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  • Resenha | A Rica Indecente (Vertigo Crime)

    Resenha | A Rica Indecente (Vertigo Crime)

    A Rica Indecente - Azzarello

    A fantasia de Richard Junkin começa por seu passado, um tempo somente citado pela memória história de Brian Azzarello. O clima noir é cortado pela narração em primeira pessoa, exibindo luxúria e desgosto pela atual rotina, distante demais dos tempos áureos de quando o personagem tinha uma promissora carreira esportiva a queimar.

    A chegada ao local de trabalho é melancólica. Segue-se uma reprimenda que o afasta das imagens sexuais e o faz retornar ao seu lugar de direito, como um capacho, péssimo vendedor que era. Seu patrão Helm Soeffer pede para que ele se exiba para um possível cliente, um fã ávido por futebol americano que narra as marcas e recordes que ele tinha no desporto, esmagando sua moral em virtude do seu presente. O joelho, peça quebrada em sua equação, é tão esfolado e esmigalhado quanto sua alma, quebrada, sem uso, somente funcional para a sustentação de um homem que tão cedo já se vê como um alguém decadente, que vê na esbórnia um modo de aplacar sua depressão.

    A cercania de Junk é formada por indivíduos medíocres e sem planos muito elaborados além das banais vendas de carros para suburbanos. Isso faz com que o protagonista piore sua perspectiva de existência, afirmando que a vida parece não lhe reservar mais qualquer coisa. A propensão para o suicídio parece querer saltar de seus lábios antes mesmo do chamado à aventura. Após quase ser demitido, Junk tem mais uma chance de se redimir, sendo designado para um inglório serviço: cuidar da mimada (e boêmia) Vicki, que mais frequenta as páginas de coluna social do que qualquer outra roda de conversa, o que claramente atrapalha as vendas da concessionária.

    A missão de Junkie é a de evitar que Vicki seja matéria da imprensa e para que ela não se meta em apuros ou indiscrições. As ordens dadas por seu pai exibem as baixas expectativas do personagem em relação a uma mudança de comportamento da garota. Ao frequentar a primeira das baladas de Vickie, o encarregado esbarra em algo que odeia; todo aquele cenário repleto de subcelebridades e personagens presentes em colunas de fofoca exalavam futilidade e vazio, e eram exatamente da parte informativa do jornal que ele propositalmente ignorava, ainda que não pudesse negar o conhecimento da identidade de algumas delas. De todas as socialites, Victoria se destacava por ser herdeira do maior negócio de carros do nordeste estadunidense, e também por sua persona.

    A mulher fatal acumula o papel como alvo da proteção do anti-herói. A principal tentação aos olhos e tato de Junkie dentro de sua jornada é a moça, que teima em praticar suas indiscrições e ainda se exibir a ele, mostrando seus dotes que se distanciam da figura de menina pintada por seu pai. Os encantos da moça excedem o arquétipo de ninfeta e de presa sexual para apresentar uma manipulação mental atroz em que se reúnem o senso de proteção e o desejo por sua carne, como se ambas as sensações fossem sinônimas, o que acaba saindo do campo de ideias para invadir a realidade.

    O desenho de Victor Santos consegue exibir a violência de modo simples e bastante gráfico. O realismo do asfalto é bem enquadrado, permitindo ao leitor uma imersão quase impenetrável.

    Uma gangorra de emoções, Junkie dá vazão ao seu desejo, servindo aquela a quem deveria proteger em instâncias bem maiores que sua obrigação contratual. A vontade em prosseguir usufruindo do corpo da moça o embevece, deixando-o cego ante os desejos de Victória e perdendo o critério ao vê-la ferida. Mesmo os seus instintos básicos eram enganados. Os atos finais mostram o papel subalterno que ele escolheu para si, evidenciando uma ilusão travestida de auto-engano. O engodo interno criado para que a sensação de rejeição e certeza de estar sendo usado caracteriza-se por sensações aplacadas numa tentativa pobre e fracassada de fechar os olhos para realidade, inventando uma nova para si mesmo.

  • Resenha | Os Invisíveis: A Revolução – Volume 1

    Resenha | Os Invisíveis: A Revolução – Volume 1

    Os Invisiveis - Revolução - Panini Comics - Capa

    Grant Morrison introduz anarquismo, terrorismo e viagem temporal em Os Invisíveis – talvez a mais louca experiência do autor em quadrinhos desde Patrulha do Destino. Sem usar os clichês, comuns neste universo, sua abordagem é diversificada e lembra o efeito de barbitúricos, pois é ácida e psicodélica.

    Dane McGowan, de alma arredia, é um menino que tenta ser nefasto e criminoso a despeito até de sua idade. No entanto, sua tenra juventude não permite que esse desejo se realize. Seu olhar registra as inúmeras pichações de King Mob que, como um mantra, penetram em sua mente por meio da repetição. A rebeldia dos meninos é reprimida num ambiente semelhante a de uma casa de repouso, a qual, na verdade, realiza tratamentos psíquicos nos detentos. O intuito destas experiências envolve a reeducação dos garotos.

    No primeiro arco, há uma bifurcação que se relaciona ao protagonismo da história: as partes são Gideon, um sujeito que esconde uma habilidade incomum de longevidade, e o outro é Dane, movido por ideais incendiários e que parece habitar um mundo de extremos, onde não tomar uma atitude significa não ser ninguém. A rejeição que o menino sofre dentro de casa ajuda a agravar ainda mais o seu sentido de inexistência e o complexo de inferioridade que sofre.

    A rebeldia e o vandalismo são as formas que o jovem encontra para chamar a atenção do mundo dos adultos, e, após um crime, ele é julgado e sentenciado a ir para uma casa de reabilitação, a Casa da Harmonia, uma instituição com viés alienador e que corrige seus detentos com métodos esquisitos, envolvendo criogenia e castração dos internos. Dane é salvo por uma mini-sociedade secreta, com motivações semelhantes às suas próprias, mas que tem poder real para mudar o status quo e não para mantê-lo, como tanto queriam os homens da Casa da Harmonia. Estes se chamavam Os Invisíveis.

    O que o personagem orelha ainda não parece ter entendido é que algo “oculto” comanda seus opositores, aumentando ainda mais o escopo de teoria da conspiração presente no título. No segundo número, denominado Pra Baixo e Pra Fora no Céu e no Inferno, um pregador, mostrado como um pseudo-revolucionário, começa o arco gritando sobre a ditadura da ideia. Ainda que seu discurso seja fraco, ele contém uma indagação forte: “quando foi a última vez que você teve um pensamento que não foi imposto por eles?”. Logo, o rapaz encontra um mendigo chamado Tom, que, atrás de seu comportamento de pedinte bêbado, esconde um enorme poder, convocando Dane para ser parte da tal sociedade secreta.

