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  • Crítica | Apollo 18

    Crítica | Apollo 18

    Apollo 18

    Há mais de quarenta anos, o astronauta Neil Armstrong colocou seu nome na história como o primeiro homem a pisar em terreno lunar. “Um pequeno passo para um homem, um salto gigantesco para a humanidade“, esta célebre frase foi proferida pelo cosmonauta pouco antes de sair do módulo lunar da Apollo 11 e entrar para a história da humanidade.

    Ok… Não contesto a veracidade da história e muito menos a capacidade humana de desenvolver sua tecnologia a ponto de conseguir, realmente, pisar na lua. Mas, há mais de quarenta anos, a pergunta que não quer calar e que permeia todas as rodas que comentam a notícia é a seguinte: Por que diabos não voltamos mais para lá?

    Esta é a premissa básica da produção cinematográfica que estreou nos cinemas brazucas na última sexta-feira. Será que existe algo naquela bola amarela que as pessoas não podem ver? Estaria o homem evitando um problema desnecessário e renegando o capricho de uma segunda viagem à lua em prol do bem comum?

    Apollo 18 me impressionou pela narrativa pouco comercial. O filme, com toda a pinta de ser uma produção independente de baixo orçamento, conta a história de três astronautas americanos, tripulantes da nave título do filme. Em sua missão de instalar câmeras e transmissores em terreno lunar com o suposto propósito de vigiar as incursões soviéticas ao satélite, os cosmonautas respondem a outra pergunta fundamental da humanidade: Estamos realmente sozinhos no universo?

    Captado quase que inteiramente em Steady Cam, as imagens mostram-se amadoras e de baixa qualidade e cumprem o propósito documental da trama. Todos os takes do longa foram filmados pelas câmeras de mão dos astronautas e pelas instaladas no interior da nave e do módulo lunar, dando um caráter mais caótico e imersivo às cenas.

    A viagem ao satélite e a aterrissagem em solo lunar transcorrem dentro do programado e dá-se início ao processo de instalação das câmeras e do transmissor que espionará os russos. Tudo transcorre normalmente até que os dois personagens responsáveis pela instalação dos equipamentos encontram um módulo lunar soviético abandonado e um cosmonauta russo morto, demonstrando que a verdade oficial contada pelo governo americano de que os Estados Unidos eram a única nação a pousar na lua é colocada em xeque pelos dois militares. As verdadeiras intenções da missão da Apollo 18 fica clara para os dois astronautas após um acidente ocorrido com o traje espacial de um deles e ambos percebem que não estão totalmente sozinhos no satélite.

    O filme é lento, caótico, e bocejei forte algumas vezes. A narrativa é diferente de todas as outras que entraram em cartaz nas últimas semanas, e talvez por isso valha muito a pena uma visitinha à sala escura. O filme parte de uma pergunta bastante verdadeira e que, desde sempre, me intrigou. Se os astronautas pisaram na lua em 69, por que nunca mais voltaram para lá? Com o casting bem reduzido, o filme com orçamento avaliado em mais ou menos US$ 5.000.000 pôde se concentrar em gastar com locações e efeitos. Gostei bastante de todas as locações utilizadas (a lunar é impressionantemente crível, para um filme deste orçamento), os efeitos de gravidade zero e até mesmo a maquiagem do filme tornaram-se excelentes após a pós-produção. Não vá ao cinema esperando excelente qualidade de imagem e de som, nem cenas de ação “Michael Bayanas”e você vai se interessar pelo filme.

    Por falar em qualidade de imagem, a qualidade dela na telona ficou totalmente aquém ao que foi mostrado neste trailer:

  • Crítica | A Conquista da Honra

    Crítica | A Conquista da Honra

    Flags of Our Fathers

    Em 2006, cineasta Clint Eastwood resolveu levar para os cinemas sua visão pessoal sobre uma batalha travada numa Ilha do Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. A Conquista da Honra (Flags of Our Fathers, 2006) é a versão norte-americana sobre o conflito e as suas conseqüências.

    O longa leva o espectador a refletir sobre diversos temas, que ganham forma a partir da famosa foto de seis soldados içando a bandeira americana no monte Suribachi. Antes do fim da batalha de Iwo Jima, metade deles já terá morrido. E logo os três sobreviventes da foto, John ‘Doc Bradley (Ryan Phillippe), Rene Gagnon (Jesse Bradford) e Ira Hayes (Adam Beach), são transformados pelo governo em garotos-propaganda da venda de títulos de guerra para manter o país na luta.

    Por décadas, a foto de Iwo Jima simbolizou a vitória e supremacia americana. Eastwood desmistifica e apresenta os detalhes sórdidos dos bastidores dessa cena, que hoje é monumento nos EUA. Fica claro que o ser humano é um peão nas mãos de quem detém o poder. E da mesma forma que é elevado à condição de herói, é relegado ao ostracismo quando sua presença não é mais necessária. A trama é um questionamento filosófico sobre esse heroísmo, o papel da mídia, racismo e os horrores da guerra.

    Eastwood utiliza o roteiro de William Broyles Jr. e Paul Haggis, baseado no livro escrito por James Bradley e Ron Powers, para destruir arquétipos. Sua abordagem é humana e distanciada. O tratamento quase documental confronta fato e mitologia com extrema imparcialidade.

    Tecnicamente, o filme é deslumbre visual. Eastwood utiliza as cores para separar os três segmentos da narrativa. Imagens descoloridas por filtros nas cenas de guerra, coloridas representando o presente e um tom intermediário marcando os acontecimentos em 1945. Esse maneirismo técnico provoca um jogo cênico de contrastes repleto de significado. Eastwood objetiva através desse recurso, mostrar respectivamente o lado sombrio da guerra, e nebulosidade de uma mentira perfeita e a busca incansável pela verdade.

    A trama avança e retrocede em flashbacks, que se completam milimetricamente. A investigação realizada por um dos narradores é similar a ocorrida em Cidadão Kane. Figurinos, cenários e a música minimalista, composta por Eastwood, provocam um êxtase sensorial. Nos créditos finais, as fotos reais corroboram com a bela reconstrução ficcional.

    Depois de realizar o filme definitivo sobre os westerns com Os Imperdoáveis, Eastwood atinge outro marco, desta vez sobre a Segunda Guerra Mundial.

    Texto de autoria de Mario Abbade.

