Autor: Flávio Vieira

  • Agenda Cultural 22 | A Elite dos Nerds Aposentados

    Agenda Cultural 22 | A Elite dos Nerds Aposentados

    Sincronizem suas agendas. Edição com Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Mario AbbadeLevi Pedroso (Johnny Depp). Confira o bate papo sobre a morte de um grande homem, a luta de um garoto contra o mundo, a volta (?!) da fantasia no metal e mantendo a variedade de assuntos do Vortex, uma breve discussão sobre os livros que inspiraram um dos filmes mais polêmicos do ano. What you’re waiting for? Download it!

    Duração: 100 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Quadrinhos

    A Morte do Superman – vol 2
    Superman Earth One

    Literatura

    Elite da Tropa – Luiz Eduardo Soares, André Ramiro e Rodrigo Pimentel
    Elite da Tropa 2 – Luiz Eduardo Soares, André Ramiro, Rodrigo Pimentel e Cláudio Ferraz

    Música

    Avantasia – Wicked Symphony e Angel of Babylon
    Rush – Caravan (single)
    Kanye West – My Beautiful Dark Twisted Fantasy

    Teatro

    Hedwig e o Centímetro Enfurecido

    Games

    Battlefield Bad Company 2

    Cinema

    As Cartas Psicografadas de Chico Xavier
    A Suprema Felicidade
    Atração Perigosa
    Reflexões de um Liquidificador
    Minhas Mães e Meu Pai
    Federal
    Crítica: Federal por Mario Abbade
    Jogos Mortais – O Final
    Ondine
    Um Parto de Viagem
    Scott Pilgrim Contra o Mundo
    Jackass 3-D
    Muita Calma Nessa Hora
    Red – Aposentados e Perigosos

    Produto da Semana

    Apontador Bizarro

  • Resenha | Elite da Tropa 2 – Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel, André Ramiro e Cláudio Ferraz

    Resenha | Elite da Tropa 2 – Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel, André Ramiro e Cláudio Ferraz

    Elite da Tropa 2A continuação da polêmica histórica contada por Luiz Eduardo Soares (Antropólogo e ex-secretário de segurança do RJ), Rodrigo Pimentel (ex-bope) e André Ramiro (ex-bope e atual major da PM) em 2007, com o livro Elite da Tropa, retorna com seu segundo volume, acrescentando entre o time de autores, Cláudio Ferraz, delegado chefe da DRACO (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos) e peça chave no combate ao crime contra as milícias. Para aqueles que não acreditavam ser possível descer mais fundo na questão da segurança pública do que o quê já havia sido feito em Elite da Tropa, aqui nos deparamos com uma realidade muito mais cruel.

    Trazendo o dia-a-dia de uma unidade tática da polícia civil, onde ainda é possível vislumbrar profissionais honestos e que se dispõe a fazer a diferença em meio ao mar de corrupção que assola a sociedade e o governo. Sob o ponto-de-vista dessas pessoas, nos deparamos com um sistema penal e judicial desatualizado, que já escancara sinais de desgaste ao longo de todos esses anos.

    O protagonista e narrador do livro é um inspetor da policia civil da mesma unidade de Cláudio Ferraz, a DRACO, e com o início do livro sabemos que este está afastado da unidade devido a um acidente que o acabou deixando em uma cadeira de rodas. Com o desenrolar do livro, vamos nos informando a respeito do destino trágico que o levou aquilo, além de próprios comentários que ele vai postando no twitter (para quem quiser conferir o perfil, clique aqui) e estão ali para enriquecer a história, o que aliás foi uma grande sacada dos autores, independente do personagem ser ficcional. Uma pena esse tipo de ação ter se perdido, devido a exclusão e postagem dessas mensagens repetidamente.

    Já em seus capítulos iniciais, temos um relato detalhado envolvendo todo o mistério do desaparecimento de Patrícia Franco, engenheira recém-formada que desapareceu em 2008 e estampou os jornais não só do Rio de Janeiro como do Brasil. É lógico que os autores evitaram fazer referência direta ao caso e utilizaram nomes, locais e datas falsas, mas para quem se lembra do caso é inegável não relacionar, deixando evidente sobre quem estão falando. O crime foi ato de milicianos e o livro narra com riqueza de detalhes toda a sequência de acontecimentos anteriores e posteriores à morte da jovem.

    Assim como no filme, o foco do livro são as milícias do Rio de Janeiro, e temos todo um relato detalhado pelo narrador do livro de como estas começaram a se formar e toda coerção que impuseram nessas regiões, além de detalhar todo o lucro exorbitante que esta gera. A dificuldade dos policiais dispostos a combater este tipo de crime organizado fica claro no livro, seja pelos depoimentos de testemunhas, que são feitos em um dia e desfeitos no outro, devido ao medo que esse bando exerce sobre a população; seja pelo poder de influência que estas exercem sobre o poder judiciário e legislativo; ou mesmo pelo risco de contaminação que existe dentro da própria polícia, não sabendo ao certo quem é confiável o bastante para apoiar tais ações.

    Da metade para o final do livro já temos nosso inspetor como um cadeirante e não podendo dar apoio efetivo na DRACO, este passa a trabalhar no gabinete do deputado Marcelo Freitas – ou se preferirem, Marcelo Freixo, deputado estadual do Rio de Janeiro pelo PSOL – que prepara uma CPI contra as milícias. Durante este trecho do livro, temos um flashback do Marcelo Freixo (desculpem, mas fico mais a vontade chamando pelo nome real), durante a famosa rebelião ocorrida em Bangu I em 2002, liderada por líderes do Comando Vermelho, entre eles, Fernandinho Beira Mar e “Escadinha”, todos com nomes alterados, logicamente, mas que nem por isso, não torna fácil a associação.

    Durante esta rebelião, onde foram mortos quatro peças importantes de facções rivais, temos Freixo e um comandante do BOPE na época tentando apaziguar a situação sem chegar a extremos e nos deparamos com a então governadora, Benedita da Silva, após forte hesitação, ordenando uma chacina no presídio, através de um conselho de alguém do alto escalão do partido (supostamente, José Dirceu), mas que no entanto, foram descumpridas pelo então comandante do BOPE, o que acabou terminando de uma maneira menos brutal, sem um extermínio geral.

    Histórias como essas você irá encontrar no livro, que buscam acima de tudo um compromisso com a verdade, seja ela qual for. Luiz Eduardo Soares teve o papel de escrever o livro, enquanto os outros três co-autores foram os responsáveis por fornecer boa parte de toda a fonte de pesquisa para a realização do livro, sendo um material riquíssimo sobre a organização das máfias brasileiras, que não se enganem, não estão se proliferando apenas no Rio de Janeiro, como por todo o Brasil. A narrativa está muito mais fluída e rica, fator fundamental que pecava um pouco no primeiro livro, e a escolha de um personagem central para a trama ajuda bastante no envolvimento da história. Apesar de não precisar mencionar, mas a trama tem poucas semelhanças com o filme em questão, porém, compartilham as mesmas intenções, a denúncia e a conscientização.

    Elite da Tropa 2 é leitura obrigatória para entender como funcionam as engrenagens da segurança pública. Poderia defini-lo como revelador, chocante, polêmico, e outros tantos adjetivos, mas isso diminuiria o valor do livro. Leitura fundamental.

  • Resenha | Leões de Bagdá

    Resenha | Leões de Bagdá

    Leoes de Baghda - Brian K. Vaugh

    Brian K. Vaughan é um dos grandes escritores da atualidade. Dono de um estilo autoral, Vaughan se consolidou no mercado como um dos grandes roteiristas da atualidade, transitando inclusive por outras mídias como roteirista, onde veio a escrever alguns episódios até mesmo para Lost.