    O mendicante é um mentor pouquíssimo inspirador, seja por seu estilo de vida ou pelo seu método de ensino, pouco ortodoxo, para dizer o mínimo, que se utiliza da violência com o aluno. O intuito de libertar Jack Frost faz com que ele seja deveras agressivo com Dane, a fim de que este rompa com seus antigos medos e meios de vida para ressurgir como um novo homem. Certamente sem estas reprimendas, Dane não conseguiria expor todo o seu potencial e jamais chegaria ao ponto de sentir falta do mestre quando este sumiu. Depois de uma bad trip, Dane se encontra finalmente com King Mob e com os Invisíveis, e a ele é revelado que jamais lançou mão de alucinógenos. A doideira que viveu realmente aconteceu, e subitamente é obrigado a fugir com o grupo, antes que os opositores o alcancem.

    A lancinante fuga dos opositores faz Dave olhar o ancião com outros olhos. Aos poucos, muda sua perspectiva, mas em momento algum parece forçado a mudar a própria postura. A utopia do pensamento poético é discutida por meio de um retrocesso temporal que contempla uma discussão entre um par de artistas, o qual demonstra o prazer em falar da realidade e do metafísico, inclusive pondo em pauta a sua importância enquanto emissor da contestação no panorama político e o quão vazio ou repleto de conteúdo ele pode ser. Além disso, a dupla fala da sua importância enquanto formadora de opinião para gerações vindouras, especialmente as que não sofrem com uma tirania tão presente quanto a que vigora naquela linha temporal.

    Ainda neste ínterim, Jack Frost – alcunha dada pelos membros do grupo a Dean – começa seus treinamentos junto ao quinteto elemental, e enquanto aprimora sua parte atlética, discute os clichês do Thug Life com Boy, uma mulher negra de compleições femininas, apesar de seu codinome. Paralelo aos dois comentários, o planeta mostra-se como um ambiente em que coexistem “mundos” muito diversos. Nele, há um modo orgânico e simbiótico que permeia esta paisagem e onde, além de se notar uma forte influência militar, discute a máxima física de que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. O paradigma é notório. As criaturas, modificadas geneticamente por influência da radiação, condição que ultrapassa o arquétipo do normal e passa pela figura de mal necessário, parecem ser apenas parte de um efeito colateral de uma sociedade (supostamente) evoluída, mas que, obviamente, não pode ser levada de modo tão categórico quanto a apelação apolínea pede.

    Em outro momento, o quinteto consegue – vias misteriosas fontes – retornar ao passado, a uma era distante demais daqueles anos 1990. A Era Vitoriana deixa toda a sua aura clássica para apresentar uma fina camada de neblina, inebriante, cujo torpor quase ameniza as situações violentas mostradas na publicação.

    Arcádia tem um cunho contestatório ligado ao aspecto social e político, num arremedo de Morrison deveras inteligente que se utiliza de um clichê dentro do gênero ficção científica para perverter a mensagem e elevando-a a um ponto anarquista do aspecto político. As fronteiras entre realidade e o mundo imaginário ainda não são completamente claras, e neste início não é sequer correto declarar se há realmente uma diferenciação clara entre dois aspectos.

    Invisíveis é uma obra que foge do mainstream de quadrinhos, e, nos episódios posteriores, se aprofunda mais nas questões e aspectos políticos da trama, uma vez que os arcos precisam ser lidos em seguida para se ter uma compreensão completa do todo. Neste momento, Frost ainda era um neófito, um Invisível em começo de carreira. No entanto, este tomo, Revolução, já deixa o leitor a par do que virá nesta abordagem anormal da sociedade, retratando temporalmente, de modo singular, muitos períodos.

  • Resenha | John Constantine, Hellblazer – Infernal Vol. 1: Hábitos Perigosos

    Resenha | John Constantine, Hellblazer – Infernal Vol. 1: Hábitos Perigosos

    Hellblazer - Infernal - Vol. 1 - Habitos Perigosos

    Se a Warner fizer direito a lição de casa, é provável que John Constantine se torne um de seus personagens mais populares nos próximos anos. Isso porque está em produção uma série televisiva estrelando o mago, que a julgar pelos vídeos publicados até agora na internet, irá abocanhar uma grande fatia de fãs da já saturada série Supernatural. Soma-se a isso sua recém renovada popularidade nos quadrinhos mainstream da DC Comics, graças ao reboot do personagem e sua nova série mensal nos Novos 52 e – Bingo! – temos um novo personagem favorito dos fãs e dos cofres da Warner.

    John Constantine foi criado por ninguém menos que o aclamado autor de quadrinhos Alan Moore, em 1985, nas histórias do Monstro do Pântano. De lá pra cá, ganhou uma série duradoura em quadrinhos, Hellblazer, um longa metragem estrelado por Keanu Reeves em 2005 que divide opiniões entre os fãs e diversas aparições em revistas em quadrinhos, como na Liga da Justiça Dark, além da já citada série de TV. Mas suas melhores histórias estão, com certeza, no selo Vertigo – linha de quadrinhos da DC Comics com temática adulta.

    A Panini trouxe ao público brasileiro o arco de histórias escritas por Garth Ennis no encadernado John Constantine, Hellblazer: Infernal Vol. 1 – Hábitos perigosos. Aqui, vemos histórias de 1991 que serviram de inspiração para o filme, e que molda muito do que sabemos sobre o personagem. Logo na primeira parte da história, John recebe a notícia que está morrendo, graças a um câncer terminal no pulmão (resultado de um maço e meio de cigarro por dia desde os dezessete anos). Constantine sabe que sua morte resultará no castigo do inferno pela eternidade, e passa a pensar em um jeito de contornar a situação.

    A forma como Ennis desenvolve o roteiro nos faz acompanhar com empatia o sofrimento de John Constantine, que não pode simplesmente curar-se com magia. Constantine aproveita para despedir-se de seus entes queridos, de forma a causar nó na garganta do leitor mais durão. Da mesma forma, seu jeito trambiqueiro tira boas risadas, e o roteiro sabe equilibrar momentos tensos, divertidos e tristes, de forma a despertar as mais diversas emoções. A forma como John lida com demônios é fantástica, e demonstra uma esperteza sem tamanho.

    O arco de histórias que dá título ao volume se encerra, na verdade, na quinta história dentre as oito publicadas no volume, mais um epílogo na parte seis. Isso não significa que as outras duas histórias que encerram a edição sejam ruins. Infelizmente, a arte não segue o primor do roteiro, sendo que na última história ela chega a ser bastante inconsistente, de modo que não conseguimos sequer distinguir um mesmo personagem de um quadrinho pro outro na mesma página. Se nos anos 90 os quadrinhos foram marcados por artes arrebatadoras e roteiros fracos, aqui vemos exatamente o contrário. O esquema de colorização também é bastante datado, tendo páginas e páginas utilizando apenas uma ou duas cores. Talvez sirva para o propósito da narrativa, mas não deixa de ser estranho se comparado com a versão dos Novos 52 e com o atual modelo de colorização por computador. A arte de capa de cada edição é reproduzida entre os capítulos da história, e é algo que vale a pena gastar um tempo observando.