  • Agenda Cultural 29 | Retrospectiva de Cinema

    Agenda Cultural 29 | Retrospectiva de Cinema

    Estamos de volta após um longo inverno. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Levi Pedroso (@levipedroso), Mario Abbade (@fanaticc) e Felipe Morcelli (@multiversodc) retornam com tudo para comentar os principais lançamentos que rolaram no cinema durante nossa ausência. Mutantes, piratas, soldados bombados e muito mais você irá encontrar nessa edição.

    PS: Voltamos com a programação normal em nosso próximo episódio.

    Duração: 108 mins
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Filmes Comentados na edição

    Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas
    Transcendendo Lynch
    Um Novo Despertar
    O Poder e a Lei
    Se Beber Não Case 2
    O Gringo
    X-Men: Primeira Classe
    Namorados Para Sempre
    Kung-Fu Panda 2
    A Casa
    Corações Perdidos
    Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2
    Capitão América – O Primeiro Vingador

  • Crítica | Lanterna Verde

    Crítica | Lanterna Verde

    green lantern

    Dois meses de atraso para estrear e uma avalanche de críticas negativas acabam com qualquer hype que um filme poderia ter. E com o produto final revelando-se, de fato, ruim, chega a ser melancólico comentar a estréia de Lanterna Verde, que finalmente chegou ao Brasil no dia 19 de agosto, ficando na, hã… lanterna dentre os filmes de super-herói que saíram em 2011. Tanto na ordem de lançamento quanto na qualidade.

    Dessa vez conhecemos Hal Jordan, um piloto de testes da Ferris Aeronáutica, muito bom no que faz, porém irresponsável e meio babaca. Hal vive ao mesmo tempo inspirado pela figura do pai, também piloto, e assombrado por sua morte num acidente. Completa o quadro um caso mal resolvido com Carol Ferris, sua colega e filha do chefe. Sua vida muda quando ele encontra uma nave caída com um alienígena roxo moribundo, que lhe entrega um anel e diz que Jordan foi escolhido como seu substituto na Tropa dos Lanternas Verdes. Mas o que raios é isso? Uma força policial intergaláctica criada pelos Guardiões do Universo, seres muito antigos, sábios e poderosos, a Tropa é composta por 3600 membros que patrulham todo o cosmo. Cada um armado com um anel capaz de manipular a energia verde da Força de Vontade e criar construtos limitados apenas pela imaginação do usuário. Agora, porém, todos estão sobre a ameaça do terrível Parallax. Inclusive a Terra.

    Por essas poucas linhas, percebe-se que o Lanterna Verde tem um universo e mitologia muito ricos, que se fosse bem trabalhados poderiam render bastante na adaptação para o cinema. Infelizmente não foi o que aconteceu. O roteiro escrito por Greg Berlanti, Michael Green, Marc Guggenheim e Michael Goldenberg é raso, mal desenvolvido e cheio de furos. Somando isso à direção apenas burocrática de Martin Campbell e atuações pouco inspiradas, o resultado é um filme fraco, desinteressante, e que não empolga em nenhum momento.

    Vamos chutar cachorro morto e detalhar os problemas. Spoilers a seguir, continue lendo por sua conta e risco. Começando pelo protagonista, a escolha de Ryan Reynolds foi bastante criticada, apesar de ele já ter mostrado que sabe atuar em filmes como Enterrado Vivo. Aqui ele trabalha no limite entre mediano e ruim, claramente mais a vontade nas cenas cômicas. Mas nem o melhor ator do mundo se sairia bem com esse roteiro. A famosa “jornada do herói” é feita de forma pífia. Hal é apresentado como alguém que sempre foge quando a situação fica difícil, e basta um discursinho meia-boca por parte de Carol pra que ele mude da água pro vinho. Aliás, na questão de desistir é que houve o maior atentado contra o personagem dos quadrinhos. No filme, Jordan tem seu momento mimimi e resolve abandonar o treinamento da Tropa na primeira lição de moral que ouve de Sinestro. Quem conhece as hq’s sabe que ele jamais faria isso, ia é partir pra porrada.

    Puxando o gancho de Sinestro e da Tropa em si, lamentável o pouco espaço em tela que eles têm. Sejamos sinceros, eles não fazem NADA no filme! Tudo bem, vemos a arrogância aristocrática de Sinestro, numa boa atuação de Mark Strong (apesar dos olhos bizarra e desnecessariamente aumentados). Mas ele limita-se a proferir alguns discursos, e pior, o roteiro não desenvolve em nada sua visão mais dura e praticamente fascista do papel da Tropa, o que seria vital para o novo status quo que o personagem deve ter em futuras continuações. Dos demais Lanternas, Tomar Re é um figurante com falas, e Kilowog é Kilowog, ou seja, FODA. Com seus míseros segundos em cena, ele é a melhor coisa do filme.

    Talvez o que tenha prejudicado uma melhor apresentação que a Tropa poderia ter, foi a grande parte da narrativa passada na Terra. Peter Sarsgaard é um bom ator, mas a presença de Hector Hammond como subvilão poderia ter sido facilmente limada, com Hal enfrentando alguma ameaça espacial menor como parte do treinamento. Em vez disso temos muita atenção em cima de um personagem insosso e uma tentativa patética de triângulo amoroso. Aliás, Blake Lively é uma gracinha, mas sua Carol Ferris passou longe da mulher forte e decidida dos quadrinhos.

    Também como ponto negativo, tudo envolvendo Parallax. Aqui ele não é a Entidade Amarela, manifestação viva do Medo, e sim um Guardião corrompido por essa energia. E em certo momento os Guardiões decidem que a melhor forma de combate-lo é utilizando a energia amarela do medo. Tipo… HEIN?! Fora o visual clichêzão de nuvem de fumaça com rosto ameaçador. E nem vou falar da Tropa não fazendo NADA, Hal tendo que enfrenta-lo sozinho, e uma solução besta e anticlimática pra derrotar um inimigo mega poderoso (Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado mandou um abraço).

    Enfim, o filme não tem pontos positivos? Já falei do Kilowog, né? E por mais legal que seja ver os Lanternas usando vários construtos energéticos, os efeitos visuais e as cenas de ação ficaram apenas ok, nada demais. Saldo final: um filme não ofensivamente ruim, mas muito decepcionante, tendo em vista o potencial desperdiçado. Mesmo com a bilheteria fraca, o estúdio já declarou o interesse em fazer uma seqüência. Esperemos que a lição seja aprendida e a Warner/DC consiga provar que pode ter vida inteligente no cinema além do Batman (ou melhor, além do Nolan). Até lá, a Marvel segue reinando soberana…

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Crítica | Corações Perdidos

    Crítica | Corações Perdidos

    welcome_to_the_rileys

    Após um longo atraso, finalmente chega ao Brasil Corações Perdidos (Welcome to the Rileys), um drama estrelado por James Gandolfini, Melissa Leo e Kristen Stewart, que interpretam três personagens que se unem em busca de uma razão para viver, e não apenas uma existência sem motivação alguma.

