Para você que gosta de musicais como High School Musical e HairSpray, este seriado não te pertence.
A história começa quando a compositores escritores Julia Houston (Debra Messing) e Tom Levitt (Christian Borle) decidem criar um novo musical, baseado na vida de uma das maiores estrelas de Hollywood, Marilyn Monroe.
Eileen Rand (Anjelica Huston) é uma produtora conceituada no ramo que está passando por um momento delicado em sua vida, a separação de seu marido, Jerry Rand (Michael Cristofer) outro grande produtor.
Para dar prestígio ao musical, trazem o grande e mulherengo diretor de musicais Derek Wills (Jack Davenport) para dirigir o espetáculo. Karen Cartwright (Katharine McPhee) é uma aspirante a atriz que trabalha como garçonete que ama cantar, faz uma ótima audição para o musical e vira uma das favoritas ao papel principal do espetáculo.
Ivy Lynn (Megan Hilty) é uma experiente dançarina e cantora da Broadway, amiga de Tom e tem um caso com Derek, também é uma das favoritas ao papel de Marilyn. A trama principal da historia é focada na disputa entre Karen e Ivy ao papel principal do show, duas mulheres muito diferentes mas com muito talento em comum.
Smash é um seriado adulto que mostra os bastidores, os dramas, conflitos e problemas familiares, e ainda arruma tempo para realizar ótimas interpretações de grandes canções. Criada por Theresa Rebeck e produzida por Steven Spielberg. As músicas da série são originais e escritas pela dupla Marc Shaiman e Scott Wittman.
Bem vindos à bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Jackson Good (@jacksgood), Kell Bonassoli (@kellbonassoli) e Lucas Köln (@lucas_deschain) se reúnem para comentar de uma das maiores obras de ficção-científica distópica, Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley.
Duração: 112 mins. Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira Trilha Sonora: Flávio Vieira
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Recentemente pude conferir na grande mídia a expressão que encabeça esse título: “Abaixo à dublagem”. Olhei estranhamente para o título da referida matéria e fui conferir do que se tratava. Infelizmente não era a primeira vez que eu estava lendo aquelas ideias que, basicamente, tentam estigmatizar a dublagem como algo ruim. O ponto de partida é o fato de que nos últimos anos, no Brasil, pode se observar, ao chegarmos nas salas de cinema, que existem muito mais cópias dubladas do que legendadas à disposição do público. Alguns indivíduos que se consideram “intelectuais” começaram a se sentir ofendidos, pois preferiam assistir a filmes legendados do que filmes dublados no cinema. O que passou de uma justa crítica inicial se desenvolveu e ganhou voz como um movimento (aqui entenda como uma ideia em ascensão, não como um grupo organizado) que extrapola os limites da razoabilidade e que busca defender a extinção da dublagem em si, com uma série de argumentos que apontarei mais adiante. Pois bem, meu intuito com esse texto não é atacar ninguém diretamente, mas apenas levantar uma questão importante e que tem sido ignorada no meio de toda essa discussão, pois infelizmente é mais comum vermos pessoas da “grande mídia” defendendo esses argumentos, do que sendo contra eles.
O recurso da dublagem é a substituição da voz original de personagens das mais diversas produções audiovisuais (aqui entram os filmes, seriados, desenhos animados, entre outros) por a de um dublador. Essa substituição pode ocorrer de duas maneiras: a mais comum ocorre quando se muda a voz original para que um dublador mude o idioma original – que é o caso dos filmes estrangeiros que chegam em nosso país, mas com áudio em português; e também temos a dublagem que é realizada no mesmo idioma com intuito de ser utilizada como meio de melhorar a voz original. As primeiras dublagens começaram a ser feitas na década de 30 e, posteriormente, passaram a ter uma atenção maior, pois permitia que através dela fossem cada vez mais desenvolvidos as interpretações vocais dos artistas. Através disso, o que se presenciou foi o surgimento de uma nova forma de arte.
Primeiramente, incorre em erro aquele que desvaloriza a dublagem sob o argumento inicial de que ela é uma espécie de “parasita” de uma outra forma de arte pré-existente. A arte, dentro de todas suas expressões conhecidas, não existe apenas em sua forma única e exclusivamente pura, como muitos se enganam, mas também se expressam através da derivação de outros. Tratam-se de formas de reprodução e que, mesmo sendo reproduções, não perdem a qualidade artística à obra original, mas muitas vezes dão uma nova roupagem àquela (algumas vezes com novos valores inclusive). Basta tomar como exemplo uma orquestra sinfônica que reproduz obras de Bach, Tchaikovsky, Beethoven, entre muitos outros artistas clássicos. Eles estão reproduzindo arte. Apesar de não ser uma espécie de “criação” direta, trata-se de uma forma de expressar os elementos artísticos validamente. O raciocínio que ocorre com a dublagem é o mesmo a partir do momento em que seu objetivo não é o de “distorcer”, “deformar” ou “prejudicar” a obra de arte original – como alguns parecem acreditar, quase como em tom conspiratório -, mas unicamente o de reproduzir de uma forma única a mesma.
A partir desse ponto entramos em outro argumento que merece ser criticado, o de que a dublagem é voltada para um público específico: o das “crianças, analfabetos funcionais e pessoas que tem preguiça de ler”. É extremamente repulsivo ouvir e ler argumentos desse tipo da boca de profissionais que se julgam intelectuais. A dublagem é uma forma de arte ampla e que busca atingir pessoas diferentes. Existe a maior preferência do povo brasileiro em ver um conteúdo dublado pela questão óbvia da proximidade com a língua local. Não é apenas no Brasil que existe o recurso da dublagem, mas em centenas de países do mundo todo. E é completamente racional entender que uma maioria dos brasileiros prefira ver produções audiovisuais em que o áudio está em nossa língua nativa , em detrimento do idioma do local que se originou.
Também é muito comum algumas pessoas subvalorizarem o trabalho dos dubladores. Ao contrário do que essas pessoas pensam, aquele profissional que entra em um estúdio de gravação para fazer uma dublagem não está apenas ali para ler um texto em uma folha de papel conforme as imagens de um filme ou desenho animado estão passando em sua frente. Existe todo um trabalho artístico e de preparação para a realização do mesmo. É muito mais difícil e complicado do que parece, vez que dubladores também são atores. Da mesma forma que os atores que aparecem nos filmes, estes também necessitam “encarnar” personagens, se envolver com seus papéis e realizar interpretações através de sua voz. Desse modo, é completamente razoável defender que dubladores merecem sim serem reconhecidos por seu trabalho. Eles não são “coadjuvantes” e nem “papagaios da manutenção do idioma nacional”, são principais autores de uma forma de expressão artística. Digo mais, no Brasil são pouquíssimos os que possuem seu trabalho reconhecido. Basta questionar para uma pessoa qualquer na rua quantos são os nomes dos dubladores que ela conhece. A minoria vai responder dois ou três nomes no máximo.
Alguns ainda vão dizer que a maioria dos trabalhos dublados que assistem são de uma péssima qualidade e por isso não deveriam existir. Eu particularmente acho extremamente interessante esse comentário, pois por essa lógica, entendo que todos os outros profissionais do mercado (jornalistas, engenheiros, advogados, professores, arquitetos,…) estão cumprindo seu trabalho com 100% de eficiência. Da mesma forma que existem excelentes trabalhos de dublagem, existem também os ruins. De igual modo, como uma profissão qualquer, podemos encontrar excelentes jornalistas e péssimos jornalistas. Excelentes médicos e péssimos médicos. Enfim, toda e qualquer profissão, inclusive a dos dubladores, possui variações de qualidade. Desse modo, tal argumento não passa de uma hipocrisia.
Assistir ou não um filme dublado deve partir de uma escolha pessoal e ninguém quer obrigar ninguém a vê-los, porém não adianta em nada querer ”cortar o mal pela raiz”, como alguns defensores do movimento dizem querer fazer. A dublagem não é um mal e nunca foi. É uma forma de arte e entretenimento extremamente válida e louvável. Por outro lado, entramos em conflito a partir do momento que os ânimos se inflamam e gritam “abaixo a dublagem” como uma bandeira a ser vangloriada. Digo que essa bandeira deveria ser motivo de vergonha por aqueles que a levantam, pois serve, muitas vezes, como uma forma de política de intolerância. Podemos ver atitudes semelhantes quando uma pessoa incorre em racismo, veja bem, mas não me entendam mal. É óbvio que racistas estão em setores completamente diferentes às pessoas que defendem que a dublagem deva ser “extirpada”. O que ressalto a partir desse ponto é apenas uma coisa que eles tem em comum: o fato de que ambas as atitudes partem de uma ideia cujo núcleo é uma discriminação. Da mesma forma que um racista não tem interesse em respeitar, conhecer a fundo e ser tolerante com as raças contra quem pratica seu preconceito, um defensor do movimento de “aniquilar a dublagem” também parte de um ponto em que não respeita o fato de existirem pessoas que gostam de filmes dublados e também não procuram buscar a fundo o que significa aquilo. É extremamente fácil defender que a dublagem “desvirtua e destrói uma forma de arte” quando não se busca sequer entender o que realmente significa a expressão através da dublagem. Visualizamos uma forte presença, principalmente na mídia, de “profissionais” – e aqui as aspas servem com o intuito de questionar a seriedade do trabalho das pessoas que fazem isso – que se limitam apenas aos achismos, discursos infundados e vazios – muitos já apresentados anteriormente – que no fim das contas refletem mais um tipo de discriminação.
No fim das contas, o que podemos perceber é uma incoerência crítica. O que deve ser criticado -e eu concordo – é a ausência de opção que as distribuidoras tem nos dado. O errado é chegar ao cinema e não possuir a opção de poder assistir a um filme dublado ou legendado, mas também é errado partir do pressuposto de que esse fato é culpa da dublagem. Devemos nos atentar para a questão de que por opções de estratégias e modelos de negócio das distribuidoras nacionais – por aquilo que é mais rentável e lucrativo – é que chegamos ao cinema e não encontramos nosso direito de optar. Portanto, a crítica que deve ser feita são a tais modelos das distribuidoras, não o trabalho dos dubladores. Reitero que devemos sim defender a opção, inclusive com o intuito de exercermos nosso direito de liberdade de poder escolher se queremos ver filmes dublados ou legendados, porém toda defesa deve ser pensada racionalmente e com fundamentos razoáveis.
