Tag: Reggie Miller

  • Crítica | Troca de Talentos

    Crítica | Troca de Talentos

    Filme de 2012 dentro da estética conhecida no Brasil como filme de Sessão da Tarde, Troca de Talentos é dirigido por John Whitesell, o mesmo que fez Spot- Um Cão da Pesada e Vovó Zona…2, e começa em uma partida de basquetebol no colegial, onde o treinador Amross (Jim Belushi) fica extremamente irritado com o desempenho do seu time, o Eagles.

    Ao mesmo tempo, se percebe Brian Newall (Taylor Gray), um garoto aficionado pelo esporte, mas sem muito talento para o jogo, que admira muito Kevin Durant, ala-pivô campeão da NBA e MVP que na época estava no OKC (sigla para Oklahoma City Thunder), e ate esse momento, o destino dos dois não se cruza, além da simples relação de ídolo distante e fã.

    A abordagem e estética do longa é bem infantil, as piadas são terríveis, envolvem trapalhadas e humor físico, e os personagens não tem qualquer profundidade, substancia ou complexidade, ao contrário, são estereótipos colegiais puros e simples, mesmo Durant que é uma pessoa de verdade não consegue ultrapassar a pecha de atleta superstar, além do que a etapa da jornada do herói conhecida como o Chamado a Aventura é muito parecida com a trama dos vilões de Space Jam.

    Não há muitos motivos para Brian ser tão odiado por seus colegas. Por ele ser um perdedor não justifica muito o fato de ser perseguido pelos populares, tirando é claro a condição dele ser o protagonista “humano” do filme. O filme ganha quando vai as quadras, e mostra Kevin em ação pelo OKC, mas isso é muito curto, e é exatamente nesse momento, ao consolar Brian que o jogador acaba por dar seu talento ao menino, sem maiores explicações, como que por mágica.

    O filme melhora ligeiramente após a tal troca de talentos, Brian começa a se dar bem, melhora e muito seus arremessos, e até chama a atenção de Isabel (Tristin Mays), a menina por quem sempre nutriu um amor platônico. Ao menos, quando a trama se torna positiva para o “herói” da jornada, o filme melhora em termos de diversão e carisma. Brian quando começa a jogar bem é muito mais divertido que o vilãozinho estúpido Connor, vivido por Spencer Daniels.

    De curioso, há o fato de que um dos comentaristas é Steve Kerr, que futuramente, seria técnico do Golden State Warriors, o mesmo time que eliminou o OKC nas finais de 2015/16 e que teria parte com Durant nesse mesmo time, com os títulos de 16/17, 17/18 e o vice campeonato em 2018/2019. No filme, ele é bem duro nos comentários a Durant em quadra, mas a realidade é que quando joga, ele ainda tem algumas boas características, mas quando tenta atuar é algo sofrível, não tendo qualquer momento positivo.

    Há participações especiais de Reggie Miller, Shaquille O’Neal e Charles Barkley, e uma tentativa desesperada de emular características de Space Jam, além de “prever” boa parte do elenco de Tio Drew. Há também participação também de Kenny Smith, e é esse aspecto, das participações especiais o ponto mais alto que o filme atinge. Não há sequer uma maior reflexão sobre bullying ou super exposição  de crianças e  adolescentes nas mídias sociais, tampouco há qualquer explicação para Brian não se afetar nem um pouco pela má fase de seu ídolo, ao passo que também não faz muito sentido toda a mitologia em torna da troca de habilidades dos jogadores de basquete. Nem a relação entre pai e filho, que tinha potencial no início do longa é desenvolvida direito, também não há muito desenvolvimento nem do romance com Isabel e nem com o fato dele começar a ser arrogante do nada. Nem a mensagem de Durant, de que um aspirante a jogador deve treinar muito, nem isso gera reflexão em qualquer personagem, e Troca de Talentos é frívolo até entre os piores filmes sobre o esporte basquetebol, e praticamente só acerta quando referencia outras obras ligadas ao esporte.

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  • Crítica | Winning Time: Reggie Miller vs The New York Knicks

    Crítica | Winning Time: Reggie Miller vs The New York Knicks

    Documentário 30 for 30 da Espn, conduzido por Dan Klores, Winning Time: Reggie Miller vs The New York Knicks aborda um jogo (na verdade, uma série de jogos) lendário, focado bastante nesse primeiro confronto de semifinais da Eastern Conference (também conhecida como Conferência Leste), entre o Pacers e Knicks, no ano de 1995. Nesse início, antes mesmo de se falar da personalidade forte de Miller, há um lembrete, de ele, o ala-armador de Indiana tentou cumprimentar John Starcks, jogador do adversário pelos idos do mata-mata, mas não recebeu o mesmo tratamento cordial dele.