    Publicada em 2006 pela Vertigo, e lançada no Brasil apenas em 2008, Leões de Bagdá traz roteiros de Vaughan e arte de Niko Henrichon. A graphic novel traça uma alegoria sobre a possível “libertação” do povo iraquiano do governo de Saddam Hussein pelos americanos, tudo isso do ponto de vista de leões que fugiram do Zoológico de Bagdá, após bombardeios das tropas norte-americanas. O fato realmente ocorreu, o que dá um sabor ainda mais interessante na história.

    Após o bombardeio, quatro leões escapam de suas jaulas, e sob o ponto de vista deles, temos contatos com diferentes perspectivas, como a do filhote de leão, que se sente entusiasmado pelo novo mundo que está conhecendo, a do chefe da alcateia que procura se adaptar a nova situação, da leoa mais velha que reluta em encarar a nova vida, pois já havia sofrido muito enquanto era livre, e finalmente da leoa jovem, que durante toda sua vida sempre quis fugir do Zoológico e retornar a vida selvagem.

    No desenvolvimento da história, somos apresentados a fundo as personalidades de cada personagem, e presenciamos os embates da leoa mais velha, Safa, com Noor, a jovem leoa, e são nesses embates onde temos o cerne da questão. O que é a liberdade?

    A obra não tem nada de sutil, vê se de longe a clara influência do EUA e seu conceito de “libertação” do mundo, claro, tudo isso sob o olhar de animais que anseiam por sua liberdade, mas que a conseguem de maneira inesperada. Existe sim uma antropomorfização, e ela está muito bem trabalhada, todos os leões demonstram aspectos humanos, a metáfora é evidente, porém, não é forçada. Cada um deles tem sua personalidade bem definida, cheia de nuances e problemas. É impossível não se identificar com as personagens.

    Vaughan é um cara que tem me surpreendido sempre que o leio, e agradeço imensamente por isso. A história é muito bem construída e sua narrativa é prazerosa de se ler. O roteirista fez todo um trabalho de campo comportamental sobre os leões, a situação política do Iraque e a invasão norte-americana. Na obra vemos todos os sentimentos conflituosos sobre essa polêmica guerra.

    Falar de Vaughan é chover no molhado, mas não se pode esquecer do trabalho gráfico de Leões de Bagdá. Niko Henrichon. esse nome merece atenção, nunca tinha visto seu trabalho antes e o cara é fantástico, dono de um traço espetacular, e consegue somar isso a uma excelente escolha de cores, além de dosar tudo isso com uma ótima aplicação de luz e sombras. As expressões dos animais são intensas e verdadeiras. Muitas vezes não é necessário nem ao menos ler suas falas para se compreender seus sentimentos, suas preocupações. Interessante notar também que as expressões não destoam da anatomia dos corpos, que é desenhada com bastante verossimilhança.

    Enfim, um grande roteiro e uma bela arte sobre um tema sobre o qual vale a pena refletir.

  • Crítica | Na Natureza Selvagem

    Crítica | Na Natureza Selvagem

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    Na Natureza Selvagem conta a história de um rapaz que ao concluir sua faculdade, decide cruzar os Estados Unidos para descobrir os limites do ser humano. A história baseado no livro de Jon Krakauer, relata a vida de Christopher McCandless, que se prepara para a jornada de sua vida, deixando para trás seus estudos, dinheiro, família.

    O filme inicia-se com Chris já no Alaska, e no decorrer dele, vamos descobrindo seu passo-a-passo para chegar até lá. A história é narrada por Chris e sua irmã Carine, através de lembranças ou poesias do próprio Chris. Podemos observar na personagem uma pessoa que não tem apego pelas coisas materiais e sim com coisas que ele julga mais importantes, como a verdade, amor e a fé. Em seu caminho Christopher adota o nome de Alexander Supertramp (Supervagabundo) e acaba conhecendo diversos tipos de pessoas que vão deixando um pouco de cada um na personalidade de Alex.

    A Direção de Sean Penn é extremamente competente, e traz uma fotografia belíssima do Alasca, Grand Canyon, e outros lugares não contaminados pelo homem. A atuação de Emile Hirsch é fantástica e emocionante, em determinado ponto das filmagens, o ator teve que emagrecer 18 kgs para vivenciar a personagem. Quanto aos coadjuvantes? Eles só tem a somar no resultado final, seus personagens são todos muito bem construídos, e em cada cena em tela, você torce para que eles fiquem mais um pouco por ali. A trilha sonora composta pelo Eddie Vedder é lindíssima, uma das melhores que já ouvi.

    O filme toca por ser tão singelo, a trama é basicamente a viagem do protagonista em busca de seu sonho e através da personagem, desocbrimos nossa capacidade de sobreviver a nossa conta sem os supérfluos que nos rodeiam, em contrapartida vemos que é impossível ser feliz sem poder compartilhar nossa felicidade e o que vivenciamos com os outros. Durante toda projeção sentimos que o filme busca um outro rumo que a maioria dos demais abandona, há todo momento ele vai contra a maré e conta uma história com simplicidade mas de maneira magistral, e acredito ser esse um dos grandes méritos do filme.

    Na Natureza Selvagem tem uma força enigmática e libertadora inexplicável, nos faz refletir sobre o nosso cotidiano, sobre a loucura que a sociedade consumista impõe, a filosofia de crescer a qualquer custo, não importando o como. Isso é bastante demonstrado pelo pai de Chris em sua busca incessante pelo “american way“, passando por cima de tudo para conseguir o que quer e criando uma enorme distância entre ele e os filhos.

    Certos filmes ficam na memória, esse é um deles. Sua grande mensagem é a de “encontrarmos” a nós mesmos, a busca pelo auto-conhecimento e sobre as pequenas coisas que não nos damos conta e nos fazem feliz, a partilhar felicidade(pode parecer clichê, e pode até ser, mas o filme trabalha muito bem isso). Nosso protagonista descobre quem realmente é ao realizar sua jornada e vivenciar um mundo diferente de onde cresceu, mas que nem por isso o moldou. Sua descoberta foi atráves de sua jornada e pelas pessoas que encontrou em seu caminho, cabe a cada um de nós descobrir qual é o nosso.

    … Mais que amor, dinheiro,  fé,  fama, equidade… dê-me a verdade. – Alexander Supertramp

  • Resenha | Batman: Cacofonia

    Resenha | Batman: Cacofonia

    Batman - Cacofonia

    Batman Cacofonia é escrita pelo cineasta Kevin Smith – que me perdoem os fãs, mas verdade seja dita – nem com a presença do homem, a revista se torna grande coisa.

    Lançada originalmente entre janeiro e março de 2009 em três edições com o título Cacophony. A HQ surgiu após a DC Comics ter a ideia de convocar Kevin Smith para escrever uma história do Batman com ‘liberdade total’. Smith, que já havia escrito algumas HQs chama seu parceiro Walter Flanagan para ficar a cargo dos desenhos de sua história. Contratos acertados, mãos à obra!

    O Asilo Arkham dá mole novamente e o Coringa está às soltas nas ruas de Gotham de novo. Coringa decide se vingar de Maxie Zeus – Vilão de 5º escalão do Batman – que havia roubado sua fórmula do gás do riso e transformado ela em uma droga do momento, que era chamada de… risinho. Zeus tenta manter um acordo com o Coringa oferecendo metade dos seus lucros, mas o palhaço recusa, alegando que o objetivo do gás é apenas matar pessoas e não causar um “barato” nelas. Durante toda essa confusão, surge ainda, Onomatopeia – vilão criado por Smith quando escreveu algumas histórias do Arqueiro Verde – que usa o Coringa como isca para eliminar o Morcego.

    A narrativa de Smith é excelente, traçando ótimos diálogos e colocando muita personalidade em todos os personagens que escreve, seu Demolidor é um bom exemplo disso. Tudo isso temos em Cacofonia já nas primeiras páginas. E já que estamos falando das personalidades de seus personagens, em Cacofonia temos caracterizações únicas, agora imagine isso tudo em uma história onde só tem malucos.

