Destaque no ultimo Festival de Veneza, a película de Giuseppe M. Gaudino trata de uma personagem central feminina, que tem na tragédia a base de sua rotina. Anna – vivida pela premiada Valeria Golino – é uma mãe de família, que sofre abusos físicos de seu marido e luta como pode para sustentar uma casa repleta de filhos praticamente sozinha.
A fotografia em preto e branco e as inserções musicais e de animações de cunho barato, demonstram que a intenção de Gaudino é em exibir uma fita estilística, equilibrando suas intenções entre grafar denúncia, e fazer chacota dos dramas reais mostrados em tela, uma vez que todas as situações terríveis pelas quais passa Anna são universais, envolvendo um filho deficiente físico, problemas financeiros e amorosos, além é claro de uma forte propensão a esquizofrenia, manifestada através de visões, cuja origem ou influência certamente está ligada aos maus tratos que recebe.
O uso visual das cores faz toda a jornada resultar em uma tragicomédia ainda mais intensa, por vezes desnecessária e cansativa dada a redundância da abordagem. O limite para o uso de metalinguagem beira o “ultrapassar”, de tantas vezes que é usado, na maioria dos casos de forma gratuita ao extremo. A ode ao amor alheio e a falta de auto estima tem sua importância diluída, graças a pretensão exacerbada.
Nem mesmo a atuação de Golino faz muita diferença, dentro do escopo tedioso do filme, que não consegue aprofundar nem as questões ligadas a traição e extorsão. Per Amor Vostro decepciona qualquer expectativa de uma drama mais profundo, sendo salvo quase unicamente por toda sua beleza técnica e esmero por parte da produção do longa-metragem, a despeito até dos tropeços de seu cineasta.
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