Tag: Western

  • Resenha | Mágico Vento

    Resenha | Mágico Vento


    Hoje irei inovar um pouco e falar sobre um quadrinho excelente, que poucos conhecem: Mágico Vento.

    Trata-se de um fumetti, ou seja, HQ italiana. Alguns podem ter ouvido falar do Tex, também conhecido como “gibizinho preto e branco de faroeste do tempo do meu avô”. Publicado até hoje, e muito bom, aliás. Mágico Vento é da mesma linha, só que mais recente. A série começou na Itália nos anos 90 e a editora Mythos trouxe pro Brasil em 2002.

    Mas de que trata essa série, afinal? Também é um faroeste, mas muito mais profundo, maduro, adulto e etc. O protagonista é Ned Ellis, soldado que foi ferido na explosão de um trem. Com uma farpa de metal cravada no cérebro, ele perde todas as memórias, mas ganha o dom de ter visões e premonições. Salvo da morte por um velho xamã índio, Ned recebe o nome de Mágico Vento e se torna aprendiz de feiticeiro (hehe) e membro da tribo Sioux. Seu amigo e parceiro de aventuras é Poe, um jornalista alcoólatra sósia de Edgar Alan Poe.

    A partir daí, a série se desenvolve cada vez mais, e aborda muitos temas: cultura indígena, com costumes, lendas e tal; terror, com as criaturas mais bizarras enfrentando o herói. História, mostrando com realismo absurdo como foi o Velho Oeste americano, inclusive aparecendo personagens reais (General Custer, Touro Sentado e vários outros); política, com Ned envolvido com intrigas governamentais em tramas dignas dos melhores filmes de espionagem. Tudo isso com muita ação típica do Western, com tiroteios a rodo.

    Um dos detalhes mais interessantes é que aos poucos vão sendo revelados detalhes do passado de Mágico Vento. O leitor descobre as coisas junto com o herói, uma fórmula que nunca falha. Cada edição tem uma história específica, que pode ser lida separadamente, mas há um plot central que vai aos poucos se desenhando. E é de explodir cabeças.

    O criador e roteirista da série é o genial Gianfranco Manfredi. Na Itália ele é um famoso roteirista de cinema, TV, livros e claro, quadrinhos. Seus roteiros em Mágico Vento são embasados em muita pesquisa, o que garante uma verdadeira aula a cada edição. A equipe de desenhistas conta com vários artistas espetaculares, um dos melhores é o croata Goran Parlov. Alguns aí devem ter visto o trabalho dele em Justiceiro MAX, nas histórias com o Barracuda. O traço do cara ficou legal colorido, mas em P/B ele simplesmente HUMILHA.

    Enfim, eu poderia escrever páginas e mais páginas sobre essa série fantástica, mas fica a dica. Se alguém tem preconceito contra faroeste, gibis preto e branco ou o que for, Mágico Vento merece o benefício da dúvida. Pode ser a porta para um mundo novo, um estilo bem diferente de HQ, que infelizmente é bem menos conhecido do que comics e mangás.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | O Estranho Sem Nome

    Crítica | O Estranho Sem Nome

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    O Estranho Sem Nome foi o primeiro western dirigido por Clint Eastwood e o segundo em sua carreira, contando com forte influência dos western spaghetti italianos onde o ator se tornou conhecido, contudo, o longa imprime um forte toque autoral e já demonstra o amor do cineasta pela mitologia que envolve os clássicos do gênero, onde o diretor desenvolveria mais vezes ao longo de sua carreira.

    O longa se inicia como muitos outros filmes do gênero, o clima árido das pradarias e ao longe surge a figura de Clint Eastwood montado em seu cavalo rumo a cidade de Lago. Ao adentrar no local, todos o olham com um misto de surpresa e medo, já que o sujeito parece não querer boa coisa no local e talvez tenha até mesmo traços familiares para os habitantes daquela cidade. Com pouco tempo, o cavaleiro misterioso mostra a que veio, matando três pistoleiros que cruzam seu caminho e “estupra” uma das moradoras da cidade.

    Os moradores da cidade vêem na figura do misterioso paladino a chance de se protegerem de três bandidos recém libertados da prisão que prometeram retornar a cidade de Lago para se vingarem de seus habitantes. Apesar de se mostrar relutante em ajudar os moradores, o pistoleiro acaba concordando em proteger a cidade, desde que cumpram suas duas condições: Que todos os moradores ajudariam a capturar os bandidos e que ele teria crédito ilimitados em todos os estabelecimentos da cidade.