    Coringa é sugerido como um homossexual em uma piada sensacional, o que convenhamos, se tratando da mente perturbada dele é bem possível que esteja disposto a fazer qualquer coisa. O mesmo vale para o Zsasz – Outro vilão de quinta do Batman, conhecido por marcar seu corpo com cicatrizes cada vez que comete um assassinato – Aqui ele se vê obrigado a marcar seu órgão sexual, pois já não encontra outro lugar no corpo para tal.

    A sexualidade faz parte da revista, o Coringa protagoniza outro momento estranho, onde demonstra seu lado necrófilo ao dizer que adoraria matar Batman e abusar de seu cadáver. Mas todos esses detalhes servem apenas como background da história principal.

    Esse é o grande problema da história, são esses detalhes que são os atrativos dele, porque a trama principal não é grande coisa. Os desenhos do Walter Flanagan ajudam bastante a desgostar da obra, já que o traço é péssimo e sem qualquer aspecto positivo para ser comentado, o que nos faz chegar a conclusão de que ele é MUITO amigo do Kevin Smith, do contrário, nunca teria conseguido esse trabalho.

    Apesar do Onomatopeia ser bem utilizado, deixando o papel de principal vilão da história para o Coringa, ele serve para colocar uma dinâmica na eterna luta de Batman e Coringa, só que dessa vez com outra cara, mas nada que realmente torne a trama sensacional. O ponto forte é sem dúvida as tiradas bem-humoradas do roteirista e o diálogo final entre o Homem-Morcego e o palhaço do crime. Explorando toda a temática iniciada pelo Alan Moore em A Piada Mortal, invertendo completamente o rumo da história, propondo uma análise mais filosófica da mitologia do morcego.

  • Crítica | Invictus

    Crítica | Invictus

    invictus

    Clint Eastwood retrata o período da vida de Nelson Mandela logo após assumir a presidência da África do Sul e se vê diante do drama em que a sociedade sul-africana se transformou após o regime do Apartheid.

    Na primeira cena do filme, é definido muito bem o regime racial que o país vivia. Eastwood com um plano de cena rápido mostra de um lado um grupo de crianças negras, magras e com roupas sujas e rasgadas jogando futebol em um campo paupérrimo. Logo após a câmera está do outro lado da avenida e vemos um time de rugby composto apenas por brancos, bem vestidos em um campo bem construído. Mesmo local, outra realidade. Apenas alguns metros separam negros dos brancos do outro lado da rua, mas anos de injustiça e preconceito racial os distanciam.

    Logo após a cena inicial, uma comitiva passa por essa avenida festejando a libertação de Nelson Mandela, um dos mais ativos e ferrenhos opositores do apartheid, e que por sua posição ficou preso durante 26 anos. Se de um lado, vemos os garotos negros que jogavam futebol festejar sua libertação, do outro, temos o time de rugby criticando a soltura de Mandela. Novamente, realidades opostas, mas que através daquele homem, passariam a conviver sem tamanha disparidade como outrora.

    O velho Clint mostra que tem muita história pra contar e em Invictus, reforça mais uma vez seu excelente trabalho de direção, pois consegue tirar muito de uma história simples. O filme é focado em um mundial de rugby, que Mandela aproveitou como um pretexto para unir toda uma nação, é claro que toda a mudança da África do Sul não foi apenas fruto de um esporte, mas de diversos outros aspectos, mas é no esporte que a película se foca.

    Mandela tem uma história riquíssima, que acaba tendo sempre um enfoque maior em sua resistência ao apartheid e seus anos na prisão. Clint sabiamente deixou isso um pouco de lado e mostrou os primeiros anos do líder africano na presidência e sua preocupação em reconciliar brancos e negros. Neste filme vemos a aposta de Mandela em despertar em um povo a paixão por um esporte e que através dele, seria o primeiro passo para unir a todos.

    Morgan Freeman interpreta Nelson Mandela e faz jus a sua indicação de melhor ator no Oscar com discursos memoráveis e demonstrando muito bem a personalidade de Mandela com a obstinação de suas decisões e escolhas. Matt Damon, faz um excelente trabalho de construção de personagem interpretando o capitão da seleção sul-africana de rugby, François Pienaar, um homem que vê depositado nele uma grande responsabilidade, no entanto, quando em tela com Freeman, acaba sendo completamente ofuscado pelo atuação do outro.

    Se engana quem pensa que Invictus é uma biografia de Nelson Mandela. O protagonista de Invictus é o povo sul-africano demonstrado através do rugby, e claro, uma pequena parcela da trajetória de vida do Grande Homem que foi Nelson Mandela. Uma pena não ter tido um impacto tão grande como merecia.

    Do fundo da noite que me cobre,
    Preta como o Breu de lado a lado
    Agradeço a todos deuses pelo nobre
    Inconquistável espírito a mim dado.

    No acaso todo das circunstâncias
    Não me deixei cair nem gritar
    Apesar de um estouro de ânsias
    Minha cabeça sangra sem curvar

    Além desse lugar de tristezas e insanos
    Nada se vê, só o Horror desde cedo
    E ainda assim a ameaça dos anos
    encontra-me e encontrar-me-á sem medo

    Não importa quantas vezes desatino
    nem quantas vezes a vida me espalma
    Sou o mestre e senhor do meu destino:
    Sou o capitão de minha alma.

    – William Henley

  • Resenha | Elite da Tropa – Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel

    Resenha | Elite da Tropa – Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel

    Elite da TropaElite da Tropa surgiu antes de todo o estardalhaço levantado com o filme do José Padilha, Tropa de Elite, e apesar de em menor escala, o livro gerou muita discussão devido aos assuntos abordados. Fruto do trabalho em equipe do Antropólogo Luiz Eduardo Soares, que escreveu o livro com base na experiência e pesquisa de trabalho dos integrantes do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro), André Batista e Rodrigo Pimental. Elite da Tropa traz um grande diferencial, narrar o cotidiano dos policiais sob o ponto de vista deles próprios, mostrando a realidade de cada um, doa a quem doer.

    O trabalho dos autores trouxe uma visão muito mais abrangente daquela mostrada no filme do Padilha e aqui, o buraco é mais embaixo, deixando claro que o problema de segurança do RJ não é apenas culpa da polícia que age coercitivamente no trato da criminalidade (e também com aqueles que estão à margem da sociedade) e a corrupção que já faz parte da sua rotina, muito pelo contrário, notamos que esses problemas estão profundamente arraigados nas instituições públicas, não só de segurança.

    As histórias do livro são divididas em duas partes. A primeira delas, denominada “Diários de Guerra”, vemos um relato detalhado das incursões da PM nas favelas cariocas. A violência policial é recorrente durante boa parte desses “diários”, deixando claro a forma como a polícia trabalha, usando esses meios de forma ilegal e arbitrária.

    Nessa primeira parte temos relatos não apenas do BOPE, como da PM em geral, porém, o foco maior é dedicado para a tropa de elite carioca, dando informações sobre seu treinamento, dia-adia e sua função caótica no quadro da segurança pública do Rio de Janeiro. Já em seu início, sabemos um pouco sobre o motivo do qual o BOPE é chamado de “incorruptível”. De acordo com seus membros, isso está ligado diretamente ao fato de pertencerem a um grupo pequeno e seleto de homens, que tem orgulho de fazer parte daquela elite e semeiam o sentimento de honestidade entre eles, punindo severamente os que não seguem este preceito, porém, os mesmos policiais têm plena consciência que isso só é possível pelo número pequeno de oficiais pertencentes a equipe naquele momento.

    Nesses “Diários” já é possível analisar como o indivíduo é corrompido na corporação, dividindo-os entre aqueles que se omitem, os que se tornam cúmplices. Em contrapartida, temos aqueles que estão nadando contra maré, os que caem de cabeça nessa “guerra” até o fim. Práticas de tortura, coação da população menos abastada e extermínio fazem parte do cotidiano desses homens. Por outro lado, culpar a polícia por seus atos violentos é tão ingenuo quanto acreditar que nossos políticos são honestos, ora, esse tipo de ação é aprovado a todo momento, seja por seus superiores, pelo próprio governo ou é claro, pela nossa sociedade.  Como se os policiais tivessem responsabilidade exclusiva, como se os governos e as políticas adotadas não fossem responsáveis pelo caos que a instituição herda.

