Documentário organizado pelo Canal Azul e ESPN Filmes, 1976 O Ano da Invasão Corinthiana é um filme reverência a fiel torcida corintiana, que destaca alguns depoimentos importantes, como os do historiador Plinio Labriola e do jornalista Alberto Heleno Jr., que destacam as dezenas de milhares de torcedores que migraram 400 km entre São Paulo e Rio de Janeiro. O intuito do documental é tentar mapear o motivo que fez aquela multidão ir para um jogo fora de seu estado.
Um dos motivos destacados seria a fila de títulos que cercava o Sport Club Corinthians Paulista. No ínterim da investigação, se lembra a saída de Roberto Rivellino em 1974, após uma única partida ruim do time, com a transferência via pedidos da Gaviões da Fiel e assinada pelo presidente Vicente Matheus, para o Fluminense, à época presidido por Francisco Horta. Dali surgiria uma nova geração, de ídolos que não tinham mais uma estrela guia, e que demorou a engatar, segundo os próprios torcedores perguntados.
Ricardo Aidar e Alexandre Boechat carregam uma câmera dentro de uma Kombi, que faz o trajeto entre Rio e São Paulo, entre invasores e alguns jogadores de carreira mais modesta. Aos poucos, Zé Maria, Geraldão, Givanildo de Oliveira (hoje treinador). Depois da sequência positiva do clube paulista, Horta começou a provocar o alvinegro, promovendo em redes de televisão, rádio e demais meios de comunicação para que viessem ao Maracanã, a fim de criar um embate, cedendo metade da cota de ingressos para Matheus.
O discurso de que não havia combinação entre os ônibus que partiam das áreas suburbanas e interioranas soa idílica, mas ainda assim realista. Por parte da realidade, havia uma pintura das cores do time na orla praiana, com bandeiras nos botecos cariocas que conseguia coabitar com as outras torcidas.
É muito curioso assistir imagens da época, com Givanildo dentro do campo, entrevistado por um repórter todo paramentado com um equipamento pesadissimo, sem qualquer proteção policial ou coisa que o valesse, fato que seria impossível hoje, mesmo para Oliveira, que é um técnico com menos badalação do que na época em jogava. Os sinais dos tempos são vistos a todo momento, causando no espectador uma sensação nostálgica, não só pelos idos da invasão, mas também pelo todo.
Os momentos finais do longa desvelam a história do pacto entre os torcedores e São Pedro, envolvendo um ritual entre jogadores e um ritual religioso de origens afro-brasileiras, sendo esse só mais um capítulo daquele episódio mítico, de união entre torcida e time, como um manifesto em torno da mesma paixão, desportiva e de alma.