Bruno Aleixo é um apresentador de talk show em Portugal, sua figura lembra a de um mamífero peludo, variando entre os Ewoks de Star Wars e um pequeno cachorro de pelo castanho. Sua aparência foi mudada para não parecer a figura fofa das luas de Endor mostradas em O Retorno de Jedi (por medo de processos da Disney e Lucasfilm) e este longa, dirigido por João Moreira e Pedro Santo mostra ele indo em direção a um grupo de amigos, para resolver uma questão importante.
Ao se assistir O Filme de Bruno Aleixo, se imagina que a conversa que o personagem-título tem com Busto, Renato e Bussaco é apenas um prólogo, mas o conteúdo da discussão é tão nonsense e engraçado que não há do que reclamar por basicamente todo o filme incorrer nesta questão. O apresentador, se valendo de sua fama, diz que recebeu convite de uma produtora de cinema para fazer um filme biográfico, mas ele não tem ideia do que apresentar, ainda mais sendo ele o protagonista, e o quarteto discute (e fantasia) como poderia ser o tal filme.
A entrada animada é muito bem feita, aliás, é bem mais esmerada visualmente que a tosca animação que segue com os personagens conversando. De tão cretinos, os efeitos soam cômicos, e a realidade é que toda a conversa que acontece ali é de um humor tão constrangedor que é impossível para o espectador ficar incólume, a platéia ri escancaradamente na maior parte dos pouco mais de 90 minutos de exibição.
As ideias de trama são igualmente insanas, ha uma que envolve um sequestro, com direito até a imitações de filmes famosos (talvez em mais um comentário metalinguístico sobre as acusações de plágio), outra que envolve Bruno sendo um papa e um vigilante, outra com filme de terror no pântano, dito inclusive pelo personagem que lembra O Monstro da Lagoa Negra, monstro esse que tem seu filme baseado todo no pântano.
As possibilidades de historia são tão banais e tolas que a simples dramatização permite momentos hilários, onde atores famosos portugueses – Adriano Luz, Rogério Samora, João Lagarto, Gonçalo Waddington, Fernando Alvim e José Raposo – interpretando os quatro personagens, pois certamente eles não teriam paciência para repetir a mesma cena inúmeras vezes. O roteiro é tão recheado de piadas rasas e de costumes que não há como não se encantar pelo caráter completamente gaiato dos personagens, em especial Bussaco e claro, o nada criativo e preguiçoso Bruno. O Filme de Bruno Aleixo é um bom exemplo de metalinguagem pura e simples, do tipo que não precisa elaborar um texto super rico para soar engraçada e até inteligente nas críticas que faz a cultura de adular estrelas e celebridades, tudo isso com um humor juvenil, mas muito eficaz.