De Esmir Filho, diretor de Baleia e Mariana Bastos que já havia trabalhado com o diretor nos curtas Tapa na Pantera e Sete Anos Depois, Alguma Coisa Assim começa mostrando Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras) curtindo a noite paulistana, em uma síntese do que seria a relação da dupla ao longo dos anos, indo e voltando na linha temporal para abarcar a vida de ambos como seres em unissono.
Em 2006 Esmir conduziu um curta homônimo, que foi exibido no Festival de Cannes e foi muito elogiado, e ele se utiliza de muitas cenas da década passada nesse longa, em um esforço semelhante em espírito ao que Linklatter fez em Boyhood e na trilogia Antes do Amanhecer. Os dois se encontram em outros tempos e em outros lugares, mostrando como eles cresceram e como mudaram, quase exibindo ali versões alternativas dos dois.
No inicio e em outros pontos, Caio é mostrado tendo certa aversão por contatos íntimos com homens, o que soa estranho, pois ele claramente tem orientação homossexual. Aos poucos se nota que sua timidez em alguns pontos impede ele de se relacionar emocionalmente em boa parte de sua vida, com poucas exceções quanto a isso.
Em determinado ponto, Caio se casa, e obviamente sua amiga vai celebrar, mas é notado um incomodo de Mari, que varia entre o ciúmes e a inveja, mas que só é definido na metade final do longa. A relação dos dois evolui para um nível onde a intimidade se confunde, ao ponto de ambos se verem em uma situação limite, típica de casais e não de amigos. O modo como o roteiro de Esmir e Mariana trata da deterioração da amizade e a subida a um novo nível de demonstração de amor que tem desdobramentos bem diferentes.
Há um bocado de pretensão em Alguma Coisa Assim, mas é impossível não embarcar na historia de seus personagens, em especial pela atuação de Caroline Abras, que faz uma personagem muito complexa e cheia de defeitos, que é apaixonante e capaz de protagonizar brigas catárticas e realistas, e isso por si só já é um bom motivo para apreciar a obra da dupla de diretores.