Media-metragem de Christian Saghaard, A Grávida da Cinemateca começa referenciando o trabalho de montagem cinematográfica, ao mostrar um personagem recortando os negativos, como os antigos montadores faziam seu trabalho, ainda sem a facilidade típica do arquivo digital. Logo, é mostrada uma moça jovem que trabalha na cinemateca e que está presenta na organização de uma mostra de cinema que ocorrerá naquele local em breve.
Ainda que seja leve, o filme tem pretensões metalinguísticas, uma vez que insere uma discussão breve sobre o formato de filmes que tem por volta de 50 minutos, não se enquadrando nas categorias de longa e nem de curta. A gravidade em relação a qualidade do filme é que os diálogos são pouquíssimos naturais, soando absurdamente forçados, fato que infere até nas atuações do elenco.
O fechamento da cinemateca tenta fazer um paralelo com um evento atual, que foi a quase extinção do Ministério da Cultura, sendo esse certamente um dos critérios para a escolha da película em alguns festivais, entre eles a Semana dos Realizadores, que teve um caráter aberto contra o governo pós-impeachment de Michel Temer.
O problema maior é que a graça que tenta ser alcançada não bastam para compor uma história minimamente interessante. Alguns dos bons ângulos de câmera que Saghaard tenciona soam inventivos, mas ficam inteiramente jogados em um produto que teima em não alcançar o interesse do seu espectador, inclusive com coincidências bobas, como o fato da grávida vomitar no único celular barato mostrado em tela. O desfecho soa interessante diante do todo, mas não ao ponto de salvar o corte final.