    O modo como a magia é retratada nessas histórias é bastante sutil. Nada de bolas de fogo lançadas pelas mãos ou feitiços de voo para facilitar o deslocamento dos personagens. Aqui, a magia é algo misterioso e deve ser evitada sempre que possível. Coisas mais corriqueiras, como alterar a percepção que o porteiro tem dos trajes de Constantine ou estourar o pneu do caminhão de um desconhecido babaca funcionam de forma coincidente, quase como se fosse algo natural. Já invocar demônios ou transformar água benta em cerveja requer rituais elaborados, que demandam tempo, velas acesas, pentagramas desenhados com giz e outros elementos do ocultismo. Não é a magia em si que faz Constantine ser um excelente personagem, mas a forma que ele a usa.

    Não é a primeira vez que Infernal é publicado no Brasil. Mas para quem está conhecendo o personagem agora, é uma excelente oportunidade de ter em mãos uma das melhores fases do mago, com um material de qualidade e preço bastante acessível. Embora a publicação comece pelo número 41 da série Hellblazer, não é necessário ler as outras edições para entender e apreciar a obra. Isso sem contar que é muito provável que mais volumes da saga sejam publicados. Assim, o leitor pode garantir alguns momentos de leitura bastante agradáveis num futuro próximo, com o que há de melhor nos quadrinhos adultos da DC, além da possibilidade de se preparar para assistir a série da Warner. Para o bem ou pra o Mal.

  • Resenha | 100 Balas: Atire Primeiro, Pergunte Depois – Volume 1

    Resenha | 100 Balas: Atire Primeiro, Pergunte Depois – Volume 1

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    100 Balas foi uma série do selo Vertigo que mostrava algumas das facetas criminais comuns ao povo estadunidense. Roteirizada pelo premiado Brian Azzarello (de Batman: Gotham Knights e Superman – Pelo Amanhã) e com arte do argentino Eduardo Risso (Parque Chas e Cain), o título premiadíssimo durou 100 edições, começando em 1999 e terminando em 2009.

    O primeiro encadernado compreende três arcos de histórias. Em 100 alas, Azzarello brinca com os clichês do sub-gênero “women in prison”, mostrando a comunidade homoerótica do presídio, e claro, com uma protagonista perturbada por seu passado. A moça, finalmente livre da prisão, recebe uma inesperada visita, de um misterioso Agente Graves, que explana a sua vida nos mínimos detalhes, e escancara inclusive os motivos que a fizeram ir presa e propõe algo para ela, até então, inimaginável, entregando-lhe uma mala, que contem um arma com 100 balas irrastreáveis, que poderiam ser usadas em sua vingança. Dizzy tem uma surpresa ao perceber que a arma realmente não pode ser encontrada, e que ela pode manter posse do objeto, mesmo estando em condicional e após ser abordada por dois policiais corruptos. A personagem termina a edição sem tomar uma decisão, mostrando toda a reticência que uma escolha como essa provocaria num ser humano normal.

    Se a ex-presidiária fosse uma reles assassina, o dilema em que se mete não seria tão alardeado, pois aderir a ideia da vingança não seria uma corrupção do Ethos, mas o fato dela ter sido presa por um crime passional e em legítima defesa a pôs em um ambiente hostil e criminoso que ela sempre renegou, apesar dele estar sempre por perto, e que teima em retornar a si. Ao sair da cadeia ela descobre que até seu irmão está envolvido com a criminalidade, e que galgou degraus na hierarquia das gangues locais, tem as costas quentes, mas ainda assim, se nega a dar o destino justo àqueles que causaram mal a sua família – o que faz Dizzy tomar uma decisão.

    A violência presente nas ruas de Chicago não é exclusividade da cidade, na verdade o factóide representa a realidade das metrópoles ao redor do globo, especialmente as do terceiro mundo e demonstram como a violência urbana é implacável com os habitantes da cidade, com os que a negam, o preço pedido por ela invariavelmente envolve óbito.

    A moça já havia se conformado em ter perdido seus entes queridos, jogava a responsabilidade do fato nos pecados que praticara no passado, encarava isso como um castigo divino, mas ignorava a corrupção dos policiais que cometeram o assassinato e não levava em conta de que seus erros deveriam causar danos a sua própria vida, não a de seus próximos. A escolha contemplou o máximo de ética que conseguiu, sua escolha em matar o número de pessoas que executou gerou uma culpa, não muito grande, mas ainda assim presente em sua vida – ela não poderia com todo o seu código moral matar os culpados sem sair ilesa, mas ao final, em seu discurso para o Agente Graves, ela destaca que a execução poderia ter sido maior, e não o foi, por escolha unicamente dela, suas decisões foram corretas segundo a sua própria ótica do que é certo e do que é errado, e em última instância, permitiria a Emilio a chance de se consertar.

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    O lugar comum do segundo arco – Tiro Pela Culatra – é um bar, onde bêbados modorrentos e decadentes frequentam e tornam a vida do barman em algo ainda mais miserável do que já era. Lee Dolan, o novo protagonista, descobre quem foi a pessoa que enviou o arquivo que o comprometeu, e consequentemente destruiu sua “vida anterior”: seu restaurante, sua vida respeitável, sua mulher e filhos e o respeito que tinha de seus iguais, tudo foi perdido graças a uma armação e ao envio de fotos de garotos sendo molestados, seu julgamento já estava decidido antes mesmo de ser fechado.

    Risso mostra visualmente como Jerry vê seu pai, revelando um desprezo enorme ele pede para que ele suma de sua vida, e a reação de Lee é ficar parado, enquanto a sequência de quadrinhos o mostra imóvel, mas o tamanho do enquadramento vai aos poucos diminuindo. Após isso, o sujeito vai a um bar de strip, e uma das moças que o atendem diz que ele é infeliz, sua resposta, educada e pronta, fala que só uma pessoa infeliz reconhece a outra.

    O fato da festa de Megan (a culpada pela vergonha e desgraça que acometeram Dolan) ser no bar onde Lee trabalha faz o leitor se perguntar se algo não está errado, qual o motivo dessa grande coincidência bater a porta do protagonista? Graves era conhecido da moça, e ela sabia de todo o ardil antes de terminar o diálogo com o seu antagonista. O protagonista hesita, achando que a mesma pessoa que arruinou sua vida poderia magicamente consertá-la. Mesmo com toda experiência que passara, ele permanece imprudente e é mais uma vez posto para trás. 

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    Pequenos Vigaristas, Grandes Negócios
    O terceiro arco trata de Chucky Spinks, um trambiqueiro que vê suas dívidas de jogo migrarem para um corretor diferente, um antigo amigo seu e agora chefão do crime Pony. O protagonista se enrola e quase perece pelas mãos dos que jogam consigo, cansados de ser passados para trás, e isso quase acontece até a intervenção de Graves.

    Chucky é, dos protagonistas, o personagem menos bem urdido. A posse da maleta contendo a centena de balas o faz ficar eufórico instantaneamente, deixando o lado depressivo e cabisbaixo para se sentir o maior dos trapaceiros. O fato dele ser um ardiloso jogador produz em si uma personalidade sem muitas nuances, mas não chega a ser um equívoco completo, visto que ele não é mal construído.