    Na trama, conhecemos Doug Riley (Gandolfini) e Lois (Leo), um casal que vê sua vida completamente estagnada e repleta de uma tristeza absoluta após uma tragédia que envolvendo a única filha do casal. Com isso, ambos se isolam de sua maneira, Lois passa a se fechar dentro de cada, ficando completamente isolada do mundo exterior, enquanto Doug externa seus sentimentos em casos extraconjugais, casos esses consentidos tácitamente por sua esposa.

    Não que não exista mais amor, mas é perceptível como pouco-a-pouco ele se esvai, e isso fica claro nos diálogos mecânico entre eles, como algo que deixou de ser natural e passa a ser estritamente necessário para a manutenção de um relacionamento a dois. E Neste isolamento dos dois protagonistas é necessário que o algo aconteça em suas vidas e demonstre que a vida continua, por mais difícil que isso seja. E esse fator externo é expresso na figura da personagem de Stewart, a stripper Mallory.

    Após a súbita morte de sua amante, Doug faz uma viagem de negócios para Nova Orleans onde conhece Mallory. Doug vê na figura da garota uma chance de redenção por ter sido um pai ausente, e a garota vê nele um pai que nunca teve. É óbvio que existe um choque de gerações e de culturas, enquanto Doug é um empresário de classe média e pai de família respeitado, Mallory ganha a vida como stripper em um bairro pobre de Nova Orleans. Enquanto isso temos Lois tentando se reencontrar. O desenvolvimento desses personagens é o ponto alto do longa.

    As atuações de Gandolfini esbanjam carisma e parece encaixar com perfeição e naturalidade para o personagem que vemos em tela, uma figura protetora e paternal, que demonstra em seus olhares e trejeitos esperança e doçura, mas que ao mesmo tempo externa um profundo trauma. Melissa Leo está contida, mas levando sua personagem ao ápice ao interpretar toda sua insegurança e sensibilidade. O ponto mais fraco fica por conta de Kristen Stewart, porém, tem seus méritos ao construir uma personagem ingênua e imatura, longe de ser pejorativa a crítica de sua atuação.

    O roteiro de Ken Hixon não passa de um drama de superação onde temos personagens que decidem superar suas perdas e buscar um novo significado em suas vidas. Alguns clichês incomodam como a figura do marido frio, da esposa sentimental e de algumas escolhas para o desenvolvimento da trama, mas o filme em nenhum momento utiliza sentimentalismo barato e maniqueísmos como muitos longas do gênero.

    A trilha sonora encaixa com maestria, talvez pela experiência do diretor, Jake Scott, em dirigir videoclipes. Seu trabalho de direção é simples, no entanto competente, privilegiando as atuações e o roteiro. Um filme redondo e sem grandes surpresas, mas que irá surpreender muita gente.

  • Review | Left 4 Dead 2

    Review | Left 4 Dead 2

    Os zumbis estão presentes na cultura e no folclore há bastante tempo. Milhares de filmes, games, HQs e até músicas usaram essas criaturas como tema. A Valve, produtora de jogos antológicos como Half Life, Portal e Team Fortress, abraçou os zumbis e lançou Left 4 Dead, em novembro de 2008. O sucesso foi absurdo, e, um ano depois, saiu o segundo jogo da franquia.

    Qual a história? Apocalipse zumbi. São 4 sobreviventes que devem… sobreviver. O único objetivo é sair do ponto A até o ponto B. No caminho, toneladas de zumbis (também chamados de Infectados) perseguem os sobreviventes, que usam desde metralhadoras e escopetas até machados e molotovs para aniquilar as criaturas. Atirar de qualquer jeito não basta: é preciso um mínimo de bom senso e estratégia.

    Left 4 Dead 2 é um FPS (first person shooter – tiro em primeira pessoa) com jogabilidade bem simples. Os gráficos são muito bons, e não há miséria de sangue. Cada tiro nos zumbis danificará seu corpo, jorrará muito sangue e, eventualmente, arrancará algum membro. As músicas se encaixam perfeitamente em cada situação, criando uma atmosfera bem característica. Os cenário são belíssimos retratos de um mundo arruinado pela destruição e caos, variando entre ruas, shoppings, pântanos, esgotos e afins, sempre com muitos corpos e sangue espalhado por todos os cantos. Interessante reparar diversos escritos pelas paredes, com mensagens de desespero e falta de esperança.

    Os zumbis

    Há diversas espécies. Os comuns são aqueles clássicos: pessoas com a pele acinzentada e diversos machucados pelo corpo. Mas, diferentemente dos filmes de George Romero, eles correm. E correm muito mais rápido que você. São bem fracos, mas o grande trunfo dessas criaturas é atacar em grande quantidade.

    Também temos os Hunters, que pulam longas distâncias, te jogam no chão e começam a rasgar sua barriga loucamente. As Spitters cospem uma substância corrosiva. Os Tanks são grandes e bombados, arremessam pedras e dão socos que podem deslocar carros. Além de outros.

    Existem zumbis pra todos os gostos e fetiches, cada um com grunhidos e música própria ao aparecer. Jogue com bons fones de ouvido ou caixas de som, pois é essencial ouvir o barulho asqueroso dos monstros para não ser pego desprevenido.

    Modos de jogo

    Diferentemente da maioria dos FPS, aqui não temos o clássico “mata-mata” (Deathmatch). Humanos não atiram em humanos. Por isso, você pode jogar com os Sobreviventes ou com os Infectados. Mas vale ressaltar que esses Infectados são apenas os especiais (Hunter, Boomer, Jockey, Tank…). Os comuns estão ali para ajudar, mas não são controlados pelos jogadores. Por serem mais frágeis, os jogadores que escolherem os Infectados renascerão caso morram. Já os sobreviventes, não.

    Principais modos de jogo:

    Campanha – sair do ponto A e chegar ao ponto B, enfrentando os zumbis pelo caminho. Neste modo, só se joga com os Sobreviventes.

