Son of The Congo é um filme da ESPN, dirigido por Adam Hootnick, que foca na vida e passado do ala-pivô Serge Ibaka, naturalizado espanhol, mas nascido na República do Congo. O jogador, que estava na época no OKC / Oklahoma City Thunder (atualmente, defende as cores do Toronto Raptors, única franquia do Canadá na NBA), começa falando sua língua natal, numa platéia em uma pequena aldeia, com um palanque improvisado, onde pode dar um discurso motivacional bem forte.
Batizado como Ibaka Ngobila Serge Jonas nasceu em Brazzaville, na República do Congo, é o terceiro mais novo de 18 irmãos. Com 18 anos ele foi ao Madison Square Guarden, para o draft (este é o circuito de escolha de jogadores calouros nos esportes americanos, esse é o nome utilizado não só no basquete mas também no futebol americano etc) de 2008. Antes até de detalhar seu passado, o jogador serve de apresentador também, de sua historia, explica um pouco do apelido que recebeu – Mister Avec Classe – e fala abertamente da situação do país, que tem um custo de vida baixo, mas também há muita miséria, em um país muito explorado pelo colonialismo e pela corrupção desse tempo e do posterior. A violência é algo muito presente, e as imagens dos tanques, tiros e das pessoas mortas, assusta.
O passado de Serge foi pesado, é detalhado como em 2001 seu pai foi preso, e como isso o empurrou a jogar basquete (seus pais também foram, no passado, chegando até a defender a seleção nacional). Hootnick equilibra bem os momentos emocionais, com a família de Ibaka, que passou por muitas dificuldades, aliando isso aos feitos esportivos dele quando novo, em torneios continentais sub 18.
Durante os 50 minutos de duração do especial, se fala a respeito da cultura congolesa, também das consequências da guerra do Congo, da prisão injusta de pessoas e também do seu inicio em Oklahoma, a nova casa do time que se chamava Seattle Super Sonics. Desde o começo do seu trabalho na NBA ele se destacou, defensivamente, com tocos e com uma propulsão absurda, até as enterradas que sempre fez. Ele foi passando por essas barreiras mesmo não falando inglês de maneira fluente.
Assistir Ibaka sendo soberano em quadra é bastante fácil, por isso, o foco nos programas sociais, no resgate ao contato com sua família, lidando com crianças deficientes que ele ajuda é uma experiência muito mais rica, por detalhar parte do caráter e mentalidade ética dele, e o quanto ele se dedica a retribuir a sua comunidade as oportunidades que ele conseguiu ter no esporte.
Em 2015 o discurso coach não era como agora, e mesmo que tenha um clima de auto ajuda bem forte, Son of The Congo não chega a ser exagerado como é Unguarded, que conta uma historia trágica mas muito baseada num discurso moral. Aqui, sobra otimismo, mas também mostra uma historia preocupada com o cenário político e social do globo, fora dos países do “primeiro mundo”, valorizando o talento e a garra de quem vive em condições paupérrimas e que nem por isso, pragueja o tempo todo por conta de seus muitos problemas.