Crítica | O Que As Mulheres Querem

O Que As Mulheres Querem 1

Pensado a partir das relações e modo de encarar o mundo tipicamente feminino, O que As Mulheres Querem exibe a história de personagens realistas, que vivem suas vidas a partir da não necessária submissão machista imposta por alguns membros da sociedade, pontualmente dirigida pela atriz Audrey Dana, que estreia na realização de longas metragens.

O escopo escolhido pelo roteiro é o de discutir sexismo e demais injustiças através de mulheres com caráter e personalidade diversos, tanto com timidez exacerbada, como com inconformismo via intransigência, ainda que o último adjetivo seja certamente fruto do julgamento dos homens que antes eram a temática e postura dominante até em um gênero consumido majoritariamente por moças.

A maior parte das sensações primárias exploradas no texto de Dana e Raphaelle Valbrune acontecem por intermédio da personagem Ysis (Geraldine Kanaché), uma mulher de meia idade, mãe de quatro filhos, que passa por um dificuldade conjugal ligada a inadimplência de sexo com seu marido. A falta de extravasar a libido causa nela uma série de transtornos, igualando-a facilmente ao arquétipo de uma pessoa insana, que em si, resume os distúrbios comportamentais das outras mulheres retratadas pelas lentes da realizadora. A insegurança típica de quem dedica a própria vida para cuidar de outrem a impede de enxergar a si mesma como realmente é, fazendo com ela subestime a própria beleza exterior desta, somente conseguindo dar vazão aos próprios desejos carnais após uma árdua viagem a uma disputa de ego de superego, em que se abre mão de suas próprias inseguranças para então evoluir.

Como são onze as mulheres analisadas dentro da fita, é fácil para o público se identificar com qualquer conduta tresloucada das portadoras do estrogênio, já que mesmo os estereótipos utilizados na trama não replicam de maneira vulgar ou trivial qualquer arquétipo tanto feminista como de mulheres submissas. Apesar do pouco tempo de tela, há um trabalho de aprofundamento, ao menos no comportamento de cada uma delas, o que revela manias, sentimentos e receios, que por sua vez, determinam como funciona o caráter de cada uma.

Os mesmo dramas que antes soavam muitíssimo forçados em Sex And The City são explicitados de um modo ligeiramente mais realista e jocoso em O Que As Mulheres Querem. A problemática maior está na dificuldade que a cineasta tem em conciliar tantos núcleos diferentes em um período de edição pouco inferior a duas horas, conseguindo retratar algumas das historietas de modo interessante e outras tantas não. Mesmo as melhores histórias vão aos poucos perdendo importância e força.

Em determinado ponto, as personagens passam a se reunir e referenciar a si mesmas como um grupo de apoio mútuo, onde basicamente há uma exploração de drama via piadas fracas. O esforço para manter-se cerebral não encontra êxito, pois a tentativa de fugir da frivolidade e pasteurização comuns a comédias sobre sexualidade se perde em meio a uma trama que tropeça nas próprias pernas, além de soar em algo bastante pretensioso, levando em conta a mensagem final do script, o que é lastimável, principalmente pela premissa tão interessante.

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