Tag: Michael J. Fox

  • Crítica | O Garoto do Futuro

    Crítica | O Garoto do Futuro

    Michael J. Fox faz Scott Howard, o número 42 do Beavers, um time escolar tão inofensivo em seu jogo e no quinteto titular que o primeiro momento do jogo ele cobra uma arremesso livre pisando na linha e pulando, lances que anulariam a jogada, e absolutamente ninguém reclama, pois eles estão muito atrás do placar. O filme se debruça sobre a historia desses perdedores e no Brasil ficou conhecido pela picaretagem da tradução, que evoca o clássico também protagonizado por J Fox,  De Volta Para o Futuro, sendo que não há qualquer menção nesse  há algo fora do presente de 1985.

    Hoje, o filme é  mais conhecido por sua serie derivada, Teen Wolf, que tem em comum quase nada, alem do nome original e do fato de ser protagonizado por um lobisomem. Meio sem motivo, o corpo de Scott vai mudando, adquirindo pelos que vem de modo repentino, tornando suas orelhas mais agudas, escondidas apenas por seu penteado de tigela e isso o deixa preocupado, por possivelmente impedir ele de farrear, e de curtir o pedaço do filme que faz lembrar os filmes adolescentes de festa, com um Porkys ou Picardias Estudantis mais leve e sem nudez.

    Ao menos, Rod Daniel, o diretor dignifica seu filme a não dedicar muito tempo e esmero a transformação, fazendo dela uma enorme piada, que ocorre com pouco mais de 30 minutos de exibição e é grotesca visualmente, e só não surpreende mais graças ao fato que ocorre logo depois, com uma mini conversa de pai e filho sobre essa condição. O roteiro obviamente extrapola e exagera as sensações típicas da puberdade e as mudanças corporais que um jovem sofre ao se aproximar da vida adulta, e trata isso com comédia e até leveza.

    Scott decide começar a curtir suas transformações, e faz isso no meio de um jogo e ao invés de sofrer bullying, vira um jogador melhor e passa a concentrar a atenção das meninas, além de assustar adversários em um primeiro momento. Sua popularidade cresce, até o mascote do time muda e ele vira o mais popular dos meninos do colegial.

    O filme é gaiato ao extremo, o personagem principal consegue transitar bem entre o sujeito que incomoda pela fama repentina recente e o sujeito que não perde sua humildade, ele se aproxima da garota mais popular do colégio, Pamela (Lorie Griffin)  e incomoda seu namorado, Mick (único que o recrimina basicamente) e ainda mantém viva a chama com a moça que sempre o cortejou mesmo quando ele ainda era um perdedor. Nesse ponto, o roteiro é maniqueísta, não traz muitas conseqüências ao seu personagem principal, ainda que o mostre humano.

    A forma como o script de Jeph Loeb (o mesmo que fez a série das cores na Marvel e Batman – O Longo Dia das Bruxas) e Matthew Weisman  desenvolve os momentos finais é bem clichê, restringindo as capacidades do lobisomem adolescente e mostrando que o devido valor dele já existia antes mesmo dele perceber a condição da licantropia, embora antes, não houvesse qualquer indício disso. Apesar de O Garoto do Futuro ter toda essa carga descompromissada com qualquer moralidade típica dos anos 80, há muito charme e graça no filme, especialmente por Michael J. Fox emprestar seu carisma a Scott, fazendo acreditar não só que ele pode ser um monstrinho bondoso, capaz de gerar simpatia em tudo e todos, mas também fazendo acreditar que um quase anão seria uma fera do basquete colegial.

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  • Crítica | Marte Ataca!

    Crítica | Marte Ataca!

    “Uma rampa está descendo… como uma língua gigante!”

    Homenagem é o sobrenome de Marte Ataca!, uma das mais icônicas produções de Tim Burton, nos saudosos anos 90. Ainda colhendo os louros pelos sucessos de bilheteria que foram os dois primeiros Batman, e logo após Ed Wood, um dos seus melhores projetos, quiçá o seu melhor, Burton já tinha a confiança da Warner Bros. para comandar uma milionária invasão alienígena a Terra, e assim o fez. Dispondo de um grande elenco que incluía Jack Nicholson, Glenn Close e outras inúmeras estrelas reagindo a iminência de um primeiro contato extra terrestre, e das mais amalucadas formas de reação, o diretor de Os Fantasmas se Divertem e outros inúmeros filmes cuja estranheza e excentricidade ganharam o amor popular fez o tributo pop definitivo ao clássico trash Plano 9 do Espaço Sideral.

