A NBA foi processada pelo Spirits de Saint Louis, uma das franquias que disputava o famigerado campeonato da ABA, que era paralelo a maior liga profissional de basquete (que vinha a ser a própria National Basketball Association). O campeonato folclórico era disputado com uma bola colorida de cor azul, branca e vermelha ao invés de laranja habitual e boa parte dele é registrada neste especial do programa de documentários da ESPN, o 30 for 30.
Os Spirits tinham um time potente, divertido de ver jogar e muito técnico, e o inicio do especial de Daniel H. Forer, e que tinha como foco espiritual, o sensacional jogador Marvin Barnes, que marcou época não só pelo seu desempenho em quadra, mas também pela personalidade forte que tinha fora dela.
Após a introdução sensacionalista que valorizava os feitos e desempenho da franquia, o que se vê no estudo de caso é como a política e cultura massificada eram nos anos 70, desde os pronunciamentos de Richard Nixon, até a música e televisão se tornando popular ao redor dos Estados Unidos. Os contratos de transmissão facilitaram a tão sonhada fusão entre NBA e ABA, ainda que fosse difícil costurar esse acordo, já que os donos das franquias da ABA eram ricos e muito egocêntricos, vaidosos ao extremo e não queriam sair dos holofotes do esporte.
A mitologia do Spirits girava toda em torno de sua estrela. Barnes era comparado a Julius Erving (o Dr J) e junto a Maurice Lucas e James Fly Williams, formou um time com potencial de pôr Lousiana no mapa do basquete. Marvin mesmo uma personalidade, personagem e atleta se confundiam e isso trazia malefícios ao seu time, em alguns pontos mais até que benesses.
A mística do Spirits era muito refém da figura de seu astro, que era incontrolável, como uma diva, capaz de aparecer do nada com um conjunto de hambúrgueres e lanches, além de trazer consigo um piloto de jatinho que precisava ser pago pelos dirigentes do time, que por sua vez, também não tinha grandes reservas financeiras. Ele era um astro antes da era dos astros do basquete americano.
Free Spirits acaba sendo um bom documento histórico sobre a ABA também, junto ao ficcional Os Aloprados. Aqui se explana um pouco das loucuras que permeavam o show do intervalo, desde mulheres glutonas devorando dezenas de cachorros quentes, até brigas entre lutadores e animais selvagens, além é claro de citar um pouco do processo judicial envolvendo os antigos donos da franquia, que não quiseram dar entrevista para o programa. No mínimo é interessante notar como funcionava os negócios envolvendo o desporto, como eram os atletas e ligas nos anos 70 e o quão divertido o entretenimento em uma época que a comunicação globalizada engatinhava.