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    O clima noir moderno garante as histórias um notável charme e o contraste com a violência gráfica do lápis de Risso faz de 100 Bullets uma obra sem igual, e ainda no início do que seria uma trama maior e mais conspiratória.

  • Resenha | Daytripper

    Resenha | Daytripper

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    Graphic novel produzida pelos brasileiros Fabio Moon e Gabriel Bá (10 Pãezinhos, O Alienista), Daytripper foi produzida para o selo Vertigo. Publicada em 10 volumes, cada um deles explora uma idade da vida de Brás de Oliva Domingos, um escritor que tem seu passado e futuro expostos nas páginas da publicação. A fim de reproduzir um pouco do caráter da obra – em um humilde esforço de análise – a resenha a seguir é dividida em capítulos, como na publicação original.

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    Brás é um escritor inseguro e nada otimista que divide seu tempo entre seus escritos e devaneios de sua mente – cada vez mais frequentes com o passar dos dias.  Sempre subjugando o exercício de criatividade que deveria exercer. Sua função no jornal em que trabalha é tratar dos obituários, o que faz com que esteja habituado a lidar com a morte todos os dias, indagando-se sobre suas motivações. Quando era jovem, tencionava viver aventuras e escrever sobre a vida, mas seu ofício faz com que seu destino se encurte – o paralelo com Shakespeare é válido mais pela tragédia do que pelo talento, existente ou não de Brás – até então.

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    A juventude é mostrada em Salvador, com Brás sendo confundido com um gringo, até que seu amigo Jorge lhe expõe o óbvio: para os nativos, o escritor era de outro planeta, o planeta dos brancos. Seu contato com Olinda – uma belíssima mulata – é por si só uma demonstração do culto a Iemanjá. Uma viagem à celebração do orixá que passa uma aura de mistério e evidencia o caráter sincrético da cidade. Além de louvar a vida,  a entidade é capaz de dar e retira-lá.

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    Dessa vez, é mostrado Brás se separando da mesma Olinda da história anterior. A personagem mudou de forma abrupta nesses sete anos,  evidenciando que as transformações das pessoas podem ser muito drásticas, mesmo aquelas a quem o homem diz conhecer. Amenidades podem facilmente se transformar em ódio e desprezo. Moon e brincam com o vazio da vida moderna, e o quanto a gama de produtos enlatados coloridos só serve para distrair e esconder a sua típica obsolência. No entanto, o personagem (o homem) valoriza a efemeridade do momento, o breve instante pode ser mágico e gerar no futuro uma lembrança boa, de que viver valeu a pena.

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    Brás tem o seu primeiro filho no mesmo dia em que seu pai falece – mais uma vez a ideia da vida e morte é ressaltada, o Divino dá e retira a existência. Quando o pai finalmente parte, sua presença torna-se gigantesca e preenche o imaginário do filho. Não só pela figura amorosa que ele certamente era, mas também por suas imperfeições, simbolizadas por sua filha bastarda, além de fonte de inspiração e figura de mentor.

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    As multividas e multimortes de Brás são apresentadas tendo a emoção como ponto de partida.  Na edição, acompanhamos a infância do Pequeno Milagre: sua intimidade infante e um amor inocente e sem cobranças que marcou para toda a vida, mesmo que tais momentos tenham sido curtos.

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    O registro da queda do avião é belíssimo. O vermelho do fogo toma todo o quadro, mostrando que o elemento consumira tudo, com um poder praticamente infinito. O ocorrido explora o real acidente do voo da Tam, ocorrido no aeroporto de Congonhas em 2007. A possível perda de Jorge faz Brás trabalhar com muito mais afinco nestes obituários, imprimindo maior emoção que o habitual, transparecendo seus próprios sentimentos. A sensação da perda comove.

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    Brás finalmente lança seu livro, mas ainda se mantém inquieto por não saber do paradeiro de Jorge. Mesmo com as reclamações de sua esposa, parte para buscar o amigo e encontra mais um fim, dessa vez trágico, pelas mãos de quem ele amava.

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    Brás torna-se uma entidade, está em todo o lugar mesmo não estando. Sua presença está na ausência de seu ser e as poucas participações acontecem por meios digitais e eletrônicos, se tornando para sua família o que Benedito era para o filho. O leitor também compartilha a sensação de ausência.

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    “Ninguém gosta da morte, mas goste ou não, todo mundo morre um dia!” – Brás precisou encarar um emprego medíocre – aos seus olhos – para entender o sentido real da vida. A morte habita seu sonho e, mesmo arquiteto e escritor da própria história, não pode se esquivar do fim em seu mundo imaginário.

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    A iminente morte que tem no câncer seu avatar não mais assusta. Brás abraça seu destino, esperando-o ansiosamente ,e nega o tratamento que poderia ampliar seus dias para não estragar os últimos momentos. O fumo e escrita, antes interpretados como maldição hereditária, se tornam verdadeiras heranças de Seu Benedito.  Um final emocionante com as últimas palavras do pai encontradas em uma carta, escritas na época em que Brás ganhou um filho. Coincidindo – sem a menor coincidência – com o que Brás entendia ser o final de sua vida, aceitando a morte para homenagear sua deusa e entregar-se ao infinito como oferenda.

    Nada é mais belo que o mar, esperando o sacrifício do artista, o último suspiro e a última lembrança dos olhos que observaram a tão bela jornada que viveu e exerceu. Daytripper é um arroubo de emoção e uma das obras mais tocantes feitas na nona arte.

    Ouça nosso podcast sobre Daytripper.

    Compre aqui.

  • VortCast 29 | Daytripper

    VortCast 29 | Daytripper

    Bem-vindos à bordo. Nesta edição, Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Filipe Pereira e Thiago “Coração Valente” Augusto (@tdmundomente) recebem Luis Garavello (@luisgaravello), do Quadrim e Delfin (@DelReyDelfin), do Terra Zero e Ninho do Coruja, dão sua contribuição para a Iniciativa Vertigo e se reúnem para comentar a respeito do quadrinho Daytripper, de Gabriel Bá e Fábio Moon.

    Duração: 109 mins.
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira
    Arte do Banner: Rafael Moreira

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    Bibliografia dos autores (em português)

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    10 Pãezinhos – Meu Coracao; Nao Sei Por Que. – Compre Aqui
    10 Pãezinhos – Critica – Compre Aqui
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  • Resenha | WE3: Instinto de Sobrevivência

    Resenha | WE3: Instinto de Sobrevivência

    Capa-WE3

    Mais do que o costumeiro roteiro louco do escocês Grant Morrison, WE3 é um desbunde em se tratando da arte de Frank Quitely. Toda a narrativa visual eleva a revista ao ponto de torná-la absolutamente indispensável para o leitor assíduo de quadrinhos.

    A violência, os corpos dilacerados, a crueldade humana e o desprezo pela vida alheia são bem flagrados por seu lápis, cujas sequências quadro a quadro mostram toda a genialidade do desenhista. O primeiro balão de diálogo só ocorre na décima quarta página, o que por si só já demonstra que o enfoque é na arte.

