Francisco C. Martins traça um panorama sobre a pintora, escultora e escritora Maria Martins, que era por si só uma figura contestatória e inconformada com a situação comum as mulheres em sua época. Maria – Não Esqueça que Eu Venho dos Trópicos fala sobre o legado artístico da biografada começando por algumas esculturas que evocavam o nu da mulher, relembrando uma sensualidade que normalmente era reprimida pela época conservadora em que vivia Martins, incluindo aí o período militar.
O filme usa as obras da escultora para contemplar e analisar os objetos de forma poética, normalmente com um fundo branco e uma trilha sonora incidental, com o auxilio de Malu Mader, em muitos momentos, para basicamente entrevistar as pessoas que envolviam Maria. Pelo que se falava antes do filme vir a público, seria ela a diretora primária, mas algo fez recair a Francisco a incumbência de conduzir o longa.
Não demora para se traçar um perfil da personagem, que incluía o fato de ter se desquitado ainda muito jovem, para então passar a viajar pelo mundo para conhecer novas artes e amores. Nessas viagens ela se envolve com pessoas diversas, que a ajudam a construir seu ideal como mulher e também como artista plástica.
Os escritos literários são interpretados por alguns atores, entre eles Lúcia Romano e Celso Frateschi. Tal situação também foi utilizada em O Que Seria Desse Mundo Sem Paixão, ainda que o filme comparado seja completamente ficcional, ao contrário de Maria. A questão é que tanto no filme de Lacerda como nesse, a sensação é de que o artifício não era exatamente necessário, e sim uma tentativa de transformar o produto algo mais erudito do que ele realmente é. Apesar de mirar alto demais para a própria capacidade de contar uma história, o documentário de Martins ao menos traça um perfil bastante completo sobre a personalidade e o talento de sua biografada.
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