Crítica | A Origem do Mundo
Normalmente associado a direção de arte de produtos audiovisuais, Moa Batsow dirige um dos volumes do projeto Tela Brilhadora, no hermético e contemplativo Origem do Mundo, um ensaio em forma de documentário, que visa elucubrar sobre a pré-história através da arte popular e do folclore brasileiro.
A câmera varia entre o retratar dos repentistas, que declamam poemas a respeito do início da vida humana, além de registrar pedras e outros resquícios da natureza bruta usando desenhos na rocha para simbolizar as artes rupestres antigas, tão alardeadas pelos escavadores e arqueólogos. A tentativa de Batsow em produzir um filme ensaio esbarra em sua proposta e na clara falta de conteúdo a abordar.
Os personagens entrevistados ao menos tem algum carisma, o que garante um charme discreto ao filme, utilizando da simplicidade de outrem para tentar gerar simpatia nos pouco mais de 60 minutos de registro. Mesmo a curta duração do projeto parece bem mais extensa, graças ao enfado que ocorre em quem assiste o produto até o seu fim.
A pretensão em fazer poesia via imagens pouco é alcançada, dando lugar somente a arrogância estilística, com as mesmas intenções vistas em O Espelho, O Prefeito e Garoto, ainda que sua execução consiga reunir os defeitos de todas as outras apresentações. Nem mesmo os textos de Bernardo Silva Ramos conseguem salvar a discussão em torno de Origem do Mundo, soando frívolos até os escritos canônicos do arqueologista e linguista.