    Com base nisso a trama se desenrola, com o protagonista transformando a pequena cidade em um verdadeiro inferno, sem deixar claro quais são as reais motivações do personagem, já que suas atitudes são sempre ambíguas, o que acaba sendo uma das características das personagens do diretor, donos de uma essência misteriosa, de poucas palavras, capazes de se expressarem apenas com olhares. Em O Estranho Sem Nome, Clint traz uma série de arquétipos para distorcê-los no momento seguinte.

    O protagonista parece ter repulsa pela maioria dos habitantes da cidade, o que nos causa uma certa estranheza do motivo disso e de qual é sua origem. Isso fica claro com uma cena onde é repetida durante o filme, mostrando um homem sendo chicoteado e morto por três homens na cidade de Lago, onde todos os habitantes da cidade assistem ao massacre e não fazem nada para impedi-lo. O acontecimento é um segredo guardado a sete chaves pelos moradores, e de alguma forma, parece ter ligação direta com o pistoleiro misterioso.

    O Estranho Sem Nome é recheado de simbologia; O roteiro da dupla Ernest Tidyman e Dean Reisner é fluido e aborda temas atuais em uma história contada em um passado já remoto; A direção de Clint e a fotografia Bruce Surtess são magníficas e poéticas, retratando toda obscuridade, tristeza, misticismo e até um certo toque pessimista na película. Os enquadramentos lembram o diretor Sergio Leone (o que rende referência ao seu nome e de Don Siegel em uma das lápides do cemitério de Lago) em alguns momentos, em outros dão uma estética sombria e ameaçadora ao personagem, sempre filmando o de baixo pra cima, dando-lhe uma grandeza ainda maior.

    Clint Eastwood trouxe um western que foge completamente dos padrões do gênero, soando moderno, ousado, repleto de suspense e que ainda por cima pode ser interpretado sob diversas visões.

  • Crítica | O Cavaleiro Solitário

    Crítica | O Cavaleiro Solitário

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    Em 1985, Clint Eastwood dirige seu terceiro western, O Cavaleiro Solitário, àquele que é considerado por muitos como o irmão gêmeo de O Estranho Sem Nome, com suas devidas ressalvas. Afinal, ambos os protagonistas são seres “sobrenaturais” que retornam dos mortos por um plano maior, enquanto um parece saído do inferno, o outro parece enviado do céu.

    Dois filmes que possuem personagens movidos por um mesmo ideal, por um objetivo em comum, enquanto um deles busca somente a vingança, o outro a está evitando, buscando uma forma de redenção que parece não vir nunca. Os personagens têm suas similaridades mas suas motivações são completamente opostas, assim como os dois lados de uma mesma moeda.

    Na trama, conhecemos Coy LaHood (Richard Dysart), um empresário de uma corporação que explora minas a procura de ouro no Norte da Califórnia. Em defesa dos seus interesses, ele quer a todo custo expulsar os mineiros da região em busca do domínio absoluto. Quando tudo parecia perdido, surge um Cavaleiro Solitário (Eastwood) que se denomina apenas como O Pregador e parece pronto para ajudar essa comunidade de mineiros, custe o que custar.

    Clint Eastwood interpreta esta figura solitária de poucas palavras, que surge em seu seu cavalo não se sabe bem de onde, trajando uma batina. Suas emoções são transmitidas através de seus gestos, cada cena em tela é preenchida com seus olhos, rosto na sobra e canto de boca. A figura do cavaleiro solitário dos westerns clássicos que Eastwood fez questão de homenagear aqui. Apesar do que já foi falado acima, o filme é sutil e não escancara nada, apenas deixa a possibilidade de que o personagem seja um ser sobrenatural que volta do túmulo para confrontar quem o assassinou, um cavaleiro pálido (Pale Rider) que representa a morte.

    A fotografia do filme remete diretamente aos westerns tradicionais, algo que Clint fez questão de trazer à tona em pleno anos 80. O personagem de Eastwood quase sempre é fotografado com uma iluminação forte, que exige um esforço para vê-lo, sugerindo todo ar misterioso que o personagem tem. O roteiro e a narrativa do diretor vão preenchendo cada plano com perfeição sem soar gratuito ou desnecessário, seja as cenas que contribuem para a construção de uma comunidade ou da própria figura mítica do cavaleiro solitário.

