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  • Crítica | De Canção em Canção

    Crítica | De Canção em Canção

    O novo trabalho do cineasta Terrence Malick traz à tona um filme que lança mão de suas marcas enquanto diretor, mas que também se ocupa de buscar um diferencial narrativo de seus longas anteriores. Em De Canção em Canção (Song to Song), a história desenrola fatos sobre a cena musical em Austin, Texas. Nesse cenário, dois triângulos amorosos se cruzam, em mais uma elucubração sobre o estilo de vida típico do gênero musical e lema sexo, drogas e Rock and Roll.

    Os trabalhos de Malick dependem muito do ambiente de isolamento que as salas de cinema proporcionam, e seu último longa, Cavaleiro de Copas, foi pouco exibido no Brasil, uma vez que foi lançado direto para o mercado de homevideo/streaming, passando apenas em festivais pontuais. O núcleo explorado em De Canção em Canção envolve primeiramente Cook (Michael Fassbender) e o casal Fayer (Rooney Mara) e BV (Ryan Gosling). Posteriormente, Rhonda (Natalie Portman) é introduzida para expor então outro núcleo de relações a serem mescladas e exploradas.

    O conto sobre rockstars mira a contracultura e a vida sem maiores aprisionamentos morais, mas esbarra em uma construção do sexo um pouco conservadora, faltando inclusive cenas de nudez entre os entes, que são boêmios confessos. De certa forma, a câmera de Malick é bastante moralista ao mostrar as relações. As poucas cenas de sexo são insossas, referenciando (provavelmente) o quão deprimente e sem conteúdo podem ser os enlaces sentimentais dessas personagens. Ainda assim, o puritanismo não se justifica, mesmo nas cenas de sedução entre pessoas do mesmo sexo.

    O elenco está afiado, como normalmente se dá nos filmes de Malick, mas o destaque positivo é a entrega de corpo e alma de Bérénice Marlohe em sua personagem, Zoey. Em meio a tantas personagens que carecem de cor e carisma, sua vibração sobressai, tornando os ambientes acinzentados em aquarelas belas e repletas de vida.

    Apesar das belas cenas e do desempenho bom de seu elenco, Malick não consegue fugir de sua fórmula, parecendo este ser mais uma das continuações de Amor Pleno, o que por si só é uma pena, já que sua filmografia aumentou muito nos últimos anos, no entanto, parece se repetir em temas e narrativas recentemente, piorando bastante neste seu mais recente trabalho, que soa como auto-ajuda na maior parte dos momentos.

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  • Crítica | Cavaleiro de Copas

    Crítica | Cavaleiro de Copas

    Terrence Malick teve uma retomada recente e curiosa em sua carreira. Em pouco tempo, após Árvore da Vida, ele mais que dobrou sua filmografia, que começou em 1973, com Terra de Ninguém, e tem nesse Cavaleiro de Copas, seu sétimo filme de longa metragem. Essa nova fase mais prolífica do cineasta resulta em alguns fatos incomuns, como a utilização de um hermetismo para contar suas histórias, se valendo de uma narrativa bastante similar àquela utilizada em Amor Pleno, usando de cortes e filmagens não normativas para expressar os sentimentos das pessoas enquadradas em tela.

    A jornada de Rick começa com uma sucessão de eventos aleatórios, que o próprio não consegue entender. O personagem de Christian Bale é um escritor que tem de lidar com uma confusão mental e emocional, representada em tela pelos ângulos obtusos de Malick e por sua contemplação que permeiam a maioria esmagadora das cenas.

    O roteiro se debruça sobre as relações que o personagem tem, desde as frustrações amorosas que sofre e impele, até as relações com os parentes mais próximos. A sensação ao se deparar com a história, dividida em capítulos, é de se reprisar toda a estrutura narrativa de Árvore da Vida e Amor Pleno, gerando inclusive um certo enfado no espectador, além da sensação de estar sendo ludibriado em alguns momentos por sofrer a interferência de uma fórmula que se utiliza dos mesmos clichês e arquétipos para contar histórias diferentes, mas que tem no modo de se chegar até elas o mesmo norte e coincidências artísticas de outros trabalhos do diretor. A marca de Malick aos poucos vai demonstrando um desgaste.

    A música de Hanan Townshend faz lembrar ainda mais dos métodos que Malick utiliza em seus filmes, ainda que de todas as participações repetidas, essa seja a que mais apresenta traços de ineditismo. Natalie Portman Cate Blanchett ajudam a estabelecer a atmosfera obscura presente no inconsciente do protagonista, demonstrando na prática o quão passageira é sua existência e os relacionamentos que acumula durante sua vida. Já o restante do elenco faz aparições pontuais que mal se nota parte dessas presenças, mesmo com a presença de Wes Bentley, que costuma entregar atuações superficiais e rasas. Cavaleiro de Copas acaba sendo um manifesto sobre o vazio existencial, acertando em alguns pontos mas prevalecendo a triste sensação de repetição de ciclo.