    Versus – igual à Campanha, mas agora temos também o time dos Infectados. Os sobreviventes devem chegar ao final da fase, e os infectados tentarão matá-los no caminho.

    Survival – neste modo, o objetivo é sobreviver o maior tempo possível. O jogo se dá num cenário pequeno e fechado, com algumas armas à disposição.

    Além dos modos fixos, toda semana a Valve disponibiliza uma variação. São as Mutations. Elas se repetem com uma certa freqüência, mas são muitas variações diferentes. Apesar de conter um modo Single Player, a grande diversão está no multiplayer, principalmente com amigos. A interação entre os jogadores dá o espírito de Left 4 Dead 2, que é sobreviver em grupo.

    Midnight Riders

    No decorrer das fases é possível ver cartazes de uma banda chamada Midnight Riders. Essa é uma banda de rock fictícia que tem grande importância em uma das fases. Há algum tempo, a Valve disponibilizou a nova música da banda para os fãs fazerem videoclipes. O melhor ganharia uma guitarra do Midnight Riders autografada. Isso realmente aconteceu, e foram dois ganhadores (vídeos AQUI e AQUI).

    Jogue!

    Left 4 Dead 2 tem longa vida útil. São vários modos de jogo, dezenas de achievements, atualizações constantes e muitos mapas feitos por fãs. Além disso, a Valve demonstra um grande respeito aos jogadores, tendo lançado novas campanhas de tempos em tempos. Quando lançou The Sacrifice, protagonizada pelos sobreviventes do Left 4 Dead 1, também publicou uma HQ bem legal que complementa a história do jogo (textos em inglês).

    Left 4 Dead 2 é um ótimo jogo para sair da mesmice dos FPS. Inovador e divertido.

  • Crítica | Sangue Negro

    Crítica | Sangue Negro

    Sangue Negro

    Sangue Negro é mais uma obra-prima concebida pelo cineasta Paul Thomas Anderson. Em doze anos ele só fez quatro longas (Jogada de Risco, Boogie Nights, Magnólia e Embriagado de Amor), mas todos possuem uma enorme representatividade para a sétima arte. Anderson realiza um cinema de autor contemporâneo no mesmo nível de outros mestres, como Orson Welles, John Houston e Stanley Kubrick. O filme concorre a 8 Oscar e mesmo se for derrotado, já faz parte da história do cinema pelos seus enquadramentos suntuosos, planos memoráveis e um profundo desenvolvimento de roteiro e personagem.

    A história pode ser encarada como uma sombria fábula norte-americana sobre a relação do petróleo com a sociedade estadunidense. Ao mesmo tempo flerta com algumas características do western, como o desbravamento de territórios virgens em busca de riquezas. Independente da combinação de gêneros, o filme é um retrato denso sobre um homem implacavelmente ambicioso conquistando tudo para terminar com nada, tendo a indústria do petróleo como cenário. Impossível não traçar um paralelo com a situação política atual nos Estados Unidos. O roteiro escrito por Anderson é baseado no livro Oil, de Upton Sinclair, publicado em 1927. Ele tomou várias liberdades e mudou diversas passagens do livro. Um exemplo foi a mudança do protagonista, que deixou de ser o filho para se tornar o pai.

    Na trama, acompanhamos a vida de Daniel Plainview (Daniel Day Lewis) por 3 décadas. Em 1898, ele esta a procura de ouro em um poço em sua propriedade no Texas. Ele encontra o metal amarelo junto com petróleo. Anos depois ele mudou seu objetivo unicamente para o ouro negro, tendo contratado homens para ajudá-lo. Um acidente resulta na morte de um de seus empregados. Daniel acaba herdando um órfão que ele assume como filho e lhe dá o nome de H.W. Em 1912, Daniel já é um homem reconhecido pelo seu pequeno império de poços de petróleo. Ele é procurado por jovem chamado Paul Sunday (Paul Dano) que lhe negocia por dinheiro uma informação sobre um território rico em Petróleo na Califórnia. Acompanhado de seu filho (Dillon Freasier) e seu sócio Fletcher (Ciarán Hinds), ele viaja até o local. Ao chegar lá, descobre uma região riquíssima de petróleo. Ele compra todas as terras com exceção de uma. Além de pagar os proprietários, Daniel precisa negociar com o crente Eli Sunday (Paul Dano), irmão de Paul.

    Uma série de conflitos irá marcar a relação entre o pastor e Daniel. Percebem-se também as similaridades entre os dois, até porque religião e capitalismo sempre andaram lado a lado. Anderson demonstra que crença e dinheiro se equivalem, quando comandados por homens sem escrúpulo impregnados por cobiça. O título original (There will be blood) sugere uma parábola bíblica do Velho Testamento, em que o egoísmo e a ambição sem limites será a causa de sua destruição. Interessante que mesmo não sendo um homem de fé, a forma que Daniel explica sobre suas intenções para os proprietários de terra, remete a figura de Moisés garantindo para os judeus que os levará para Terra Prometida.

    Através do confronto entre Daniel e Eli, o espectador é brindado por uma das interpretações mais arrebatadoras dos últimos anos. Paul Dano sai-se bem, mas é impossível desgrudar os olhos de Daniel Day Lewis (que já venceu o Globo de Ouro). O personagem interpretado por ele é uma combinação de paradoxos. Características como grosseria, carisma, teimosia, paciência, violência e suavidade, entre outras, surgem muitas vezes em uma mesma cena. Esse jogo de contradições o torna um personagem praticamente real. A atuação fantástica de Day Lewis corrobora esse desfile de emoções e sentimentos. Seu desempenho hipnotiza pela maneira que cada gesto e nuance foi executada. A transformação do personagem vai acontecendo a cada nova passagem até atingir a loucura. Lembra Dobbs, personagem interpretado de maneira irretocável por Humphrey Bogart em “O Tesouro de Sierra Madre”, de John Houston. A performance de Day Lewis é com certeza uma das melhores em anos. Não deveria nem haver disputa pelo Oscar.

    Esse desempenho impecável de Lewis ganha a companhia de um impressionante virtuosismo técnico de Anderson. O cineasta trabalha diversas sequências de maneira épica. No inicio o impacto reside em uma série de tomadas cuidadosamente programadas para criar uma atmosfera decrépita. Anderson optou em não usar diálogos ou trilha. O silencio é a ferramenta empregada. O ritmo dessas imagens são obtidos através do posicionamento da câmera. A cada nova passagem de tempo, Anderson propõe novas perspectivas do ponto de vista imagético. Todo esse maneirismo visual apoiado pela fotografia deslumbrante de Robert Elswit, que contrasta vastas paisagens com close-ups. A trilha sonora composta por Jonny Greenwood, guitarrista do grupo Radiohead, também encanta pela maneira que o músico uniu instrumentos de corda com percussão.

