Depois de ler Valente Para Sempre e acompanhar suas tiras online em Punny Parker, aproveitei meu período de ócio e fui dar uma conferida em outro trabalho do mineiro, Vitor Cafaggi, publicado em 2011, Duo.tone.
Nesse trabalho, Cafaggi apresenta duas histórias onde a imaginação deixa de lado o stress causado pelas grandes cidades, e apresenta um mundo mais interessante, repleto de cores intensas e vívidas.
Na primeira história, conhecemos Tim, um garoto da fazenda que está se mudando com a família para a cidade. No entanto, essa mudança tem um peso emocional muito grande para o garoto, já que ele tem um laço sentimental com o local onde mora, pois foi ali que se divertiu criando amigos e mundos imaginários. Cada árvore, pedra, lago ou caverna, serviu como fonte para sua imaginação voar longe, mas que agora terá que ser deixada para trás.
Calvin e Haroldo parece ser um referência indireta para a primeira história, muito mais pelo traço e a forma como o autor representa as fantasias do protagonista do que pelo humor em si. Uma referência mais direta são as histórias do Homem-Aranha, que são utilizadas durante a narrativa, e nunca de forma gratuita, mas complementando o texto de Cafaggi.
O personagem do garoto Tim, é uma grande analogia para o crescimento de cada um de nós, dos nossos medos pelo novo e o que precisamos abandonar – metaforicamente (e às vezes, literalmente) para o nosso inevitável amadurecimento.
A segunda história de Duo.Tone nos apresenta Yoshio, um garoto que precisa se encontrar com a namorada para um cinema, mas parece entediado com as possibilidades que o dia lhe proporciona. Assim como na história anterior, um mar de situações fantásticas ocorrem até a sua conclusão.
A trama de Yoshio não me agradou tanto quanto a primeira, contudo, é inegável o ar mais bem-humorado dela. Esse humor se reflete até mesmo no trabalho de cores utilizado pelo autor, deixando o ar melancólico da primeira história para algo mais despretensioso. Os traços de Cafaggi conseguem expressar emoções como ninguém, isso fica claro nessas duas histórias. Cafaggi novamente entrega um belíssimo trabalho autoral e com muito a ser dito.
Que traço de desenho lindo. Fiquei muito interessado em ler!