    A sequência inicial tem o intuito de preparar o público para a loucura que vem a seguir: uma equipe de ciborgues, comandadas por animais domésticos que seriam utilizados como armas biológicas contra os inimigos americanos. Mas algo dá terrivelmente errado e os animais fogem de suas celas e passam a habitar o mundo civil – o que por si só é um grande imbróglio, visto que seu poderio bélico é enorme. As cenas dos coelhos silvestres sendo metralhados, além de boas, não são complacentes com o leitor. O contra-ataque dos bichinhos é igualmente violento e demonstra que, mesmo sendo seres irracionais, conseguiriam lutar de igual pra igual com os humanos, os quais os “controlariam” em circunstâncias normais. Há até uma discussão sobre o complexo de criador que acomete o homem, mostrando o catastrofismo causado por ele, sendo a volta ao tema bastante válida.

    A luta das três cobaias contra o exército de ratos é violentíssima. No quadro seguinte, é mostrado um homem se acidentando na ponte onde ocorre o embate, com o humano “salvo” por uma das três criaturas robóticas, claramente demonstrando que elas não são odiosas por natureza e têm misericórdia dos seres que estão em posições desvantajosas, e até capacidade sentimental para se arrependerem.

    O cão se culpa por, num momento em que estava sob ataque hostil, ter respondido com igual violência ao seu agressor, tirando a vida de um outro canino e atacando um humano confuso: “Cão Mau”, é o que repete para si, em penitência por seu ato ruim. Ao contrário do que uma das doutoras afirma, seu raciocínio não é tão amoral quanto previsto. A única ajuda humana que os animaizinhos receberam foi de um morador de rua, talvez a última pessoa a quem um “cidadão respeitável” recorreria, um dos poucos que não se corrompem.

    A motivo da história de Morrison primar mais pelo visual em detrimento do diálogo deve-se principalmente à tentativa de mergulhar no que seria a mente dos bichos modificados geneticamente; dentro do “raciocínio” destes, tudo é mais visceral, selvagem e violento. A sobrevivência passa pelo predatismo e menos pela civilizada discussão de valores, ainda que haja um enorme contraste, pois são as irracionais e selvagens criaturas que demonstram um maior sentimento de misericórdia pelos mais fracos, enquanto o homem, inteligente e munido de faculdades mentais mais avançadas, se preocupa em subjugar tudo e todos. O Gato, sem muito poder de gentileza ou predicados, consegue resumir bem como os humanos são enxergados por ele, considerando-os “criaturas fedorentas”, que exalam um odor terrível toda vez que apontam armas para eles. O final é politicamente correto e simples, mas condiz com a ideia que os pets tinham a respeito do mundo dos homens. No apagar das luzes, cumpriram seus papeis e tiveram, enfim, suas recompensas, enquanto o cientista responsável pelo experimento teve também a parte da justiça que lhe cabia – tudo funciona dentro do Ethos construído por Morrison e Quitely.

  • Resenha | Vertigo Especial: Atire e Outras Histórias

    Resenha | Vertigo Especial: Atire e Outras Histórias

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    Qualquer coletânea, de contos, de HQs, de curtas, acaba irregular. Ao juntar esforços de pessoas diferentes é natural que alguns sejam mais interessantes que outros e o especial Atire e Outras Histórias, da Vertigo, é exatamente assim. São três seções: Vertigo Ressuscitada: Atire; Mate Seu Namorado; Estranhas Aventuras. Enquanto a primeira e a última são apanhados de histórias curtas, entre 8 e 12 páginas, Mate Seu Namorado é como um conto longo, de sessenta páginas e o que há de melhor na revista.

    Com roteiro de Grant Morrison e arte de Philip Bond, Mate Seu Namorado é a história de uma menina sem nome que vive em uma casa de classe média, estuda em uma boa escola, tem um namorado idiota e está profundamente entediada. Um dia ela encontra um desconhecido que a leva para uma vida de crime, drogas e liberdade. É uma espécie de Assassinos Por Natureza menos violento e, talvez, mais irreal. No entanto, embora a história seja absurda, ela funciona por conseguir capturar muito bem um tipo de tédio e angústia adolescente que me soou nostálgica e familiar. Talvez a personagem tenha imaginado tudo aquilo, mas de alguma forma é completamente verdadeiro.

    O desenho bastante realista captura bem as expressões e a mudança da protagonista, e a história ganha quando é sexualmente explícita, deixando claro que não se trata de uma pobre menina seduzida, mas de uma garota que gosta da vida que passa a levar, do sexo, das drogas e das escolhas que passa a fazer. Mate Seu Namorado é interessante não só pela identificação que causa, mas pela personagem feminina que escapa a estereótipos e é sensual e desejável, ela passa boa parte da história de vestido de vinil vermelho e peruca loira, mas é dona da própria sexualidade.

    A primeira parte, Atire, traz personagens familiares, como John Constantine e histórias que giram em torno de atos violentos e inexplicáveis, como crianças atirando em outras na escola, um homem que mutila sua mulher, ou ets ao estilo chupa-cabra. São narrativas que parecem ter como pano de fundo a atração irresistível de seres humanos pela violência e a brutalidade. Todas as histórias são cruas e secas, as melhores são também surpreendentes e incômodas, macabras com um pé no realismo.

    Nessa seção, Língua Nativa, embora não tenha a melhor história, apresenta imagens aquareladas lindamente soturnas e Brinquedos Novos faz uma interessante metáfora para a falta de sentido da guerra. Diagnóstico, com traço de pop art, é o fragmento mais surpreendente e compensa histórias como Prudência e Morte de Um Romântico, que parecem ser um recorte mal feito de uma narrativa maior.

    Já a última parte, Estranhas Aventuras traz histórias de ficção científica visualmente impressionantes. De novo, algumas, como Refugo e O Passeio de Pônei, parecem ir do nada para o lugar nenhum. Mas há narrativas breves e eficientes como o Quarto Branco e Parceiros. O Quarto Branco, aliás, traz um tipo de desenho inesperado e distinto dos quadrinhos tradicionais, com traços fluídos e um colorido que parece feito de giz pastel muito bonito.

    A diversidade de traços é no fim uma das coisas mais interessantes de Atire e Outras Histórias, mesmo os contos mais fracos  são interessantes visualmente e há espaço tanto para a experimentação quanto para detalhamento e minúcias. É uma coletânea interessante, com uma ótima história longa e uma variedade de contos estranhos, às vezes muito bons, em outros momentos nem tanto, mas que valem pela variedade.

    Texto de autoria de Isadora Sinay.

  • Resenha | Morte no Bronx (Vertigo Crime)

    Resenha | Morte no Bronx (Vertigo Crime)

    Morte No Bronx

    Criado em 2009 como extensão do selo com mesmo nome, Vertigo Crime é direcionado ao universo das histórias policiais de crimes e investigações. Publicadas em preto e branco, em histórias completas e fechadas, o selo reúne talentosos escritores e desenhistas, lhes dando maior possibilidade de produzir um enredo inédito sem amarras de cronologia.