    Se em plena década de 50, espaçonaves eram literalmente pratos pendurados em barbantes, e filmados com orçamento risível por um louco apaixonado por Cinema chamado Ed Wood, esses mesmos veículos alienígenas em formato oval descem das nuvens, em Marte Ataca!, sendo efeitos especiais propositalmente horríveis, remetendo-os com essa intenção de escracho as inesquecíveis e bizarras obras do ídolo de Burton, massacradas na época por suas péssimas qualidades. Aqui, a bizarrice é generalizada muito antes de vermos os alienígenas, sendo nós muito mais estranhos em nossos costumes que eles, esquisitos muitos mais na sua aparência do que nos atos hostis muito parecidos aos da nossa espécie.

    Temos aqui a icônica cena dos homenzinhos verdes, um clichê orgulhoso do que é, assim como os velhos filmes testamento de Wood, o famoso pior cineasta de todos os tempos, entrando enfileirados na Suprema Corte norte-americana antes de incinerar a todos, sem motivo aparente. Em cenas como essa, ou na própria apresentação dos marcianos violentos aos “dóceis” militares americanos, ainda no começo do filme, Burton promove aqui usar a mesma selvageria que os EUA usam no trato com outras nações nas guerras que se envolvem, sendo não à toa os donos do mundo, seja por conta do poderio militar, ou através do poder midiático que produzem para fortalecer o american way of life. Essa intolerância aqui, mesmo vista pela ótica do ridículo e do humor, nunca esgota sua cumplicidade com a realidade política dos fatos que só agravaram-se com a presidência de Donald Trump.

    É interessante como o filme não tem pressa alguma de mostrar as suas criaturas de outro planeta, e o caos que elas fazem acontecer. Enquanto toda essa bizarrice de duas cabeças apaixonadas voando sem corpo passa, pouco a pouco, a ser o fator principal de uma trama baseada em como a loucura e a paranoia regem os EUA, e Las Vegas e Washington começarem a ser atacadas em divertidas e exageradas sequências de ação, fazendo pouco dessas cenas que Hollywood refaz todo ano em um sem número de filmes ruins, a crítica à política americana e ao modo de vida do Tio Sam é nítida, metaforizada aqui por um presidente incompetente, cidadãos abestados e uma cultura de espetáculo que explode pelo ar e ninguém liga porque tudo é descartável, assim como os cenários falsos e brilhantes que cercam pessoas falsas, de roupas brilhantes. De ingênuo, e ridículo, o ótimo Marte Ataca! tem apenas a sua casca, sendo uma ode apaixonada as raízes de um cineasta que nunca escondeu suas influências.

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  • Crítica | De Volta para o Futuro

    Crítica | De Volta para o Futuro


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    O tão aguardado dia 21 de outubro de 2015 chegou. O dia da chegada de Marty McFly no futuro. Futuro que a partir de hoje se tornará passado. Meio paradoxal isso, mas paradoxos temporais são mencionados durante todo o tempo pelo Dr. Emmett Brown ao longo de toda a saga. Ainda bem que esse não é um daqueles que são capazes de destruir toda a existência. A galera do Vórtex me passou a missão de falar desse que é um dos clássicos do cinema contemporâneo. Vou ser bem honesto aqui: é impossível fazer uma análise minimamente imparcial desse que deve ser um dos preferidos de muita gente e que deu origem a uma das mais divertidas e importantes sagas de todos os tempos.

