Reunindo novos modos de entender o complexo mundo dos adolescentes, se livrando de alguns estereótipos datados para fomentar outros, D.U.F.F. exibe a intimidade mental de Bianca Piper (Mae Whitman, de As Vantagens de Ser Invisível), uma menina que jamais se destacou pela beleza, dada a sua condição física, tendo como companheiras duas garotas que se enquadram no padrão de beleza atual.
É através de seu vizinho Wesley (Robbie Amell), um atleta sarado que lhe é bastante próximo, que Piper descobre ser uma D.U.F.F, um conceito imbecil, fútil e imaturo que reúne em sigla os termos Designated Ugly Fat Friend, traduzidos livremente como amigo que cumpre a função de ser feio e gordo para valorizar a beleza das amigas. A reação ao descobrir tardiamente sua condição faz Bianca sentir raiva e desprezo, dando vazão a sua má reputação além das aparências.
Aos poucos, o intercâmbio entre os dois aumenta em intensidade, resgatando a amizade que vinha da infância em nome de uma mútua evolução, dele enquanto aluno em dificuldades, e dela como figura de atração, reprisando momentos de banho de loja como foram conhecidos em tantas paródias de Uma Linda Mulher.
Assuntos importantes são discutidos pelo roteiro de Josh A. Cagan e Kody Keplinger, como o bullying e o assédio moral, questões agravadas pela era da informação na qual a mínima informação é viralizada em questão de segundos e nos círculos de relações, ainda que tudo seja orquestrado de modo bem humorado e voltado para o nicho infanto-juvenil. As piadas e gags cômicas, bem como a trajetória de mentor e aluna, fazem lembrar um sem número de outras comédias descerebradas, como Ela é Demais e tantas outras, ainda que não haja qualquer surpresa dentro dessa exploração já tão comum.
Todas as reviravoltas e plots invertidos são tremendamente baratos e previsíveis, com movimentações que beiram o ridículo e que se mostram óbvias desde o início da trajetória de Wesley e Bianca, inclusive na estranha tomada do par do romântico baile, desafiando convenções para exibir um chavão bastante comum no humor típico da high school. Nisso, ainda faz alusão a uma jornada de edificação rumo à aceitação pessoal de uma personagem insegura.
Apesar de conter alguns poucos bons momentos, D.U.F.F. se mostra bastante banal e negativo, a despeito de dar voz a figuras ditas estranhas, reprisando os papéis de Ken Jeong (ainda que esteja bem menos afetado neste que em Community e Se Beber, Não Case!), Allison Janey e Romany Malco, que apresentam alguns bons momentos, ainda que não façam qualquer diferença na maior parte dos rumos da fita. O filme de Ari Sandel acaba por parecer-se demais com as fitas de MCG – um dos produtores. Apesar disso, o discurso deste é bem menos vazio que os últimos trabalhos do diretor.