    O filme erra em mostrar momentos chave em que colocam em xeque a figura desse cavaleiro, cenas que poderiam ter sido cortadas, pois atrapalham na abordagem quase lúdica que o filme tem em vários momentos. Além disso, na época de seu lançamento, muitos críticos argumentavam que esse tipo de história já tinha sido contada diversas vezes (Os Brutos Também Amam e tantos outros). O fato é que são poucos os diretores que souberam colocar suas assinaturas da maneira que Clint fez, ao expor todas as sutilezas que esse tipo de história deveria ter. O Pregador é um personagem ambíguo e distante dos maniqueísmos dos filmes do gênero. Está aí a grande sacada do filme.

  • Crítica | Josey Wales, O Fora-da-Lei

    Crítica | Josey Wales, O Fora-da-Lei

    Josey Wales

    Em 1976, Clint Eastwood dirigiu um dos grandes clássicos do western revisionista, mas que infelizmente não teve tanto alarde como deveria. Josey Wales, o Fora-da-Lei consolidou o nome de Eastwood como um cineasta talentoso, porém, seu devido reconhecimento surgiu apenas anos depois, já que até então Clint carregava o estigma de ser apenas um ator de filmes policiais e westerns, que brincava de dirigir. A história começou a mudar após este clássico.

    Na abertura do longa, conhecemos a história do personagem e o que irá ser sua motivação durante toda ela, a vingança de sua família. A história é ambientada durante o fim da Guerra Civil Americana, e nesse período conhecemos Josey Wales (Clint Eastwood), um pacífico fazendeiro que vê sua  família ser assassinada brutalmente por um grupo de soldados que apoiam a União. A única coisa que restou em Wales foi uma cicatriz em seu rosto, como lembrança do acontecido e simboliza sua dor interior que ele passaria a carregar. Ao se ver sem família e sem lar, Wales parte em busca de vingança e se junta a um bando de soldados confederados esperando a oportunidade de encontrar aqueles que destruíram sua vida. Em pouco tempo, Wales se torna uma lenda entre as tropas do Norte e do Sul, conhecido como um grande pistoleiro de poucas palavras,  porém, quando a guerra acaba, ele se recusa a se render à União e se torna um Fora-da-Lei com cabeça à prêmio.

    Até então temos um típico personagem de western que já vimos Clint interpretar durante muito tempo, inclusive nos filmes do Leone, um sujeito solitário, de poucas palavras, quase invulnerável e que vive por seu próprio código de conduta. Mas Clint consegue demonstrar nuances deste personagem com poucos minutos em tela, deixando claro que ele não é apenas um retrato já conhecido, Wales é um homem íntegro e melancólico e não aquela figura quase sobrenatural do cavaleiro solitário.

    Essas mudanças ficam ainda mais claras quando Wales passa a se tornar responsável por um grupo de marginalizados que vagam pelo deserto em busca de algo para se apoiar, entre eles uma família do Kansas que é salva por ele, uma jovem índia e claro, o Chefe Dan George que interpreta um velho índio, que de longe têm os melhores diálogos do filme. O velho índio e Wales têm muito em comum, enquanto o índio perdeu todo seu laço com suas raízes e sente humilhado, Wales perdeu sua família e seu lar, mas ambos estampam toda sua humanidade, um de modo mais aberto, não deixando de falar por um minuto e Wales fechado, com poucas palavras, deixando seus gestos e olhares falarem por si. Aliás, as relações do grupo em geral ocorrem dessa forma, não há muito o que se falar, todos entendem um ao outro.

    Eastwood não deixa de fazer uma crítica em relação as tribos indígenas  pois assim como o protagonista, todo aquele povo é impedido à viver de modo pacífico como gostariam e são retirados de seus lares, além de serem confinados em reservas cada vez menores e abandonar suas raízes para se tornarem “civilizados”. Este tipo de crítica pode ser aplicada hoje em dia para qualquer grupo de minorias sem ser necessário pensarmos muito a respeito.

    Josey Wales conta ainda com uma fotografia melancolicamente belíssima, retratando muito bem toda a jornada do protagonista e seu bando. A trilha sonora mescla marchas militares com orquestrações de forma único, o que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Indispensável aos amantes de cinema.