    Bob Gale idealizou o filme quando estava visitando seus pais e achou uma antiga caixa de recordações deles. Ao voltar dessa visita, encontrou-se com Robert Zemeckis, contou a ele sobre seu novo conceito e os dois passaram a desenvolver um roteiro sobre um garoto de 17 anos que volta no tempo e encontra seus pais na época do colégio. Os dois levaram a ideia para a Columbia Pictures que em 1980 financiou o desenvolvimento de um script para o cinema. Porém, a produtora colocou o filme em espera. Na época, o cinema americano era povoado por comédias adolescentes de temática sexual como Porky’s, e uma comédia mais “família” talvez não obtivesse grande sucesso comercial. Gale e Zemeckis peregrinaram por todos os grandes estúdios de Hollywood e bateram com a porta fechada em todas as oportunidades. Ninguém queria bancar o filme. Por último, eles tentaram a Disney. A galera do Mickey recusou o filme alegando que a sugestão de incesto que ocorre no filme, quando Lorraine se apaixona pelo seu filho Marty após este interferir no encontro dela com seu pai, não seria apropriado para o público do estúdio. É nesse ponto que temos que agradecer muito ao senhor Steven Spielberg. Spielberg, que fez com que a Universal bancasse o projeto após enviar um memorando que convenceu o presidente do estúdio na época.

    A produção do filme teve lá seus problemas. Michael J. Fox sempre foi a escolha inicial para viver Marty McFly, mas seus compromissos com a série de TV Family Ties (Caras & Caretas no Brasil) acabaram impedindo que ele fosse escalado. Eric Stoltz entrou em seu lugar. Com duas semanas de filmagens, Stoltz sentiu que não era adequado para o papel e pediu demissão. C. Thomas Howell de A Morte Pede Carona chegou a ser cogitado para o papel, mas Zemeckis chamou Fox de volta. O ator viveu uma verdadeira maratona para gravar o filme e a série simultaneamente. Christopher Lloyd só aceitou o papel de Doc Brown após sua esposa insistir demais para que ele aceitasse. A cidade de Hill Valley, onde a produção é ambientada, foi totalmente erguida nos estúdios Universal para que tivessem liberdade para filmar. O cronograma foi apertadíssimo para que De Volta… fosse lançado na data estipulada. Porém, como todos nós sabemos, o filme deu muito certo. Vamos parar agora com os fatos históricos e partir para a análise.

    Apesar dos seus 30 anos de idade, De Volta para o Futuro é um filme que não envelhece. Robert Zemeckis e Bob Gale construíram algo que se mantém atual. A fita tem as doses corretas de ação, aventura, drama e comédia, com sequências eletrizantes que deixam o espectador pregado na poltrona e os olhos vidrados na tela, além de oferecer momentos de pura ternura capazes de mexer com os sentimentos daqueles que se julgam durões. O roteiro é bem amarrado e lida muito bem com a tal questão do incesto que a Disney repudiou. A delicadeza e a leveza com que o filme trata o amor à primeira vista, que Lorraine passa a nutrir por seu filho Marty quando este chega em 1955 e atrapalha o encontro dela com seu futuro marido (e pai de Marty) George, é algo louvável. A chance de cair no ridículo ou no mau gosto era enorme. Interessante também é a maneira que Gale e Zemeckis transformam a cidade de Hill Valley em uma personagem do filme, detalhando sua evolução e expondo os contrastes entre a versão passada de 1955 e a do presente, em 1985. Outro acerto da dupla é na forma de expor o choque de gerações, inicialmente com McFly achando aquele mundo muito estranho, mas encaixando-se a ele conforme pedido pelo jovem Dr. Brown e posteriormente quando Marty apresenta o rock n’ roll aos jovens da cidade em um momento musical genial, já que o personagem emula vários guitarristas famosos – e muito à frente daquele tempo.

    A trilha sonora, composta por Alan Silvestri, é primorosa e consegue engrandecer tudo o que acontece em tela, principalmente na sequência final em que Marty precisa acelerar o DeLorean em direção ao raio “canalizado”, que irá acionar o capacitor de fluxo e o mandar de volta para 1955. Ainda sobre a trilha sonora, mas agora sobre as músicas que tocam no ambiente do filme, a escolha é perfeita e auxilia a imersão do espectador naquele mundo. A reprodução de época é primorosa nos figurinos, carros e prédios. Nota-se que a produção se esmerou em tudo, sem deixar passar nenhum detalhe. Os efeitos especiais são em sua grande maioria práticos, o que ajuda a deixar o filme atemporal. Somente em uma cena, em que Marty começa a desaparecer, um efeito de computador um pouco grosseiro é utilizado, mas nada que possa comprometer a excelência da fita.

