Crítica | Vende-Se Esta Moto
De Marcus Faustini, Vende-se Esta Moto é um filme barato e bastante simples. Na trama, somos apresentado ao casal formado por Xéu (João Pedro Zappa) e Lidiane (Mariane Cortines) no início de uma gravidez, com os personagens fazendo planos para morar juntos, mudar de trabalho, e claro, vender a moto de Xéu, seu bem a tanto tempo que mais funciona como amiga.
Todo o roteiro gira em torno do casal. Eventualmente um ou outro personagem periférico aparece e age como fator de mudança em suas rotinas, é como se houvesse uma linha guia, com os dois jovens pais sendo cortada sempre por alguém, seja por Quitta (Priscila Lima), uma conhecida dos dois que nutre tesão por ambos, ou por amigos e parentes mais próximos.
O fato de ser uma obra com núcleo bem definido causa um estranhamento no início, mas logo se torna algo comum. As relações envolvendo Lidiane, seja do passado ou do presente, são registradas de modo muito singelo nos detalhes que Faustini grafa, como fica evidente em detalhes, nas mãos dos personagens que claramente querem se reencontrar e evitam o magnetismo que fica evidente mesmo ao menos observador dos espectadores.
Mesmo com o advento de alguns triângulos amorosos e participações especiais de atores como Guti Fraga, Vinicius de Oliveira e Sivlio Guindane, é em cima de Zappa e Cortines que se estabelece a maior sensação de vida, sentimento, sacrifício e emoção de Vende-Se Esta Moto. O diretor consegue equilibrar muitíssimo bem o desempenho de seus atores e propõe momentos de ruptura com suas próprias crenças e com a concepção do que é o ideal quando se é um casal. As quebras de paradigmas e a complexidade do texto são apresentadas de forma bastante natural e o texto tem muito mais a dizer do que a maior parte dos filmes naturalistas que normalmente correm os festivais de cinema nacional, O longa de Faustini prova que ele é uma pequena pérola, uma joia rara entre os filmes feitos no Rio de Janeiro.
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