    O selo é uma evidente homenagem as histórias pulp americanas. Surgido em meados de 1930, o novo gênero da literatura policial conhecido como noir – negro, em francês – encontrou na América decadente de Tio Sam o espaço necessário para se desenvolver e se popularizar. Foi a época em que detetives famosos surgiram nas mãos de grandes escritores, entre eles Dashiel Hammett e Raymond Chandler, compostos de maneira diferentes daqueles vistos em história de enigma. Eram homens marginalizados, presos a moral por um fio cambiante que nunca deixavam os vícios de lado: bebida, cigarro ou mulheres.

    A New Pop Editora coloca no mercado brasileiro duas dessas histórias, além de confirmar mais quatro – das treze existentes – para lançamento futuro. Escrito por Peter Milligan (“Alvo Humano” e “Greek Street”), presente na Vertigo desde sua criação, e desenhado por James Romberger (“Seven Miles a Second”), o escolhido para estrear o selo no país foi Morte no Bronx.

    A trama gira em torno de gerações da família Keane, compostas por policiais e marcada pela morte de um deles e o desaparecimento de um membro da família. Decepcionando as gerações anteriores, Martin Keane é um escritor que vive em crise com seu trabalho, devido a má recepção de seu segundo romance. Quando sua esposa, Erin, desaparece, Martin desmorona e se volta ao passado descobrindo que os segredos da família podem ser responsáveis pelo desaparecimento de sua mulher.

    Durante a leitura acompanhamos duas jornadas distintas. A investigação de Martin sobre seu passado e a reconstrução de sua força como escritor. Alternando entre a investigação própria e o romance que desenvolve a partir dela. O diferencial deste enredo é que a graphic novel é entrecortada por capítulos narrativos do livro que escreve. Promovendo um diálogo explícito com a própria narrativa policial.

    A divisão entre prosa e quadrinhos é composta para criar a tensão necessária entre cada foco de visão, alternando-as em momentos chaves da história, conduzindo com talento o elemento oculto da história que se revela somente no final.

    A edição brasileira tem bom acabamento e tamanho, remetendo-se também no elemento físico aos livros de bolso do gênero que, nos Estados Unidos, foram fonte de muitos autores policiais. Há raros erros que passaram pelo revisor e o preço é convidativo, sendo uma boa opção para quem gosta de quadrinhos, mas não acompanha séries mensais, e admira a literatura policial.

    Além de Morte no Bronx, a editora lançou Cidade da Neblina, de Andersen Gabrych e Brad Rader.

  • Resenha | Leões de Bagdá

    Resenha | Leões de Bagdá

    Leoes de Baghda - Brian K. Vaugh

    Brian K. Vaughan é um dos grandes escritores da atualidade. Dono de um estilo autoral, Vaughan se consolidou no mercado como um dos grandes roteiristas da atualidade, transitando inclusive por outras mídias como roteirista, onde veio a escrever alguns episódios até mesmo para Lost.

    Publicada em 2006 pela Vertigo, e lançada no Brasil apenas em 2008, Leões de Bagdá traz roteiros de Vaughan e arte de Niko Henrichon. A graphic novel traça uma alegoria sobre a possível “libertação” do povo iraquiano do governo de Saddam Hussein pelos americanos, tudo isso do ponto de vista de leões que fugiram do Zoológico de Bagdá, após bombardeios das tropas norte-americanas. O fato realmente ocorreu, o que dá um sabor ainda mais interessante na história.

    Após o bombardeio, quatro leões escapam de suas jaulas, e sob o ponto de vista deles, temos contatos com diferentes perspectivas, como a do filhote de leão, que se sente entusiasmado pelo novo mundo que está conhecendo, a do chefe da alcateia que procura se adaptar a nova situação, da leoa mais velha que reluta em encarar a nova vida, pois já havia sofrido muito enquanto era livre, e finalmente da leoa jovem, que durante toda sua vida sempre quis fugir do Zoológico e retornar a vida selvagem.

    No desenvolvimento da história, somos apresentados a fundo as personalidades de cada personagem, e presenciamos os embates da leoa mais velha, Safa, com Noor, a jovem leoa, e são nesses embates onde temos o cerne da questão. O que é a liberdade?

    A obra não tem nada de sutil, vê se de longe a clara influência do EUA e seu conceito de “libertação” do mundo, claro, tudo isso sob o olhar de animais que anseiam por sua liberdade, mas que a conseguem de maneira inesperada. Existe sim uma antropomorfização, e ela está muito bem trabalhada, todos os leões demonstram aspectos humanos, a metáfora é evidente, porém, não é forçada. Cada um deles tem sua personalidade bem definida, cheia de nuances e problemas. É impossível não se identificar com as personagens.

    Vaughan é um cara que tem me surpreendido sempre que o leio, e agradeço imensamente por isso. A história é muito bem construída e sua narrativa é prazerosa de se ler. O roteirista fez todo um trabalho de campo comportamental sobre os leões, a situação política do Iraque e a invasão norte-americana. Na obra vemos todos os sentimentos conflituosos sobre essa polêmica guerra.

    Falar de Vaughan é chover no molhado, mas não se pode esquecer do trabalho gráfico de Leões de Bagdá. Niko Henrichon. esse nome merece atenção, nunca tinha visto seu trabalho antes e o cara é fantástico, dono de um traço espetacular, e consegue somar isso a uma excelente escolha de cores, além de dosar tudo isso com uma ótima aplicação de luz e sombras. As expressões dos animais são intensas e verdadeiras. Muitas vezes não é necessário nem ao menos ler suas falas para se compreender seus sentimentos, suas preocupações. Interessante notar também que as expressões não destoam da anatomia dos corpos, que é desenhada com bastante verossimilhança.

    Enfim, um grande roteiro e uma bela arte sobre um tema sobre o qual vale a pena refletir.

  • Agenda Cultural 20 | Nostalgia, Possessões e muita Polêmica

    Agenda Cultural 20 | Nostalgia, Possessões e muita Polêmica

    Sincronizem suas agendas. Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Mário Abbade e a estréia do nosso mais novo colaborador: Levi Pedroso (Johnny Depp). Zumbis e vampiros galhofeiros, uma volta do Oeste Selvagem à Fronteira Final e uma pitada de possessão demoníaca nesta edição. Have fun!

    Duração: 78 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Quadrinhos

    Vampiro Americano – Vertigo Edição 10
    Jonah Hex – Marcado pela Violência

    Games

    Trine

    Música

    Iron Maiden – The Final Frontier

    Série

    Boardwalk Empire

    Cinema

    Comer, Rezar e Amar
    Os Vampiros Que Se Mordam
    Os Outros Caras
    The Runaways – Garotas do Rock
    Crítica O Último Exorcismo
    Wall Street 2 – O Dinheiro Nunca Dorme
    Resident Evil 4: Recomeço
    Viral do O Último Exorcismo no Chatroulett

    Produto da Semana

    Oi Girl

  • Agenda Cultural 17 | Viagens Oníricas, Conceitos Morais e Muita Psicanálise

    Agenda Cultural 17 | Viagens Oníricas, Conceitos Morais e Muita Psicanálise

    Sincronizem suas Agendas. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena), Carlos Voltor (@carlosvoltor) e Mario Abbade (@fanaticc) retornam (com o atraso habitual) para comentar sobre Moralismo e Vingança nos Quadrinhos, Viagens Oníricas no Cinema e na Música e uma viagem literária até a Europa durante a Guerra dos Cem Anos.

