematização do contexto racial dos EUA. A forma como foi feita possivelmente irá agradar à parcela branca e/ou mais conservadora dos espectadores, pois coloca os personagens geralmente de forma unidimensional.

    race

    Algumas tramas secundárias, como o pedido da associação nacional para o avanço das pessoas de cor (NAACP) para Owens boicotar os jogos e assim prejudicar os EUA ao não correr por um país segregacionista, são deixadas de lado frente à dúvida se o Comitê americano iria ou não também boicotar os jogos devido às notícias nada animadoras de perseguições aos judeus naquele país. As relações entre Joseph Goebbels (Barnaby Metschurat) e o membro do comitê olímpico e chefe da delegação Avery Brundage (Jeremy Irons) também são rapidamente passadas, e sempre deixando em uma dúvida conveniente. Já as relações familiares, a questão social, financeira e racial de Owens , são apenas citadas algumas vezes, sempre de forma clichê.

    A busca incessante do diretor por causar impactos e recriar momentos memoráveis também atrapalha um pouco. Tirando à parte a retratação dos nazistas como os vilões cartunescos de sempre, se no filme Hitler se recusa a apertar a mão do vencedor Owens sobre o alemão Long, o próprio Owens declarou na realidade que, apesar de o ditador alemão realmente não o ter convidado para cumprimentá-lo, tampouco o presidente americano Roosevelt o fez, o que é deixado de lado no filme, convenientemente. O mesmo acontece com a irritante ovação à cineasta oficial do III Reich Leni Riefenstahl (Carice van Houten).

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    O que mantém Raça fluindo nada mais é do que a personalidade e incrível história de Owens, que nos atiça a curiosidade de como um homem simples pode muitas vezes deixar uma marca profunda na história. Porém, tamanho personagem merecia uma história mais à sua altura. Sua biografia derrapa na tentativa de criar algo épico em torno dele, enquanto ele por si só foi capaz de fazer isso. E praticamente sozinho, contra um país que o odiava por ser quem era e do jeito que era. Seu maior feito não foi vencer o esporte do regime nazista em seu território, e sim fazer isso nas condições que fez, a favor dos EUA e sendo renegado por ele. Essa é a marca de Owens na história e que o filme deveria ter se esforçado mais para reforçar ao invés de atirar nos nazistas, a mesma vítima fácil de sempre dos filmes americanos, para também não causar um desconforto muito grande no espectador desse país. Tal escolha conservadora se reflete na falta de coragem do filme, que, apesar de ter boa vontade com Owens, tampouco fez justiça e ele.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Crítica | Duro de Matar: A Vingança

    Crítica | Duro de Matar: A Vingança

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    Depois de uma produção mediana que, ainda assim, conquistou boa bilheteria, John McTiernan reassume a direção em uma trama que, como a anterior, foi desenvolvida a partir de um argumento prévio com a personagem central inserida em reformulações do roteiro.

    Duro de Matar: A Vingança dialoga diretamente com o primeiro filme. A cena de abertura dá o tom da produção, mostrando a caótica cidade de Nova York ao som de Summer In The City (John Benson Sebastian, Steve Boone, Mark Sebastian), com suas extensas ruas movimentadas, até uma grande explosão que interrompe as cenas panorâmicas.

    Em pouco tempo, compreende-se que, dessa vez, John McClane não é a vítima azarada dos acontecimentos, mas quem foi chamado para vir à ação por um terrorista que ameaçou destruir a cidade caso o policial não aparecesse.

    O filme inverte a lógica vista anteriormente para apresentar um novo fôlego para a história e introduz um elemento perigoso que se estabelece normalmente na parte final de uma trilogia: a adesão de um parceiro para a personagem central. Colocados ao acaso um do lado do outro, a parceria entre Zeus Carver e McClane, com um sempre irritado e bom Samuel L. Jackson, aproxima-se de outra dupla famosa no estilo: Riggs e Murtaugh de Máquina Mortífera.

    A dinâmica entre as personagens expande a ironia consagrada da personagem central, o que faz deste filme o mais engraçado dos três. Evidente que não há mais a intenção de se produzir uma história – ou personagem – verossímil. Tendo arrebatado grande público em suas duas histórias anteriores e transformado Bruce Willis em um astro de ação, tudo o que esta produção deseja é dar ao público mais uma história de sua personagem mais icônica.

