Dirigido pelo mesmo cineasta de Vai Que Cola, diretor César Rodrigues, e tentando se distanciar dos defeitos que fizeram do primeiro filme alvo das mais diversas (e justas) críticas. Minha Mãe É Uma Peça 2 começa a partir do terrível final do primeiro filme, com a Dona Hermínia (Paulo Gustavo), apresentando o seu programa sobre mães, em um estúdio de televisão de sua terra, Niterói. A primeira cena emula um plano sequência que é até bem conduzido para uma produção tão dentro da caixinha quanto essa, e já demonstra algumas das pretensões do filme em si.
Hermínia mudou de vida, subiu de padrão social e se mudou para um apartamento maior e mais chique. No entanto, a maioria dos hábitos são os mesmos, ela ainda mora com seus filhos Marcelina (Mariana Xavier) e Juliano (Rodrigo Pandolfo), a diferença é que ambos já estão na fase de procurar sua independência, ainda que não tenham sorte no sentido de arrumar emprego. A protagonista ainda gasta boa parte do seu tempo falando com suas duas irmãs Iesa (Alexandra Richter) e Lucia Helena (Patrícia Travassos), e com sua tia Zélia (Suely Franco), que passa por problemas sérios de esquecimento, fato que garante um ciclo de emoções bastante sincero, especialmente em comparação com toda a forçada de barra que há nos filmes de Gustavo.
A parte 2 parece muito mais preocupada em contar uma história do que seu predecessor, Minha Mãe É Uma Peça – O Filme, sendo comedido até nas participações especiais dos amigos de Paulo Gustavo, sobrando é claro o papel da empregada Valdeia para Samantha Schmutz. Ainda existem lá todos os clichês terríveis típicos das comédias que misturam elementos de cinema e televisão brasileira, mas há também um cuidado para não exagerar demais trejeitos estereotipados do apresentador do Multishow. O humor continua histriônico e conversador, mas as concessões a classe média diminuíram bastante, e a discussão em relação a aceitação da homossexualidade no seio familiar soa mais natural neste.
Esse sem dúvida é o longa protagonizado por Paulo Gustavo em que sua performance é menos grandiloquente, ao menos até aqui e apesar de todos os rompantes emocionais da personagem título. Isso não faz acreditar que a dramaticidade será o norte na carreira do interprete, mas é curioso que essa tenha sido a abordagem que a produção escolheu, revelando que talvez tenha sido feito uma digestão após duras críticas aos exemplares anteriores, não só os já citados como também Os Homens São de Marte e é pra Lá que eu Vou.
Impressiona como funciona a ideia de subverter a questão do programa de Hermínia como um comentário da vida da personagem, principalmente por que essa saída soou muito infantil no desfecho do primeiro filme, sendo este uma das poucas coisas realmente boas dentro do texto. O ponto mais alto do longa certamente é a inventividade do diretor, que consegue posicionar sua câmera em lugares estratégicos, que conseguem tirar do astro bons momentos dramatúrgicos. Falta ao realizador um texto melhor do que esse que é executado por Gustavo e Fil Braz, e uma chance de produzir algo mais autoral, ainda que este se destaque em meio a mediocridade que abunda no filão de comedias Globo Filmes.
Falta ao Paulo Gustavo um roteirista de cinema que possa inserir uma linearidade a sua história. O estilo desse é semelhante ao anterior em pequenas ações que viram esquetes e, por isso, são esquecidas no momento seguinte. Porém, apesar deste fator que considero irregular, a dona Hermínia é a melhor personagem dele e em cena, mesmo com o exagero, ainda sim cria risadas. Quem sabe em um futuro consiga-se chegar a um ponto em que não pareça tanto um produto televisivo e uma história cinematográfica com começo meio e fim.