    O elenco não poderia ter sido melhor escalado. Michael J. Fox É Marty McFly. O ator, que na época já tinha lá os seus 24 anos de idade, faz o perfeito adolescente de 17 anos com todos os conflitos e incertezas desse conturbado período da vida: Marty não é apenas o garoto esperto com boas tiradas, típico personagem unidimensional que tanto povoa as telas do cinema. Além disso, o ator é carismático ao extremo e desperta empatia imediata quando aparece em cena. Christopher Lloyd não fica nem um pouco atrás de Fox em sua atuação. Seu Dr. Emmett Brown aparentemente parece ser aquele cientista maluco e histriônico que tanto estamos acostumados a ver, mas logo fica evidente que por trás daquele comportamento existe um homem que enxerga além. Ele não chega a funcionar como uma figura paterna de Marty, mas aquele tio bacanão e meio excêntrico que tem sempre algo bacana a transmitir para os sobrinhos, o que torna muito críveis a grande amizade e o carinho entre os dois personagens. Crispin Glover apresenta um apatetado George McFly, que chega a beirar a caricatura, mas que ao ser apresentado ao seu filho em 1955 vai se transformando e se tornando mais confiante. Glover se sai tão bem que sua atuação vai mudando em pequenos detalhes, como sua postura em cena e até mesmo o tom de voz. Já Lea Thompson tem uma atuação sensacional como uma dúbia Lorraine, já que no futuro ela é uma senhora carola e moralista, mas no passado mantinha um comportamento nada pudico, ainda que se fizesse de moça comportada perante a sua família. Biff Tannen, o valentão que é a pedra no sapato da família McFly, é interpretado de forma ameaçadora por Thomas F. Wilson. Ah, não se pode esquecer do DeLorean. O carro possui personalidade própria com suas portas asas de gaivota, suas luzes piscantes e a parafernália que o Dr. Brown instalou para possibilitar a viagem no tempo. Uma atuação tão sensacional quanto a de Herbie, o Fusca Falante.

    De Volta para o Futuro ainda deu origem a duas sequências também de altíssima qualidade (é na segunda parte que Marty aporta no dia 21 de outubro de 2015) e há 30 anos mantém-se no imaginário do espectador que toda vez que assiste, ou, se assiste pela primeira vez, rapidamente passa a se colocar na posição do protagonista e a imaginar como seria se todos os eventos do filme acontecessem com ele. Uma fábula moderna que é capaz de divertir qualquer pessoa, de qualquer idade, e que não envelheceu nada, apesar de hoje ser um trintão, tal e qual esse humilde crítico passará a ser em um futuro bem próximo. Só espero ser um trintão responsa como esse clássico.

  • Resenha | Um Otimista Incorrigível – Michael J. Fox

    Resenha | Um Otimista Incorrigível – Michael J. Fox

     

    Para o biógrafo, que conhecia bastante a identidade do objeto de análise, o divisor de águas para a carreira do ator Michael J. Fox foi a aposentadoria forçada da série Spin City graças à condição da Doença de Parkinson. É curioso como mesmo o texto sendo escrito em primeira pessoa, Michael consegue pontuar a sua própria história de um ponto de vista meio isento, como um observador distante que analisa o que houve com a trajetória do carismático protagonista de De Volta Para o Futuro. Consequentemente, seu engajamento no ativismo pró-pesquisas da doença é um fato notório que o auxiliou a lidar com ela. De título original Always Look Up, é o segundo livro do autor, que estreou com Lucky Man, ainda inédito no Brasil, discursando sobre os primeiros anos da doença.

    Tecnicamente, os únicos momentos em que o corpo de J. Fox descansa é quando ele está em absoluto repouso, ou seja, dormindo. Assim que ele acorda, seus neurônios dão o sinal ao resto do corpo para que se mexa indiscriminadamente. Até movimentos simples, como escovar os dentes, são verdadeiras odisseias, haja vista a dificuldade em manter a coordenação motora funcionando de forma minimamente aceitável. O título do primeiro rascunho seria How To Lose Your Brain Without Losing Your Mind, algo como “Como perder seu cérebro sem perder a sua mente”, mas o momento astral ao final da escrita faz com que Michael opte pela trocadilho referindo-se a sua estatura de 1,65m e a sua condição de um otimista voraz.