    O roteiro feito por Jonathan Hensleigh (Jumanji, O Santo, Armageddon) equilibra-se bem entre McClane, seu coadjuvante, Zeus, e o bandido que, como infere o título, deseja, de alguma maneira, se vingar. O laço com a primeira história não é feito de maneira tão exagerada como vemos em filmes contemporâneos, parecendo uma sequência natural dos acontecimentos anteriores.

    Mesmo que a história esteja situada em uma época em que havia algumas experimentações nos efeitos visuais – que engatinhavam – com um resultado mal composto entre imagem e fundos computadorizados, a ação é ininterrupta e transforma este pequeno defeito em quase nada. Se em outras situações McClane tenta, à sua maneira, vencer as regras ditas pelo bandido, aqui passa a maior parte do tempo como um joguete e, aos poucos, vai percebendo as distrações impostas e as verdadeiras intenções do vilão, que tenta dominar a situação.

    Se não houvesse um retorno da personagem, a trilogia Duro de Matar fecharia com chave de ouro, sendo capaz de retomar elementos de seu próprio passado mas não entregando uma trama semelhante à anterior, costurando-a de maneira diferente e sempre apoiado em diversas cenas de ação.

    No país, o DVD lançado pela Buena Vista/Disney foi um dos primeiros da empresa, na época em que somente um menu com opções de legenda e dublagem estava disponível. O formato letterbox causa problemas para quem tem uma televisão em widescreen e a imagem do disco não é das melhores. É o único filme da série lançado pela Buena Vista/Disney. Embora esteja disponível nos boxes em DVD, ainda não há lançamento em Blu Ray, desfalcando a coleção em alta definição.

  • Crítica | Dezesseis Luas

    Crítica | Dezesseis Luas

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    Grandes produções hollywoodianas sempre geram outras produções similares, normalmente inferiores ao seu produto original. Quando Harry Potter fez sua estreia nas telas, outras adaptações vindas de uma narrativa de um cenário mágico surgiram. Os Seis Signos da Luz, Eragon e Eu Sou o Número Quatro são apenas alguns exemplos: são obras que podem ter alguma qualidade em seu texto original, mas que foram formatadas para ter semelhança com a narrativa do bruxo.

    O sucesso da saga Crepúsculo também trilhou um caminho para o gênero com produções similares; ainda que, desde seu primeiro filme, tenha dividido o público entre os que mal recereberam a história, que tornou-se certo motivo de riso, e outra grande parcela de público que lhe trouxe sucesso mundial.

    Dezesseis Luas, criado por Kami Garcia e Margaret Stohl, seria a nova história de amor e magia da vez, tentando aproveitar-se de um espaço deixado pelo fim da saga dos vampiros após cinco filmes.

    Mesmo que sua trama tenha semelhanças com aquela do casal Bella Swan e Edward Cullen, a produção é mais voltada para uma narrativa adolescente que insere tais elementos mágicos como um elemento a mais para não desenvolver somente uma história amorosa. Em vez do patético apresentado por Stephenie Meyer, com personagens românticas em excesso e vampiros brilhantes, a dupla de escritores desta saga optou por seguir uma linha mais tradicionalista. Lena Duchannes, a personagem central, é deslocada, esconde os segredos habituais, mas carrega uma ironia carismática que faz dela e de seu par romântico, Ethan Wate, um ponto de ligação com o público. Ao contrário do casal da outra saga, composto por um vampiro apático e uma mocinha sem sal.

    Mesmo que não haja intenção nenhuma em ser uma história espetacular, observar duas personagens centrais divertidas e agradáveis é um bom caminho para uma história que não tem nenhuma intenção de ser mais do que uma aventura formada para um público juvenil.

    Dentro de seus parâmetros de história juvenil com um ambiente apoiado pela magia e história de amor que envolve maldições e bruxaria, a trama é funcional e deve atingir em cheio o gosto do público. Mesmo que o tradicional não apresente nada novo, a base tem mais sustentação que diversas outras histórias maiores.

    Some a isso atores consagrados sendo coadjuvantes bem à vontade com suas personagens, como se se divertissem ao fazer uma trama mais leve que não exigisse muito de seu talento, ao mesmo tempo que os deixa mais visíveis na mídia.

    Ao optar pelo caminho seguro de uma trama óbvia, seu resultado se fez bem equilibrado e agradável, entregando uma aventura juvenil com tudo que o público deseja ver.