As fotos e vídeos de divulgação criaram muitas expectativas nos jogadores. O maior motivo é que Toren foi desenvolvido por um estúdio independente brasileiro, Swordtales. O visual artístico, muito comparado a ICO, ganhou a atenção de muitos, principalmente pelo fato de os desenvolvedores apostarem em belos gráficos 3D ao invés da pixel art, algo relativamente raro no cenário independente brasileiro. O estúdio também recebeu ajuda da Lei de Incentivo à Cultura, uma vitória muito importante para a indústria nacional de games (seja você contra ou a favor da referida lei).
Na história de Toren, o Sol amaldiçoou o mundo com o dia eterno. Nós jogamos com uma garota denominada Criança da Lua, cuja missão é trazer a noite novamente àquele mundo e fazer o tempo voltar a fluir. Para isso, terá que subir a grande torre (Toren) para derrotar um dragão que, aparentemente, é a fonte do problema.
Os conceitos do jogo são bem interessantes, apostando em uma narrativa intimista e poética. A direção de arte é bonita, apesar dos gráficos simples, criando um mundo de fantasia estilizado. A parte sonora é muito bacana, principalmente as músicas que conseguem trazer uma boa atmosfera. O idioma falado é fictício, mas existem legendas (diferente da proposta de Brothers: A Tale of Two Sons).
Infelizmente, a execução de Toren não fez jus às boas idéias apresentadas pela Swordtales. Primeiro, o jogo é um tanto arrastado, apesar da curtíssima duração (2 horas, em média). Mesmo sendo curto, é um jogo bem cansativo, motivo pelo qual não consegui finalizar de uma só vez. Não há desafio, é só seguir em frente, pular algumas plataformas e lutar contra meia dúzia de criaturas. Não seria um problema se a jogabilidade fosse boa. Os controles são bem travados e a câmera é estranha. Muita gente reclamou dos bugs, apesar de que eu só presenciei dois.
Na batalha final houve uma tentativa de sofisticar a jogabilidade, mas falharam miseravelmente, pois é tão chata que causa frustração. As partes de ação são precárias e poderiam ser eliminadas para melhorar um pouco o andamento do jogo. Após vencer o tédio desta curta jornada, o final é, sem dúvidas, a parte mais bacana de Toren. O desfecho só prova como a boa ideia foi desperdiçada perante a execução insatisfatória. A música de encerramento, aliada às belas ilustrações, ajudaram a dar credibilidade ao estúdio brasileiro e mostrar que realmente ele tem muito potencial.
No final das contas, é difícil recomendar este jogo. Ele tem uma história bacana, idéias legais, direção de arte interessante, boas músicas, mas não diverte. Não é agradável de se jogar. Só tive ânimo de finalizá-lo por ser um jogo brasileiro com grande potencial. E realmente tinha, mas não foi aproveitado. Eu recomendaria apenas aos gamers brasileiros, a título de curiosidade, pois é um jogo que vai marcar a história do nosso mercado. Vou acompanhar os próximos trabalhos da Swordtales, que mostrou dedicação e boas idéias, mas entregou um produto final abaixo da média.