    Reggie é tratado como um dos maiores manipuladores do jogo em quadra em sua época, e não é à toa. Ele evocava o pior do temperamento de seus adversários, mas a irritação que ele causava era (supostamente) fruto de sua qualidade em quadra, embora alguns adversários declarem que odeiam ele, como Patrick Ewing, que até afirma que o odiava. A realidade é que ele chegou a irritar até Michael Jordan. Ele fingia falsas contusões, atrapalhava a visão do adversário em quadra  estendendo a mão aberta sobre o rosto dos  rivais, falava o tempo todo praticando o famigerado trash talk. – esse .Um dos principais alvos disso, foi Starcks, que saiu do jogo exatamente por perder a cabeça contra ele durante os confrontos.

    Miller era um sujeito bem engraçado, ele afirma na frente das câmeras, na época que é um cara bom, mas no documentário afirma que se soubesse que a mãe de Starcks reclamou com Ewing sobre ele ser violento com seu filho, certamente usaria isso demais em quadra. A realidade é que o ala-armador era amado pelos seus, apesar de todos os pesares. Antes de se profissionalizar, ele era mais conhecido por ser irmão de Cheryl Miller (que aliás, é uma das entrevistadas também, junto a  Ewing e o próprio Reggie), que era uma promissora jogadora. O dirigente que escolheu Reggie no draft foi até ameaçado de morte, pois a expectativa era que se trouxesse Steve Alford, que era de Indiana, que por sua vez, era um rapaz branco, carismático, com pose de bom moço e que certamente seria o casamento perfeito com o time. Não demorou muito para se reverter esse quadro e essa parte do filme conversa bem com outro 30 for 30, This Magic Moment, no momento que se fala da contratação de Penny Hardaway, escolhido pelo Orlando Magics e que também se tornou ídolo da franquia. Essa era historia meio comum na NBA, de figuras rejeitadas darem a volta por cima e sem muita demora.

    O filme  resgata muito da memória dos anos 80 nos Knicks, da época das vacas magras até o draft em que Ewing foi a escolha primaria e reforçou o time de Nova York, e esse panorama é importante de ser estabelecida até para entender o barril de pólvora que foi toda essa luta, e incrivelmente o filme consegue explicitar muitos aspectos bem diferentes em apenas 69 minutos, que são inteiramente divertidos, especialmente quando mostra a briga entre Reggie e Spike Lee, diretor de cinema fanático pelo Knicks e que ficava a beira da quadra brigando com o ala. Os dois elevaram a rivalidade a um nível tão alto, que fizeram uma aposta, se Knicks vencesse, Reggie teria q visitar Mike Tyson na prisão , se Indiana passasse, a esposa de Miller teria um papel no próximo filme do cineasta, e toda essa gracinha torna ainda mais hilário o filme, cujo formato é bem engraçado, mostrando essas “briguinhas” de maneira dinâmica, aumentando a expectativa do duelo de titãs que ocorreria entre as duas franquias.

    A provocação de Lee gerava controversia, especialmente depois que Reggie “venceu”. Para os apoiadores do Paces, a provocação do cineasta soava como a dos garotos ruins de bola, que ficavam do lado de fora enchendo quem estava em quadra. Para a imprensa – o Daily News deu  isso na capa – Spike atrapalhou o time, ao irritar e inspirar Miller a jogar de maneira matadora, pois esse elemento externo que ele era e a encheção de paciência extrapolava o direito dele de pagar mais caro para estar próximo do jogo. Ele respirava o mesmo ar dos times, mas não suava o mesmo suor, mas tinha privilégios, e evidentemente que isso tem repercussão fora de quadra. Lee, ao ir em Indiana foi muito hostilizado, e para ele, isso era fruto (também) de Indiana ser o berço da Ku Klux Klan e que isso ajudaria a explicar o tamanho da raiva da torcida adversária a si, com proporções de ódio exageradas ou não,  ele se prontificou a ir para o jogo.

    O ala armador continua sendo considerado o único adversário dos Knicks nos 7 jogos, o responsável pela derrota ou pela vitória , mas sua influencia emocional ia muito além até da desestabilização emocional de Starks (que em um dos jogos, errou uma série grande de lances livres que poderiam lhe dar a vitória), pois num ultimo momento, até Ewing erra, ao bater a bola da virada no aro, indo para fora a chance de titulo em cima de Miller e do Knicks. Winning Time é um filme que transborda carisma, mostra um personagem rico, inteligente, amado e odiado – bem diferente de Christian Laettner, protagonista de I Hate Christian Lattener, outro excelente documentário – e fala um bocado sobre duas franquias que desde essa época, não tiveram títulos, ou grande disputas, e essa riqueza de detalhes ajuda a explicar um pouco da mitologia em volta da NBA que vai muito além de finais e títulos, dando voz a pessoas e times normalmente excluídos dos maiores holofotes do basquete americano.