    Os próprios policiais têm conhecimento que esse tipo de ação provocou apenas o aumento da violência. A política de extermínio (“Na dúvida, mate. Não corra, não morra”), aprovada pelo próprio governo do RJ, se transformou em uma guerra pessoal entre criminoso x polícia, já que as possibilidades de ser morto é maior do que a de ser preso, é “matar ou morrer”, além de que para o policial isso se torna uma vingança pessoal, contra morte de civis e outros policiais, provocada pelos atos desses delinquentes.

    “Dois anos depois: a cidade beija a lona”, segunda parte do livro, traz uma narrativa bastante diferenciada da primeira, pois é focada muito mais no aspecto político das polícias e o quão corrompido as organizações do governo estão. Uma rede de corrupção vai sendo formada aos poucos, e a leitura torna-se absurda a cada parágrafo, devido aos fatos narrados não serem mera ficção, e sim a realidade sem rodeios, beirando o irreal, dado o nível de corrupção e quão baixo um homem pode ir para alcançar seus objetivos.

    Nessa segunda parte, os criminosos do morro dão lugar a bandidos de colarinho branco, empresários e políticos se juntam aos policiais corruptos, formando uma grande rede de interesses onde são gerados acontecimentos que aos olhos da sociedade não tem co-relação, porém, tudo se junta em um objetivo maior. Uma grande conspiração vai se armando, onde apenas os que vivenciam aquele dia-a-dia conseguem conectar os pontos, já que os propósitos não são facilmente identificados e para a grande massa, o bom serviço está sendo feito.

    O maior mérito do livro são as histórias narradas pelos próprios policiais e não romancear as mesmas. A maioria delas te atinge como um soco no estômago, dado o nível de realismo e detalhes que são contadas, seja os níveis de corrupção que a segurança pública atingiu ou mesmo a brutalidade e até mesmo um certo sadismo que fazem parte de alguns policiais. Tudo isso pode não ser novidade, afinal, a corrupção e esses atos atrócitos já foram denunciados por jornalistas, militantes de defesa dos direitos humanos e entidades internacionais, o fato é que isso nunca partiu das próprias instituições de segurança pública, como o que acontece aqui.

    Ser policial no Brasil não é fácil, principalmente se ele for militar, o salário é ínfimo, assim como seu reconhecimento. Os que não se rendem a corrupção, tem de trabalhar na área de segurança privada para complementar sua renda, ficando na ilegalidade. Já o cidadão comum não tem conhecimento do verdadeiro motivo da segurança pública do Rio de Janeiro ser da forma como é, todos os dias ele é condicionado a pensar através dos noticiários.

    Ao matar o responsável pelo tráfico de determinada favela, acreditamos que com isso a taxa de criminalidade está diminuindo. Ledo engano. Ao eliminar um, rapidamente outras pessoas assumemo seu lugar. A “mão-de-obra” é grande, gera um ciclo infinito se continuar da forma que está. A estimativa de vida de um traficante é baixa e quando um cai, existem vários outros esperando sua chance para entrar para o “movimento”.

    O narcotráfico só terminará com outras políticas, o combate direto não é a solução, como o livro deixa bem claro, é necessário intervenções nos orgãos públicos, não só de segurança, do contrário não haverá mudança. Continuará existindo a limpeza social para eliminar não apenas os bandidos, mas aqueles que estão no meio desse fogo cruzado, a mazela que está a beira da sociedade, mas não se engane, a elite nunca terá o mesmo tratamento que o favelado, que o negro, o mais pobre. Essa violência não é aplicada nos filhos de empresários que financiam o tráfico, ou pior ainda, naqueles que estão atrás de sua imunidade parlamentar, aí o tratamento é outro, infelizmente, como relata um dos protagonistas.

    A narrativa é simplista, mas o grande mérito está no que já foi dito, mostrar toda a fragilidade da segurança pública que vivemos, não apenas do Rio de Janeiro, pois esta realidade está presente em todos os grandes estados brasileiros. Os autores colocam o dedo fundo na ferida e a realidade é escancarada de dentro pra fora. Um relato obrigatório para aqueles que querem entender o caos que o sistema se tornou, independente do cárater “fascistóide” que o livro direciona em alguns momentos.

    Como diria Cel. Nascimento, o sistema é foda, parceiro, e ainda vai morrer muita gente inocente.

  • Crítica | Zumbilândia

    Crítica | Zumbilândia

    zumbilandia

    George Romero, considerado o pai do gênero, imortalizou o que conhecemos como filmes de zumbis. Desde então, não temos nos deparado com grandes novidades depois de toda a invasão de zumbis na cultura pop, salvo raras exceções. Apesar da ideia velha, Ruben Fleischer dá uma nova roupagem e tenta mesclar terror com muito bom humor. OK, isso não é novidade, vide o ótimo Todo Mundo Quase morto, mas Zumbilândia vem com a proposta de um humor mais escrachado, mais ‘americano’.

    A história é simples, Columbus (Jesse Eisenberg), personagem central da história nos apresenta o mundo de Zumbilândia, revelando algumas regras que ele diz ser fundamental para sobreviver nesse mundo, tudo isso de maneira hilária. Apesar de ser um jovem medroso, Columbus decide cruzar os EUA para encontrar seus pais, mas no meio do caminho encontra Tallahassee (Woody Harrelson), um caçador de zumbi, e decide acompanhá-lo para chegar em segurança no seu destino mais facilmente.

    Durante a jornada dos dois, duas irmãs se juntam à eles, a mais jovem Little Rock (Abigail Breslin) e Wichitta (Emma Stone), o que acaba colaborando ainda mais na construção da história e trazendo ótimas risadas ao telespectador, como em dado momento onde decidem se esconder na mansão do um ator conhecido de Hollywood e o encontram se passando por um zumbi para se misturar a multidão de mortos-vivos.

    Não tenho o que falar do elenco, apesar de ser um filme que não exige grandes atuações, todos estão muito bem. Woody Harrelson está incrível bancando o maluco depressivo, Jesse Eisenberg interpreta o nerd loser magistralmente, Emma Stone continua lindíssima e esbanjando talento, o mesmo vale para Abigail Breslin. O ponto forte é a participação especial do tal ator hollywoodiano, o que só vem a enriquecer ainda mais o filme.

    Enfim, se ainda não tiveram a oportunidade de conferir, assistam sem medo. Apesar de não ter grandes novidades para o universo dos mortos-vivos, com certeza te fará rir bastante.

  • Review | Roma – 1ª Temporada

    Review | Roma – 1ª Temporada

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    Roma. Ano de 52 aC. O General e triúnviro de Roma, Caio Júlio César é reconhecido por onde passa, deixando em seu caminho um rastro de grandes conquistas. O Senado Romano teme o poder de César devido ao carisma que tem com o povo e o respeito perante as legiões romanas e decide enviá-lo para uma campanha na Gália, um dos poucos territórios não conquistados por Roma, devido a grande dificuldade militar enfrentada contra o povo galês. Com isso, o Senado Romano esperava a derrocada de César, porém, levou-o para a campanha que o consagraria como um líder absoluto. É nesse cenário inicial que se inicia a primeira temporada de Roma.

    A HBO fez um trabalho extremamente minucioso e primoroso de todos os aspectos históricos, políticos e sociais do povo Romano, transformando a série Roma em um apoteótico relato da época. A série foi filmada na Itália e possui uma fotografia belíssima, passando desde os grandes palácios e mansões romanas e egípcias às vielas e ruas habitadas pela classe mais baixa, aliás, a diferença entre as classes é muito bem demonstrada durante a série, seja do ponto de vista militar quanto social.

