É óbvio que, uma vez instaurada uma guerra, haja fatalidades, subtração de vidas e óbitos – ainda que o efeito colateral continue sendo de conteúdo revoltante. No entanto, o que ocorreu (e continua ocorrendo) no asfalto brasileiro não é guerra. É uma variação, uma tentativa de mudar o Estado somente, ou seja lá qual for o pretexto. Em junho / julho de 2013, fui às ruas com alguns dos meus melhores amigos e familiares. Fomos tratados como facínoras pelas autoridades – especialmente por policiais irresponsáveis – sofremos por estarmos perto de alguns arruaceiros, e temi pela integridade dos meus e da minha própria vida. Mas não deixei de ir, não mudei meu foco de mudança, só o amadureci.
Pois bem, depois de algum tempo, mudanças ocorreram, as manifestações tornaram-se menores e mais focadas, e eu, ocupado com meu último período na faculdade – Comunicação Social – tive que frequentar menos a rua nessas ditas passeatas. Surgiram Black Blocks, a opinião pública que começava a se dobrar ante as reivindicações passou a dar as costas a ela – assim como os meios de comunicação de massa – e a distância entre o ideal e o real continuou enorme, como um grande abismo, onde não se vê o fim da queda.
Extremistas de direita ganharam fama na TV, com gente da esquerda burra apoiando seu discurso no começo (você pensam que não vi?) graças a efêmera popularidade que ganharam. A ânsia por um herói, por um ser responsável que tirasse a pátria da draga em que estava, a ânsia por um baluarte, por um semi-deus exemplar, transformou um juiz do STF em uma figura de vigilante noturno, de capa, capuz e orelhas pontudas.
A ilusão tomou conta do imaginário e o que antes era um grito de revolta tornou-se (mais) um instrumento de alienação bastante eficaz. Tão competente em si mesmo, que faz os possantes revoltadinhos mirarem suas forças em um reles funcionário de uma rede de televisão, atacando um simples operário, um proletário, que como eles sofre para ganhar um salário ingrato, curto, sem quase benefício nenhum e deveras sofrido, que estava ali cumprindo seu dever profissional, que era alertar o povo sobre o que acontecia. Em suma a mensagem era “Azar o dele, pois está trajado com cores hostis” e “que este pague o pato, para que sirva de lição a imprensa“. Ora, eu sou a imprensa e não penso da forma como julgam, estes pecam igual aos que eles hostilizam, pois jogam tudo no mesmo balaio.
Talvez para o povão seja difícil entender a cadeia hierárquica de um órgão comunicacional, e para não me alongar ainda mais eu explico: um cinegrafista não digita editoriais, não fornece a dita opinião do jornal e nem fomenta o discurso contra A, B ou C. Ele fornece imagens, que são editadas e postas junto a palavras de outras pessoas. Santiago Ilidio Andrade não é uma vítima de guerra ou um efeito colateral de um Estado que está em fase de mudanças. É apenas mais uma baixa que demonstra o quanto o ofício do comunicador é desvalorizado em cada vez mais instâncias, e o quanto falta segurança e infraestrutura para a classe – vide a não existência de equipamentos de proteção a Santiago.
Ainda mais lastimável é tentativa de desmoralização do profissional, associando-o a todo tipo de boato e a repudiante atitude de muitos em propagar a ideia sem nenhum tipo de apuração. Lamentável também é a associação dos assassinos a uma figura política (conhecidamente contestatória) a fim da desmoralização da mesma. Mas isso é até natural, situações como estas despertam oportunismo em todos.
Talvez seja ilusório demais a a esperança de que isso mudará ou de que acabará. Lamentar apenas também passa longe de ser a atitude ideal. O estado de corrupção está instaurado no sistema politico brasileiro de uma forma que quase não permite distinção entre as ações “erradas” e o modus operandi. E a população, secularmente explorada e escorraçada, quando parecia ter acordado, abaixa a cabeça para quem a explorou, e os poucos que contestam (em sua maioria) o fazem de forma ilegitima. Provavelmente a única coisa legítima no momento seja a descrença de que algo mudará enquanto as ações forem essas.
Os protestos não tem que parar e diferente de Junho passado, agora sim há lideranças fortes por trás dos manifestantes. É preciso reavaliar tudo, os alvos, o modo de marchar, a forma de exigir a mudança e o conteúdo do discurso. Não sou contra quem quer “botar fogo” e estou consciente de que uma “revolução” não se faz de forma pacífica, só não sei a maior parte dos manifestantes está ciente disso.
Não se preocupe, logo logo as manifestação serão consideradas ilegais e essas tragédias nunca irão ocorrer de novo. E o Brasil voltará ao seu estado normal: futebol e carnaval.
Não sou contra quem quer “botar fogo” e estou consciente de que uma “revolução” não se faz de forma pacífica[…]
Alguém sabe que revolução é essa??
Na boa, estou muito a fim de saber,.
Ou será que é papinho de comunistinha de faculdade?
Muito legal é colocar a culpa na Band que não instruiu o Santiago a se vestir para uma guerra.
Até parece que soltar um foguete na horizontal é aceitável por se tratar de uma manifestação.
Deixo aqui expresso todo o meu ódio aos comunistinhas de faculdade, essa juventude Che Guevara, que vão pra puta que pariu junto com seus IPhones e tudo o mais que o dinheiro dos seus papais e mamães compram e que te deixam com tempo de sobra para planejarem uma “revolução”.
Certamente culpa só a Band pela morte do Santiago é leviano, mas retirar sua parcela de culpa também é. O responsável por lançar o foguete cometeu um crime e isso é indiscutível, deve responder como tal.
Justo. Mas do jeito que o circo da mídia funciona os dois idiotas responsáveis se tornaram OS MAIORES CRIMINOSOS DO BRASIL. Sorte deles que aqui não existe pena de morte…
E devido toda a atenção dada a esse caso acredito que a beatificação de Santiago seja iminente.