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  • Agenda Cultural 54 | Zumbis Cubanos, Mutantes Imortais e Robôs Gigantes

    Agenda Cultural 54 | Zumbis Cubanos, Mutantes Imortais e Robôs Gigantes

    agenda54

    Depois de um loooooongo inverno… Bem vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Filipe Pereira, Jackson Good (@jacksgood) e Carlos Brito se reúnem para comentar dos recentíssimos lançamentos do cinema. Nesta edição conheçam um pouco sobre os mortos-vivos da ilha do Fidel, mutantes imortais, fisiculturistas assaltantes, robôs gigantes (o filme, não o podcast sem graça) e outras merdas. Aproveitem enquanto ainda temos saco pra isso e deixem seus comentários =D

    Duração: 84 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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    Comentados na Edição

    Cinema

    Crítica Juan dos Mortos
    A Aventura de Kon Tiki
    Crítica Wolverine Imortal
    Crítica Tese Sobre um Homicídio
    Crítica Círculo de Fogo
    Crítica Amantes Passageiros
    Percy Jackson e o Mar de Monstros
    Crítica Amor Pleno
    Crítica Sem Dor, Sem Ganho

  • Crítica | Amor Pleno

    Crítica | Amor Pleno

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    A filmografia de Terrence Malick prima por uma caraterização visual ímpar, na maioria das vezes com poucos diálogos e recheada de imagens belas, oníricas, grandiosas e magnânimas. Foi assim em seu Árvore da Vida – vencedor da Palma de Ouro em Cannes, em 2011 – em que o realizador usa imagens de uma Natureza exuberante para apequenar o homem diante do Divino. Em Amor Pleno, Malick se usa dessa técnica novamente, mas muda a ótica e o enfoque.

    To The Wonder pode gerar inúmeras interpretações, até por seu caráter pouco comercial. Não segue os padrões hollywoodianos, mas ainda assim é bem mais palatável ao espectador pouco acostumado do que o seu anterior. Um de seus focos é nas relações entre os personagens, principalmente o amor e como a vida é construída baseada nesse sentimento.

    A relação entre Marina – feita pela inexoravelmente apaixonante Olga Kurylenko – e Neil – com um Ben Affleck muito comedido – passar por quase todos os estágios da Perspectiva da Morte, como negação, isolamento, raiva, depressão, o que faz muito sentido principalmente quando se analisa o papel de Marina. O passado da protagonista não é mostrado ou comentado diretamente, seu background é construído baseado nos seus relatos poetizados – que constituem um dos pontos fortes do filme – não são óbvios, são tocantes e belíssimos.

    A fragilidade do estado emocional de Marina é exposta inúmeras vezes através de signos visuais, como nas pegadas na areia cinzenta, ou na procura por uma resposta na figura religiosa – que tem como avatar o personagem de Javier Bardem. Os ângulos precisos, hora por baixo – detalhe nos pés – às vezes pelo alto – por cima das cabeças – verbalizam através da imagem o estado de espírito dela e de outros personagens. Quase sempre que é enquadrado, Ben Affleck é cortado (especialmente acima da cabeça). A câmera treme o tempo todo, e se mostra confusa, assim como a ótica de Marina em relação ao seu amado e a própria vida.

    As atuações constituem um dos melhores pontos do filme, é impossível não se afeiçoar a Olga Kurylenko, bela e talentosa demais, o espectador se vê obrigado a acreditar em seu drama. Bardem faz mais do mesmo, o que é sempre bom em seu caso. Rachel McAdams e sua Jane também emprestam veracidade à trama, a postura de sua personagem ajuda a evidenciar que os problemas da relação entre o casal de protagonistas, não passava pelo desdém de Neil, ao contrário da fala de Marina: “Pessoas fracas não conseguem terminar as coisas, elas esperam que os outros terminem por elas”. Jane se vê completamente refém do amor que Neil transfere a ela, sentimento este que deveria ser entregue a Marina.

    O deslumbre visual, ao contrário do produto anterior de Terrence Malick, é focado em imagens de coisas ordinárias e cotidianas, que reforçam a ideia da dificuldade em manter o relacionamento vivo. O cineasta gosta de colocar a Divindade como um alvo importante e até inalcançável para os seus personagens. Amor Pleno é uma experiência única, e deve ser vista como tal, causa fascínio no receptor e o torna testemunha das maravilhas mostradas na tela.