    O primeiro capítulo reintroduz o leitor a partir do fim de Lucky Man, explicando que mesmo após uma cirurgia cerebral, ele permanece com problemas com a movimentação do lado direito do corpo, especialmente nas pernas. Sua previsão de não gravar uma quinta temporada de Spin City aumentava o senso de urgência, podendo comprometer as gravações dos 13 episódios da derradeira seção. A dificuldade maior era interpretar uma pessoa que não tinha Parkinson, paralelamente à função de produtor do seriado, e claro, lutar contra os primeiros estágios da doença, e sem previsão de melhora – que efetivamente se cumpriu. A doença não seria algo mais ameno tampouco temporário, mas cada vez mais atroz e presente em sua rotina. Ser ator era a única profissão que ele sabia exercer, nem o colegial ele conseguira terminar, quanto mais graduações maiores. A despedida de Spin City foi carregada de emoção e, após o fim, as esperanças do ex-astro diminuíram a praticamente zero.

    A descoberta da doença foi em 1991, mas somente em 1998 ele teve segurança para revelar a público sua condição. A coragem de assumi-la doeria muito em si, mas a sensação de solidão é rapidamente substituída por uma emoção de solidariedade mútua com toda a comunidade de americanos com tal síndrome.

    As experiências são narradas por passagens curtas, de eventos importantes com pessoas famosas a cenas da sua rotina, descobrindo sua doença e os modos de viver com ela. A parte 2 faz o ar de autoajuda aumentar bastante, a partir do título Política, que acompanha citações de Christopher Reeve e de outros artistas, preconizando mensagens de não-desistência. A cruzada de Fox em posição favorável aos testes com células tronco ganha cada vez mais tempo e prestígio, especialmente após o falecimento de Chris Reeve. Seu posicionamento sofreu muita resistência por parte do governo de W. Bush, suas ações variavam entre ser o advogado da causa e continuar trabalhando esporadicamente como ator, principalmente na série Justiça Sem Limites (Boston Legal).

    Sobre a sensação de comiseração em relação à deficiência, J. Fox usa as palavras do ator de CSI duplamente amputado Robert David Hall: “Antigamente, se você tivesse alguma deficiência e fizesse TV, sempre era tocada uma música de piano ao fundo”, entretanto os tempos e a postura da opinião pública aos poucos mudavam.

    O capítulo sobre Religião não é tão interessante ou efervescente quanto os outros, principalmente pela questão de ele não ser tão contestador ou crítico em relação aos conjuntos de crenças, ainda que ele guarde algumas palavras que indagam os meandros do protestantismo. Ele não ignora as questões fundamentais, mas toma todo o cuidado de não parecer presunçoso, até porque o objetivo de Fox era demonstrar a fé por dias melhores que carregava.

    As palavras de Michael sobre seu casamento são extensas e ele logo faz questão de frisar que, após os oito anos do lançamento do primeiro livro, sua vida e a de sua esposa só melhoraram. Seus laços se fortaleceram e eles estavam mais unidos do que nunca. Nas palavras do próprio: “este foi um tempo de iluminação e aprendizado, que nós (o casal) levou a um incrível enriquecimento”. A união entre os dois ajudou a abrandar os problemas que vieram graças à doença. O show de frases-feitas continua: para o autor, o segredo de um bom casamento é “manter as brigas honestas e o sexo sacana”.

    Após a aposentadoria de Spin City e da parada momentânea da carreira de ator, MJF se vê ocupadíssimo com a sua fundação e com os afazeres de ativista político, ligado a uma causa das mais nobres. Sua trajetória é pontuada pela gratidão, especialmente por sua esposa Tracy, que, além de ser sua companheira, é também seu alicerce e a segurança que o faz ficar firme. Agradece também à Hyperion pela publicação de seu livro e aos cientistas que o ajudam a tocar a Fundação Michael J. Fox de pesquisas sobre a Doença de Parkinson.

    A trajetória de Michael prossegue em um outro livro, Coisas Engraçadas Aconteceram no Caminho Para o Futuro, assim como seu retorno à carreira de ator com a comédia The Michael J. Fox Show, em que interpreta a si mesmo fazendo troça de seus problemas cotidianos. O ator opta por enaltecer sua condição de saúde, usando seu “problema” como fonte de humor e ajudando a inspirar as pessoas que dão ouvidos às suas palavras.