Por fim, vários são os profissionais do ramo que estão diariamente trabalhando em estúdios de gravação com o intuito de buscar nos levar produtos de qualidade para nossas programações de TV e cinema. Guilherme Briggs (foto acima), Orlando Drummond, Garcia Junior, André Filho, Darcy Pedrosa, entre muitos outros, são apenas alguns dos exemplos de dubladores brasileiros que fazem um excelente trabalho, sempre com o intuito de proliferar essa forma de arte fantástica e que merece ser valorizada. Uma forma de arte que, antes de mais nada, deve ser respeitada como tal.
Vocês vão me chamar de chato insistente por falar de novo desse negócio de ler outras obras do autor além daquela pela qual ele é mais conhecido, mas eu vou me dar o benefício da dúvida e crer que vocês ainda não perderam a paciência com essa minha mania de leitura. Para isso vou dar mais um exemplo: O Gênio e a Deusa, de Aldous Huxley.
O livro é curto e simples, pelo menos do ponto de vista do enredo. Um biógrafo interessado na vida do cientista atômico Henry Maartens procura John Rivers, seu aprendiz, para que esse revele detalhes particulares que o ajudem a compor a história da vida do notório cientista. John Rivers, numa frase que podia figurar naquelas listas de melhores inícios de história, começa seu relato dizendo:
“O mal da ficção (…) é que ela faz sentido demais. A realidade nunca faz sentido. (…) A ficção tem unidade, a ficção tem estilo. A realidade não possui nem uma coisa nem outra. Em seu estado bruto, a existência é sempre um infernal emaranhado de coisas (…) O critério da realidade é a sua incongruência intrínseca.” (p. 1)
Quando li essa primeira frase sabia que estava diante de um livro que iria gostar. Não sei se porque isso faz um sentido enorme para minha pesquisa ou porque gosto muito de literatura que fala sobre literatura, mas o fato é que considero O Gênio e a Deusa um livro muito bom.
John, ao relatar sua história com Maartens, nos leva a conhecer o tempo em que se tornou aprendiz dele, passou a morar com ele e sua família, se tornando assim, conforme constatamos com o andar da trama, também um membro dessa. Ele dá passeios com Ruth, a filha admiradora de poesia e de Edgar Allan Poe; conversa e brinca com o garoto Timmy; faz favores à Katy, a bela e espirituosa esposa de Henry etc. Tudo isso além de seus compromissos no laboratório.
Quando Huxley nos conta a história do ponto de vista do biógrafo de Henry, nos parece que esse será um livro também sobre o cientista, que versará sobre as experiências e descobertas desse (e de seu assistente) no campo da Física, Química e afins. Descobrimos, entretanto, que mais do que a ciência, a vida de Henry Maartens está repleta de romantismo, completamente enovelada na sua relação com sua esposa.
Assim, O Gênio e a Deusa não está repleto de termos científicos, de padrões frios e pesquisas levadas a cabo com uma exatidão por demais racional; mas sim abunda na humanidade da ciência, no que ela tem de mais proximal em relação a nossa própria consciência. Você não irá encontrar um cientista obcecado pela ciência, quase sendo por ela engolida. Você encontrará, sim, a ciência explorada em suas dimensões humanas, se comportando como evidências do potencial do homem em conhecer a natureza que o rodeia e a si próprio.
Por isso a referência dupla (e aparentemente contraditória) do título. Não é preciso abandonar a beleza ao fazer ciência, não é necessário excluir a poesia do texto científico. Da mesma forma que o gigantismo intelectual de Henry repousava sobre o frágil equilíbrio de sua relação com sua musa, Katy; também a ciência se mantém construtiva para o homem na medida em que não se torna uma obsessão.
Com um lirismo sensual, que explora facetas românticas da relação entre Katy e Henry, Huxley novamente nos fala (em outros termos) sobre a ciência e a tecnologia, e o que elas tem significado para os homens e a sociedade. A ciência convertida numa tecnologia bizarra, em Admirável Mundo Novo, onde se faziam homens em linhas de produção, é trazida aqui para uma trajetória individual. Descobrimos que a racionalidade que a caracteriza só lhe é útil até o ponto a partir do qual imperam conhecimentos que podem lhe parecer estranhos, como os sentimentos e as sensações, por exemplo.
O que a ciência representa para Henry, entretanto, não é o que significa para a massificação com que ela é praticada no mundo atual, ou como foi utilizada na construção da bomba atômica. A relação entra a vida e a ciência, que deveria ser orgânica, intrínseca, deixa de estar ao alcance dos homens se tornando uma arma, algo que lhes causa dor, sofrimento e, porque não dizer, alienação.
Com uma sensibilidade notória, Huxley coloca diante do leitor duas dimensões essenciais do conhecimento humano: a ciência abstrata e a empiria imediata. Embora elas pareçam estar irremediavelmente separadas no “mundo” como o conhecemos, elas são componentes de um mesmo constructo, uma não existe sem a outra. O questionamento que perpassa o conflito afetivo de Henry é o mesmo presente no cerne da reflexão de Huxley: do que serve a ciência e a tecnologia se não nos torna mais felizes, ou a vida mais prazerosa e justa? Ou em nível individual: do que serve a complexidade hermética da ciência de Henry se não torna sua relação com a esposa, parte capital de sua existência, melhor?
Essa é deveras uma pergunta que já foi feita várias vezes por várias pessoas em vários tempos, ainda que de formas diferentes. Apesar da recorrência, ela não fica ultrapassada, permanece viva, desafiando nossa própria capacidade de compreendê-la.
Mundo Fantasma, HQ de Daniel Clowes que ganhou uma tradução brasileira ano passado, não conta exatamente uma história, é mais um apanhado de narrativas curtas ambientadas no estranho mundo de Enid e Rebecca.
As duas são melhores amigas recém-formadas no ensino médio, irônicas e inteligentes elas navegam entre seu mundinho particular e um desinteresse geral por todo o resto. Ao longo das histórias, as duas tentam se ajustar com a nova condição de “adultas” e como consequência acabam se separando: Rebecca arranja um emprego em uma cafeteria e um namorado e Enid, depois de não conseguir entrar na faculdade, pega um ônibus para qualquer lugar, sem saber bem o que quer fazer, mas com a eterna sensação de não se encaixar.
Um dos elogios feitos frequentemente a Clowes é o como um homem de 30 anos consegue capturar com precisão o universo de duas meninas adolescentes e eu vi ali, em cada uma, mas principalmente na relação entre elas, muito da minha própria adolescência. Há uma concorrência sutil entre Enid e Becky (elas disputam principalmente a atenção de Josh, um amigo de quem ambas gostam sem admitir) que não nasce por competitividade e sim por insegurança. Além disso ele retrata muito bem o incômodo entre querer a atenção de garotos e ao mesmo tempo não querer ser a menina que se esforça para isso, ou acha-los idiotas e ainda assim querer que eles te achem interessante.
Talvez, independente do sexo, essas sejam as ambiguidades de qualquer adolescente e é isso que Clowes traz tão sensivelmente nas suas histórias e no seu traço. “Mundo Fantasma” é sobre os incomodos e as mudanças necessárias para se achar seu lugar no mundo e também sobre como as vezes encontrar esse lugar demora bem mais do que se esperava.
Keith Richards passou de músico à rock star e hoje em dia já está muito acima disso. O guitarrista se tornou um ícone da história da música que não será esquecido, seja pela sua importância como músico ou pelos exageros vividos em sua carreira. Muitos o consideram apenas um drogado, outros a personificação do Rock and Roll. Keith é um pouco disso tudo, o herói renegado esquisitão do Rock. Em sua biografia, Vida, Keith deixa claro que é e já foi um pouco de tudo e derruba o mito que envolve sua imagem.
Quase todos os Stones já tiveram suas histórias contadas em livros, agora foi a vez de Keith. Nesse ano os Rolling Stones completam 50 anos de carreira, desde o início da banda o guitarrista sempre foi peça fundamental para que ela continuasse existindo. Vida conta um pouco sobre toda a trajetória de Keith, desde os anos dourados do rock and roll à pouco depois da sua turnê A Bigger Band.
James Fox, biográfo de Keith assume a tarefa de contar sua história e que por incrível que pareça, é muito minuciosa, como descrito em sua capa, “Esta é minha vida. Acredite se quiser, eu não me esqueci de nada“. O livro conta um pouco sobre a infância difícil, seus primeiros contatos com a música ouvindo Django Reinhardt, a descoberta do Rock and Roll, suas primeiras aulas de música com seu avô, seu temperamento rebelde, entre tantos outros detalhes de um jovem nascido numa Inglaterra estilhaçada pela Segunda Guerra.
Uma parte de destaque é sem dúvida os relatos de Keith durante o início da banda, a falta de dinheiro e como a inexperiência não os impediram de tocar o que queriam. Apesar da banda ter se revelado como um sucesso muito rapidamente, o livro deixa claro o comprometimento de todos. O apartamento onde Keith vivia com Mick Jagger e Brian Jones era paupérrimo e por vezes passaram fome pela falta de dinheiro. Todos esses detalhes são narrados de maneira clara e fascinante.
Em todo livro, Keith mostra não se importar ao contar sobre seus problemas com drogas ou mesmo a crise criativa no início da carreira, um tabu para boa parte dos músicos. O músico não mede palavras para falar do seu relacionamento conturbado com Brian e Mick, as brigas internas pelo poder dentro da banda, seus problemas com as autoridades. O interessante do livro é que em nenhum momento você sente uma postura de autocensura, aparentemente, o que há para ser dito está escrito, sem meias palavras.
