Crítica | O Despertar de Lilith

Conduzido por Monica Demes, O Despertar de Lilith é um exemplar de filme de terror brasileiro, sobre vampiros, mas que é rodado nos Estados Unidos.  A história do longa leva em consideração o mito apócrifo da Bíblia a respeito de Lilith, que teria sido a primeira mulher de Adão , antes mesmo de deus ter feito Eva. O filme repagina o conto clássico, remontando os elementos da lenda segundo seu bel prazer.

O drama segue Lucy (Sophia Wodward), uma mulher que é casada com um sujeito que lhe dispõe pouca atenção. Lucy tem uma rotina massante e massacrante pela frente, e em meio a toda a monotonia que a cerca, elementos agressivos são apresentados, entre ela, cenas de um abuso . O curioso sobre a sequência é que, para o agressor, há a sensação falaciosa de que aquilo é consentido uma vez que ele sugere um ato de violência com uma ressalva ao final, de que não será agressivo se a mulher aceitar. Tal prerrogativa serve de simbolismo para os inúmeros atos agressivos de homens com mulheres, que usam de sua força e agressividade tanto física quanto verbal para terem o que querem, inclusive o prazer, e é no contraponto a essa força covarde que age Lilith, vivida por Bárbara Eugenia.

Determinado ponto o filme deixa as imagens em preto e branco e passa a ser colorido, sem qualquer preambulo ou preparação. No entanto, não demora para ele retornar ao seus estágio normal, sem cores. Apesar de a diretora se declarar muito fã do trabalho de David Lynch, nota-se uma predileção de referências ao cinema de horror italiano, em especial de dois diretores, Dario Argento, na fase em que fez Suspiria, e nos filmes de cemitério de Lucio Fulci, ainda que esse fuja da exposição de gore, apostando então na aura criada em torno do monstro. Há também uma forte influência do terror psicológico de Roman Polanski, há destacar Repulsa ao Sexo e até O Inquilino.

O intimismo que toma conta dos últimos 30 minutos soa um pouco confuso, ainda mais quando começa a ser intercalado com cenas bastante normativas, mostrando ambientes civis, como hospitais e lojas de conveniência. Em especial perto do desfecho, se perde soando confusa até a identidade que estava construindo para si. Ao menos, na parte visual se enxerga uma boa abordagem por parte de Demes, esperando é claro que seu cinema evolua, que em se tratando de um trabalho acadêmico, ganha alguns pontos por ter para si a possibilidade de uma franca ascensão no futuro.

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