    Além de todo esse apuro técnico, Anderson cria mais um elemento psicológico repleto de camadas de significação, que visa provocar outros debates e reflexões sobre as motivações dos personagens. A princípio, Paul e Eli Sunday são irmãos gêmeos, mas talvez não sejam, pois isso nunca é mencionado durante a projeção. Um outro fator é que nunca aparecem juntos. Isso pode significar uma dupla personalidade doentia em que Paul/Eli são a mesma pessoa. Um pequeno recurso dramático, quase imperceptível, mas extremamente genial.

    Texto de autoria de Mario Abbade.

  • Crítica | Capitão América: O Primeiro Vingador

    Crítica | Capitão América: O Primeiro Vingador

    Capitão América – O Primeiro Vingador

    Cansado de tantos filmes de super-heróis? Azar o seu, pois essa onda está longe de acabar. E nesse ano recheado, acaba de estrear mais um: Capitão América – O Primeiro Vingador chegou às telas brasileiras no dia 29 de julho. Mais uma produção da Marvel Studios, e o último passo antes do evento mais importante da História da humanidade, ou seja, o filme dos Vingadores.

    Em 1943, conhecemos o jovem nova-iorquino Steve Rogers. Franzino e doente, porém cheio de determinação, ele tenta (e falha) várias vezes entrar para o exército e lutar na Segunda Guerra Mundial, movido por uma convicção inabalável de que violência e bullying devem ser combatidos em todas as suas formas. Sua chance aparece quando ele chama a atenção do Dr. Abraham Erskine, responsável por um projeto científico visando à criação de supersoldados. Combinando um soro especial com a radiação dos raios Vita, Steve ganha força, agilidade e resistência além dos limites humanos.

    Infelizmente, o Dr. Erskine é assassinado por um espião nazista, e o projeto de criar mais supersoldados morre com ele. O Governo decide então que o melhor uso para Steve é… vesti-lo com uma fantasia nas cores da bandeira americana e coloca-lo em espetáculos teatrais promovendo campanhas de recrutamento e a venda de ações de guerra. Somente quando vai à Europa para levantar o moral dos soldados, é que nosso herói tem chance de entrar em ação para salvar seu amigo de infância, o agora sargento James “Bucky” Barnes. Após provar seu valor, o Capitão América passa a combater a Hidra, uma facção nazista rebelde liderada pelo terrível Caveira Vermelha, cobaia de uma versão preliminar e imperfeita do soro de Erskine.

    Não era das mais fáceis a tarefa de adaptar para o cinema um personagem tão identificado com os EUA, visto que hoje há no mundo um certo sentimento anti-norte-americano. Pra piorar, o Capitão normalmente é visto com um americanóide patriótico clichê por aqueles que não conhecem suas histórias. O resultado ficou à altura do desafio. Houve um cuidado muito grande em estabelecer Steve Rogers como alguém essencialmente bom, justo, corajoso, e por que não, humanista. Exaltando essas qualidades universais ao invés de um patriotismo tipicamente americano, ficou possível para o público internacional gostar do personagem. Resta a questão da ingenuidade desses valores, mas outro acerto do filme é se passar na Segunda Guerra, época em que tais características ainda faziam sentido.

    Como nos demais filmes da Marvel, temos uma história de origem, simples e bem contada. A direção ficou a cargo de Joe Johnston (de O Lobisomem), que entregou um filme passado na guerra, mas com um espírito mais aventuresco, Sessão da Tarde mesmo. Claro que há o interesse comercial em não fazer nada sombrio demais, então os vilões não são os nazistas (não há uma suástica sequer no filme) e sim a Hidra, uma subdivisão. O que vemos é uma guerra paralela. Incomoda? Sim, mas nada que chegue a comprometer. Assim como os saltos que a trama dá, para abranger um período de tempo de alguns anos, apelando pros tradicionais clipes mostrando o que aconteceu naquele período. A ligeira falta de coesão e o gostinho de quero mais são os principais pontos negativos do filme, que impedem ele chegar ao nível foda, épico, etc.

    Dentre as atuações, competência é a palavra-chave. A começar pelo criticadíssimo protagonista, Chris Evans, também conhecido como Tocha Humana, aqui em versão ultra bombada. Ele queima a língua dos incrédulos ao fazer um Steve Rogers bem convincente, sem nenhum resquício daquele ar irônico e babaca que o consagrou. Hugo Weaving trabalha no automático para fazer o vilão, o que no caso dele já é grande coisa. Infelizmente o roteiro não o ajudou muito, pois o Caveira teve pouco espaço pra desenvolvimento e profundidade, ficando um tanto genérico. O inevitável interesse romântico é a agente Peggy Carter, vivida com muito carisma e um sotaque britânico sensacional por Hayley Atwell. Sebastian Stan aparece pouco como Bucky, ficando mais como uma possibilidade para eventuais sequências (Soldado Invernal, cof cof). Dominic Cooper interpreta Howard Stark, pai daquele mesmo que você está pensando, num papel até maior do que o esperado. Completando, temos os coadjuvantes de luxo Tommy Lee Jones (General Phillips), pra variar fazendo o estilo rabugento e engraçado, e o sempre ótimo Stanley Tucci como o Dr. Erskine.

    E no mais, filme da Marvel tem que ter o que? Isso mesmo, easter eggs. E dessa vez eles estão particularmente discretos, coisas que só fanboys hardcore vão pegar: a aparição de um herói antigo da editora, uma referência ao Dr. Zola dos quadrinhos, Bucky pegando o escudo, e a óbvia aparição de Stan Lee. Tão óbvia quanto, há uma cena pós-créditos que na verdade é um teaser de Os Vingadores. Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Gavião Arqueiro e Viúva Negra estarão todos juntos em 2012, e se você não se empolga alucinadamente com isso, só posso lamentar pela sua alma…

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Resenha | Vagabond

    Resenha | Vagabond

    Vagabond - 1 - capa

    Quando falamos em história do Japão, mesmo aqueles que conhecem muito pouco têm alguns nomes que vem a cabeça como: Oda Nobunaga, Hideyoshi Toyotomi, Ieyasu Tokugawa, e claro, Miyamoto Musashi. Agora imagine uma história em quadrinhos contando a vida de um desses nomes. É isso que Vagabond é.