As brigas internas, o consumo de drogas e o relacionamento conturbado com Anita Pallenberg são capítulos à parte da história de Keith, nenhum retratado de maneira que tente transformar o homem em mito, o biógrafo mostra uma faceta que o humaniza. Sua dependência é mostrada de forma transparente, Richards afirma ter abandonado a heroína no final da década de 70, mas não tenta fazer um discurso anti-drogas como o da biografia do Eric Clapton. O mesmo ocorre para as suas notórias prisões.
Apesar de sempre alegar que as drogas nunca afetaram seu trabalho, sua própria biografia demonstra o quanto afetou toda a banda. Esse quadro acaba culminando numa postura de líder obsessivo do grupo por parte de Jagger, no entanto, no entanto, ao se recuperar do vício, Keith bate de frente com o frontman ao se tornar um membro mais participativo, principalmente dos negócios da banda, o que quase culmina no fim dos Rolling Stones. Esse ambiente é muito bem relatado durante as gravações de alguns álbuns dos anos 80.
Sua relação com as mulheres é interessante, diferente de Mick, Keith se apaixonou poucas vezes e diz não entender a obsessão de Mick e Bill Wyman em se deitar com inúmeras mulheres. A cereja do bolo fica por conta de detalhes de execução de músicas e gravações, a forma como o guitarrista encara a música, sua postura em relação as pessoas que o influenciaram. Um capítulo interessante é dedicado aos músicos pela forma como Keith toca sua guitarra e as afinações que ele utiliza.
Em certo ponto do livro, Keith fala sobre o preconceito racial que existia no meio musical, algo que ele nunca entendeu, já que pra ele o que sempre importou era apenas o som. Sua paixão pela música é relatada de forma simples em um trecho que transcrevo a seguir:
“…ficava fascinado assistindo às pessoas fazerem música. Se estavam na rua, eu ficava orbitando em volta delas. Meus ouvidos captavam nota por nota. Não importa se estava desafinado, havia notas acontecendo, havia ritmos e harmonias, e tudo isso começou a entrar em foco nos meus ouvidos. Era muito parecido com as drogas. A bem da verdade, era uma droga muito mais forte que a heroína. Eu consegui chutar a heroína; mas não consegui me desvencilhar da música. Uma nota leva a outra e você nunca tem exatamente certeza do que vem depois, nem quer saber. É como andar numa corda bamba maravilhosa.”
O livro é recheado de detalhes relatados de maneira sincera, desde sua vida pessoal, seu distanciamento com Mick, a descoberta do câncer de Charlie Watts, entre tantos outros. Tudo isso em mais de 600 páginas biográficas, repletas de fotos, cartas e depoimentos de pessoas próximas, de um mito da música mundial. E para quem insiste em afirmar que os Stones já deveriam ter terminado, concluo essa resenha com uma frase do próprio Keith:
“Tem gente que me pergunta por que eu não paro. Só vou me aposentar quando bater as botas, Acho que eles não entendem o que isso me dá. Não é só pelo dinheiro ou por você. Faço isso por mim.”
“No espaço, ninguém pode ouvir você gritar.” Eis o slogan de um dos principais marcos da história do cinema. Lançado em 1979 e sob a direção de Ridley Scott, Alien – O Oitavo Passageiro criou um novo conceito para os filmes de terror com monstros, o qual se mescla, ao mesmo tempo, com elementos de ficção científica.
Somos apresentados à nave cargueiro Nostromo e sua tripulação. No meio da viagem de volta para a Terra, os sete tripulantes a bordo da nave são acordados ao receberem um sinal advindo de um asteróide. Ao investigarem o local, um dos tripulantes é infectado por um alienígena, cujo embrião se aloja dentro de seu corpo. O pesadelo para os tripulantes começa quando o estranho monstro começa a caçar cada um dos tripulantes dentro da nave.
O primeiro dos muitos méritos que o primeiro filme da franquia Alien possui é o fato de que dispunha, à época, de pouquíssimos recursos visuais e mesmo assim conseguiu produzir um resultado fantástico. A ausência de efeitos especiais surpreendentes como os que vemos hoje são recompensados totalmente com um roteiro completo e que desnorteia o espectador por toda a extensão do filme. Assim como em Tubarão (Steven Spielberg) que não vemos a ameaça na maior parte do tempo, em “Alien” acontece a mesma coisa. São pouquíssimos os momentos em que realmente enxergamos a monstruosidade em toda sua ferocidade, porém isso não muda a atmosfera de tensão criada pelo roteiro. Somos levados a um local isolado e à medida que os membros da tripulação vão morrendo vamos sendo empurrados cada vez mais a um sentimento de desolação extremo, o qual somente se potencializa com a trilha sonora de Jerry Goldsmith.
Um filme que se passa no espaço com certeza proporciona uma excelente visualização da personalidade dos poucos personagens que apresenta. O elenco faz um excelente trabalho, destacando-se principalmente a atriz Sigourney Weaver como a heroína Ripley. No começo do longa metragem, mal conseguimos visualizar que ela é nossa protagonista, porém conforme o filme vai evoluindo, a personagem também se envolve cada vez mais à trama e a atriz consegue passar de maneira fluida e natural esse envolvimento.
Não há mais nada para falar da trilha sonora de Jerry Goldsmith e nem do design dos alienígenas feitas por H.R. Giger além de que são fantásticos e somente ajudaram o filme ainda mais a se tornar o clássico que é hoje.
Com certeza um filme que vale a pena ser revisto por vários e vários anos. Nos apresenta o melhor do que o cinema tem a oferecer aos espectadores, proporcionando experiências únicas, graças a uma excelente produção. Não há como falar em filmes de monstros, de terror ou de ficção científica sem falar de Alien. Um verdadeiro clássico que merece a atenção de todos.
Saiu há pouco tempo aqui nas bancas brasileiras Assassin’s Creed – A Queda eu naturalmente tenho um certo preconceito com qualquer quadrinho licenciado à algum jogo, mas AC – A Queda me surpreendeu, a trama foi muito bem construída em cima do universo do jogo.
A premissa é bem interessante. O viciado que está sob tratamento, Daniel Cross têm desde pequeno visões perturbadoras com cavalos, flechas, facas e muita, muita morte. Até então diagnosticado com esquizofrenia, Daniel recusa usar as medicações no que culmina numa quase tentativa de assassinato num bar, nessa ocasião ele conhece uma misteriosa jovem chamada Hannah, e então ele é apresentado à Ordem dos Assassinos.
As visões de Daniel são referentes ao seu antepassado, Nikolai Orelov, um grande assassino que viveu na época da Revolução Russa e ao entrar em combate direto com os templários descobre um artefato que pode mudar o rumo da história. Daniel encontra um proposito em sua vida após um turbilhão de visões: encontrar o Mentor da Ordem.
Você de alguma forma precisa estar familiarizado com o universo dos jogos, não posso te garantir, mas provavelmente se você não souber nada, ficará perdido. Por isso que essa hq, tanto como os livros lançados, têm que ser vistos como spin-offs da série, uma forma de aumentar o entendimento daquele universo.
Mas mesmo que você não esteja familiarizado com a história, a trama te envolve do início ao fim. Uma das principais causas disso é o recurso histórico tão usado nos jogos e histórias paralelas.
O que os roteiristas dos jogos costumam fazer é, pegar um momento de grande mudança na história da humanidade e explicar de uma forma que aquilo tenha ocorrido por causa das questões referentes ao universo do jogo. Por exemplo: No primeiro jogo foram as Cruzadas, no segundo uma trama envolvendo os Bórgia e agora no terceiro (que lança em Outubro) a Independência dos E.U.A.
Karl Kerschl e Cameron Stewart usaram essa mesma fórmula e dessa vez abordaram a Revolução Russa, momento histórico onde se passa o plot de Orelov. Outras referências históricas são explicadas nas páginas depois do fim da história, como o Projeto da Torre de Wardenclyffe, de Nikola Tesla, o evento de Tugunska, ocorrido em 1908 e a própria figura do Czar Alexandre III.
Como disse, todos esse personagens históricos, locais e eventos têm uma ligação direta com o universo abordado, e alguns detalhes que aparecem na história nos são explicados nas páginas finais da revista.
A história também conta com uma incrível reviravolta no final, enfim, Assassin’s Creed – A Queda vale a pena ser lido. O traço de Nadine Thomas é impecável, com direito a algumas concept arts nas páginas finais. E antes que esqueça, a revista ainda vêm com um código para liberar um DLC exclusiva de Assassin’s Creed Revelations para Xbox 360.
O mercado brasileiro de mangás encontra-se há muito estagnado. Seja pelo pouco interesse das editoras em sair de sua rentável zona de conforto ou pela mudez do consumidor, é inegável que a situação atual pouco diverge de dez, onze, doze anos atrás, nos primórdios desse mercado. É triste constatar que, passado tanto tempo, ainda não se estabeleceu dialogo entre publico e corpo editorial. O colecionador vê-se preso a um segmentado catalogo de títulos, podendo pouco ou nada fazer para expandi-lo. Por essas e outras, é raro ver algo que fuja dos padrões do mercado chegar às bancas. Qualquer obra pouco conhecida ou de proposta atípica é uma aposta que, vez ou outra, as editoras dão-se ao luxo de fazer. Astral Project – Tsuki no Hikari, lançado pela editora Panini no primeiro semestre de 2011 com o título Astral Project: Sob a Luz da Lua, é uma dessas apostas sazonais. E, para deleite dos leitores ávidos por bons títulos, a aposta mostrou-se acertadíssima.
Um jovem que sobrevive em Tóquio prestando serviços para a Yakuza, atuando principalmente como motorista e segurança de prostitutas de luxo, repentinamente descobre que sua irmã foi encontrada morta no interior do Japão. De volta às origens, o protagonista, Masahiko, evitando contato com a família a qual odeia, apanha no quarto da falecida, como lembrança, um misterioso CD. Este disco, provavelmente o ultimo por ela apreciado, consiste numa coletânea de faixas de jazz. Ao ouvi-lo pela primeira vez, Masahiko é tragado para fora de seu corpo, e, através desse estranho fenômeno de projeção astral, uma nova e perturbadora realidade surge diante de seus olhos.