  • Review | Red Dead Redemption

    Review | Red Dead Redemption

    Red Dead Redemption é um sandbox western desenvolvido pela já experiente nesse estilo de jogo RockStar Games, lançado para as plataformas Xbox 360 e PS3 – deixando de fora o PC, deixando muitas pessoas com raiva por não poder jogar este tão falado jogo.

    Sendo o segundo jogo da franquia Red Dead, mas muito mais conhecido do que o seu antecessor Red Dead Revolver, que inclusive é um bom jogo também mas nada comparado ao Redemption. Mas não ache que é necessário jogar o Revolver para conseguir entender o enredo do Redemption, pois são histórias paralelas.

    O jogo se passa no início do século XX com o personagem John Marston saindo de uma cidade acompanhado de dois homens-da-lei, a priori você não entende muito bem o porque disso estar acontecendo, não irei explicar pois você só tem a perfeita noção lá pelo meio do jogo, e não quero estragar o enredo do jogo contando spoiler.

    Assim como Fable, Red Dead Redemption te dá uma escolha parecida para fazer, você pode ser o cowboy honroso que ajuda as pessoas que encontra pela frente – e como tem pessoa que te pede ajuda -, seja para ajudar a recuperar o cavalo que foi roubado ou para salvar a esposa do desesperado marido; ou você pode ser o mais temido, ajudando os bandidos a assaltar uma carroça e matando os xerifes. Mas isso tem uma consequência, e irá notar isso quando for comprar alguma coisa, o que tem mais honra paga muito menos do que o bad guy que mata mocinhas indefesas.

    Outro fator importante no jogo, além da Honra, é a Fama, ela vai aumentando conforme você faz qualquer tipo de missão, infelizmente aqui não existe vantagem, sendo que se você tiver a fama no máximo, quando cometer algum crime, o preço pela sua cabeça dobra.

    Além das Story Missions – que são todas fantásticas -, existem as Stranger’s Tasks, que são pessoas que você encontra pedindo para você fazer alguma coisa por elas, são praticamente side quests, mas poucos são os jogos que me deixaram com tanta ânsia de fazer as side quests quanto Red Dead, os personagens delas são intrigantes e alguns chegam a serem cômicos, como o Charles Kinnear que afirma que será o primeiro homem a voar, mas no final, vocês já imaginam o que acontece, ou também Jimmy Saint que é um escritor que está procurando um pouco de aventura no velho-oeste para fazer um livro, e você está tendo sempre que resgatá-lo das gangues.

    Claro que um jogo do porte de Red Dead não podia faltar as suas referências western, encontrei duas em especial, a primeira em um cemitério, dá pra ver escrito na lápide: A cowboy without a name, alguém duvida que é uma referência à Trilogia dos Doláres do diretor italiano Sergio Leone? A outra também em uma lápide, adivinha o nome do morto? Clinton Underwood! Existem muitas outras referências, mas essas duas foram as duas principais que encontrei.

    Antes de começar a jogar Red Dead, imaginei que fosse um jogo sem uma variedade de armas, muito pelo contrário, principalmente se você tiver os DLCS – existem 9 tipos de armas no jogo, dentro dessas nove tem uma média de 5 armas, e nenhuma arma você vai deixar de usar em alguma parte do jogo.

    Mas o ponto alto do jogo, na minha opinião, não são as roupas, as referências, a trilha sonora, a jogabilidade ou os gráficos – que ainda assim são todos ótimos -, o melhor do jogo são os personagens, a Rockstar constrói tão bem eles que é difícil você não gostar do maluco Seth, o bêbado Irish, o velho e famoso pistoleiro Landon Ricketts, a belíssima Boonie McFarlane, o atrapalhado Mr. West Dickens e tantos outros personagens. É díficil escolher um personagem como preferido, todos são tão bem feitos e com características tão próprias que você acaba gostando de todos. Red Dead Redemption acaba sendo muito mais que um simples “sandbox”.

    Texto de autoria de Felipe Vieira.

  • Resenha | Jonah Hex: Marcado pela Violência

    Resenha | Jonah Hex: Marcado pela Violência

    Johan Hex - Marcado Pela Violência

    Jonah Hex está de volta em um novo encadernado publicado pela Panini Comics, e nós brasileiros, só temos a agradecer por esse material, já que está cada vez mais difícil encontrar publicações do mercenário mais mal encarado do Oeste selvagem.

