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  • Especial | Superman

    Especial | Superman

    Ícone da cultura pop nos dias atuais, Superman foi criado por Jerry Siegel e Joe Shuster em 1938, pós-crise de 1929 e em meio à Grande Depressão que levou os EUA a uma dramática redução do nível de emprego no país, que só se recuperou economicamente ao longo de sua participação, inicialmente, neutra, e posteriormente, ativa, na Segunda Guerra Mundial. Como expressão de seu tempo, era natural que o contexto social e político dos EUA nessa época se refletissem nas histórias do Superman. Isso pode ser observado desde sua criação quando suas histórias eram voltadas à críticas sociais, discursos de resistência e o enfrentamento às autoridades; assim como, posteriormente, enaltecendo o modo de vida americano e o discurso imperialista e, por vezes, religioso.

    O sucesso de Superman se deu de modo quase imediato, seja pela forma com o qual os autores construíram imageticamente um universo paralelo que agregava valores reais a obra, como também os ideais de justiça e moral que o herói sempre transmitiu. Rapidamente foi adaptado para diversas mídias como rádio e televisão, posteriormente alcançando jogos de videogame e cinema.

    A concepção da personagem seguiu à cartilha dos quadrinhos da época: força sobre-humana, identidade secreta e uniforme. No entanto, interessante notarmos que essas características já comuns ao universo dos super-heróis da época traziam detalhes pouco habituais.

    A força sobre-humana do Superman parece ter vindo da influência da dupla aos temas de ficção científica da época. Ao contrário de outros super-heróis, os poderes do Homem de Aço vêm de sua origem alienígena, e não de poderes místicos, tão comuns naquela década. Do mesmo modo podemos observar que a questão da identidade secreta também era um diferencial, uma vez que o herói não possuía máscara, mas seu disfarce se dava num belo trabalho de composição de disfarce, com a construção de uma fragilidade e timidez que o super-herói não possuía, aproximando-se assim dos seus leitores ao retratar um homem comum. Do mesmo modo que o seu uniforme fugia daqueles retratados à época e ainda utilizava cores da bandeira americana, tornando-se assim ainda mais simbólico, não como representante de um governo, mas de seu povo. Logicamente, esta simbologia foi utilizada de diferentes formas ao longo dos anos.

    É verdade que por muito tempo o personagem assume o papel de protetor dos valores norte-americanos, agindo como um grande soldado americano que representava o país carregando sua bandeira ao redor do globo, no entanto, esta leitura é apenas parte de um mosaico muito maior da história da personagem, sendo excessivamente reducionista afirmar que era somente isto o que o caracterizava como personagem. Superman é reflexo e expressão do seu tempo, algo demonstrado na abordagem do personagem no início do século XXI, onde seu discurso novamente é deslocado, deixando de lado os posicionamentos político-ideológicos que tanto defendeu por anos, e buscando novos ideais, agindo contra o establishment norte-americano, sempre ativo no combate às injustiças sociais, evitando certo nacionalismo que o consagrou e tomando uma postura mais internacionalista.

    A única certeza que temos é que o Homem de Aço continuará a representar princípios. Sua luta contra a injustiça – em certos momentos adotando posturas contraditórias, por vezes messiânicas, mas assim como cada um de nós – com seus erros e acertos. É nesta humanidade que reside seu maior poder.

    Quadrinhos

    (1938) Superman: Crônicas – Volume Um
    (1972) Precisa Haver um Superman?
    (1985) Para o Homem Que Tem Tudo
    (1986) O Que Aconteceu com o Homem de Aço?
    (1987) O Mundo de Krypton
    (1990) Superman & Batman: Os Melhores do Mundo
    (1991) Superman: O Homem de Aço
    (1999) Superman: Paz na Terra
    (1997) O Reino do Amanhã
    (2000) Liga da Justiça: Torre de Babel
    (2000) LJA: Terra 2
    (2003) Superman: Entre a Foice e o Martelo
    (2003) Liga da Justiça: Os Sete Sinistros
    (2005) Lex Luthor: O Homem de Aço
    (2005) Crise de Identidade
    (2006) DC: A Nova Fronteira
    (2009) A História do Universo DC
    (2010) Superman: Brainiac
    (2016) Bizarro
    (2016) Superman: Alienígena Americano

    Filmes

    (1978) Superman: O Filme
    (1983) Superman III
    (1987) Superman IV: Em Busca da Paz

    (2006) Superman II: The Donners Cut
    (2006) Olhe Para o Céu: A Incrível História do Superman
    (2006) Superman: O Retorno
    (2013) Homem de Aço – Crítica 1, Crítica 2
    (2015) A Morte de “Superman Lives”: O Que Aconteceu?
    (2016) Batman vs Superman: A Origem da Justiça – Crítica 1, Crítica 2
    (2017) Liga da Justiça