Suspeitando que sua irmã não tenha morrido, mas deixado o corpo por meio do obscuro CD e não retornado, o protagonista parte em busca da verdade. Adentrando mais e mais no meio underground da área urbana mais populosa do mundo, permeado por mentiras e enigmas, Masahiko descobre, ao longo dos quatro volumes em que narra sua jornada, que esse mistério está ligado a um projeto bélico de proporções inimagináveis, intitulado Astral Project. Porém, mais importantes que a conspiração global desenvolvida, é a introspecção por ela ocasionada, que leva o protagonista a redescobrir sua natureza.
A preparação de terreno para a agradável surpresa que é ler esse título começa já na capa, onde nomes que compõem uma dupla completamente desconhecida encontram-se registrados. O traço estilizado de Syuji Takeya, artista que tem no curriculum apenas essa obra, pode incomodar alguns; abusando do uso de sombras e feições obscuras, o ilustrador novato constrói habilmente o soturno cenário contemporâneo em que a trama se desenrola. No entanto, o instigante roteiro formulado por marginal, que prende o leitor da primeira a ultima página, é o grande trunfo de Astral Project. Tão surpreendente quanto as boas arte e história é descobrir que por trás do incomum pseudônimo do roteirista encontra-se Garon Tsuchiya, renomado autor de quadrinhos adultos responsável por Oldboy, que originou o cultuado filme homônimo do sul-coreano Park Chan-Wook, e venceu o Eisner Award na categoria “Melhor Edição Americana de Material Internacional” no ano de 2007.
O trabalho reflete a atração e inegável habilidade de Tsuchiya com histórias detetivescas, tal qual seu gosto musical – representado pelo genial e incógnito saxofonista Albert Ayler, o “espirito santo” do free jazz, figura de suma importância para o desenrolar dos fatos. Em uma trama intrincada, beirando o confuso em certos pontos, Astral Project: Sob a Luz da Lua é um suspense competente, que, embora deixe algumas dúvidas, revela-se, ao lado do arrebatador Homunculus, de Hideo Yamamoto, como uma das mais acuradas escolhas já feitas pela editora Panini em sua trajetória pelo mundo dos mangás.
O que você podia esperar de American Pie: O reencontro? Eu esperava ver os peitos da Nadia (Shannon Elizabeth), o Jim (Jason Biggs) constrangido nas conversas com o pai. O Kevin (Thomas Ian Nicholas) sendo o mais chato da turma. O Finch (Eddie Kaye Thomas) comendo a mãe do Stiffler (Jennifer Coolidge). E claro, Stiffler (Seann William Scott) fazendo merda como de costume e mostrando que é o melhor personagem da série.
Os peitos da Nadia não apareceram. No entanto, fomos agraciados com os da Kara (Ali Cobrin), tão bons quanto, diga-se de passagem. Quanto ao Finch, bem, ele não ficou com a mãe do Stiffler, mas aconteceu um plot-twist impactante em relação a isso.
American Pie: O reencontro, apesar de ter uma fórmula já batida, principalmente com esses personagens, acaba funcionando justamente por isso. As pessoas viram os filmes anteriores, deram risada, se divertiram, gostavam e se importavam com esses personagens, e depois de um longo tempo da última sequência para o cinema, com o mesmo elenco, eles estão de volta. Trazendo um sentimento de nostalgia, em que você vê que tudo acontece da mesma forma que você esperava, mas com as piadas e comportamentos atualizados para a fase da vida que os personagens estão.
O próprio diretor brinca com isso. Logo no início do filme, em que o Jim, acorda no meio da cozinha destruída, pelado, fruto da ressaca da noite anterior. Uma cena claramente inspirada nos sucessos recentes de Se beber não Case!. Quase dizendo ao espectador, olha só, eu poderia renovar a fórmula e deixar com algo parecido à esses filmes modernos. Mas não vou fazer isso. Isso é American Pie. No momento em que o Jim pega uma tampa de panela transparente para cobrir suas partes intimas da amiga da Michelle (Alyson Hannigan).
Além disso, o filme trata por trás de toda sua galhofa e piadas sexuais sobre o reencontro daqueles casais, da época de colégio, mostrando que todos amadureceram. Alguns são mais felizes, outros estão num momento de frustração com a vida que levam. Com exceção do Stiffler e sua mãe, que continuam os mesmos. E com certeza são o ponto mais alto do filme.
Enfim, American Pie, é ótimo para dar boas risadas, ficar nostálgico Preparar uma festa de reencontro com o pessoal do colégio, com a playlist lotada de Blink-182, Green day, Sugar Ray, Sum 41 entre outros. E é claro, transar no fim da noite. Portanto se você gostou dos filmes anteriores, dos personagens, com certeza irá se divertir.
O inverno ainda não chegou, mas não tem problema, pois mesmo assim a recém concluída segunda temporada de Game of Thrones manteve o alto nível da estréia no ano passado e consolidou a série como uma das melhores da atualidade (só não é A melhor porque existe Spartacus). Adaptando o segundo livro da saga, A Fúria dos Reis, mas mantendo o nome simplesmente por questões de marca, a HBO mais uma vez esbanjou qualidade e cuidado em todos os elementos da produção. Direção sempre impecável, figurinos e cenários, muitos deles reais, mais uma vez dignos de blockbusters cinematográficos, e atuações se não brilhantes, todas competentes.
Até mesmo nos roteiros, aspecto mais discutível e complexo (principalmente pra quem leu os livros), a emissora soube trabalhar muito bem. Essa temporada trouxe muito mais mudanças do que a anterior, todas ainda justificáveis pelas limitações de orçamento e duração dos episódios. Em muitos momentos, não deu pra evitar uma sensação de estar vendo um resumão, ultra rápido e um tanto for dummies, do livro. Mas o mais importante é que se manteve uma grande fidelidade, com as alterações levando a trama pra onde ela precisa ir, sem uma preocupação babaca com “originalidade” desviando a história pra caminhos muito menos interessantes. Aprende, The Walking Dead!
Em linhas gerais, a temporada foi menos impactante que a passada. Mas nem poderia ser diferente, pois o segundo livro é inferior ao primeiro. George R. R. Martin tem um problema sério com os livros pares, fato que se confirma de vez em O Festim dos Corvos. Mas isso é assunto pro futuro. Por enquanto, uma análise dos núcleos desse ano 2, com evidentes SPOILERS.
Em Porto Real, o protagonista indiscutível (ao menos no livro) Tyrion esteve por cima da carne seca. Enviado pelo pai, o fodão-mor Lorde Tywin, para ser a Mão do Rei, o Duende teve que se virar pra organizar um pouco as coisas. Entre o Rei mais imbecil, despreparado e leite com pêra que os Sete Reinos já viram, e sua mãe ainda mais tola e inútil do que no livro, tarefa ingrata. Como tempo urge, pouco se viu das várias reuniões do conselho onde questões gerais do reino são debatidas. O foco foi mesmo em gerenciar a cidade e os preparativos pro ataque iminente de Stannis. Peter Dinklage mais uma vez deu show em todas as cenas que apareceu.
Também na capital, a personagem mais insuportável, insossa e sansa: Sonsa. Ah, vocês entenderam. Problema sério aqui: se no livro a utilidade dela é basicamente termos a visão do que acontece neste núcleo, na série isso acaba sendo desnecessário. Então uma personagem já fraquíssima se enfraqueceu ainda mais. Não deu nem pra sacar por que ela insistiu na atitude besta de “eu amo Joffrey e está tudo bem”, isso no livro fica mais bem explicado. Sansa não é esperta e ativa como a irmã, pois engoliu toda educação de lady que lhe foi passada. A cortesia é, então, sua única arma pra sobreviver naquele ninho de cobras.
Falando na Arya, ela é uma das personagens que chamo de “pé na estrada”. Em todos os livros, sempre tem alguém viajando pelo reino, a utilidade é mostrar os efeitos da guerra por todos os cantos. Mas esta storyline sofreu bastante com os cortes e aceleradas. Já de início, a batalha em que Yoren morre (que no livro é um mini-cerco a um castelo) teve sua grandiosidade apagada pra um simples ataque noturno na floresta. Depois, em Harrenhall, também pouco se trabalhou na crueldade com que as tropas Lannister agiram contra as aldeias da região dos rios, e menos ainda se mencionou Beric Dondarrion e a Irmandade. As várias interações entre a menina e Tywin (inexistentes no livro), mesmo que tenham rendido cenas interessantes, geraram muita expectativa que inevitavelmente resultou em nada de nada. Por outro lado, tudo relacionado a Jaqen H’ghar atendeu as expectativas, sendo a melhor coisa desta subtrama.
Ainda nos Stark, Bran pouco apareceu, como era previsto. Entre ser o lordezinho de Winterfell e uma leve introdução aos Sonhos de Lobo, aspecto mais interessante desse personagem, não havia muito pra onde ir com ele ainda. Sua participação será mais ativa na próxima temporada. Catelyn, outra da categoria “pé na estrada”, no início serviu pra vermos a corte de Renly Baratheon, um cara que honra o símbolo da sua Casa. Mas como ele acaba morrendo logo de cara (única morte relevante da temporada, e eu avisei que tinha spoiler), essa parte serve mesmo pra apresentar/situar personagens que serão explorados mais a frente, como Margaery e Loras Tyrell, além de Brienne de Tarth.
Esta última, aliás, vai protagonizar uma das partes mais surpreendentemente legais da próxima temporada, ao lado de Jaime Lannister. Pois Catelyn, na sua dor mãe, acaba libertando o Regicida pra tentar reaver as filhas. Esse plot acabou sendo antecipado, o que foi uma boa, pois assim vimos mais de Jaime. Quem pensava (como eu) que ele era só um vilãozinho vazio e unidimensional, já começou e ainda vai se surpreender muito. Na minha opinião, é com ele que Martin mais se revela MESTRE (ou meistre, hehehe) no quesito desenvolvimento de personagens.