    Duração: 63 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Quadrinhos

    100 Balas

    Literatura

    Série Os Reis Malditos – Maurice Druon

    Música

    Guilt Machine – On this Perfect Day

    Séries

    It’s Always Sunny in Philadelphia

    Cinema

    Quando me Apaixono
    O Estranho em Mim
    400 Contra 1
    Meu Malvado Favorito
    Crítica A Origem

    Produto da Semana

    Absorvente para Axilas

  • Resenha | Os Perdedores: Hora do Troco

    Resenha | Os Perdedores: Hora do Troco

    Os Perdedores - Hora do Troco

    Eis que chega as bancas Os Perdedores. Após ser publicada anteriormente pela Opera Graphica, a Panini sabiamente aproveitou o momento certo para relançá-la, afinal, a estréia dos filmes nas telonas ocorrerá no mês seguinte, então nada melhor que colocá-las nas bancas novamente com uma cara nova.

    Os Perdedores são uma equipe de ex-agentes da CIA que foram dados como mortos após uma operação secreta. A própria agência traça uma possível ‘queima de arquivos’ durante uma missão (nessa primeira edição ainda não temos detalhes sobre o real motivo do atentado) e acredita que havia se livrado de todos eles. Ilusão. O grupo liderado por Franklin Clay saem de cena e passam a preparar um grande plano para terem suas vidas de volta, para isso terão que barganhar com sua ex-agência. Com o decorrer da história, o grupo descobre envolvimento do governo com empresas multinacionais e o narcotráfico.

    O roteiro pode parecer simplista em um primeiro momento, por tratar de um tema que já foi utilizado pelo cinema americano inúmeras vezes (principalmente nos anos 80), e que quase sempre resulta em filmes ruins, no entanto, o que vemos são clichês muito bem utilizados. A história não é novidade, mas o roteirista consegue trabalhar bem a trama e seus personagens, e esse, definitivamente é o ponto forte da hq, mesmo tratando de algo tão utilizado, Andy Diggle consegue não ser mais um e se destaca na ‘multidão’.

    O autor é conhecido pelo seu bom trabalho em Juiz Dredd. Nos anos 2000 a editora Vertigo procurou o inglês, para que este trouxesse novas ideias para histórias. Assim surgiu Lady Constantine e logo após Os Perdedores, ambos os títulos ao lado do excelente desenhista Mark Simpson, ou simplesmente, Jock, que foi arrastado junto com Diggle após a proposta da editora. Jock, por sinal, é dono de um traço característico muito interessante e trabalhou ao lado do amigo em Juiz Dredd, Hellblazer, Arqueiro Verde, Lady Constantine, entre outros. Os dois têm mostrado seu mérito na indústria, seja trabalhando juntos ou separados.

    Em 2003 o trabalho dos dois começou a ser publicado, a HQ Perdedores teve um ótimo recebimento de público e já em seu primeiro volume, o roteiro de Diggle mostra a que veio, traçando diálogos afiados e uma história repleta de reviravoltas sem deixar pontas soltas, tudo isso aliado ao traço de Jock, que consegue dar um ritmo explosivo a trama de ação proposta pelo parceiro. Uma ótima indicação àqueles que apreciam uma inteligente história de espionagem.

  • Agenda Cultural 11 | A Volta dos Vampiros Brilhantes e Lobisomens Depilados

    Agenda Cultural 11 | A Volta dos Vampiros Brilhantes e Lobisomens Depilados

    Estamos de volta com mais uma edição e dessa vez Felipe Morcelli (@multiversodc) do site Multiverso DC se reúne a Flávio Vieira (@flaviopvieira) e Mario Abbade (@fanaticc) para comentar sobre tudo o que rolou no mundo do entretenimento. Nessa edição contamos com a volta do Madman com seu mais novo álbum, mais um mergulho na psique do Homem Morcego e é claro que não deixaríamos de comentar sobre Eclipse com seus vampiros brilhantes e lobisomens depilados. Ouça agora mesmo!

    Duração: 55 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Quadrinhos

    Batman: A Batalha pelo Capuz
    Madame Xanadu Vol I: Disenchated

    Literatura

    Força Estranha – Nelson Motta

    Games

    Soul Calibur IV

    Música

    Ozzy Osbourne – Scream
    Video Promocional Scream: Ozzy no Museu de Cera
    Iron Maiden – El Dorado (single)

    Cinema

    O Brilho de uma Paixão
    A Flor do Deserto
    Topografia de um Desnudo
    Saga Crepúsculo: Eclipse
    Veja também: Reação de uma fã assistindo trailer de Eclipse

    Extra

    Copa do Mundo

    Produto da Semana

    Enlouqueça seu Homem

  • Resenha | Hellblazer: Congelado

    Resenha | Hellblazer: Congelado

    Hellblazer - Congelado

    Finalmente a Panini lança o seu primeiro encadernado com o matador de demônios mais motherfucker dos quadrinhos, John Constantine. Infelizmente, a editora optou por continuar a série de onde a Pixel parou, o que é muito bom para quem já acompanhava as revistas, mas ruim, para quem não teve a oportunidade de conhecer toda a trajetória de Constantine, como eu por exemplo, além do que, era uma ótima oportunidade para ter toda a coleção em edições de alta qualidade.

    John Constantine é um exorcista arrogante, detentor de poderes sobrenaturais. O personagem foi criado por Alan Moore, na época em que escrevia as histórias do Monstro do Pântano, e era um mero figurante, porém, como era de se esperar, logo se popularizou e ganhou uma revista só sua: Hellblazer.

    O arco lançado pela Panini, intitulado apenas como Congelado, reúne 7 edições da série mensal americana, do número 157 a 163, e antes que alguém ache difícil acompanhar uma revista com tantas edições já lançadas, vai por mim, não é difícil entender a história até agora, além do que, a revista conta com uma introdução dando um pequeno resumo de toda a jornada de Constantine até aqui, o que acaba facilitando os leitores que conhecem o básico do personagem, mas talvez não surta o mesmo efeito para aqueles que nunca leram nada sobre ele.

    O encadernado conta com quatro histórias, todas muito bem escritas, mesclando o extraordinário com o humor negro típico do personagem. Logo na primeira delas, temos uma sequência de diálogos sensacional, transcrito logo abaixo:

    -Então Betty estava no céu com São Pedro quando ouviu sons de brocas e gente gritando.
    -Continue.
    -Daí ela perguntou a São Pedro: “que barulho todo é esse?“. E ele respondeu que quando você chega ao céu eles têm que fazer furos nas suas costas para colocar as asas e um na cabeça para a auréola. Então ela disse: “prefiro ir pro inferno“. E São Pedro explicou que no inferno ela seria sodomizada por toda eternidade.
    -Bom, pra isso ela já tinha um buraco.