    Animações

    (2009) Superman e Batman: Inimigos Públicos
    (2011) Superman All Star
    (2012) Superman vs Elite
    (2018) A Morte do Superman 
    (2019) Reign of Supermen

    Livros

    (2012) Superdeuses: A Era de Ouro – Grant Morrison (Parte 1)
    (2012) Superdeuses: A Era de Prata – Grant Morrison (Parte 2)
    (2012) Superdeuses: Era das Trevas — Grant Morrison (Parte 3)
    (2012) Superdeuses: A Renascença – Grant Morrison (Parte Final)

    Podcasts

    VortCast 01 | A História da DC Comics – Parte 1
    VortCast 07 | Os Novos Rumos da DC Comics
    VortCast 22 | Ben Affleck
    VortCast 26 | Zack Snyder
    VortCast 39 | Batman vs Superman: A Origem da Justiça
    VortCast 42 | O que esperar da DC nos cinemas (ou ‘saudades do Nolan’)
    VortCast 49 | Liga da Justiça
    VortCast 53 | Trindade (DC Comics)

    Artigos

    Superman: Um Renascimento Perigoso
    O Superman de Zack Snyder: Messias ou Anticristo?
    Batman vs Superman é um verdadeiro “épico” das referências
    Batman vs Superman: A Ilusão Definitiva
    Dez Anos Após Superman – O Retorno… O Que Mudou?
    Superman: Do Cinema Para a Eternidade
    E se o Cinema Desprezasse Super-Heróis?
    Rebirth: O Renascimento da DC Comics – Parte 1
    Rebirth: O Renascimento da DC Comics – Parte 2

    Atualizado até o dia 20/01/2019.
  • Crítica | Olhe Para o Céu: A Incrível História do Superman

    Crítica | Olhe Para o Céu: A Incrível História do Superman

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    Roupa azul, capa vermelha – as primeiras cenas de Look, Up in the Sky! são cortadas por personificações do primeiro super-herói (como a sua editora gosta de chamá-lo). O documentário de Kevin Burns reúne depoimentos de fãs ilustres dos quadrinhos e de muita gente da indústria, além de rememorar momentos clássicos da trajetória do Superman em diversas mídias.

    Voltando a sua origem, o herói foi criado como uma resposta a grande depressão econômica pela qual passava o país. O Superman de Jerry Siegel e Joe Shuster teria surgido primeiro num escrito chamado O Reino dos Superman, em que era um vilão telepático. Revisitando a ideia, é que mudou-se o perfil, e se decidiria por tornar o personagem no ápice do poderio físico humano.

    O filme faz um resgate das aventuras do herói por mídias audiovisuais e dentro dos quadrinhos também. Mostra as famílias reunidas ouvindo o show de rádio protagonizado por Bud Collyer (que viria a dublar também o desenho animado de Dave Fleischer). O rádio-seriado foi responsável por popularizar e muito o personagem fora do nicho das tirinhas de jornais e revistas.

    O documentário gasta um tempo demasiado com a figura de George Reeves, que interpretou o herói no cinema (Superman and the Mole-Men, um filme lançado em 1951) e na televisão, em 102 episódios – Adventures of Superman (de 1952 a 1958). Reeves teria pretensões artísticas maiores do que ser simplesmente um herói fantasiado, e cogitava até o ofício de diretor, mas teve sua vida interrompida por um incidente suicida.

    Nos quadrinhos, é destacada a administração de Julius Schwartz como editor dos periódicos do herói, mas o foco mesmo é nas produções para o grande ecrã. O período de preparação para Superman: O Filme é retratado, e os detalhes são até esclarecedores até certo ponto. São mostrados Alexander e Ilya Salkind (produtores) tencionando em chamar Mario Puzo para escrever o roteiro, e depois contratando o diretor. Mas a questão de divergências entre Richard Donner e os Salkinds é citada muito de leve, de forma bem chapa branca. O único argumento “a favor” de Donner é a ênfase que se dá pelo fato de que o segundo episódio da franquia já estaria 70% filmado. Os outros dois filmes também são comentados, assim como os outros produtos dos Salkinds – Supergirl e Adventures of Superboy.

    Nos quadrinhos, é destacada a reformulação de John Byrne e  A Morte de Superman, além dos produtos televisivos dos anos 90 – a comédia romântica Lois e Clark, e os desenhos animados de Bruce Timm. Há um enfoque considerável em Smallville, e o documentário afirma que o sucesso da série é que possibilitou a volta do herói aos cinemas.

    A parte final faz um belo resgate da memória de Christopher Reeve, e sua luta contra a paralisia até a sua morte. O efeito é parecido com a abordagem com George Reeves, claro, com uma visão bem mais otimista do que a do suicídio.

