Crítica | Regras da Atração
Regras da Atração, baseado no livro homônimo de Bret Easton Ellis e dirigido por Roger Avary e considerado um dos trabalhos mais significativos do mesmo como diretor. Assim como os demais trabalhos de Ellis, vai se focar em uma geração perdida e vazia, de jovens ricos, os quais se entregam às drogas e ao sexo.
A história do filme vai se envolver nos conflitos e confusões amorosas de alguns jovens: Sean (interpretado por James Van Der Beek), traficante de drogas na universidade de New Hampshire, o qual é apaixonado por Lauren (Shannyn Sossamon), que está guardando sua virgindade para Victor (Kip Pardue), o qual já namorou Paul (Ian Somerhalder), que por sua vez só possui olhos para Sean.
Durante toda a narrativa, somos apresentados aos fatos através dos olhos de Sean, Lauren e Paul, muitas vezes inclusive repetindo algumas cenas com o intuito de mostrar as mesmas situações, mas dos olhos de cada um deles. Essa é a primeira coisa a se dizer sobre o filme, o qual explora esses momentos com vários recursos divertidos e muito válidos à trama. Temos a “rebobinação” de cenas e o uso de “Split-screen” (tela dividida em duas). Em uma das cenas, duas câmeras se encontram e se unem a partir do momento em que Sean e Lauren se encontram também. Alguns momentos do filme são muito significativos e mesclam bem ao jogo de câmeras utilizados.
Alguns podem achar que se trata de mais um filme do estilo de “American Pie”, mas aqui cabe uma ressalva, pois Regras da Atração não busca apenas mostrar o lado divertido da vida de jovens pansexualistas. Breast Easton Ellis é conhecido por retratar uma geração vazia de uma juventude entregue aos prazeres e a efemeridade da vida.
Por mais que Regras da Atração possua esse lado divertido, temos situações que beiram o desesperador. Sean recebia cartas de uma admiradora secreta, a qual acreditava ser Lauren. Em determinado momento do filme uma garota completamente desconhecida ao espectador se mata em uma banheira, em uma das cenas de suicídio mais significativas que pude ver em filmes – e não pelo explícito da cena, mas pelo o que ela passaria a significar. Em flashbacks o diretor nos mostra a garota em dezenas de cenas anteriores do filme, porém em posições secundárias. Avary nos faz sentir que assim como Sean havia ignorado a a existência da sua real admiradora secreta no seu dia a dia, nós também a ignoramos. Os espectadores eram cúmplices de Sean ao fazê-la se sentir extremamente solitária, perder as esperanças e se matar.
Tudo o que acontece leva a um fim onde todos os personagens acabam se entregando para a própria decadência e se conformando com ela. Regras da Atração é uma jornada a um mundo de jovens irreverentes e sem escrúpulos. As atuações são significativas para somar positivamente à narrativa deste filme. Avary adaptou muito bem os sentimentos, os quais Ellis é conhecido por passar em suas obras.
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Texto de autoria de Pedro Lobato.
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