    A única coisa boa que temos a agradecer pela bomba cinematográfica, Jonah Hex, estrelado por Josh Brolin, John Malkovich e a sempre bem-vinda Megan Fox, foi ter colocado os holofotes da mídia em cima de um personagem tão bacana quanto este. A Panini aproveitou a deixa e decidiu publicar novos materiais do personagem, coisa que não era feita há quase 4 anos.

    O encadernado faz um compilado das seis primeiras edições da revista mensal do Jonah Hex publicada lá fora, e conta com um time de craques de primeira linha: Jimmy Palmiotti, Justin Gray, Luke Ross, Tony DeZuniga, além de contar com outros excelentes desenhistas fazendo o trabalho de capistas.

    Todas as histórias são fechadas, terminando na mesma edição, seguindo bastante o formato das historietas de personagens clássicos do western como Tex, Zagor, entre outros, que em quase todas as edições nos deparavámos com uma história com início, meio e fim, não sendo necessário comprar outras edições para saber o desenrolar da história, o que acaba trazendo um dinamismo e uma variedade de contos bastante interessante.

    Os roteiros de Palmiotti e Justin Gray são como os bons “bangue-bangues” devem ser: Simples, eficiente e preciso. Em cada uma das seis histórias, temos Hex se deparando com um problema e tendo que resolve-lo até o cabo da edição, ao melhor clima de Western Spaghetti. Aliás, é importante frisar que essas edições do Hex que têm sido publicadas, são focadas apenas no western, tirando qualquer outra temática da personagem abordada anteriormente, motivo para agradecermos.

    A arte de Luke Ross é excelente, dono de um traço realista e eficiente ao criar sequências sem diálogos que relembram a filmografia do Leone. DeZuniga dá as caras em um das seis histórias do encadernado com seu traço característico.

    Marcado Pela Violência chega as bancas em um preço bastante convidativo, devido a qualidade do material. Recomendo para todo àquele que gosta de uma história clássica de western.

  • Review | Call of Juarez: Bound in Blood

    Review | Call of Juarez: Bound in Blood

    Call of Juarez: Bound in Blood é um jogo desenvolvido pela Techland, publicado pela Ubisoft em 2009 para PC, Xbox 360 e PlayStation 3. O game é um FPS (First Person Shooter) ambientado no velho-oeste e com todas as características possíveis de um bom western e vem como um prequel ao Call of Juarez, lançado em 2007.

    O enredo do jogo se inicia no meio da Guerra de Recessão com os personagens lutando a favor da Confederação (o Norte), tendo como protagonistas os irmãos Ray Mccall e Thomas Mccall, dois militares nortistas que se veem obrigados a desertar o exército em prol de sua família que estava ameaçada de morte, já que os Sulistas se aproximam de onde eles moram, e por onde passam, deixam um rastro de pilhagem e sangue. Com o decorrer da história, um terceiro irmão se junta a aventura, William Mccall (o narrador da história), um jovem pastor que fica te seguindo o restante do jogo, propondo uma visão completamente oposta dos dois irmãos, principalmente a de Ray, que tem um temperamento selvagem e forte.

    Um dos pontos mais fortes do jogo é a história, senão o mais forte. Um enredo original, que te deixa intrigado para passar fases atrás de fases para ver o destino que terá cada um dos personagens apresentados. Digno de um western de Clint Eastwood, e falando nele, algumas falas no meio do jogo são citadas de alguns de seus filmes, além de tantas outras referências do cinema western.

    Quanto a jogabilidade, a Techland acertou em cheio nesse quesito, praticamente perfeita. Por exemplo, para se proteger dos projéteis que não param de serem disparados você pode se encostar em qualquer coisa que a cobertura vai funcionar perfeitamente, não é preciso ficar em uma posição exata ou apertar qualquer botão para isso acontecer. A única coisa que peca é a repetição das mesmas tarefas. E o principal deles, sem dúvida são os duelos.

    Talvez o que mais me incomodou no jogo foram os gráficos, não que sejam ruins, a Chrome Engine 4 faz seu papel, só que alguns erros incomodam bastante, como as feições dos personagens terciários que não se mexem e as sombras que em certos momentos deixam a desejar.

    A sonoridade é um dos melhores quesitos do jogo, com uma trilha sonora muito boa. As músicas fazem com que você entre no mundo western de fato. A dublagem muito bem feita é de ser elogiada e causar inveja em muitos outros jogos. Além de todos os efeitos sonoros que te deixam ambientados no que está sendo mostrado em tela.