    Vagabond, de Takehiko Inoue, conta a história de Miyamoto Musashi, baseado na biografia existente. Takehiko é extremamente conhecido por seu trabalho em Slam Dunk, com alguns prêmios para este titulo e com Vagabond também não é diferente, atualmente possui 3 prêmios.

    Shinmen Takezo é um rapaz de uma pequena vila chamada Miyamoto que vai a guerra em busca de um nome para si, junto dele está seu amigo Hon’iden Matahachi que tem o mesmo objetivo. Sobrevivem por pouco da guerra e são ajudados por duas mulheres que roubaram as armas dos mortos na guerra, quando bandidos atacam a casa das mulheres Takezo enfrenta os bandidos enquanto Matahachi foge com uma delas. E assim começa a aventura solitária de Takezo, que logo mais tarde será rebatizado como Miyamoto Musashi.

    Ao contrário do que muitos pensam mangá não tem sempre o traço do Astro Boy de olho grande, Vagabond é um excelente exemplo disso. O traço é bem diferente do que normalmente você vê por ai e a riqueza de detalhes é incrível, embora não seja um dos meus traços preferidos. Uma das coisas que o autor consegue fazer de forma excelente é pelo olhar do personagem passar o que ele está pensando e suas sensações, é possível ver pelo olhar de Musashi sua evolução durante todo o mangá.

    Quanto à história, como disse, ela é baseada na biografia do Musashi e isso já bastante coisa, e o autor consegue traduzir o livro para quadrinhos de forma fantástica. Para quem gosta de mangá sabe que a forma narrativa é diferente das comics, quadros, imagens é tudo usado para a narrativa e para ambientar melhor a noção do leitor, e Takehiko faz de uma maneira extasiante em determinadas partes e calma em outras, fazendo a história correr extremamente bem. Para quem não conhece Miyamoto Musashi é um dos samurais mais conhecidos da história do Japão (se não O mais), grande estrategista e lutador, ele criou doutrinas tanto de comportamento quanto de luta e as escreveu em seu livro “O Livro dos 5 Anéis”, além disso, um dos grandes pontos de sua fama é o fato de ele ter ficado famoso em sua época por lutar usando duas espadas, uma em cada mão.

    Um dos pontos fracos de Vagabond é seus personagens, enquanto a história é focada em Musashi e Matahachi e te mostra a vivência dos dois e suas evoluções, ele simplesmente ignora qualquer outros personagens. Personagens secundários não são emotivos e você não consegue pegar profundidade neles, eles simplesmente ali estão pois o centro do mundo é Musashi. Falta um trabalho melhor nos personagens secundários, alguns que aparecem bastante dentro da história ficam um tanto quanto chatos pelo fato de você não conseguir pegar a motivação deles. A história não possui antagonista certo, a cada batalha é um oponente, após ele ser vencido que venha o próximo, não há um grande inimigo, embora este não faça falta.

    Vagabond é um mangá que conta a história de um personagem real da história japonesa, possui um excelente traço, uma narrativa empolgante e, embora os personagens secundários deixem a desejar, os personagens principais são carismáticos. Vale a pena para quem se interessa por história japonesa, vale a pena para quem gosta de história de samurais e vale a pena para quem gosta de boas lutas de espada.

    Compre: Vagabond.

    Texto de autoria de André Kirano.

  • Resenha | Dexter: A Mão Esquerda de Deus – Jeff Lindsay

    Resenha | Dexter: A Mão Esquerda de Deus – Jeff Lindsay

    dexter-mao-esquerda-de-deusMilhões de criminosos não são presos ao redor do mundo, seja por falta de provas, seja por incompetência da polícia, ou mesmo pela astúcia do meliante. Isso também ocorre em Miami, nos EUA. A diferença é que lá existe uma pessoa chamada Dexter Morgan, perito em sangue que trabalha na Divisão de Homicídios da polícia daquela cidade. Dexter é uma pessoa tranquila, amigável, aparentemente inofensivo. Porém, nas horas vagas, ele persegue assassinos que a polícia não prendeu. Ele é um serial killer de assassinos.

    Dexter é um personagem muito interessante que deixa o leitor em constantes impasses de ética e moral. Por um lado, é muito bom ver um estuprador homicida de crianças sendo eliminado; porém não deixa de ser um assassinato. O humor negro do protagonista, em constantes diálogos com seu “eu interior”, cria um ar de sarcasmo que fascina.

    No excelente livro “Dexter – A Mão Esquerda de Deus”  (Darkly Dreaming Dexter, no original), a polícia de Miami investiga um serial killer que mata prostitutas e retira todo o sangue dos corpos, deixando-os secos e simetricamente esquartejados. Dexter tem a forte impressão que esse assassino está tentando lhe dizer algo, e a partir daí a trama se desenvolve. O autor Jeff Lindsay tem uma ótima narrativa, conduzindo a história de forma bem dinâmica ao mesmo tempo que trabalha os personagens, todos com personalidades bem sólidas. Com uma leitura fácil e agradável, as páginas são vencidas rapidamente.

    Este livro originou a primeira temporada da excepcional série de TV, intitulada simplesmente de Dexter. A base da história é a mesma: assassinatos de prostitutas, corpos sem sangue e esquartejados, Dexter analisando a conduta desse serial killer. Porém, o desenvolvimento da trama é muito diferente em cada mídia; muitos acontecimentos são exclusivos do livro ou da série. Os personagens também se diferem. O próprio Dexter, no livro, é muito mais sarcástico e inumano; a detetive LaGuerta não é tão babaca e odiada na série; já o sargento Doakes se manteve igual.

    O ponto mais importante a ser ressaltado diz respeito ao final: o livro é bem diferente da série. Na verdade, como já dito anteriormente, a série tomou diversas liberdades e não ficou presa à obra de Jeff Lindsay. Portanto, mesmo quem assistiu o ótimo seriado poderá curtir e se surpreender com a versão literária do serial killer mais querido da atualidade.

