O fenômeno que ocorreu com A Bruxa de Blair, filme de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez misturava dois elementos pioneiros em meio a morosidade do cenário de terror mainstream, sendo o primeiro a metalinguagem, já que o horror acontecia com jovens estudantes de cinema, e o segundo provinha do amadorismo com que se filmava apoiado é claro no fato de todo o elenco ser desconhecido. A trama começa a partir de uma gravação recuperada, de um grupo de cineastas iniciantes que vão investigar no estado de Maryland uma lenda local envolvendo uma bruxa que supostamente habitaria a floresta de Black Hills.
O começo dos registro do trio formado por Heather Donahue, Joshua Leonard e Michael C. Williams explora a visão dos aldeões sobre a figura mística que faz do lugarejo um ambiente celebre. Os depoimentos variam de um ceticismo pouco intenso até uma crença de que aquilo realmente corresponde a realidade, normalmente com depoimentos receosos, que escondem. Logo, os três resolvem se embrenhar pela floresta, e começam com pequenos inconvenientes naturais a qualquer atividade de camping, que aos poucos, evoluem para eventos piores.
O corte final é bastante curto, de 81 minutos, por isso a embromação é bem curta e logo situações estranhas e ligadas ao místico passam a ocorrer. Pequenas situações como perda de itens de sobrevivência e pequenos sustos noturnos passam a ficar cada vez mais frequente, bem como brigas entre os jovens, que passam a acusar um ao outro de terem posto o grupo em perigo de vida ao se perderem tanto por inabilidade de achar direção quanto pelo apuro de terem se livrado do mapa.
Os terrores que acompanham os incautos cinegrafistas são pequenos e esporádicos. Não há sustos homéricos nem dilacerações absurdas, ao contrário, a exposição de qualquer horror é comedida exatamente para maximizar a sensação de realidade dentro do longa metragem e tal urdição é muito bem desenvolvida, além de ser fortalecida por uma fotografia pseudo amadora, que faz o espectador tomar para si o medo dos personagens ao cair a noite.
O orçamento de A Bruxa De Blair foi irrisório, ultrapassando por pouco os 20 mil dólares, quase triplicando essa quantia na pós produção, que visava deixar ligeiramente mais nítidas as imagens gravadas em primeira pessoa. A reunião de elementos visto em Holocausto Canibal e o exploitation de criaturas fantásticas fizeram deste um clássico instantâneo, que certa forma, é responsável indireto pela onda da found footage posterior, que revelou coisas boas como REC e Cloverield: Monstro, alem de filhos bastardos como Atividade Paranormal. O saldo para o filme de Myrick e Sánchez é positivo, pois consegue abraçar uma proposta pequena e transformá-la em algo grandioso, além de revelar dois realizadores que fariam um bocado pela indústria.