Voltando a Catelyn, no livro é somente através dela que vemos Robb, e na série sabiamente o Rei do Norte assume o centro das atenções em seu próprio núcleo. Não pra reclamar das batalhas não serem mostrada, pois no livro é do mesmo jeito. Porém, pecou-se em não explorar praticamente nada dos conflitos internos das tropas nortenhas, dedicando este plot quase que exclusivamente ao romance. Com uma personagem, que nos livros, é OUTRA. Mas o objetivo disso permaneceu o mesmo, fazer o Jovem Lobo trair a promessa feita aos Frey, o que trará conseqüências terríveis.
Um personagem que teve muito mais destaque do que o esperado foi Theon Greyjoy. E isso acabou sendo ótimo, pois todo o núcleo das Ilhas de Ferro ficou muito bem caracterizado. Os caras são os vikings de Westeros, pô! Theon foi mais humanizado, sim, mas o que muitos encararam como uma descaracterização, prefiro enxergar como um enriquecimento da história. E o ator esteve muito bem ao retratar um merdinha que se acha o Senhor Fodão.
Por outro lado, Davos, um de meus personagens preferidos, teve sua importância diminuída. Se no livro ele é a única visão que temos da corte de Stannis, a série resolveu simplificar, focando em Stannis e Melisandre (em cenas que Davos não estava presente) e explicitando de vez coisas que o Cavaleiro das Cebolas só podia suspeitar. A Mulher Vermelha ficou muito bem caracterizada, méritos inclusive pra atriz, mas foi uma pena ver pouco da interessante relação de respeito mútuo entre Davos e seu Senhor.
Além da Muralha, Jon Snow teve sua subtrama retratada com bastante fidelidade. Sem muito a discutir aqui, pois foi tudo uma grande preparação pra próxima temporada, quando o bicho vai pegar gloriosamente nesse núcleo. Jon é sem dúvida um dos personagens mais cativantes nos livros, pois sua jornada (do herói) é bastante movimentada e épica. Pena que na série, a cara de bunda do ator acabe comprometendo um pouco. Há que se destacar aqui, a fotografia fantástica de todas as cenas, filmadas na Islândia.
Por fim, Daenerys e seus mini-dragões. Uma coisa que me divertia muito na temporada passada era ver as pessoas comentando e se preocupando com detalhes da cultura dothraki. Agora acho que ficou claro pra todo mundo que nada daquilo importava de PORRA NENHUMA, pois o foco sempre foi na Mãe dos Dragões. Ela continua sua evolução, percebendo que não é por ser a legítima herdeira do Trono de Ferro que alguém vai dar mínima pra ela. Principalmente do outro lado do Mar Estreito, na rica cidade de Qarth. Seu grande momento, o final na Casa dos Imortais, foi um tanto decepcionante. Tudo bem que essa passagem do livro era inadaptável (pra quem não sabe, é uma série de visões, uma mais doida dorgas mano do que a outra), mas creio que simplificaram DEMAIS as coisas nessa parte. Enfim, a storyline de Dany é outra que vai ser incrível na próxima temporada.
As expectativas pro ano 3 da série são enormes. A saga chega ao seu melhor momento, o fodaralhaço A Tormenta de Espadas. Os produtores já declararam que nem todo o livro será mostrado na terceira temporada, decisão mais do que acertada, afinas são quase 900 páginas de pura epicidade, onde tudo é importante e não há enrolação. A adaptação fica mais difícil do que nunca, mas a HBO já provou estar à altura do desafio. Só nos resta aguardar e confiar.
PS: George R. R. Martin, seu velho maldito, faça o favor de parar de ficar roteirizando episódios pra série e vai logo terminar os dois livros que faltam, por gentileza.
Wong Kar Wai, originário de Hong Kong, já foi definido algumas vezes como o Pedro Almodóvar chinês e essa associação faz sentido: um cinema de cores saturadas, beirando o kitsch, trilha sonora carregada e principalmente o foco em personagens reféns de seus desejos.
Amor à Flor da Pele fala da sutil relação entre Su Li-Zhen (Maggie Cheung) e Chow Mo-Wan (Tony Leung, ator que protagoniza quase totos os filmes de Wong Kar Wai). Os dois são vizinhos em uma espécie de pensão na Shangai dos anos 1960 quando descobrem que o marido dela fugiu com a mulher dele. A partir daí entre um certo desejo de vingança e uma atração desafiada pela moral de ambos os personagens constroem uma relação que se estende por anos e que será minunciosamente analisada pelo diretor. Talvez o título em inglês do filme, “In the Mood for Love” deixe mais claro que não se trata de um filme sobre amor, é na verdade um filme sobre desejo.
Wan deseja Su Li-Zehn (ou Sra. Chan como é chamada pelos outros habitantes da pensão) desde a primeira vez que a vê e esse desejo escancara-se cada vez que ele a vê caminhando de costas, de vestido justo e andar rebolado, pela escada da pensão. Com a descoberta da traição os dois acabam se aproximando, ele quer escrever uma série de artes marciais para o jornal, ela sugere ajuda-lo, mas a consciência dos olhares inquisidores dos vizinhos e da degradação que significaria mais um adultério impede que qualquer coisa aconteça.
Os atores mal se tocam durante todo o filme, mas a câmera desveste Maggie Cheung a cada plano. A fotografia é toda avermelhada, quente. Os cenários são vulgares, o quarto alugado por Chow lembra muito o que poderia ser encontrado em um bordel. E a trilha sonora repete insistentemente “Quiçás, quiçás, quiçás”.
Wong Kar Wai é um aficcionado confesso pela Argentina e o tango (um de seus filmes ,”Felizes Juntos”, se passa justamente em La Boca, onde nasceu o tanto argentino) e ele constrói “Amor a Flor da Pele” exatamente como uma dança: a cada momento um dos personagens se aproxima, enquanto o outro se afasta e esse desencontro vem carregado de uma vontade que nunca se realiza, dançarinos não são amantes.
Pouco acontece além da relação entre os personagens, que cresce e se complica, até que se afastam, mas o jogo entre imagem, música e atuações torna o filme um exemplo brilhante da linguagem cinematográfica. Wong Kar Wai fala sobre amor, obsessão e desejo com nenhuma nudez, pouca fala e ainda menos toque, ele usa apenas cinema.
À primeira vista, Reino dos Malditos, escrita por Ian Edginton e desenhada por D’Israeli é uma história infantil comum, sem grandes novidades para apresentar. Como disse, à primeira vista…
A HQ conta a estória de Christopher Grahame, um renomado escritor de livros infantis, uma espécia de J. K. Rowling e Neil Gaiman, que é fenômeno no mundo editorial. Não demora muito para que os grandes estúdios de cinema procurem-no para adaptar suas obras. Contudo, Grahame passa a sofrer desmaios e dores de cabeças constantes, e em meio a esses desmaios, passa a sonhar com Castrovalva, o mundo que criou quando era uma criança solitária. Enquanto seu médico insiste que esses sonhos são frutos do estresse que o escritor tem vivido, Grahame por sua vez, passa a acreditar cada vez mais que esses sonhos são reais.
Ocorre que, Castrovalva já não é mais o mesmo mundo que Grahame deixou quando era uma criança doente e solitária, após seu abandono, o lugar foi tomado por um ditador e o que antes parecia saído de um cenário de uma fábula dos desenhos da Disney ou dos livros de C.S. Lewis, agora parece um misto das obras de Tim Burton e Guilhermo Del Toro. Toda Castrovalva se tornou um imenso campo de batalha, os seus poucos amigos de infância sofrem em uma guerra, da qual não têm condições reais de vitória.
A premissa por si só já denota um grande potencial, no entanto, o autor vai muito além disso, já que o principal tema abordado é o mal que reside dentro de todos nós. Essa dualidade que existe em cada um é exposta, de forma simplista, mas extremamente competente. Todos temos bondade e maldade guardados, mas escolhemos qual desejamos que venha à tona. Escolhas que fazemos cotidianamente, determinadas por conceitos morais, sociais, religiosos que nos guiam. Mas apenas nós mesmos sabemos o que guardamos em nosso íntimo.
O roteiro de Edginton é repleto de metáforas sobre o estudo da personalidade humana com elementos da psicanálise, além de inúmeras referências a literatura fantástica. A arte de D’Israeli é interessantíssima ao mesclar um traço bruto e psicodélico com muita violência, tudo isso com personagens que parecem ter saído de uma loja de ursinhos de pelúcia.
Ao terminar a leitura de Reino dos Malditos fica a sensação de que está estória não foi feita para qualquer pessoa, mas todas deveriam lê-la.
Rafael Moreira (@_rmc), Mario Abbade (@fanaticc), André Kirano (@kiranomutsu), Jackson Good (@jacksgood), Carlos Brito e Pedro Lobato (@pedrolobato) comentam sobre o final de House, lançamentos em HQs e os principais filmes do circuito das últimas semanas.
Duração: 119 mins. Edição: Rafael Moreira e Flávio Vieira Trilha Sonora: Flávio Vieira
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Após um hiato de 10 anos a série Homens de Preto retorna aos cinemas, agora com uma trama envolvendo viagens no tempo. O tema apesar de já estar batido até que foi bem utilizado nesse filme, mas gostaria de levantar somente um aspecto que eu acho essencial nesse tipo de filme.
Quando falamos de filmes como MIB a única coisa que prezo é o fator diversão, se de fato aquele dinheiro que gastei no ingresso valeu a pena, se o filme realmente me divertiu. Assim como o primeiro filme saí do cinema satisfeito, me apresentaram um roteiro simples e sem muitas complicações. O agente J. (WIll Smith) perde seu parceiro K. (Tommy Lee Jones) após um prisioneiro chamado “Boris, o animal” (que perdeu seu braço após um confronto com k, gerando assim aquele sentimento gostoso de vingança) fugir de uma prisão de máxima segurança na Lua. Boris consegue voltar no tempo e mata K, a morte muda toda continuidade no tempo-espaço fazendo com que só J. se lembre do seu parceiro como ele era. Após isso J. tem que voltar no tempo para salvar a vida de K. (agora interpretado por Josh Brolin) e também o destino da terra que está sendo ameaçada por uma invasão de alienígenas da mesma raça de Boris.