    O último ato foca em Superman: O Retorno de Bryan Singer. Look Up in the Sky! The Amazing Story of Superman é interessante, apesar de ser superficial em alguns pontos importantes da trajetória do herói. Ainda assim funciona muito como memória afetiva nas poucas partes em que se aprofunda. Ao passar os créditos são mostradas cenas das muitas encarnações dos produtos de Superman, desde cenas de bastidores até erros de gravação, com Singer, Brando, Reeves etc.

  • Resenha | Superman: Crônicas – Volume 1

    Resenha | Superman: Crônicas – Volume 1

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    O Volume 1 do Encadernado Superman Crônicas compreende as primeiras histórias do Azulão, pelos idos de 1938 até 1939. A compilação inclui os números de 1 a 13 de “Action Comics”, a revista “Superman #1” além de também publicar as tirinhas de  “New York World’s Fair #1”.

    Jerry Siegel escreve os roteiros, enquanto a arte é de Joe Shuster. Os dois amigos de infância criaram a figura do Super-Homem como uma alegoria ao mito judaico de Moisés, que sobreviveu em condições de morte certa, e voltou “dos mortos” para defender um povo marginalizado. A aparência física de Clark Kent seria inspirada na compleição do próprio Joe Shuster – um sujeito tímido e desajeitado, enquanto o herói é o auge da força humana, o homem perfeito física e moralmente.

    Este Superman está irônico, e gosta de forçar os vilões a enfrentar dilemas morais. Já Kent é um pacato e covarde repórter do Estrela Diário, o total oposto de sua contraparte poderosa. O herói é mais cru que sua versão moderna, intervencionista e até um pouco machista – essas atitudes seriam a base dos argumentos de Fredrick Wertham em “Sedução do Inocente” onde ele acusa a criação de Siegel e Shuster de ser uma figura fascista, aliado é claro ao fato do personagem fazer a justiça com suas próprias mãos, matando seus inimigos algumas vezes.

    Na primeira página de Action Comics #1 é apresentada a origem do Super, assim como seus poderes: super força, super velocidade e a capacidade de saltar alturas imensas. O herói é definido como Campeão dos Oprimidos, a Maravilha Física que jurou dedicar sua existência a ajudar os necessitados.  Além disso é feito um paralelo comparando seus poderes a características de animais.

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    Apesar do teor das histórias ser inocente, e conter personagens maniqueístas e pueris, o conteúdo das primeiras histórias é contestador e de um cunho quase socialista. A prioridade do Superman é defender a classe proletária e demais grupos excluídos da sociedade. Mostra a delinquência juvenil e suas raízes em comunidades pobres com escassas condições de vida. Ainda assim há uma moralidade excessiva em seu teor se comparado às histórias atuais, mas tal abordagem era comum aos seus contemporâneos.

    Outros personagens também estão diferentes. Alguns dos personagens canônicos não foram sequer apresentados, e os que foram estão bem diferentes. Jonathan e Marta Kent já estão falecidos, e Lois Lane é a responsável no jornal pelas “Matérias Sentimentais”, além é claro de ter um desprezo enorme por Clark Kent.

    O roteiro aborda muitas questões interessantes. Mostra como a imprensa tenta transformar o herói num reles fora da lei. Revela também que causas como combate a paralisia infantil passam pela pauta do herói, aborda temas ligados ao jornalismo, como liberdade de imprensa, confidencialidade de fontes jornalísticas, e passa também por questões adultas como suicídio, fraude fiscal etc. O clima das histórias é urbano e os opositores são políticos corruptos, espancadores, mafiosos, traficantes de armas… Indivíduos marginais que causam mal ao bem estar social.

    Além das histórias citadas, o encadernado contém outros tópicos: Origem do Superman, onde é interessante notar algumas diferenças entre as versões recontadas de seu passado. Ao ser encontrado pelos Kent, o bebê é posto num orfanato. Ainda pequeno, o infante já possuía poderes, e só depois de um tempo é que o casal resolve voltar ao orfanato para adotá-lo. Antes mesmo de começar suas ações como herói, Clark perde seus pais adotivos. Os outros extras são Prelúdio para “Superman Campeão dos Oprimidos”, Uma explicação cientifica para a força do homem de aço, A historia do Superman em prosa, Ilustração Superman e Biografias dos seus criadores.

    Superman – Crônicas Volume 1 vale a pena de ser conferido para analisar as evoluções pelas quais passou o primeiro super-herói, além é claro de retratar bem como eram os quadrinhos nos anos 30.

  • VortCast 01 | A História da DC Comics – Parte 1

    VortCast 01 | A História da DC Comics – Parte 1

    Bem Vindos à bordo. Edição com Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Daniel HDR, Professor Nerd, André (Kirano) e Delfin (atrasado, mas sempre informativo) em um bate-papo descontraído sobre a trajetória da DC Comics nos primeiros anos dos 75 de sua vida: A criação de seus principais personagens, autores de grande renome, histórias que marcaram época e muito mais sobre uma das maiores editoras de quadrinhos do mundo.

    Duração: 65 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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