Finalmente chegou a quinta temporada de Gotham, o último ano da série de Bruno Heller, que adapta o início da vida de Bruce Wayne como vigilante na cidade que dá título a série. Esta é menor que a temporada passada, mas segue tão complicada e mal contextualizada como os eventos anteriores. Há uma guerra, e Gordon (Ben MckEnzie), Bruce (David Mazous), Lucius Fox (Chris Chalk) e Alfred (Sean Pertwee) parecem estar no mesmo lado, embora obviamente transitem em outros núcleos.
Da parte dos vilões, Oswald (Robin Lord Taylor), Barbara (Erin Richards), Galavan (Jessica Lucas) e Jeremiah (Cameron Monaghan) continuam cada um a seu modo instaurando o caos, isso tudo com Edward Nygma (Cory Michael Smith) tendo cada vez mais lapsos de memória. O início do primeiro capítulo não dá espaço para qualquer introdução, é simplesmente um desfilar de personagens pelas ruas da cidade, brigando entre facções para ver qual é a mais poderosa.
Apesar disso, o quinto ano começa ligeiramente corajoso, matando um personagem, embora esse não seja um dos vilões clássicos do Batman. Existem um conjunto de homenagens à obras anteriores, como o tribunal em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, aos vilões com neon no corpo de Batman e Robin e até aos mutantes do Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. Contudo, a temporada gasta tempo demais reatando relações que não fazem sentido existir, como a do antigo casal, Barbara e James, culminando numa gravidez.
Da parte técnica, ocorrem os mesmo erros das outras quatro temporadas, as cenas de ação pouco fazem sentido, assim como outros aspectos de roteiro, como a união de Charada, Gordon e Barbara. A confiança de que o público aceitará isso se baseia no fato de Gotham ser um seriado composto só de personagens insanos, mas mesmo levando isso em consideração, existem momentos risíveis. Há ainda, espaço para casais retomarem suas relações, e somente o fato de Morena Baccarin e McKenzie serem um par fora das telas explica a necessidade de coloca-los como um casal.
No entanto, essa temporada contém dois capítulos aceitáveis, ainda mais se comparada à mediocridade vista nos outros. Em especial, o episódio que mostra os eventos de Jeremiah se tornando o Palhaço do Crime ao cair no ácido, além de uma remontagem da icônica cena do Beco do Crime com Bruce. Desde o começo do ano, Arthur Penn (Andrew Sellon) é mostrado como um serviçal do Pinguim e ele ganha importância aos poucos – tanto que ele também apareceu na quarta temporada, praticamente sem destaque – quase como um substituto de Zsasz. Sua psicose também é desenrolada gradualmente, assim como a demonstração de sua necessidade de obedecer alguém superior.
A participação da Hera Venenosa também é péssima, demasiada boba, hipnotizando todos os homens, em algo tão óbvio que pareceu protocolar. Esse é um dos momentos mais piegas, tanto que resulta em um casamento, numa delegacia, tal qual as piores novelas das seis já exibidas. Outro personagem que está no filme de Joel Schumacher também é mostrado, e de forma tão vergonhosa quanto foi no longa de 1997, o Bane de Shane West é risível, e protagoniza cenas de ação terríveis e ilógicas, em um conflito de tiros com metralhadoras onde ninguém acerta ninguém, mesmo com a distância ínfima entre os dois grupos.
Há momentos tão nonsense que se tornam até engraçados, dado o nível de galhofa, como quando Barbara vai enfrentar homens armados com uma criança de colo. Esse pequeno gesto faz lembrar o quanto o seriado não se leva a sério, e o quanto é fútil considerar isso como algo além de uma péssima adaptação da mitologia do Morcego, pois nem Heller e seus roteiristas estão preocupados em retratar o passado do personagem.
O décimo episódio funciona bem, como um epílogo, apesar de soar forçado em diversos momentos, onde se repete a todo momento o quanto de tempo passou e como Bruce está sumido desde que se retirou da cidade. Essa ausência serve bem ao propósito do que seria o Cruzado Encapuzado, e mesmo as piadas com McKenzie utilizar o bigode do Comissário Gordon clássico funciona bem, mas não a temporada, muito menos a série de sua mediocridade. Os bons paralelos ao menos são um bom prêmio de consolação, principalmente, com o Coringa.