A premissa deixa na cara que o filme não veio pra revolucionar nada ou qualquer coisa do tipo, é simplesmente um filme para você ver e relaxar. O roteiro se desenvolve com J, tentando se relacionar melhor com seu parceiro, que no seu presente era totalmente rude e sem nenhuma expressão emocional. Acaba que o K. do passado é um cara muito extrovertido e até mesmo brincalhão, solidificando assim a relação entre os dois.
O roteiro não explora muito os outros personagens, e nem precisa. Você tem aquele plot principal que vai se desenrolando até chegar em seu desfecho, é uma história totalmente linear. Mas como disse ela não precisa de grandes reviravoltas (apesar de ter uma bem legal no final) desde que prenda sua atenção do início ao fim.
No primeiro MIB eu achei muito maneiro a ideia inicial de que existia uma agência que mediava conflitos extraterrestres e regulava a entrada de qualquer ser aqui na terra. Inclusive um dos grandes baratos do filme é a aparição de celebridades meio “anormais” na tela de comunicação de alienígenas infiltrados na terra, que nesse filme tem uma participação hilária, mas tem que prestar muita atenção pra notar.
Enfim, como disse antes, é um filme divertido. Com todo esse clichê de viagem no tempo o filme mesmo assim consegue se sustentar. E no final temos a explicação do porquê de K. ser tão rude na timeline inicial, e algumas coisas que não falarei porque seriam claramente um belo de um spoiler.
Certo dia entraram num estúdio dois roteiristas e um diretor. Um estava bêbado, outro drogado e o outro sóbrio. Eles precisavam de inspirações para seu novo projeto. Primeiro assistiram Mad Max, depois Water World, fizeram alguma relação. Depois assistiram Transformers. Então veio a lâmpada de inspiração em suas cabeças. Vamos fazer nos inspirar na obra-prima Transformers, só que na água. O drogado então disse, com alienígenas, robôs e BURROS e ainda com um quê de suspense, em que o pessoal não sabe onde está o inimigo. Os 2 já comemoravam o novo Blockbuster. Até que o sóbrio tem um complemento de ideia mais genial ainda. Vamos ligar pra Hasbro e licenciar o jogo, batalha naval, vai ser um sucesso fácil de bilheteria, vai trazer todos que jogaram batalha naval pro cinema. E ainda completou, ESTAMOS RICOS!!! Foi a festa no estúdio. O executivo da Universal fez até um churrasco pra comemorar.
Essa poderia muito bem, ser a história do filme Battleship: A batalha dos mares. Mas com certeza não é, porque nada que gere um filme, se é que podemos assim chamar, tão ruim, pode ser tão legal.
Battleship, como diz o nosso garoto do Blockbuster, Jackson, é um filme errado. A começar pelo roteiro, que tem mais furos que cobertor de mendigo. Que eu vou tentar resumir em poucas linhas. Humanos desenvolvem um tipo de projeto SETI, com o objetivo de tentar fazer contato, com um planeta, que tem as mesmas características que a Terra. Em algum sistema solar por ai. Obviamente, que não existem alienígena bonzinho em filme de ação, Hollywood já nos ensina isso desde os anos 40/50.
O mais incrível é que em pouco tempo depois de fazer contato, esses aliens chegam à Terra. Com apenas 3 naves. Só que uma delas, a de comunicação, porque não, bate num satélite e eles ficam com duas naves de batalha. Criam então uma cúpula de campo de força no meio do oceano pacífico. Justamente onde está rolando uns “jogos de guerra???”, entre Japão e Estados Unidos. No fim das contas, o que interessa, é que meia dúzia de gato pingado, uns veteranos da segunda guerra e uma chaleira da segunda guerra mundial, destroem os alienígenas burros. Mais um detalhe, que faz parecer muito verídico. Os alienígenas tem ultra sensibilidade a luz, escolhem justamente o Hawai. No melhor estilo, Sinais. Um artifício barato de roteiro, para colocar alguma limitação nos inimigos.
Entre cavalos de paus de destroyers, avaliação sobre quem é inofensivo e quem não é por parte dos aliens, desenvolvida pela universidade de loucos. Temos uma tonelada de clichês, exagero de efeitos visuais e sonoros, pra compensar a total falta de roteiro. E estrelando essa merda toda, temos o nosso querido, Taylor Kitsch (também conhecido como, Temperado na Merda). Brooklyn Decker, uma gostosa andando para lá e pra cá, com camiseta regata sem sutiã e shortinho. Rihanna, fazendo o papel da Michelle Rodriguez, mas esquecendo de morrer nos minutos iniciais do filme e também, sem mostrar o reguinho. Pra completar o time que merece ser mencionado, Liam Neeson ( também conhecido como Liam Nelson), fazendo o almirante Zeus, num papel absolutamente tosco, para um ator de seu calibre. A única coisa que ele tem oportunidade de fazer, é mandar o presidente a merda. Nem discurso do igual o do Bill Pullman, em Independence Day, deixaram-no fazer.
Eu nem precisaria dizer o obvio, que no final das contas os humanos (americanos, é claro) vencem, mesmo contra toda as possibilidades. Mesmo com a marinha inteira dos Estados Unidos, não conseguindo intervir na cúpula. Talvez o único ponto interessante do filme, seja a participação de um veterano da guerra do Afeganistão, que perdeu as pernas em combate, que senta a porrada em um alienígena, com tanta vontade. Tudo em câmera lenta, com direito até a dente alien voando no soco.
Tudo isso que eu critiquei, ainda seria aceitável se o filme não se levasse a sério. Fosse uma porradaria desenfreada e frenética do começo ao fim. Agora, quando temos intermináveis 131 minutos de exibição, tentativas da forma mais clichê possível de fazer desenvolvimento e motivação do herói. Tentar fazer o ponto de virada do herói, quando ele passa a ser maduro e forte, pronto para salvar o mundo. E ainda dizer, “Eles podem nos vencer, mas não vai ser hoje”. Não da. Simplesmente não dá.
Pra fechar com chave de merda. A sequência inicial do filme, é uma refilmagem de um vídeo famoso. Em que um ladrão tenta assaltar uma loja de conveniência nos Estados Unidos. E acaba fazendo um monte de merda. Segue o vídeo.
Assista ao trailer de Battleship: A batalha dos mares.
PS: Disseram por aí, que os efeitos visuais do filme são bons.
ATENÇÃO: O TEXTO ABAIXO CONTÉM SPOILERS. ESTÃO AVISADOS!
Assistir a um filme nada mais é do que uma atividade sensitiva que estimula nosso cérebro a raciocinar e a trabalhar em cima de todas as imagens que são transmitidas aos nossos olhos ao longo da película. É uma espécie de quebra-cabeça. As imagens funcionam como peças de informação, as quais devem ser montadas para poderem ser analisadas através de uma visão global, de modo a compreendermos uma possível mensagem que está tentando ser passada para os espectadores. Esse é o trabalho dos diretores. Transmitir uma ideia.
Hoje vou falar sobre um dos filmes que, na minha visão, melhor trabalham a questão do quebra-cabeça cinematográfico. Estou falando de Donnie Darko, dirigido por Richard Kelly e lançado em 2001. Um filme que não pode simplesmente ser considerado ordinariamente e abaixo tentarei explicar o porquê. Antes de mais nada, recomendo sinceramente que assistam ao filme, já que o texto com toda a certeza terá spoilers. Se você, mesmo sem ter assistido, quiser se aventurar, bom… a vida é uma longa e insana viagem.
Donnie Darko, interpretado por Jake Gyllenhaal, é um jovem problemático que possui indícios de esquizofrenia. Um dia, Donnie conhece Frank, um coelho gigante que o salva de um acidente que ocorre em sua casa. Frank profetiza o fim do mundo para Donnie, o qual passa a obedecer ordens do Coelho. Donnie se encontra inserido entre a realidade e suas alucinações, ao mesmo tempo em que questiona o sentido da vida e da morte.
A primeira cena do filme nos apresenta o clima em que adentraremos: Donnie amanhece no meio da rua, em uma estrada com um lindo visual nas montanhas. Ele levanta sem saber como chegou até lá e dá um sorriso, como se achasse graça da situação. É evidente que Donnie é um garoto diferente, solitário e sombrio. Na cena seguinte, pega sua bicicleta que estava deitada no acostamento (indicando como ele se locomoveu até aquele ponto tão distante da cidade) e volta para casa. Nesse caminho de volta, somos apresentados a uma pacata cidade, ambientada no final dos anos 80, com pessoas caminhando, o pai de Donnie cortando grama, sua irmã mais velha saindo para passear, sua irmãzinha pulando na cama elástica e sua mãe lendo um livro do Stephen King. Um típico exemplo de família modelo, em que Donnie seria a ovelha negra: ao entrar em casa depara-se com “Onde está o Donnie?” escrito na porta da geladeira. A figura do personagem no filme representa sua autenticidade no contexto geral da sociedade.
O mundo em que vivemos cria padrões de comportamento e modelos a serem seguidos por toda uma sociedade. Todas as pessoas e elementos indiretamente acabam sendo englobadas por essas “tendências” sociais. Os que não se enquadram no modelo acabam sendo moralmente coagidos, retaliados ou forçados a adentrarem. Fica evidente essa ideia quando descobrimos que Darko toma remédios psiquiátricos. Teria ele esquizofrenia como sua analista suspeitava ou seria apenas uma forma de a sociedade não aceitar a forma não convencional como nosso protagonista age? Donnie desaprova quando toma seus remédios; porém, mesmo assim, o faz.
Na noite do mesmo dia somos apresentados à entrada de dois universos: o da mente de Donnie Darko e a realidade. Donnie é acordado por Frank, o coelho gigante, que profetiza o fim do mundo. “28 dias, 06 horas, 42 minutos e 12 segundos”, diz Frank. Podemos dizer que metaforicamente Donnie estaria adentrando nesse momento no País das Maravilhas: na fábula de Lewis Carroll, um coelho conduz Alice para uma outra dimensão. Tanto Donnie quanto Alice apenas existem; seus conhecimentos passam a ser adquiridos com os acontecimentos que vem a seguir. Na mesma noite acontece outro fato estranho: uma turbina de um avião cai em cima da casa de Donnie, mais especificamente em cima de seu quarto, porém nosso protagonista não estava lá, pois havia sido acordado por Frank. Ninguém sabe de onde veio a turbina e nem de que avião, o que torna as coisas ainda mais misteriosas até esse ponto do filme.