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  • Crítica | Tio Drew

    Crítica | Tio Drew

    Charles Stone III, diretor da comédia O Rei do Jogo e do genérico de ação protagonizado por mulheres Lila & Eve surpreendeu o mundo ao realizar um filme sobre esporte e superação com não atores – entre jogadores, como Kyrie Irving e Aaron Gordon e ex-jogadores da NBA, incluindo aí Shaquille O’Neal, Chris Webber, Reggie Miller, Nate Robinson e até a campeão mundial de basquete feminino Lisa Leslie – que foi muito elogiado, trata-se de Tio Drew, produção em parceria com a Amazon que chegou a ser cogitado para a temporada de premiações nas categorias de maquiagem.

    A historia é engraçada, começa como um falso documentário da ESPN, no formato 30/30, explicando a importância de uma lenda do basquete de rua, fruto da lendária quadra Rucker Park, no Harlem – local que foi alvo do documentário #Rucker50, que inclusive, seria o torneio que o filme retrata – um sujeito tão mágico que seria ele a figura da silhueta símbolo da NBA, claro, com o cabelo mais comportado, isso dito pelo próprio Jerry West, que seria o real modelo. Nessa parte, se vê figuras como Dikembe Motumbo, Steve Nash e outras figuras do Harlem e do resto dos Estados Unidos, louvando a memória desse ótimo jogador, que desapareceu.

    Paralelo a essa historia, corre do medíocre Dax (Lil Rel Howery), um aficionado pelo esporte. Quando criança se inspirava demais em Michael Jordan, e ia bem, até ser bloqueado por Mookie Bass, que na fase adulta é feito por Nick Kroll. O insucesso da infância persegue ele, mesmo na fase da meia idade, quando treina um time amador. Após Dax fracassar, seu caminho cruza o de Drew, como dois astros cadentes, que vêem em ambas misérias a possibilidade de melhorar, embora o homem geriátrico já não tenha nem vontade nem disposição para competir, precisando ser convencido – o que aliás, nem demanda tanto esforço do treinador.

    Kyrie Irving já vinha fazendo o personagem em comerciais da Pepsi desde 2012, tanto que Uncle Drew virou seu apelido. É engraçado como a maquiagem tosca funciona bem, e torna o filme em algo despretensioso e ao mesmo tempo mágico. A sensação de que o basquete é o evento e coisa mais magnífica e mágica do mundo é muito bem

    Há pequenas menções e reverências do filme, como o personagem Lights, de Reggie Miller, que tem toda a compleição física de Kareem Abdul Jabbar, a lenda do basquete que se tornou ator e discípulo de Bruce Lee – há de se lembrar também que Reggie tinha momentos homéricos de discussão com Spike Lee, nos jogos contra o New York Knicks. Se da parte dramática, na relação entre os personagens principais que vem a formar o quinteto titular do Harlem Money há um show de momentos bem piegas e clichês do roteiro de Jay Longino, sobra espontaneidade e naturalidade por parte do elenco, em especial Irving e Shaq, que finalmente se redime pelos péssimos Kazaam e Steel, retomando uma boa participação como havia feito em Blue Chips.

    É um bocado estranho como, mesmo tendo maquiagens e efeitos muito pesados e risíveis, mesmo com uma história de fundo bem fraca para cada um dos personagens, há também muita alma e muita graça na comédia. Tio Drew está longe de ser um filme hilário, suas piadas são muito básicas, mas há claramente um esforço por parte de quem fez o filme acontecer para que este seja uma reverência ao basquete de rua, a tradição do Harlem em formar jogadores profissionais e amadores, e claro, a prática dos showmans do garrafão.

    A magia e atmosfera da localidade, da comunidade e do Rucker Park é muito bem registrada, além é claro desse ser uma ode ao basquete clássico, pondo frente a frente um crossover que reside no imaginário dos fãs mais ardorosos da NBA, que adoram colocar frente a frente times do presente e do passado, e a batalha moral entre Chris Webber e Aaron Gordon. Tio Drew mistura elementos típicos dos filmes mais melosos de Adam Sandler com uma genuína necessidade de louvar as origens do basquetebol americano, pondo tanta alma e verve neste último que todo o resto é compensado, não se imaginava quando Irving protagonizava os comerciais de refrigerante que algo tão sentimental e singelo sairia como esse saiu – e nem que o filme teria uma representação de movimentos de basquete tão boa quanto em Brancos Não Sabem Enterrar e Blue Chips – e de certa forma a vida imita a arte, uma vez que não tanto tempo após o filme ser lançado, Irving voltaria a bater bola em Nova York, passando a jogar pela franquia do Brooklyn Nets, resta saber se terá tanto sucesso quanto seu personagem teve no Jubileu do Rucker Park, só o tempo dirá.

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