    Conforme já falado, o início da série começa com o final das guerras gaulesas, alavancando o poder político de Júlio Cesar (Ciarán Hinds) e preocupando todo o Senado Romano. César por sua vez, teme um atentado devido a sua rápida ascensão e prepara um golpe, atravessando rapidamente o rubicão com sua principal legião, ele derruba do poder o Senado, que até então compunham a república, instituindo o posto de Ditador.

    Todos os fatos históricos são contados através dos olhos do legionário Titos Pulo (Ray Stevenson) e do centurião Lucius Vorenus (Kevin McKidd), personagens que realmente existiram, porém, na série são apenas vagamente inspirados nos originais, mas que são utilizados muito bem, servindo para aproximar os expectadores da história de Roma, o que é bem interessante, pois eles estão presentes em todos os grandes momentos, sempre em terceira pessoa, observando, além do que, suas histórias pessoais correm paralelamente aos acontecimentos históricos, tornando-os mais humanos que as grandes figuras romanas como Cícero, Brutus, Átia, Marco Antônio, e claro, César.

    Repleto de intrigas de estado, traições, alianças políticas, batalhas sangrentas e tórridos romances, Roma foi extremamente bem recebida pela crítica, apesar de conter cenas violentíssimas e muita nudez, ela alçou seu lugar dentre as produções com maior orçamento já feito, tendo custos elevadíssimo em cada episódio, sinal do esmero feito pela HBO.

    O elenco é de alto nível, contando com um grupo de atores excelentes. O figurino, armamentos e costumes da época foram apresentados com um nível de detalhes incrível, o trabalho de edição é impecável e o mesmo vale para a equipe de direção que se encarregaram de tornar tudo isso mais crível para quem está assistindo todo esse show.

    Certamente uma das maiores produções já feitas para a televisão.

  • Agenda Cultural 21 | O Retorno do Rei, A Canção dos Bardos e a Volta do Coronel

    Agenda Cultural 21 | O Retorno do Rei, A Canção dos Bardos e a Volta do Coronel

    Sincronizem suas Agendas. Nesta edição Flávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem para comentar sobre Medievos X Alienígenas, a desgraceira envolvendo o último romance de Tolkien e um pouco sobre o cineasta, José Padilha e seus homens de preto. Idade Média, Terra Média e a banalização da classe média.

    Para informações detalhadas sobre a cobertura do Festival de Montreal, acessem: www.almanaquevirtual.com.br.

    Duração: 83 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Quadrinhos

    Camelot 3000 – Ed. Luxo

    Literatura

    Os Filhos de Húrin – J. R. R. Tolkien

    Games

    Games For Windows – O “Steam” da Microsoft?

    Música

    Blind Guardian – At The Edge of Time
    Principais Shows: Greenday, Bon Jovi, Rush, Air, Cranberries e Peter Frampton

    Cinema

    Contos da Era Dourada
    Atividade Paranormal 2
    Homens em Fúria
    Piranhas 3D
    O Solteirão
    Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro
    Resenha – Tropa de Elite 2

    Produto da Semana

    Singing Toilet Paper

  • Resenha | Jonah Hex: Marcado pela Violência

    Resenha | Jonah Hex: Marcado pela Violência

    Johan Hex - Marcado Pela Violência

    Jonah Hex está de volta em um novo encadernado publicado pela Panini Comics, e nós brasileiros, só temos a agradecer por esse material, já que está cada vez mais difícil encontrar publicações do mercenário mais mal encarado do Oeste selvagem.

    A única coisa boa que temos a agradecer pela bomba cinematográfica, Jonah Hex, estrelado por Josh Brolin, John Malkovich e a sempre bem-vinda Megan Fox, foi ter colocado os holofotes da mídia em cima de um personagem tão bacana quanto este. A Panini aproveitou a deixa e decidiu publicar novos materiais do personagem, coisa que não era feita há quase 4 anos.

    O encadernado faz um compilado das seis primeiras edições da revista mensal do Jonah Hex publicada lá fora, e conta com um time de craques de primeira linha: Jimmy Palmiotti, Justin Gray, Luke Ross, Tony DeZuniga, além de contar com outros excelentes desenhistas fazendo o trabalho de capistas.

    Todas as histórias são fechadas, terminando na mesma edição, seguindo bastante o formato das historietas de personagens clássicos do western como Tex, Zagor, entre outros, que em quase todas as edições nos deparavámos com uma história com início, meio e fim, não sendo necessário comprar outras edições para saber o desenrolar da história, o que acaba trazendo um dinamismo e uma variedade de contos bastante interessante.

    Os roteiros de Palmiotti e Justin Gray são como os bons “bangue-bangues” devem ser: Simples, eficiente e preciso. Em cada uma das seis histórias, temos Hex se deparando com um problema e tendo que resolve-lo até o cabo da edição, ao melhor clima de Western Spaghetti. Aliás, é importante frisar que essas edições do Hex que têm sido publicadas, são focadas apenas no western, tirando qualquer outra temática da personagem abordada anteriormente, motivo para agradecermos.

    A arte de Luke Ross é excelente, dono de um traço realista e eficiente ao criar sequências sem diálogos que relembram a filmografia do Leone. DeZuniga dá as caras em um das seis histórias do encadernado com seu traço característico.

    Marcado Pela Violência chega as bancas em um preço bastante convidativo, devido a qualidade do material. Recomendo para todo àquele que gosta de uma história clássica de western.

  • Resenha | Batman: Gotham City 1889

    Resenha | Batman: Gotham City 1889

    batman-gotham-city-1889

    Gotham City 1889 foi lançada pela editora Abril em 1990, se tornando a primeira história publicada pelo selo Elseworlds (Túnel do Tempo), conhecido por colocar seus personagens clássicos em outras realidades. E que personagem melhor do que Batman para inaugurar essas histórias? Ainda mais se tratando de uma trama ambientada na Inglaterra Vitoriana que trouxe como vilão ninguém menos que o maior serial-killer que o mundo já teve: Jack, o Estripador. Por que não colocar o maior detetive do mundo para enfrentá-lo?

    Essa foi a ideia de Brian Augustyn, roteirista de 1889, ao desenvolver essa história. Apesar do argumentoter potencial para se tornar extraordinário, o roteiro poderia ter se utilizado melhor de fontes do universo policial literário como Conan Doyle, Allan Poe, Simenon ou Agatha Christie para melhor compô-la, ainda assim Augustyn consegue escrever uma plot “redonda”, com um ótimo argumento e colocando o Homem-Morcego em um ambiente propício para suas histórias investigativas, ainda que não a desenvolva com todo o potencial que merecia.

    A trama relata um período logo após os assassinatos cometidos por “Jack”, o serial killer assombrou Londres em 1988 com seus assassinatos, e que após sair impune de todos eles decide buscar outro local para cometer suas atrocidades cruzando o Atlântico, onde encontra Gotham City. Uma cidade decadente, o cenário perfeito para sua sede por sangue e vísceras.

    No mesmo ano, 1889, conhecemos uma figura mítica que se veste como um morcego e se torna o alvo dos noticiários junto com o assassino. A grande sacada do roteiro é justamente essa, traçar uma analogia entre essas figuras e como os habitantes de Gotham e a imprensa os vê, já que ambos são confundidos como uma única figura. Não demora muito para que inocentes sejam colocados no meio deste embate.

    Temos um roteiro simples mas muito bem amarrado por Brian Augustyn, que além de tudo inunda o roteiro de influências steampunk, da própria mitologia do morcegão e da época em que foi ambientada, o que só ajuda a enriquecer a obra.

    E o que falar da arte?

    Mike Mignola, ainda um iniciante no mercado de quadrinhos mas já mostrando a que veio, faz um trabalho gráfico de elevar esta HQ a um novo patamar, que sem dúvida seria muito inferior sem a narrativa visual dele. Para os leitores de comics, não tem quem não conheça o traço de Mignola hoje em dia, mas na época o único grande trabalho dele era Odisséia Cósmica, mas com Gotham 1889 foi onde o devido reconhecimento chegou. A ambientação da história colabora e muito para Mignola deixar sua assinatura soturna com seus traços firmes e composição sóbria de seus personagens e da arquitetura gótica de Gotham. É claro que seu trabalho não seria o mesmo sem a arte-final de Craig Russel e as cores de David Hornung, que deixam aquela “cereja no bolo”, abusando de tons frios em toda HQ, casando perfeitamente com o estilo do desenhista.