Inserido no meio de uma série de acontecimentos estranhos, uma pessoa “anormal”, por assim dizer, passaria a se encontrar na anormalidade das coisas que vão acontecendo. Uma nova realidade é criada, com a qual Donnie acaba se identificando. O filme apresenta uma forte discussão no que diz respeito ao sentido da vida e da morte. Em uma cena do filme, o pai de Donnie quase atropela uma velha senhora chamada de Roberta Sparrow. Ela chega no ouvido de Donnie e diz que “todos os seres vivos morrem sozinhos”. Essa fala, por si só, vai cair como um peso sobre os ombros do protagonista, pois é um pensamento terrível. Em um mundo onde as pessoas vivem socialmente e se apegam, a solidão é um pesadelo. Morrer ganha a figura desse pesadelo ao pensarmos que vivemos em vão, sem nenhum sentido, para atingirmos um fim indiferente, que é nossa morte.
A vida não é tão simples assim e, por isso, Donnie vai questionar a ordem da sociedade. Em seu colégio, uma de suas professoras passa a incitar os alunos a aceitar a filosofia de Jim Cunningham (interpretado por Patrick Swayze), o qual defende que a vida se baseia em amor e medo. Todos temos que nos afastar de atitudes que se enquadrariam na categoria “medo” e deveríamos assumir posturas coerentes com “amor”. Donnie não aceita essa visão e passa a se meter em problemas na escola por conta disso, como quando ele mandou sua professora enfiar a “linha do medo” na… é, deu para entender.
Frank incita Donnie a realizar uma série de atos “criminosos” contra sua cidade, buscando como único objetivo o de virar de cabeça para baixo o mundo em que vivem. Inundar a escola e queimar a casa de Cunningham, por exemplo. Tudo não passa de um movimento de criação. No contexto do filme temos a destruição como uma forma de criação e a busca da quebra de paradigmas.
Ao mesmo tempo entramos em uma discussão digna de Stephen Hawking, já que Frank diz: “Venha comigo para o futuro” e, a partir de então, entramos em uma discussão pesada em relação a viagens no tempo. Observamos que todas as atitudes que Frank manda Donnie fazer acabam influenciando de alguma forma o futuro do personagem. Até mesmo quando Darko conhece Gretchen (interpretada pela linda atriz Jena Malone), a qual virá a ser namorada de Donnie futuramente, foi justamente pelo fato de ter inundado a escola na noite anterior.
Nesse momento do filme percebemos que Donnie Darko já entendeu que ele é o responsável por determinar os resultados de seu futuro. Ele possui o poder de manipular os acontecimentos e é nisso que ele acredita. Queimar a casa de Cunningham, por exemplo, acabou por revelar que o mesmo possuía uma série de fotos, vídeos e objetos que o denunciavam como pedófilo. Através da atitude de Darko, Cunningham é desmascarado e por isso é preso.
A todo momento não sabemos até que ponto as coisas que vêm acontecendo, os encontros com Frank e as coisas que ele manda Donnie fazer são parte da realidade e o que faz parte de possíveis alucinações do nosso personagem principal. Será que as supostas viagens no tempo realmente seriam possíveis? Donnie está intrigado com essa possibilidade e passa inclusive a buscar ajuda de um dos seus professores para tentar entender os princípios físicos da viagem do tempo.
Algumas cenas que se passam na escola ajudam a desenvolver ainda mais os mistérios apresentados ao longo do filme. Quando a professora Karen Pomeroy (interpretada por ninguém menos que Drew Barrymore) é demitida, ela diz a Donnie “cellar door” (porta de adega, em tradução livre), citando Edgar Alan Poe e J.R.R. Tolkien, que a consideravam a frase mais bela da língua inglesa, sonoramente falando. Essa “porta de adega”, posteriormente, se apresenta como um possível portal para viajar no tempo.
No dia de Halloween, a irmã mais velha de Donnie resolve fazer uma festa em comemoração ao fato de que foi chamada para estudar em Harvard. Esse seria o último dia do mundo, segundo a previsão de Frank. Uma fatalidade acontece e as coisas passam a ganhar outra direção. Gretchen é atropelada por um carro e, quando percebemos, um garoto com a fantasia de Frank sai de dentro do mesmo. Somos apresentados ao presente, que representava o futuro por toda a extensão do filme até então.
Frank é o namorado da irmã de Donnie e lá estava ele com sua fantasia de coelho. Todos os acontecimentos convergiram para o momento em que Donnie puxa a arma que havia pego do quarto de seu pai e atira em Frank. Sua namorada estava morta e ele se encontrava mais uma vez desolado, sem entender o porquê de as coisas terem tido aquele resultado. Donnie pega o corpo de Gretchen e o leva para o local onde o filme se inicia, na estrada em que nosso protagonista havia amanhecido. Uma espécie de renascimento acontece, uma epifania atinge nosso personagem e em um momento percebemos que ele atingiu o autoconhecimento.
Ao mesmo tempo em que isso acontece, a cena muda para o avião da mãe de Donnie, que está voltando com Samantha (irmã mais nova) de um campeonato de dança. Repentinamente, o avião entra em um estranho turbilhão que mais parece um portal (ou um wormhole, que nas teorizações de Stephen Hawking abriria portais para viajar no tempo) e sua turbina quebra. Todos os acontecimentos passam pelos olhos de Donnie Darko e mais uma vez voltamos para a noite em que ele havia entrado no País das Maravilhas. Dessa vez, Donnie sorri e deita na sua cama, com um ar de alívio, como se estivesse aceitando o que deveria acontecer desde o começo. Ele entende o que significaria a sua vida dali para frente tendo um outro resultado. Donnie sorri. A turbina cai em cima do seu quarto e ele morre.
O filme deixa uma margem gigantesca para diversas interpretações. O final não junta todos os pedaços, porém nos oferece uma direção de raciocínio. Pra encerrar com direito a nos arrepiar completamente, Mad World começa a tocar, ao passo que nos são mostrados todos os personagens que fizeram parte dessa história, como se a escolha que Donnie fez tivesse influído de alguma forma para um autoconhecimento de todos. Temos o autossacrifício, baseado no Cristianismo e nos ensinamentos do Budismo (neste, o Coelho é um símbolo de autossacrifício, pois o animal teria se atirado ao fogo com o objetivo de alimentar Buddha, que estava faminto. Como recompensa, ele ganhou uma nova casa na lua). O mundo de fato havia acabado, na vida de Donnie Darko. Atingiu uma nova forma de criação através de sua morte.
Para finalizar este longo estudo sobre o filme de Richard Kelly, deixo um poema escrito pelo próprio Donnie Darko, e que foi disponibilizado nos extras do DVD:
“Uma tempestade está a caminho, diz Frank. Uma tempestade que irá engolir as crianças, e eu vou devolvê-las do mundo da dor. Vou devolvê-las de volta para suas portas; Mandarei os monstros de volta para o subterrâneo. Vou mandá-los de volta para um lugar onde ninguém poderá vê-los, exceto por mim porque sou Donnie Darko.“
Se uma ideia foi transmitida eu não sei. Donnie Darko é um quebra cabeças que possui milhares de peças, que, por incrível que pareça, formam desenhos diferentes. Com certeza uma excelente obra pra ser apreciada pelos amantes da sétima arte.
Hoje irei inovar um pouco e falar sobre um quadrinho excelente, que poucos conhecem: Mágico Vento.
Trata-se de um fumetti, ou seja, HQ italiana. Alguns podem ter ouvido falar do Tex, também conhecido como “gibizinho preto e branco de faroeste do tempo do meu avô”. Publicado até hoje, e muito bom, aliás. Mágico Vento é da mesma linha, só que mais recente. A série começou na Itália nos anos 90 e a editora Mythos trouxe pro Brasil em 2002.
Mas de que trata essa série, afinal? Também é um faroeste, mas muito mais profundo, maduro, adulto e etc. O protagonista é Ned Ellis, soldado que foi ferido na explosão de um trem. Com uma farpa de metal cravada no cérebro, ele perde todas as memórias, mas ganha o dom de ter visões e premonições. Salvo da morte por um velho xamã índio, Ned recebe o nome de Mágico Vento e se torna aprendiz de feiticeiro (hehe) e membro da tribo Sioux. Seu amigo e parceiro de aventuras é Poe, um jornalista alcoólatra sósia de Edgar Alan Poe.
A partir daí, a série se desenvolve cada vez mais, e aborda muitos temas: cultura indígena, com costumes, lendas e tal; terror, com as criaturas mais bizarras enfrentando o herói. História, mostrando com realismo absurdo como foi o Velho Oeste americano, inclusive aparecendo personagens reais (General Custer, Touro Sentado e vários outros); política, com Ned envolvido com intrigas governamentais em tramas dignas dos melhores filmes de espionagem. Tudo isso com muita ação típica do Western, com tiroteios a rodo.
Um dos detalhes mais interessantes é que aos poucos vão sendo revelados detalhes do passado de Mágico Vento. O leitor descobre as coisas junto com o herói, uma fórmula que nunca falha. Cada edição tem uma história específica, que pode ser lida separadamente, mas há um plot central que vai aos poucos se desenhando. E é de explodir cabeças.
O criador e roteirista da série é o genial Gianfranco Manfredi. Na Itália ele é um famoso roteirista de cinema, TV, livros e claro, quadrinhos. Seus roteiros em Mágico Vento são embasados em muita pesquisa, o que garante uma verdadeira aula a cada edição. A equipe de desenhistas conta com vários artistas espetaculares, um dos melhores é o croata Goran Parlov. Alguns aí devem ter visto o trabalho dele em Justiceiro MAX, nas histórias com o Barracuda. O traço do cara ficou legal colorido, mas em P/B ele simplesmente HUMILHA.
