Produzido pelo estúdio Aberto Entertainment, esta pérola do cinema de mau gosto tem em seu nome original Assassins Run, mas também foi vendido como White Swan, numa tentativa mequetrefe de angariar um público que não é o seu.
A história gira em torno de um casal: Christian Slater interpreta o apaixonado Michael, que, por incrível que pareça, não é todo mau em sua atuação – o que por si só já seria um bom motivo para manter distância deste produto, o presságio é claro e forte – casado com a bailarina Maya (feita pela co-diretora Sofya Skya), que, entre outras coisas, é tachada de oportunista por ter um laço matrimonial com o milionário dono do teatro local. Tudo é bonito e a relação entre os dois não é sequer desenvolvida em tela, mas isso não é importante. O que importa mesmo é que a Máfia Russa vai acabar com a felicidade da família sob um ótimo pretexto: “Vocês americanos roubaram nossos recursos, nosso petróleo e nossas mulheres!”. Os gângsteres malvados assassinam Michael e perseguem sua esposa, tornando a vida dela e a da filha um inferno.
A forma de narrar a história é em flashback, e a tentativa maior é a de esconder a total falta de qualidade e conteúdo deste roteiro, mas falha miseravelmente, até por conta dos diálogos risíveis – coisas como a fala de Skya: “Eu sou um cisne!” – que seria melhor caso fosse substituída por “Eu queria ser Natalie Portman, mas tá faltando talento!” – e das cenas de luta, um show à parte, nas quais a personagem principal se utiliza de um “Ballet-Fu” para se livrar de seus opositores.
A cereja do bolo de estrume é o combate principal, em que todo e qualquer golpe faz com que a zona de impacto inflame instantaneamente. Ela usa movimentos como Grand Écart e Grand Battement para se livrar dos agressores. A facilidade com que Maya entra e sai dos locais públicos após fugir da cadeia é única – “Como conseguiu fugir? Estamos na Rússia, não na URSS!” – justo!
Não há uma atuação que não seja um excremento forte e mal cheiroso, com exceção da já citada de Chris Slater. Os personagens são completamente unidimensionais, maniqueístas e sem motivações críveis. Sofya Skya tentando passar emoção é ruim demais, seu choro é uma das coisas mais mecânicas já feitas para o mercado de home video. As cenas em que o drama é exigido são vergonhosas demais, e não só por parte da protagonista, mas também por seus coadjuvantes, tão insossos ou canastrões quanto ela, em especial Angus Macfadyen, que só aparece para tocar sua gaitinha infernal.
O roteiro é tão bem construído que surpreende com a quantidade de situações forçadas, além de não deixar nenhuma dúvida: o óbvio sempre acontecerá. Palmas para Robert Crombie, que também comete o ato de direção. Ainda há uma enorme crítica ao sistema carcerário russo, que enfia suas detentas na solitária apenas por chorarem – falta muita civilização por aquelas bandas!
O que é pior: gilette na sapatilha, ou a bailarina não sente que há uma lâmina em seu calçado até fazer ponta? As delegacias de pequenas cidades americanas só possuem um policial num dia normal. O vilão misterioso tem a sua identidade evidente desde as primeiras ligações que faz a Michael, e o desfecho é ainda mais surpreendente por terminar sem concluir o ciclo, pois Maya, após virar uma exímia assassina, sequer vai atrás de seu perseguidor, do assassino de seu amado marido.
Enfim, Na Mira da Morte vale ser visto como uma diversão totalmente descompromissada com a razão, lógica, ética e principalmente com o cinema de qualidade. Ele explora de forma tosca e bizarra algumas das necessidades humanas, mas é tão mal realizado que se torna anedótico e burlesco.