  • VortCast 07 | Os Novos Rumos da DC Comics

    VortCast 07 | Os Novos Rumos da DC Comics

    Bem Vindos à bordo. Nesta edição, Flávio Vieira (@flaviopvieira), André Kirano (@kiranomutsu), Jackson (@jacksgood), Tourinho (@Touroman), Breno (@brenocs), Daniel HDR (@danielhdr) e Malandrox se reúnem em um papo de bar para discutir sobre os novos rumos da DC Comics. Ouça a discussão acalorada sobre o reboot da editora, o que muda e o que permanece, e qual o impacto disso tudo para as outras mídias.

    PS: Em princípio, este podcast seria apenas um bloco de quadrinhos dentro da Agenda Cultural, mas devido ao conteúdo apresentado, preferimos lançar como um episódio único. Portanto, encarem-o como um bônus e parem de reclamar sobre o tema =)

    Duração: 72 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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  • Review | The Legend of Dragoon

    Review | The Legend of Dragoon

    O saudoso Playstation 1 jaz em seu túmulo de prata desde 2005. Foi obrigado a abandonar milhões de gamers quando seu irmãozinho mais novo ficou mais alto e bombado que ele. Este post é minha singela homenagem ao PSone e ao MELHOR JOGO DE RPG JÁ PRODUZIDO POR UM SER-HUMANO.

    Quem gosta do gênero certamente já jogou vários títulos da franquia Final Fantasy, chegou a alguns finais de Chrono Trigger, zerou Breath of Fire e curtiu Secret of Mana, Disgaea, dentre outros. Não estou listando aqui os jogos de PC(Diablo, NeverWinter Nights, The Elder Scroll, Vampire the Mascarade Redemption) e nem os MMOs (WOW, Ultima Online, Lineage, etc…) para não diminuir ainda mais a lista de fanáticos exclusivamente por este estilo de jogo.

    Quem é fã deste gênero certamente há de se lembrar de meu jogo preferido: Legend of the Dragoon. Eu, pelo menos, não consigo pensar em outro RPG que se equipare a este game em construção de personagem, história e sistema de batalha. Quem já experimentou o jogo deve se lembrar muito bem de todos os quesitos e como a Sony os desenvolveu com maestria rara para a época. Talvez seja exagero meu influenciado pelo saudosismo que  o PSone inspira nos mais velhinhos, mas eu me lembro muito bem de vários detalhes do jogo e vou reafirmar: Melhor jogo produzido até hoje!

    Legend of the Dragoon foi produzido pela própria Sony, e juntou uma equipe de mais de 100 pessoas durante três anos e meio. Os desenvolvedores da empresa trabalharam para produzir um enredo coerente e bem construído, um sistema de batalha ÉPICO e que deveria ter sido copiado por todos os jogos de RPG posteriores a ele e as mais lindas e inacreditavelmente detalhistas cut scenes(para a época, inigualáveis). De cara, quando você iniciava o jogo, via isto aqui:

    Essa sequência de abertura é muito empolgante. Música, detalhes gráficos das cutscenes como nunca havia visto antes me fizeram ficar apaixonado pelo título em minutos.

    No início do jogo você controla o personagem principal do enredo: Dart, um mercenário que teve a família assassinada quando ainda era criança por uma entidade conhecida apenas como Black Monster. Durante a destruição de sua vila natal, Dart é abandonado em segurança enquanto seus pais voltam para enfrentar o monstro que destruía a cidade. Após a batalha, o garoto retorna à cidade mas não encontra mais os parentes, presumidamente mortos. Dart jura vingança e parte em uma viagem épica atrás de informações sobre o monstro que desaparece e, por anos após o evento, não é mais visto em lugar algum.

    A história do jogo é baseada em uma mitologia própria, que conta histórias sobre os Winglies e sua guerra contra os humanos conhecida como Dragon Campaign:

    A lenda conta, ainda, sobre uma criança escolhida que teria o poder de reviver os Deuses na Terra, e sua relação com o terrível Black Monster:

    A história é bem contada, e amarra todos os personagens da trama além de, na minha opinião, ser pouquíssimo óbvia. A grande qualidade do jogo é o sistema de batalha, já que uma das coisas que mais irrita em jogos de RPG baseados em turn combat, em qualquer console, é a falta de imersão durante as batalhas. Na imensa maioria deles (todos os outros que joguei, pelo menos…) você fica apertando apenas um único botão como um maníaco até a batalha terminar ou o seu controle parar de funcionar. É assim com qualquer um dos aclamadíssimos Final Fantasy(até mesmo os últimos dois podem ser jogados desta forma), com Breath of Fire, com Monster Quest e até com Chrono Trigger(apesar das combinações de magias surtirem muito mais efeito que apenas apertar X incansavelmente). Você pode tranquilamente farmar XP sem prestar atenção nenhuma no jogo. Pode apenas ligar o Auto-Battle(nos jogos em que esta opção não existe, você pode usar o “Button-Slash-Battle”) e colher os pontos de experiência e itens que precisar. Neste Jogo não.

    Em Legend of the Dragon, o sistema de batalhas é baseado em turnos como os outros, mas os golpes utilizam um sistema próprio que os desenvolvedores chamam de Addition. Através deste exclusivo sistema de batalha o jogador é obrigado a prestar atenção na movimentação do personagem durante os golpes para pressionar o botão correto na hora certa, gerando combos de até oito golpes. Durante o início do primeiro golpe um pequeno quadrado aparece no alvo, ao mesmo tempo um quadro maior aparece na borda da tela. O maior gira enquanto diminue de tamanho até sumir no centro do menor. Caso o jogador consiga apertar o botão X quando os dois quadros estiverem com o mesmo tamanho o processo se repete até o final do combo e caso ele erre algum movimento, o bonus de ataque não é completado. Algumas vezes, também, o alvo tenta conter o combo, fazendo com que os quadros mudem se azul para laranja e o botão correto seja o triângulo ao invés do X. Cada addition possue uma quantidade diferente de movimentos e em velocidades diferentes, adicionando porcentagens de dano em cada golpe e uma quantidade de experiência ao próprio movimento, que pode evoluir para causar cada vez mais dano. Parece fácil não é? Vai vendo:

    A transformação em Dragoon, eu me lembro, foi outra coisa que me impressionou muito, quando eu joguei LotD pela primeira vez no meu PSone. Em determinado momento, Dart e seus companheiros estão defendendo uma fortificação do reino do rei Albert quando batalham pela primeira vez contra Kongol(um gigante que depois se une ao grupo). Quando está para ser derrotado, Dart recebe ajuda de Rose e tem seu Dragon Spirit ativado pela primeira vez, transformando-se no Dragoon of the Red-Eye Dragon:

    Com a ajuda do poder dos Dragon Spirits que vão coletando durante a jornada, Dart e seus amigos caminham juntos para impredir que o maléfico Lloyd junte todos os Moon Objects e ative o poder da “Lua que Nunca se Põe”(Moon that Never Sets), liberando o incontrolável poder do poderoso Black Monster.

