Paz Fábrega conduz um filme de duração curta e de abordagem igualmente efêmera e veloz. Viagem começa em uma festa americana, repleta de pessoas jovens e despreocupadas, que lá estão unicamente para curtir umas as outras e esquecer de problemas do cotidiano. Luciana, a pretensa protagonista vivida por Katia Gonzales, logo encontra Pedro (Fernando Bolaños), um homem fantasiado que tenta abordá-la de modo direto e é refutado.
O roteiro une as personagens e explora uma relação pouco usual e bastante moderna, cujas vestimentas de urso fantasiado já prenunciavam a estranheza e fuga do lugar comum. O flerte se torna mais enérgico e sério, não por possíveis discussões sobre compromisso, já que ambos refutam isto e são duramente criticados por quem não vive nesse micro mundo em cenas hilárias, as quais demonstram que a vida é muito mais que só o sexo sem compromisso.
As lições de moral não freiam o novo casal, ao contrário, servem de combustível para o intenso desejo carnal mútuo, cuja intimidade instantânea preconiza a química absurda entre ambos, tão grande que o espectador embarca no montante de viagens que se avolumam e que ocorrem a partir do momento em que se conhecem. E até mesmo em momentos anteriores como no mergulho na intimidade prévia de Luciana, apresentado de maneira gradativa e tímida, uma vez que o receio da moça em se expor é tremendo.
Viagem é um filme simples, sem muitas invenções de direção, como foi no anterior filme de Fabrega, Água Fria do Mar. A fita se fundamenta em um roteiro redondo e funcional, que explora os temores ligados a solidão e a dificuldade em manter um compromisso vivo, com aforismos interessantes sobre a experiência de se viver longe da moral e bons costumes e sobre a dificuldade em se despedir e evoluir até a rotina do homem adulto.