    Infelizmente o Story Mode é curto, cerca de 6/7 horas de gameplay te  dá a possibilidade de concluir o jogo com tranquilidade, e a Inteligência Artificial é fraca praticamente o jogo inteiro, os inimigos nunca vão atrás de você, se você tomou um tiro, se esconda e pode fazer um cafézinho esperando a life ser recuperada que ninguém virá em seu encalço. Ainda assim, para quem curte um bom FPS com uma boa história, Call of Juarez não pode faltar na sua lista de jogos zerados.

    Texto de autoria de Felipe Vieira.

  • Crítica | Era Uma Vez no Oeste

    Crítica | Era Uma Vez no Oeste

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    Sergio Leone já era considerado um dos maiores gênios do gênero ao resgatar os faroestes como grandes filmes e não mero entretenimento, tudo isso graças aos excelentes Por um Punhado de Dólares e suas continuações, ele agora queria trilhar novos horizontes, mas por uma imposição da Paramount, que só arcaria com os custos de seu novo filme caso ele fizesse mais um Western e graças a essa imposição, Leone traz ao público um faroeste muito diferente de tudo o que já havia feito até então e se reinventa com Era uma Vez no Oeste.

    Cheio de conceitos e cenas brilhantes como o próprio início do filme, onde em plena tarde, sob um sol escaldante, três homens armados chegam a estação de trem, aparentemente, não querem viajar, apenas aguardam algo. E como aguardam. Com enquadramentos belíssimos, que remetem ao mais puro tédio, Leone amplifica o som de uma goteira onde estava um dos homens que esperava, enquanto o outro é incomodado por uma mosca persistente e irritante. Todo o som é voltado para essas pequenas coisas, tornando-as mais irritantes do que já são, tudo isso somado ao excelente trabalho de câmeras de Leone, transforma a cena uma das mais antológicas do cinema.

    Finalmente surge o que esperavam, o trem, mas o que querem ali? Os três homens procuram por alguém, de arma em punho, pistolas engatilhadas, mas nada encontram. O apito do trem soa novamente, sinalizando sua saída e começa a andar. Os três homens não encontram o que queriam e dão as costas, eis que ouve-se o som de uma gaita e todos viram bruscamente em direção ao trilho e se deparam com um homem com uma gaita em suas mãos. Corte.

    Toda a cena inicial descrita acima, não tem um diálogo sequer, apenas o poder da imagem, e Leone usa isso como ninguém durante todo o filme. Mostrando um estilo muito diferente da clássica trilogia dos dólares que o havia consagrado, o Diretor se reúne com Sergio Donati, Bernardo Bertolucci e Dario Argento para escrever o roteiro de um Western diferente de tudo que já havia sido feito. Se engana aquele que julga Era uma Vez no Oeste como um mero “bang bang”, pois ele está muito mais para um drama ambientado no velho oeste. O Roteiro é profundo, não deixa espaço para canastrices, como era comum nos filmes com o Clint Eastwood, talvez por isso, a escolha de Charles Bronson é tão acertada, o personagem dele é frio, calado e impõe sua vontade à força quando se faz necessário.

    A motivação de seu personagem é um mistério até o final da sequência, vamos apenas nos deliciando com seu desejo de vingança cena-a-cena. O antagonista interpretado por ninguém menos que Henry Fonda é mais um entre tantos pontos acertados. Fonda foi imortalizado pela suas interpretações de bom moço, e aqui temos ele como o vilão sujo e implacável da história. Há de se ressaltar as brilhantes interpretações de Claudia Cardinale, faz o papel de uma ex-prostituta que acaba de chegar na cidade para se casar com um fazendeiro víuvo e pai de três crianças, álias, o que é a primeira cena dela, onde temos a personagem descendo do trem e Leone com o plano fechado nela, seguindo seus passos para de repente se afastar e abrir o plano bem ao alto, para vermos toda a grandiosidade do cenário. A personagem de Cardinale, Jill, tem papel fundamental na trama e isso é muito importante para entender a evolução do Cinema de Leone, que nunca havia dado nenhum papel importante para mulheres. O outro personagem que merece ser comentado é Cheyenne, interpretado por Jason Robards, este é o personagem que faz contraponto ao jeitão sisudo de Bronson, e consegue tirar um pouco o peso dramático, remetendo ao velho estilo de faroeste que todos estavam acostumados. O fato é que Cheyenne é um dos melhores personagens do filme.

