As famigeradas listinhas de melhores e piores do ano são clichês da podosfera e blogosfera, e como este Vortex Cultural tenta cada vez mais se inserir nesta panelinha gostosa, aqui vai mais um post útil para quem gosta de apreciar o cinema mundial maroto:
10. Juan dos Mortos
A primeira produção cubana do gênero zombie movie começa absurdamente bem, com a comédia de humor negro e cunho político de Juan of The Dead. Detalhe para os efeitos especiais vagabundos, que tornam o pastiche em algo único, uma pérola que parodia lindamente as produções norte-americanas de baixo orçamento, tomando como base o panteão Romeriano:
9. Amor
A película de Michael Haneke, vencedora da Palma de Oro em Cannes no ano de 2012 é agressiva, incômoda e devastadoras para quem a vê. Graças a atuação de Jean-Louis Trintignant ( num cosplay de Washington Olivetto), da ainda deliciosa e quase sexagenária Isabelle Huppert, e claro, com a brilhante Emmanuelle Riva, com uma das melhores atuações da sua enorme e bem pontuada carreira. Para quem não se assusta com filmes de terror, Amour é fundamental, pois esmigalha com qualquer idealização do sentimento ou dos relacionamentos entre casais mostrando uma realidade crua e implacável.
8. Amor Pleno
Após hiatos enormes entre um filme e outro, Terrence Malick faz com urgência uma fita semelhante esteticamente a Árvore da Vida, mas dessa vez pegando mais leve com os longos períodos sem diálogos numa interpretação mais leve em To The Wonder. O filme é pródigo em mostrar um relacionamento se deteriorando e mais uma vez demonstra a pequinês do homem ante ao Divino. O explendor visual por si só já garante ótimos momentos, mas as reflexões primam pela profundidade e multiplicidade de sentidos.
7. Os Suspeitos
Talvez o melhor suspense do ano, a segunda fita de Dennis Villeneuve é arrebatadora pro saber lidar tão bem com o modo de agir do homem em situações estranhas. Por mais incomuns que sejam as atitudes de cada um dos personagens, todas são absolutamente plausíveis e passiveis de acontecer, além de serem muito verossimilhantes. A aura de mistério, as atuações de Jackman e Gylenhall, tudo colabora para o sucesso da película
John Turturro não costuma dirigir muitos filmes, enquanto seus papéis variam entre participações em comédias pastelão (de seu amigo Adam Sandler) e boas participações em filmes fora de circuito. Fading Gigolô é uma ótima amalgama entre elas, lançado em alguns festivais até o momento não passou em circuito. É uma ótima oportunidade de assistir Woody Allen em seu típico papel e dirigido por outro alguém que não ele, além do ótimo casting feminino.
5. Nebraska
Mais um exemplar de filme somente passado em festivais no ano de 2013, Nebraska é uma comédia de erros que apela pra uma simplicidade doce, leve e meiga e que arrebata a atenção do público pelos personagens maravilhosos. Bruce Dern e Will Forte tem uma química incomparável, traça a jornada de dois fracassados, de gerações diferentes, que são julgados como ingênuos por quase todos mas que a seu modo, superam as agruras que se interpõem em seus caminhos. Menção honrosa também para a atuação de June Squibb, fazendo uma terna mãe bastante diferente do que seu estereotipo físico propõe a primeira vista.
Uma pérola do cinema exploitation, Eli Roth parece ter finalmente acertado a mão com The Green Inferno, amadurecendo os temas de Cabana do Inferno e Albergues, com desmembramentos, canibalismo, crítica a ecologistas acéfalos, cenas de puro goire registradas com câmeras de alto definição, alegorias com o medo que o estadunidense tem do estrangeiro entre outras coisas. O filme mais engraçado do ano, sem dúvida.
3. Frances Ha
A surpresa do ano sem dúvida alguma é o belíssima Frances Ha do realizador Noah Baumbach. O roteiro, do diretor junto a protagonista Greta Gerwig – no seu grande papel da carreira – mostra uma atrapalhada bailarina que tenta encontrar seu lugar no mundo. O conjunto de imagens é de uma seleção primorosa e poética em demonstrar a perdição de alguém que busca sentido na existência.
Paolo Sorrentino é um dos líderes de uma nova geração de realizadores italianos que junto a Emanuele Crialese, Fabio Grassadonia, Antonio Piazza e Saverio Costanzo, tentam resgatar a herança de Antonioni e Fellini.
Sorrentino Já havia surpreendido a crítica com As Consequências do Amor e em A Grande Beleza – vencedor do Globo de Ouro de Melhor filme estrangeiro, e favorito ao Oscar – traz uma belíssima homenagem as películas fellinianos com uma pitada a mais de cinismo e narcisismo, sendo o filme mais emocionante e provocador de lágrimas do ano.
Somente pela nudez deliciosa Emma Seydoux e Adele Exarchopoulos já valeria a menção, Azul é muito mais que isso, é um arroubo de espontaneidade e uma das melhores demonstrações de relacionamentos retratadas em grande tela nos últimos e sem precisar apelar para estereótipos e/ou para um discurso panfletário. É uma trajetória épica, mostrando as descobertas de uma belíssima jovem, da sua sexualidade e das expressões sentimentais inerentes a sua vida, dirigidas de forma impecável por Abdellatif Kechiche.