Me arrisco a dizer que Shatter é o melhor jogo de “breakout” já feito. Breakout style, ou Breakout-clone, para quem não sabe, é o estilo de Arkanoid, presente desde o inicio dos videogames. Nesse estilo, objetivo é quebrar todos os blocos da tela, rebatendo um objeto com um tipo de base ou plataforma.
Shatter traz inovações a um gênero consolidado, e que nos últimos tempos tem recebido apenas jogos que são mais do mesmo, sem grandes inovações além de gráficos bonitos, e adições que são interessantes nos primeiros minutos, mas que perdem a força quando se percebe que está jogando a mesma coisa que era possível fazer já na década de 1970.
Uma dessas inovações, é o sistema de “sopro” e “sucção”, que alteram a trajetória da sua “bola”. Mas não está só limitado a ela. Alguns blocos que você tem que destruir, também são afetados pelo empurrar e puxar, fazendo com que você, além de afetar a trajetória do projétil, afete também o cenário e o objetivo do jogo. Em algumas fases por exemplo, você pode ter a estratégia de sugar alguns dos blocos errantes, para que eles sejam destruídos ao passar pela “linha de fundo” – o lugar que você protege com a sua plataforma, para que o projétil não caia e você perca uma vida. – Além disso, você tem uma barra de energia que vai completando conforme você marca pontos, e você pode usar essa energia, para habilitar uma espécie de campo de força na plataforma, que faz com que quebre os blocos que passam por perto da sua plataforma.
Ainda sobre a barra de energia, ela vai enchendo conforme você vai marcando pontos, rebatendo bolas e coletando fragmentos, que desprendem dos blocos quebrados. Para coletar esses fragmentos, você deve sugá-los, e muitas vezes vem o dilema, se eu sugar, vai mudar completamente o cenário, e é bem capaz de eu perder uma vida. Fazendo com que você tenha que adotar estratégias no tempo de jogo. Um último feature dessa barra, é que quando completa, você pode desferir um “especial”, que solta uma saraivada de tiros, destruindo vários blocos, com controle total de onde você está atirando, e em slow motion.
Outro ponto inovador é a possibilidade de você soltar vários projéteis no mesmo cenário, sempre limitados ao seu número de vidas. Como a hora de soltar o projétil, é quando você tem mais controle sobre ele, isso pode ser a chave para, por exemplo, derrotar um big boss, que te obriga a quebrar um bloco na parte de cima do cenário, e logo depois dar um hit na parte de baixo, em um pequeno intervalo de tempo.
Os power ups, também são um extra a se destacar, eles fogem óbvio, de plataforma maior, vida extra e multiplicador de pontos. Você tem power ups, por exemplo, que alteram o poder de manobra do seu projetil, com a sucção ou sopro, outro que aumenta os fragmentos, outro que faz com que o projetil ao quebrar o bloco, não seja rebatido, mas que continue na trajetória. Aliando isso a tipos especiais de blocos, que por exemplo explodem vários no seu entorno. Outros que repelem a bolinha, ou que funcionam no estilo de um foguetinho buscapé, dão ainda mais dinâmica pro jogo, fazendo você chegar a níveis insanos, para conseguir lidar com tudo que está acontecendo na tela.
Os cenários do jogo, vão além do estilo retangular, vertical ou horizontal consagrado nesse estilo. Há cenários circulares por exemplo, que aliados a habilidade de sugar e empurrar, conferem uma jogabilidade completamente nova, que torce quase que por completo o conceito que você tem desse tipo de jogo. Além dos “big bosses”, que te obrigam novamente a pensar diferente, e usar um mix das estratégias usadas nos últimos cenários para conseguir derrotá-los.
Além dos cenários diferentes, temos vários modos de jogo, o modo história, que segue uma sequência lógica de fases, com um nível de dificuldade crescente. O modo Endless, que como o próprio nome sugere, você vai jogando até perder todas as suas vidas. Time Attack, em que o objetivo é se manter no jogo até o fim do tempo corrido. Bonus mode, em que o objetivo não é quebrar blocos, mas rebater o maior número possível de vezes três projéteis que estão na tela. E Boss Rush, aberto depois que se completa o modo história, em que você vai passando por todos os big bosses, do jogo. Além de tudo isso, você tem os modos co-op, para Time Attack e Endless, que são apenas locais, uma pena, jogá-los online seria uma grande adição ao jogo, mas que não tira todos os seus outros méritos.
A escalada de dificuldade de Shatter, é outro ponto positivo, muito bem planejada, nos dando a impressão que conforme o jogo avança ela se mantém a mesma. Mas depois de passar por um nível avançado, e jogar um dos iniciais, é nítido o quanto o jogo ficou mais complexo, ao mesmo tempo que você também ganhou a habilidade pra passá-los com mais pontos e mais facilidade.
E chegamos então à cereja do bolo, a trilha sonora, que é simplesmente fantástica. Composta por Jeramiah “Module” Ross, ela traz elementos clássicos dos jogos 8 bits, top gear, solos de guitarra e baixo, até o Glam Rock está ali presente, tudo remixado pra um ritmo eletrônico, sintetizado, moderno, com influências claras de Daft Punk. Combinando perfeitamente com o jogo, ela concede uma atmosfera futurista, espacial e até calma, trazendo uma experiência sensorial incrível, ao combinar aquela quantidade de elementos visuais, com a música em sinergia perfeita. Toda a composição sonora do jogo, rivaliza com a jogabilidade como ponto mais alto de Shatter. E veja, isso é muita coisa, depois de tudo que foi explicado sobre a jogabilidade, previamente.
Finalizando, é incrível como um jogo com uma premissa tão simples e de um gênero tão recorrente, nos últimos tempos diria até cansativo e repetitivo, pode gerar uma análise tão extensa, com tantos elementos a serem explorados. Shatter com certeza é uma surpresa para quem espera ver apenas mais um jogo de quebrar blocos. Sendo assim um Must Play, sem dúvida alguma.
Lançado em 2009 para PS3, pela PSN, chegou em 2010 ao windows, e em setembro de 2012, para Mac Os e Linux, junto com o Humble Indie Bundle 6. Shatter foi criado pela Sidhe Interactive, desenvolvedora independente, e seus Designers são: Alan bell, Antony Blackett, James Everett e Jonathan Brown.
Esse jogo é foda demais. Não tem mais o que dizer. Quem ainda não colocou as mãos nele, está perdendo uma diversão muito maneira!