    O filme cria tensão a cada cena, tudo em ritmo bem calculado. Leone buscou um sentido para cada cena que captava, o close nos olhos de Bronson e Fonda no duelo final é um bom exemplo disso. Outro ponto que merece ser comentado é a trilha sonora composto por Ennio Morricone, ou mesmo a ausência desta e a maximização dos sons naturais, como o vento, ou mesmo a goteira e a mosca, já comentados anteriormente, e é claro, a gaita de Charles Bronson, que se tornou até o nome do personagem “O Gaita”. Sem dúvida, o melhor trabalho de Morricone até então.

    Era uma Vez no Oeste é uma obra de arte dos cinemas. Obrigatório não só para os apaixonados por western, Sergio Leone ou os atores citados, mas sim para todos os amantes de cinema.

  • Resenha | Loveless: Terra Sem Lei – De Volta Para Casa

    Resenha | Loveless: Terra Sem Lei – De Volta Para Casa

    Loveless - Terra Sem Lei

    Meu conhecimento em histórias de western em Quadrinhos sempre se limitou a personagens que com certeza, cada um de nós já se deparou na vida, ainda que seja apenas pelas capas de seus quadrinhos. Um bom exemplo disso são os personagens Tex e Zagor. HQs que já estão consolidadas no mercado há muito tempo, porém, nunca tinha me deparado com nenhum material americano do gênero, pois apesar do Western ser tipicamente norte-americano, um dos países que mais exporta esse tipo de mídia é a Itália, causa essa que que com certeza foi motivada pelos western spaghetti , que tanto fez parte do cinema italiano. Após essa breve explicação, vamos ao que interessa. Tive conhecimento do lançamento de Loveless e sem pensar duas vezes comprei a maldita revista.

    Loveless foi escrita por Brian Azzarello, autor já renomado pelo seu trabalho em Batman: Cidade Castigada, a sensacional série 100 Balas, seu trabalho em Hellblazer, entre tantos outros. Seu parceiro e responsável pela arte é Marcelo Frusin que faz um trabalho impecável, diversos quadros remetem a cenas de grandes western’s eternizados por Sergio Leone, um grande diretor italiano que ficou conhecido mundialmente pelos clássicos Era uma Vez no Oeste e a Trilogia dos Dólares, estrelada por Clint Eastwood.

    Publicada em 2005 nos EUA através do selo Vertigo, a série durou 24 edições e chega ao Brasil em 2010, publicada pela Panini. Apesar de não ter sido bem recebida lá fora, Loveless tem potencial de sobra. A dupla de artistas estão muito a vontade e já em seu primeiro arco, mostra à que veio.

    Azzarelo molda sua história logo após o término da Guerra Civil americana e retrata todo o cenário social da época, inclusive ao mostrar a eterna rixa entre os sulistas (confederados) e nortistas (União). É interessante entender os motivos pelo qual a tão falada Guerra da Recessão foi travada, e Azzarelo se mostra competente em colocar os controversos pontos de vista de ambos os lados.

    A história tem como protagonista Wes Cutter, um ex-soldado dos Estados Confederados que após o fim da guerra retorna a sua terra natal, mas se depara com suas terras tomadas pela União. Cutter passa a agir como julga o correto, tentando tirar o melhor para si, tudo isso ao lado de sua mulher Ruth, que até então todos acham que está desaparecida e Cutter usa isso como um trunfo.

    O arco inicial nos apresentam os principais personagens, um pouco de seus passados através de flashbacks e um pouco da história dos EUA e as diferenças culturais de cada lado. As motivações dos protagonistas estão sendo trabalhadas e vamos conhecendo suas histórias gradativamente.

    Uma HQ recomendadíssima para quem ainda não conhece o trabalho de Azzarello ou mesmo nunca se sentiu atraído por ler nada do gênero. Essa é a sua chance.

  • Agenda Cultural 03 | Bêbados de Lata, Pacifistas no Pacífico e o efeito de Purple Haze

    Agenda Cultural 03 | Bêbados de Lata, Pacifistas no Pacífico e o efeito de Purple Haze

    Terceira edição da Agenda Cultural com Flávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc),  se reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas em cinema, teatro, quadrinhos e cenário musical. Em uma linha alternativa de dicas atemporais, selecionamos alguns petardos interessantes dentro do ramo literário também. Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 48 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: Gustavo Kitagawa

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