Faleceu nesta segunda-feira, 13 de abril, o escritor uruguaio Eduardo Galeano. Ativista político, tinha 74 anos, muitos dos quais dedicados a narrar histórias sobre a América Latina e seus diversos povos e culturas. Perseguido pelas ditaduras uruguaia e argentina a partir de 1973, só foi encontrar asilo no antigo colonizador europeu, a Espanha, de onde regressa em 1985.
Seu legado vai além dos mais de 40 livros que escreveu: ajudou a formar um imaginário coletivo sobre o pensamento de esquerda romântico na América Latina. Apaixonado por futebol (era torcedor fanático da Celeste e do Nacional), não separava a política da cultura popular e do ato de amar o esporte como traço fundamental na nossa cultura, mesmo sendo também usado para promover ditaduras. Amava tudo o que era latino e o que era nosso.
Seu principal livro, As Veias Abertas da América Latina, traça um importante panorama da estrutura política e econômica da América Latina, abordando principalmente a exploração do trabalho indígena durante a colonização, fato praticamente ignorado hoje no continente. Mesmo tendo sofrido várias críticas (inclusive do próprio autor), é leitura indispensável.
Em tempos sombrios, que Galeano possa ressurgir e nos ajudar a querer entender novamente o local em que vivemos, suas pessoas e suas contradições.
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Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.