Enfim, eu poderia escrever páginas e mais páginas sobre essa série fantástica, mas fica a dica. Se alguém tem preconceito contra faroeste, gibis preto e branco ou o que for, Mágico Vento merece o benefício da dúvida. Pode ser a porta para um mundo novo, um estilo bem diferente de HQ, que infelizmente é bem menos conhecido do que comics e mangás.
Do sucesso sem precedentes de Marilyn Monroe todos tem conhecimento. O brilho de uma estrela que com apenas 27 anos atingiu um sucesso absoluto em Hollywood é muitíssimo reconhecido em diversas homenagens feitas a ela, porém em Sete Dias com Marilyn o enfoque é um pouco mais peculiar. Mesmo um atraso considerável na chegada deste filme aos nossos cinemas, finalmente podemos contemplar este filme dirigido por Simon Curtis e que merecidamente disputou os os prêmios de Melhor Atriz (Michele Williams), e de Melhor Ator Coadjuvante (Kenneth Branagh).
A história baseada em dois livros de Colin Clark se concentra no ponto de vista do mesmo, interpretado por Eddie Redmayne, e se passa nos bastidores da gravação do filme “O Príncipe Encantado”. Clark acaba de adentrar no mundo do cinema e está trabalhando na produção do filme, mas não esperava se aproximar tanto da atriz principal a ponto de viver uma curta, mas intensa paixão por ela.
O brilho, a sensualidade e a beleza de Marilyn entram em contraste direto com seus problemas pessoais, sua insegurança e seus medos. Para os que não estão familiarizados com a história da atriz, somos apresentados a uma Marilyn mais ambivalente e mais humana. Uma jovem que é considerada um exemplo para um mundo que ao mesmo tempo confronta o medo desse fardo.
Michele Williams é perfeita e brilha no filme. Seu olhar é profundo de tal forma que podemos perceber muitos sentimentos apenas com o vislumbre do seu semblante. A iluminação e fotografia utilizada no filme, misturados com algumas cenas de câmera lenta, se mesclam perfeitamente à atriz. Ela revive Marilyn Monroe nesse filme e o faz muito bem, não somente em relação aos momentos de brilho, mas também nos momentos obscuros da personalidade da atriz.
Eddie Redmayne e Kenneth Branagh também se destacam de maneiras diferentes. Enquanto o primeiro trabalha a visão inocente e de certa forma impulsiva de um jovem que se apaixona por uma grande atriz, conseguindo criar empatia com o público dos seus sentimentos joviais, o segundo explora um personagem que procura criar o filme perfeito e para isso tem que contornar os problemas de Marilyn e o ciúmes de sua esposa.
A fantástica atuação compensa o roteiro simples e a trilha sonora modesta que o filme possui. Conseguimos sentir e simpatizar com os personagens nas ações mais triviais, nos olhares e nos sorrisos. Estes pequenos problemas acabam não sendo nada para a grandiosidade que o filme se apresenta em seu produto final.
Em 2000, a Croteam inaugurava uma nova franquia de FPS (first person shooter): Serious Sam. Protagonizada por um (anti)herói fanfarrão e badass, tinha como proposta uma ação frenética e direta, com toneladas de inimigos para matar. A história envolve alienígenas e o Egito, mas, sinceramente, não é importante.
Após o primeiro game (First Encounter), a Croteam lançou Secound Encounter, com a mesma proposta e mesma jogabilidade. Após alguns outros títulos lançados inclusive por produtoras independentes, foi relançado os dois primeiros jogos em versão HD, com melhora significativa nos gráficos.
Finalmente, em 2011, após atualizarem a engine utilizada nas versões HD, é lançado Serious Sam 3: Before First Encounter (BFE), um prelúdio da história.
Atualização
Serious Sam foi nitidamente influenciado por Duke Nukem, valendo-se de frases debochadas o tempo todo. Inclusive a aparência de Sam, no início, lembrava MUITO o Sr. Nukem, o que posteriormente mudou.
Este novo episódio da franquia é um bom exemplo de atualização. A Croteam pegou toda a essência dos jogos antecessores e trouxe novamente para o BFE. Inimigos e armas tiveram seus designs atualizados, e novos foram acrescentados.
A impressão é de jogar os primeiros jogos com uma roupagem mais atual.
Gráficos
Sem dúvidas, melhoraram bastante. A Serious Engine 3, utilizada nas versões HD, foi atualizada para 3.5, mantendo as características da franquia e aumentando a qualidade. Destaque para a iluminação, que é muito realista.
Uma das marcas registradas de Serious Sam é o gore intenso. O sangue pinta o cenário, e os pedaços dos monstros enfeitam a paisagem. Não é raro o sangue tingir suas armas de vermelho.
Os inimigos já conhecidos foram reformulados, mantendo a bizarrice com um design bem mais legal. As armas também ganharam uma nova roupagem. A Croteam acertou na parte do design.
Os cenários continuam amplos, agora mais detalhados e mais quebradiços. Porém, algumas texturas estão em baixa qualidade, e partes do cenário, como as palmeiras, não são sólidas, sendo possível atravessa-las. Nada que incomode muito e comprometa a diversão. De uma forma geral, a ambientação ficou muito boa.
Um elemento muito presente no BFE é a poeira. Isso sim incomoda. Ok, o jogo ficou mais realista, mas às vezes ela aparece de forma exagerada em situações que não deveria. Ela é um obstáculo interessante que aumenta a dificuldade, mas em certas ocasiões, não deveria sair tanta poeira assim. Tudo é uma questão de saber dosar. Neste ponto, a Croteam exagerou um pouco.
Jogabilidade: No Cover. All Man.
Tiros, tiros, marretadas, tiros, explosões e mais tiros. Toda a essência que popularizou Serious Sam está de volta, e com algumas melhorias.
Primeiro destaque: Sam pode correr! Sim, por algum motivo, Sam não corria nos jogos anteriores. Agora isso é possível. Mas o herói não pode atirar enquanto corre, semelhante aos FPS mais modernos.
Além de correr, Sam pode usar suas mãos como armas, torcendo pescoços, arrancando olhos, dentre outras delicadezas. Essas ações podem ser usadas em forma de quick-time events, quando aparecer a palavra MELEE na tela. É uma ação muito útil para matar alguns inimigos rapidamente.
O arsenal de armas continua vasto, e não há limite na quantidade a ser carregada. Sam poderá utilizar todo o arsenal disponível a qualquer hora, em qualquer lugar, desde que tenha munição. Caso contrário, seria impossível dar conta das toneladas de inimgos.
Ainda existe a opção de câmera em terceira pessoa, mas não é tão útil.
Seguindo a linha dos antecessores, BFE é uma sucessão de arenas onde dezenas de inimigos irão ao seu encontro de uma só vez. Atirar é preciso, mas um mínimo de tática também o é. Usar as armas corretas nos melhores momentos e monitorar a quantidade de munição disponível são procedimentos fundamentais para o sucesso.
Para uma experiência diferente, vale a pena se aventurar nos modos multiplayer, tanto versus quanto cooperativo, dentre eles Survival, Deathmatch e Co-Op para passar das fases.
Som
Semelhante a Duke Nukem, Sam fala o tempo todo no melhor estilo “herói brucutu dos anos 80”. A voz é a mesma dos primeiros jogos. Inclusive dá a impressão de que reaproveitaram diversos áudios, tanto de Sam quanto dos inimigos e armas. A dublagem é de um camarada chamado John J. Dick, que faz uma voz meio redneck que combina bastante com o personagem.
Alguns inimigos possuem barulhos peculiares, o que facilita na localização e identificação. Artifício este utilizado no Left 4 Dead.
As músicas também são muito legais, alternando entre o heavy metal e temas coerentes à ambientação do jogo. A playlist do jogo é muito pequena, mas não enjoa.
Conclusão
Quem curtiu o First e Second Encounter vai gostar do BFE. A Croteam atualizou a franquia de maneira satisfatória. O nível de desafio continua alto, e a diversão é garantida. Um jogo simples que cumpre sua proposta.
John Ottway (interpretado por Liam Neeson) é um atirador contratado por uma empresa petrolífera para defender os campos de trabalho contra lobos. O local de trabalho localizado no Círculo Ártico é descrito rapidamente pelo protagonista como o próprio inferno. Os que estão ali querem se distanciar da sociedade assim como John. Tudo muda após um acidente de avião em que Ottway e mais algumas pessoas sobrevivem, porém devem enfrentar a sobrevivência em um lugar gélido e cheio de lobos famintos à espreita.
Liam Neeson lidera o filme do começo ao final. Seu personagem com tendências suicidas se vê na obrigação de ajudar os seus colegas frente a uma situação de sobrevivência em que é claramente mais experiente. O ator realiza um excelente trabalho guiando um personagem que acaba buscando sua redenção lutando contra sua própria natureza.
Em um filme que se busca sufocar a humanidade frente o natural, todos os personagens acabam tendo sua importância. Tirando o destaque de Liam Neeson, os outros sobreviventes tem suas próprias naturezas e personalidades sendo exploradas de maneira modesta, mas ainda assim considerável. O roteiro possui esse pequeno buraco, porém essa falha acabou sendo camuflada dando abertura para que boa parte do desenvolvimento desses personagens secundários se dessem por mérito dos atores.
O diretor Joe Carnahan tenta levar a essência do ser humano ao limite. Apesar de achar que isso poderia ter sido levado em um patamar mais acima, de uma forma que sentiríamos a “claustrofobia” causada pela natureza sufocando o ser humano, acredito que o filme realiza um pouco dessa sensação de forma justa e satisfatória. Boa parte disso se resolve até mesmo pelo habitat gélido que está ali presente, quase como um personagem opressor que castiga os personagens.
A Perseguição nos leva aos limites da tensão dramática. Os indivíduos presentes no filme não estão apenas enfrentando lobos, que quase que estrategicamente se aproveitam do clima para enfraquecer os homens e matá-los um a um, mas suas próprias naturezas e instintos. Como o próprio pai de John Ottway escreveu em uma poesia quando jovem: “você vive e morre neste dia”.