    Batman parece estar em seu habitat natural, e ao ler a HQ chegamos a pensar se ele não deveria continuar no século 19 em vez dos tempos atuais. A combinação do personagem, tempo em que vive e a própria cidade é tão forte, que as suas histórias atuais simplesmente deixam de fazer sentido se comparadas (essa é a hora em que as pedras são jogadas) com a ambientação de 1889.

    Um ponto que deve ser comentado é a tradução da história, já que enquanto lá fora a obra foi lançada como Gaslight, traduzindo seria ”à luz de gás”, e por aqui chegou como Gotham City 1889. A tradução não é ruim, mas perde outra sutileza que a obra teria, Gaslight é como são conhecidos alguns romances do gênero Steampunk, e apesar de não ser uma história que faz referência direta a essa vertente (pois não temos uma tecnologia típica do gênero na obra), toda a ambientação típica está lá, e não podemos esquecer que sua continuação Batman: Mestre do Futuro já bebe 100% nessa fonte, mas isto é outra estória.

    Se toda série Elseworlds tivesse acertado como aqui, estaríamos repletos de boas histórias, uma pena que nem sempre temos artistas talentosos como é o caso de 1889.

  • Resenha | Justiceiro: Nascido para Matar

    Resenha | Justiceiro: Nascido para Matar

    Justiceiro - Nascido Para Matar- Garth Ennis

    Desde que o irlandês maluco (leia-se Garth Ennis) assumiu o título do Justiceiro, o personagem foi ganhando espaço cada vez maior e fãs mundo a fora. Ao perceber um grande potencial nas histórias do personagem, a Marvel decidiu mudar a casa do Justiceiro para um selo adulto, onde teria toda sua história recontada por Ennis, tendo total liberdade para fazer o que quisesse com o personagem, sem ter de se importar com o “fantasioso” universo Marvel cheio de “maravilhas” que Frank Castle tanto odeia.

    É claro que a Marvel também se preocupou com a ridicularização de seus personagens, já que a cada edição Ennis sacaneava um deles (o ponto forte foi o que ele aprontou com Wolverine e Homem-Aranha) e certos fanboys se incomodavam com esse tipo de atitude com seus queridos personagens. Para isso, ficou decidido criar histórias do Justiceiro que não tivessem ligação com o universo habitual dos heróis Marvel, e passamos a ter dois justiceiros, aquele que vive no universo Marvel habitua e o Justiceiro do Ennis que seria publicado na série Max, selo adulto da Marvel.

    Nascido para Matar, ou Born (título original), foi publicada neste selo Max e conta um pouco sobre a campanha de Castle na Guerra do Vietnã, trazendo um ângulo muito pouco explorado, já que pouco se falou de sua fase da vida em que passou no Vietnã, o pouco que se sabia é que ele tinha sido um herói condecorado e não muito mais que isso. Com base nessa origem, Ennis traça um perfil psicológico do personagem nunca antes abordado.

    Ennis desconstrói o personagem e coloca de lado a tão batida origem do Justiceiro de lado, já que com a morte de sua família, ele teria enlouquecido e se tornado o Justiceiro. Aqui Ennis traz algo novo na história do personagem, seria mesmo a morte de sua família o gatilho que o levou a se tornar quem era, ou sua faceta psicótica sempre existiu, e estavam apenas esperando o momento certo para vir à tona?

    A história da HQ se passa já no final da guerra, os EUA estavam sofrendo uma grande pressão popular para trazer seus jovens de volta. Nixon passa a reduzir as tropas americanas a numeros cada vez menores e os vietnamitas do sul passam a reassumir suas responsabilidades militares no confronto. É Nesse cenário que conhecemos o Capitão Frank Castle.

    Temos duas principais narrativas, a primeira do soldado Godwin, que demonstra um grande respeito por Castle, mas ao mesmo tempo medo pela paixão que ele passou a ter com a guerra e toda àquela situação, mas acima de tudo, confia nele, pois acredita que apenas Castle tiraria todos daquele inferno. Em contrapartida, temos o ponto de vista de Castle, com todos os seus tormentos e suas dúvidas, e quadro-a-quadro vamos presenciando um personagem se moldando.

    O roteiro de Ennis é visceral, detalhando seus personagens, a relação de medo e respeito entre Godwin para Castle, os conceitos deturpados de justiça aplicados pela mente doentia de seu protagonista, além de todo um esmero em escrever um retrato de uma época. Além disso, Ennis não faz vista grossa para todas as atrocidades que o exército americano cometia, monstrando estupros, a dependência de drogas pelos soldados e os assassinatos a sangue frio que eram cometidos. Claro que nada disso seria a mesma coisa sem o competente desenhista Darick Robertson, que com traços minimalistas cria sequências fantásticas de ação, onde a morte está presente em cada quadro, mas ainda assim, consegue colocar um ar poético em meio a tanto sangue.

    Nascido para Matar traz uma premissa interessante sobre a psique do Justiceiro, deixando claro que ele era um psicopata há muito tempo e a morte de sua família serviu apenas como gatilho para esse lado se tornar quem ele é. Outro ponto interessante são alguns diálogos entre Castle e um ser que não se identifica, mas que faz um pacto com ele. Afinal, seria ele o alter-ego de Castle já se manifestando? Uma força sobrenatural com quem Castle joga dados ou apenas reflexos de sua mente doentia?

  • Crítica | Solomon Kane: O Caçador de Demônios

    Crítica | Solomon Kane: O Caçador de Demônios

    solomon_kane

    O personagem criado pelo escritor Robert E. Howard, conhecido por ser o criador de Conan, escreveu antes disso histórias de Solomon Kane, personagem ambientado na Europa medieval, entre os séculos XVI XVII e que combatia demônios e outras aberrações.

    Solomon Kane nunca foi muito conhecido por aqui, apesar de ter algumas de suas histórias publicadas na revista Espada Selvagem de Conan e mais tarde em alguns encadernados da Editora Darkhorse, infelizmente o personagem nunca teve uma grande legião de seguidores pelo mundo, contudo, isso não impediu de trazê-lo as telas do cinema.

    Para isso, foi convidado o britânico Michael J. Basset para a direção do longa, que apesar da filmografia pequena, fez um trabalho competente na direção, no entanto, problemas no roteiro acabam comprometendo o resultado final. Isso influi principalmente no terceiro ato do longa e diminui o trabalho Basset, já que é ele quem assina o roteiro do filme.

    Na trama, não temos muitas informações sobre o passado do personagem e sua origem, o que sabemos é que Kane era um nobre mas que decide abandonar essa vida após um trágico acidente e parte ainda jovem. Kane acaba se tornando um grande capitão, conhecido pela sua força e coragem em batalhas como também pela sua ganância por riqueza e desprezo por Deus. Até encontrar com um demônio que lhe diz que não descansará até tomar sua alma. Após esse encontro, Kane passa a buscar uma redenção pelos seus feitos.

    Com um roteiro bastante confuso, como o motivo pelo qual Solomon Kane está sendo perseguido por alguns demônios, suas motivações, a origem de suas cicatrizes/tatuagens, acaba deixando o filme menor, mas há de se levar em conta outros fatores, como o elenco bastante interessante, inclusive do protagonista que é interpretado por James Purefoy (conhecido pelo seu papel no seriado Roma, interpretando Marco Antônio), Jason Flemyng e Max Von Sydow. Outro ponto interessante é a fotografia do filme que a todo momento consegue emular uma Europa do século 16 muito bem, usando cores acinzentadas dando um clima sombrio como das histórias de Kane. O figurino e os efeitos estão muito verossímeis, mas as cenas de luta são o ponto forte, tudo isso aliado a excelente trilha sonora de Klaus Badelt dão um tom mais sério a obra.