    A primeira história é curta, com alguns poucos diálogos, quase um prequel do que está por vir. A segunda história, que dá título ao encadernado, na minha opnião é a melhor de todas, com uma trama repleta de suspense e mistério, que se passa toda dentro de um bar nos EUA.

    Após uma de suas andanças pelo território americano, John Constantine se depara com um bar, onde os clientes daquele se vêem ser ter para onder ir, devido a uma forte nevasca que tem feito na região, impossibilitando-os de se locomover, e para ajudar, um assassinato é descoberto em frente ao local e todos acreditam que o responsável está ligado a uma lenda antiga da região. Na outra história, conhecemos um pouco do passado de Constantine na Inglaterra, quando ele era apenas um jovem. Essa é uma boa história para entender um pouco da construção do personagem, recomendado principalmente para novatos nos círculos de magia do nosso bruxo.

    O roteiro é todo escrito por Brian Azzarelo, o que já é motivo de divergências para muitos, principalmente na sua fase em que cuidou do personagem. Particularmente, gosto bastante dos trabalhos de Azzarello, seu desenvolvimento narrativo não deixa a ‘peteca’ cair em nenhum momento. Os desenhos ficam por conta de Steve Dillon, Marcelo Frusin e Guy Davis, todos casam muito bem com o estilo tempestivo de Azzarello e tem o traço peculiar de suas histórias.

    A Panini tem feito um ótimo trabalho ao relançar esses trabalhos, principalmente para aqueles que desistiram de comprar edições simples e primam por uma qualidade maior. Só nos resta torcer para que ela se acerte com a periodicidade desses encadernados.

  • Agenda Cultural 08 | Delorean’s, Filosofias de Boteco e as Aventuras de um Imigrante Dançarino

    Agenda Cultural 08 | Delorean’s, Filosofias de Boteco e as Aventuras de um Imigrante Dançarino

    Agenda Cultural está de volta com força total: Flávio Vieira (@flaviopvieira), is back! Ock-Tock (@ocktock) do site e podcast Máquina do Tempo e Tockaí se junta ao time do Vortex Cultural. Contamos também com Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc). Se reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas em cinema, teatro, seriados, quadrinhos e cenário musical.  Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 59 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Quadrinhos

    Resenha Y: O Último Homem
    Resenha Capitão América: A Escolha

    Literatura

    O Dia do Curinga – Jostein Gaarder
    Trechos/Citações do ‘O Dia do Curinga’ (em inglês)

    Séries

    Glee

    Cinema

    Ao Sul da Fronteira
    Elevado 3.5
    O Golpista do Ano
    Marmaduke
    No Meio do Mundo
    Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo

    Dica da Semana

    iJoyRide

    Comentados na leitura de e-mails

    Site e Rádio Otaku Company
    Combocast sobre Lost
    Vídeo Palestra de J.J. Abrahms
    Farrazine

  • Agenda Cultural 05 | Os Perdedores de Sherwood

    Agenda Cultural 05 | Os Perdedores de Sherwood

    Nesta edição, Flávio Vieira (@flaviopvieira), Amilton Brandão (@amiltonsena)e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas em cinema, teatro, seriados, quadrinhos e cenário musical.  Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 51 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Quadrinhos

    Resenha Os Perdedores

    Música

    Roger Hodgson
    ZZ Top
    Johnny Winter
    Mudhoney
    Living Colour
    Napalm Death
    L.A. Guns
    Virada Cultural em São Paulo
    Darkthrone – Circle The Wagons
    Judas Priest – British Steel: 30th Aniversary Edition

    Séries

    Modern Family

    Cinema

    Antes Que O Mundo Acabe
    Crítica Sempre Bela
    O Preço da Traição
    Crítica Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
    Crítica Mademoiselle Chanbom
    Maré de Azar
    Crítica Pecados do Meu Pai
    Robin Hood

    Dica da Semana

    Bundesliga

  • Resenha | Loveless: Terra Sem Lei – De Volta Para Casa

    Resenha | Loveless: Terra Sem Lei – De Volta Para Casa

    Loveless - Terra Sem Lei

    Meu conhecimento em histórias de western em Quadrinhos sempre se limitou a personagens que com certeza, cada um de nós já se deparou na vida, ainda que seja apenas pelas capas de seus quadrinhos. Um bom exemplo disso são os personagens Tex e Zagor. HQs que já estão consolidadas no mercado há muito tempo, porém, nunca tinha me deparado com nenhum material americano do gênero, pois apesar do Western ser tipicamente norte-americano, um dos países que mais exporta esse tipo de mídia é a Itália, causa essa que que com certeza foi motivada pelos western spaghetti , que tanto fez parte do cinema italiano. Após essa breve explicação, vamos ao que interessa. Tive conhecimento do lançamento de Loveless e sem pensar duas vezes comprei a maldita revista.

    Loveless foi escrita por Brian Azzarello, autor já renomado pelo seu trabalho em Batman: Cidade Castigada, a sensacional série 100 Balas, seu trabalho em Hellblazer, entre tantos outros. Seu parceiro e responsável pela arte é Marcelo Frusin que faz um trabalho impecável, diversos quadros remetem a cenas de grandes western’s eternizados por Sergio Leone, um grande diretor italiano que ficou conhecido mundialmente pelos clássicos Era uma Vez no Oeste e a Trilogia dos Dólares, estrelada por Clint Eastwood.

    Publicada em 2005 nos EUA através do selo Vertigo, a série durou 24 edições e chega ao Brasil em 2010, publicada pela Panini. Apesar de não ter sido bem recebida lá fora, Loveless tem potencial de sobra. A dupla de artistas estão muito a vontade e já em seu primeiro arco, mostra à que veio.

    Azzarelo molda sua história logo após o término da Guerra Civil americana e retrata todo o cenário social da época, inclusive ao mostrar a eterna rixa entre os sulistas (confederados) e nortistas (União). É interessante entender os motivos pelo qual a tão falada Guerra da Recessão foi travada, e Azzarelo se mostra competente em colocar os controversos pontos de vista de ambos os lados.

    A história tem como protagonista Wes Cutter, um ex-soldado dos Estados Confederados que após o fim da guerra retorna a sua terra natal, mas se depara com suas terras tomadas pela União. Cutter passa a agir como julga o correto, tentando tirar o melhor para si, tudo isso ao lado de sua mulher Ruth, que até então todos acham que está desaparecida e Cutter usa isso como um trunfo.

    O arco inicial nos apresentam os principais personagens, um pouco de seus passados através de flashbacks e um pouco da história dos EUA e as diferenças culturais de cada lado. As motivações dos protagonistas estão sendo trabalhadas e vamos conhecendo suas histórias gradativamente.

    Uma HQ recomendadíssima para quem ainda não conhece o trabalho de Azzarello ou mesmo nunca se sentiu atraído por ler nada do gênero. Essa é a sua chance.