Filme lançado apenas no mercado de homevideo no Brasil, após o fracasso retumbante em seu país de origem, Chips, de Dax Sheppard, é uma adaptação do seriado homônimo oriundo dos anos setenta. O filme aposta na dinâmica de duplas policiais e discorre sobre a interação de Jon Baker (Shepard), um fracassado policial que não é respeitado sequer pelos seus familiares, e o agente Frank Poncherello (Michael Peña), que trabalha também como policial rodoviário, mas que esconde um grande segredo.
A dupla de protagonistas não tem a química necessária para compor a clássica formação do policial caucasiano e do miscigenado que normalmente servem de base para esse tipo de produto. Não há sequer uma tensão racial que seja divertida mesmo em graus baixos, e a desculpa de que Poncherello está agindo disfarçado não ajuda, ao contrário, só colabora para a tentativa de mascarar a falta de qualidade do roteiro de Sheppard.
As piadas soam infantis na maior parte do tempo, não há uma reconstrução mínima do programa que acompanhava a rotina da polícia sobre duas rodas que Larry Wilcox e Erick Strada faziam, ao contrário, esta versão soa como mais um episódio genérico, semelhante demais a outras refilmagens famosas, como Miami Vice, além de resgatar os principais problemas dramáticos de outras comédias de cinema que adaptaram seriados antigos, como Elo Perdido, Feiticeira, Baywatch e Starsky e Hutch.
O bromance não evolui e a falta de simpatia destas versões de Baker e Ponchy torna quase proibitivo para o espectador se importar com o destino dos tiras, bem como dos que os cercam, o que é uma pena, já que o material original era repleto de boas sacadas e de um humor bem condizente com sua época. De toda forma, Chips não consegue acertar nem no clima nostálgico e nem no tipo de humor que agrada o público contemporâneo.