    Muito tem se comparado com Van Helsing, o que acaba sendo injusto, já que diferente de Helsing, Kane vem com um projeto muito menos pretensioso, um orçamento menor e não tem um direcionamento voltado a filmes “arrasa-quarteirões”, como era proposto com Van Helsing, além do que, a história de Kane é mais redonda e plausível –dentro desse universo– do que a megalomania proposta no longa de Hugh Jackman.

    Solomon Kane – O Caçador de Demônios está longe de ser um grande filme, mas certamente vai divertir àqueles que assistirem.

  • Resenha | O Clube do Filme – David Gilmour

    Resenha | O Clube do Filme – David Gilmour

    O Clube do Filme – David Gilmour

    Clube do Filme foi um dos primeiros livros que li em 2009, e que surpresa agradável. Uma história verídica sobre a amizade entre pai e filho, respeito, amor e o poder que um filme pode exercer em uma pessoa.

    David Gilmour, escritor e crítico de cinema traça um relato sensível sobre um período de sua vida onde estava sem trabalho, com pouco dinheiro e tendo problemas com seu filho de 15 anos.

    Sem saber como lidar com a situação delicada do filho que só tirava péssimas notas e vinha decaindo nos estudos cada dia mais e mais, David faz uma faz uma das escolhas mais dificeis de sua vida.

    Apesar de ser um rapaz esperto, popular e simpático, Jesse era totalmente incapaz de progredir na escola, seu pai se vê sem saber o que fazer diante do derrota do filho e fica com medo de perdê-lo. David propõe ao filho que ele poderia abandonar os estudos desde que assistisse toda semana três filmes. Os filmes são escolhidos a dedo por David, de acordo com cada situação vivenciada, buscando um diálogo após cada sessão visando o desenvolvimento do filho.

    Pode parecer absurdo para um pai a escolha feita por David e de fato é, mas um ponto deve ser analisado. No momento narrado pelo autor, o que notamos era o medo que ele sentia de perder seu filho e através das sessões de filmes, ele visava uma maneira de se aproximar do filho e ensiná-lo algo.

    O problema é que Jesse é um maluco apaixonado, e em dado momento do livro, se vê abandonado por sua amada e começa a se afundar nas drogas e depressão, o que torna a escolha de Gilmour um problema e o deixa confuso se fez a escolha certa.

    A leitura não é romantizada, mas sim muito sincera e por vezes dolorosa. Os filmes não são o objetivo do livro mas sim a relação entre pais e filhos, a amizade que nasceu e a troca que existe entre eles. Apesar disso tudo, eles tem papel importantissímo no livro, através deles, David faz metáforas da vida do garoto, traça paralelos e o ensina através de clássicos como Os Incompreendidos de Truffaut, Sindicato de Ladrões de Kazan, entre outros grandes clássicos ou não.

    David cria uma ligação com seu filho que muitos pais invejariam, tudo isso em meio à aulas de cinema. Um lindo relato sobre o poder do cinema e o amor entre um pai e um filho.

  • Agenda Cultural 20 | Nostalgia, Possessões e muita Polêmica

    Agenda Cultural 20 | Nostalgia, Possessões e muita Polêmica

    Sincronizem suas agendas. Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Mário Abbade e a estréia do nosso mais novo colaborador: Levi Pedroso (Johnny Depp). Zumbis e vampiros galhofeiros, uma volta do Oeste Selvagem à Fronteira Final e uma pitada de possessão demoníaca nesta edição. Have fun!

    Duração: 78 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Quadrinhos

    Vampiro Americano – Vertigo Edição 10
    Jonah Hex – Marcado pela Violência

    Games

    Trine

    Música

    Iron Maiden – The Final Frontier

    Série

    Boardwalk Empire

    Cinema

    Comer, Rezar e Amar
    Os Vampiros Que Se Mordam
    Os Outros Caras
    The Runaways – Garotas do Rock
    Crítica O Último Exorcismo
    Wall Street 2 – O Dinheiro Nunca Dorme
    Resident Evil 4: Recomeço
    Viral do O Último Exorcismo no Chatroulett

    Produto da Semana

    Oi Girl

  • Resenha | A Cor da Magia – Terry Pratchett

    Resenha | A Cor da Magia – Terry Pratchett

    A Cor da Magia - Pratchett

    São poucos os autores que conseguem soltar as amarras e fugir do óbvio, principalmente quando se trata de literatura fantástica, onde frequentemente nos deparamos com uma história repetitiva, com a formúla básica desse genêro, grupos de aventureiros partem com o objetivo de um bem maior, tudo isso somado à criação de um novo mundo, uma nova língua para alguns habitantes desse mundo (tentativa frustrada muitas vezes) e os personagens de sempre com suas personalidades batidas.

    Não precisa ser grande conhecedor de leitura para notar as semelhanças das histórias de hoje com o que foi criado pelo Professor Tolkien. A velha forma de contar uma história vem sendo repetida inúmeras e inúmeras vezes, achar algo original no meio de tantos autores que têm medo de arriscar não é fácil, mas tem quem se arrisque, e Terry Pratchet é um desses.

    A série Discworld já tem mais de 30 títulos lançados, e foi escrita pelo britânico Terry Pratchett. Infelizmente, apenas alguns desses títulos chegaram por aqui, e boa parte deles já estão esgotados e sem previsão de relançamento pela Editora Conrad, responsável pela série no Brasil. A Cor da Magia, primeiro volume da série, foi publicada em 1983 e traduzido e publicado no Brasil apenas em 2001.

    A originalidade e o bom humor do autor é um colírio para os olhos, logo nas primeiras páginas ele descreve o mundo dos personagens da série mais ou menos assim: “Tente imaginar o mundo plano, no formato de um disco, esse disco é sustentado por quatro elefantes gigantes(!), e esses quatro elefantes são sustentados por uma tartaruga gigantesca(!!!) que fica vagando pelo universo”. Achou muita maluquice? Você não viu nada.

    A Cor da Magia foca na ambientalização do leitor ao mundo apresentado pelo escritor, além de contar a história do mago Rincewind, que sabe apenas um feitiço, mas que nunca o utilizou, pois não se lembra, ou quando lembra tem medo das consequências que ele pode causar e DuasFlor, um viajante maluco e ingênuo que só arruma confusão e é acompanhado por sua bagagem que tem vida própria, com direito a dezenas de perninhas para correr e dentes para proteger quem tentar ameaçar seu dono.

    O livro tem personagens fantásticos, como o Morte (sim, aqui ele é um homem), que para mim é o melhor de todos. Morte sempre aparece nos piores momentos, tentando levar a alma de um personagem e, sempre com tiradas de humor negro e sarcasmo. Temos também a espada mágica que não pára de falar nunca e tem poder sobre aquele que a empunha ou ainda um grupo de cientistas que estão desenvolvendo uma pesquisa para descobrir qual o sexo da tartaruga gigante e se ela pode ter relações sexuais com outra tartaruga gigante(?!).

    Pratchett abusa das referências mitológicas e lendárias para criar sua história, mas usa tudo isso com extrema originalidade, dando toques de humor e até mesmo críticas a sociedade moderna, não deixando passar nada. Seu roteiro não é pré-delineado, e com isso ele vai brincando com os personagens sem se sentir obrigado a seguir o caminho habitual de boa parte das histórias que vemos por aí.

    A Cor da Magia é extremamente recomendado, uma pena ter esgotado e a Conrad não ter planos de republicá-lo tão cedo, aproveito a oportunidade para fazer um apelo a Conrad que republique os volumes que estão esgotados ou que outra editora compre os direitos da série, porque eu quero garantir os meus.

  • Crítica | Tudo Pode Dar Certo

    Crítica | Tudo Pode Dar Certo

    Tudo Pode Dar Certo

    Woody Allen é um workaholic inveterado. Atualmente aos 74 anos, Allen não demonstra sinais de cansaço e retorna às telonas com sua mais nova sequência: Tudo Pode Dar Certo.

    O Cineasta despontou na indústria em 1965 ao ser convidado para escrever o roteiro de O que é que há, gatinha?, comédia dirigida por Clive Donner, e que além de tudo contou com a atuação de Allen. Em 1969 dirigiu seu primeiro filme, mas somente em 1977 com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa é que teve seu devido reconhecimento. O fato é que Allen desde os anos 60 não parou mais, seja como roteirista, diretor ou ator, mantendo uma incrível média de lançamento de um filme por ano, boa parte deles de extremo bom gosto. E dessa vez não foi diferente.

    Tudo Pode Dar Certo é um retorno às origens, Allen reúne tudo aquilo que o consagrou nos anos 70 e faz uma excelente comédia. Não estou de maneira alguma menosprezando seus últimos trabalhos, longe disso, são todos belíssimos, mas Tudo Pode Dar Certo nos remete  aos seus filmes daquela década que estabeleciam elementos como pessimismo, neuroses e excentricidades como sua veia cômica mais pungente. Uma boa razão para isso, talvez seja pelo fato do roteiro ter sido escrito nessa mesma década, com adaptações para os dias de hoje.

    Para o protagonista do longa, Allen convidou ninguém menos que Larry David para interpretar Boris (alter-ego de Allen), conhecido pela seu sarcasmo habitual, David deixa sua assinatura escancarada no personagem, o que pode agradar alguns e afastar outros. O personagem de David é um físico arrogante e excêntrico, repleto de neuras e ceticismo, além de ser profundamente pessimista ao mundo e aos que nele habitam. Boris já é um senhor, separou-se da mulher e passou a morar sozinho, tendo como amigos um pequeno e seleto grupo de estudiosos onde eventualmente ele se reúne.

    Sua vida rotineira termina na noite em que encontra Melody (Evan Rachel Wood), que foge de casa para tentar a carreira de atriz em NY, sem ter onde morar, Boris aceita que ela passe a morar com ele (Após muita relutância). A partir daí a vida dos dois muda bruscamente, Boris, passa a provocar transformações na vida da garota, antes uma menina fútil, agora passa a enxergar o mundo de outra maneira, discutindo questões existencialistas, se tornando outro “Woody Allen”, mas sem perder um pouco da inocência e até mesmo do otimismo, característica inata de quase todos os jovens.

    Rachel Wood mostra um refinamento artístico por não tornar o seu personagem caricatural, pelo contrário, apesar de todas as mudanças e o espelhamento e admiração que sua personagem tem por Boris, ela ainda consegue deixar sua marca e não emular outro ator, mas também, convenhamos que ter Allen como Diretor ajuda e muito. O elenco de apoio é todo muito bom e são peças fundamentais para o tema abordado no filme.

    Boris traz com ele uma quebra da quarta parede, ao se dirigir ao público e dialogar sobre seu ponto-de-vista e manifestando mais uma vez toda sua excentricidade, tornando a narrativa extremamente direta e fluída. Durante todo o longa, somos martelados com a ideia central do longa, da auto-descoberta, da não-repressão e da liberação de uma sociedade fundada por dogmas e convenções.

    Allen retorna mais uma vez para dizer a quem queira ouvir para abrir sua visão de mundo a novas ideias, experiências, descobertas e relações. Whatever Works (título original) mescla um roteiro repleto de questões existenciais com bom humor. Diversão garantida e uma ótima deixa para refletir sobre sua vida.

  • Agenda Cultural 19 | Um Morto que caminha, Hurley e Larissa Riquelme

    Agenda Cultural 19 | Um Morto que caminha, Hurley e Larissa Riquelme

    Sincronizem suas agendas. Nesta edição convidamos os integrantes do podcast mais famoso da internet para participar da Agenda Cultural! Estou falando de Mallandrox e Rodney Buchemi do site Melhores do Mundo! Nao deixe de conferir as maiores besteiras sobre zumbis, fim do mundo, Larissa Riquelme e…Hurley?!

    Duração: 70 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Quadrinhos

    Fase Elektra – Universo Marvel
    Macanudo
    Larissa Riquelme
    Deviantart – Buchemi
    Blog do Buchemi

    Literatura

    A Batalha do Apocalipse
    Orgulho e Preconceito e Zumbis

    Música

    Weezer – Hurley
    Danko Jones

    Série

    The Walking Dead

    Cinema

    Amor à Distância
    O Refúgio
    A Ressaca
    Solomon Kane
    Karatê Kid
    Rec 2
    O Último Mestre do Ar

  • Anotações na Agenda 01 | Feedback Aos Ouvintes

    Anotações na Agenda 01 | Feedback Aos Ouvintes

    Sincronizem suas Agendas. Flávio Vieira, Amilton Brandão, Deusa Bruno Gaspar e Levi Pedroso se reúnem para ler os comentários e emails de edições passadas enviados pelos ouvintes, tudo isso com a baixaria de sempre, claro.

    Duração: 30 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Farrazine 17 – No Ar!
    Deviantart – Bruno Gaspar (Deusa Hecates)
    Galeria Hentai – Bruno Gaspar (Deusa Hecates)
    Promoção Conn Iggulden – Ganhadores:

    Playlist da Edição

    Castlevania – Abbandoned
    Chrono Trigger – Main Theme
    Mario RPG – The End
    Zelda – Kakariko Village
    Rosana – O Amor e o Poder
    Assassin’s Creed 2 – The Animus 2.0
    Zelda Wind Waker – Dragon Island
    Shinobi – Kau Buatku Gila
    MegaDriver – Metal Beast – Rise From Your Grave
    Poets Of The Fall – Late Goodbye

  • Resenha | Fell: Cidade Selvagem

    Resenha | Fell: Cidade Selvagem

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    Fell é uma daquelas HQs com uma premissa simples mas muito bem desenvolvida. Também pudera, os responsáveis por ela são ninguém menos que Warren Ellis e Ben Templesmith, dois talentos incontestáveis em suas respectivas áreas.

    Ellis se tornou um dos grandes escritores e hoje em dia figura ao lado de grandes nomes do gênero como Alan Moore Neil Gaiman. Sua engenhosidade emparelha-se as suas bizarrices. Independente do trabalho que seja responsável, o autor sempre tende a revolucionar o universo que escreve, e por onde passou, deixa uma série de fãs, amantes de seu trabalho.

    Em Cidade Selvagem (Fell, no original), Ellis cria um misto de trama noir com terror psicológico  bem desenvolvido. Os desenhos de Templesmith, habituado a desenhar história de Terror como 30 Dias de Noite, têm papel fundamental na obra casando perfeitamente com o objetivo final da história.

    Após um incidente que envolve seu parceiro, Richard Fell é transferido para Snowtown, uma cidade sombria, suja e violenta, onde até mesmo seus habitantes aceitam resignados sua decadência. A trama foca o dia a dia do policial indo fundo na putrefação da cidade, confrontando seus receios e compreendendo melhor seus habitantes, uma escória variada como psicopatas, suicidas e pedófilos. A cada dia observamos sua paranoia crescer mais e mais.  A cidade corrompe a todos como uma droga, porém, Sem nenhum estase. Sugando os habitantes com sua opressão e subtraindo deles a sanidade.

    As histórias de Cidade Selvagem são fechadas, trazendo em cada volume uma trama distinta com início, meio e fim. Também merece destaque o fato de que cada história tem menos de 20 páginas. O autor quis lançá-las dessa forma para vender cada edição por um preço menor (lá fora cada edição foi vendida por $1,99). Mesmo com poucas páginas, o material tem boa qualidade e a narrativa de Ellis e a arte de Ben são sensacionais.

    Recomendado para aqueles que gostam de uma boa história policial que vai na contramão dos clichês das grandes editoras e também pela grande iniciativa dos autores de colocar um material com essa proposta disponível por um preço tão baixo no exterior.

    Compre: Fell.