    Capa do Jogo

    Todo os elementos do enredo podem parecer bem clichê hoje em dia, mas na época eu me diverti e batalhei ao lado de Dart e seus amigos durante muitas horas do meu dia. Muitas novidades em um só jogo para mim: Sistema de Batalha estupendo, cinematics maravilhosa para um console lançado em 1995, um jogo longo e com personagens bem humanos. Personagens que eram aliados e depois eram inimigos, personagens que tinham medo, protagonistas que MORRIAM…

    O fato é que, hoje em dia, os aspectos técnicos do jogo podem realmente deixar a desejar. Os vídeos mudos que eram feitos com a engine gráfica do jogo, os renders demorados e todos os bugs gráficos não tiram, hoje, o brilhantismo que eu ví nesse jogo 10 anos atrás. Já joguei muitos jogos depois de Legend of the Dragoon, mas nunca mais tive uma experiência como a que tive jogando este jogo pela primeira vez. Estou jogando novamente com os discos que ainda tenho aqui em casa, até agora está tudo bem com eles, e espero que consiga chegar ao final novamente.

    Dizem que, quando somos crianças, tudo parece mais mágico e fantástico. Refiz meus passos na pele de Dart recentemente e o jogo continua(talvez por culpa deste sentimento nostálgico que eu tenho em relação àquilo que eu gostei demais quando guri) com a mesma magia da qual eu me lembrava, uma década atrás.

    Eu fiquei sinceramente apaixonado pelo gênero RPG com Legend of the Dragoon e, desde então, espero que a Sony aproveite essa atual iniciativa de relançar os clássicos remasterizados e faça o remake em HD deste que é um dos melhores… Não… O MELHOR jogo que já joguei na vida.

  • Resenha | O Livro do Cemitério – Neil Gaiman (1)

    Resenha | O Livro do Cemitério – Neil Gaiman (1)

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    Neil Gaiman construiu uma carreira sólida ao longo de mais de 20 anos de trabalho. Tendo como o grande “pontapé” inicial sua amizade com Alan Moore, o que lhe rendeu contatos no mundo dos quadrinhos e posteriormente o tornou mundialmente conhecido ao escrever a obra Sandman. Atualmente, já mais afastado dos quadrinhos e se ocupando cada vez mais com obras literárias, Gaiman nos apresenta O Livro do Cemitério, história fortemente influenciada pelo clássico, O Livro da Selva, de Rudyard Kipling em 1894, como citado pelo próprio autor. Levando em consideração o tom sombrio de muitas de suas histórias, não é de se espantar que O Livro da Selva de Gaiman se passe em um cemitério…

    Na trama, conhecemos um menino chamado Ninguém Owens, que quando ainda era um bebê e teve toda sua família assassinada misteriosamente por um homem chamado Jack. Enquanto o crime era consumado, o bebê engatinha até um cemitério que existia no fim da rua que sobe a colina, o que acaba o salvando de seu trágico destino.

    O bebê acaba sendo salvo por um casal de fantasmas da Inglaterra Vitoriana que há muito tempo desejavam um filho, porém, existe uma regra que nenhum humano pode viver em um cemitério, com isso é realizado uma reunião entre os moradores do local e o misterioso Silas (uma espécie de zelador do cemitério), onde concordam em deixá-lo morar ali, e assim, o casal de fantasmas vitorianos se tornam seus pais adotivos e o batizam de Ninguém. Silas se torna seu tutor, já que é o único que pode conseguir alimentos, vestuários e outros bens necessários para o dia-a-dia de uma pessoa comum. E assim, Nin passa a viver no cemitério da colina, entre fantasmas e ossadas, lápides e covas.

    A cada página o leitor acompanha o crescimento da personagem, desde bebê até sua adolescência. Cada capítulo é um importante ponto no aprendizado de Nin, seja no aspecto de crescimento dele, como habilidades especiais como atravessar paredes, assombrar, vagar por sonhos alheios, entre outras, tudo isso graças a “liberdade do cemitério”, uma concessão que os fantasmas de lá dão a Nin, pois só assim ele poderia viver com eles.

    Contudo, o assassino de seus pais continua a sua procura para terminar o serviço que começou, e não importa quantos anos passem, Jack não irá descansar até terminá-lo e sua chance surge quando Nin completa 15 anos e decide sair para o mundo fora do cemitério e conhecer um pouco da vida. E assim, o destino caminha para um embate entre os dois.

    Gaiman compõe uma narrativa fluida, seguindo um padrão bastante similar a contos, já que cada capítulo traz uma história fechada, uma espécie de coletânea de contos onde quando juntos em ordem cronológica formam um romance (se é que algo assim existe). Apesar de ser voltado para o público infantil – pelo menos é o que dizem, não que eu concorde com isso -, O Livro do Cemitério traz momentos sombrios, embora todos belíssimos, quase lúdicos, deixando claro que a obra não é apenas para crianças, como já vimos em Coraline e O Lobo Dentro das Paredes, aqui isso fica ainda mais nítido.

    O Livro do Cemitério traz um universo fantástico fascinante, as personagens são cheias de vida (por mais irônico que isso possa parecer), as descrições dos momentos da vida de Nin emocionam qualquer um e claro, as ilustrações magníficas de Dave McKean, parceiro de Gaiman de anos, são lindas e ajudam ambientar esta bela estória. Difícil de acreditar que um cemitério seria um lugar tão cheio de vida como aqui apresentado, não é a toa que Neil Gaiman é um dos maiores escritores da atualidade.

  • Review | Denpa teki na Kanojo

    Review | Denpa teki na Kanojo

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    É sabido que, atualmente, a mais expressiva parcela daquilo que se entende por entretenimento de massa no Japão tem como protagonistas de suas histórias crianças e adolescentes.Tal fato possuí razões tanto culturais quanto mercadológicas, mas, indubitavelmente, trata-se de um fato. Entretanto, raramente vemos os jovens retratados nas obras como pessoas que poderiam existir em nosso meio de convívio, sendo estes, em sua maioria revestidos por grande nobreza e diversos outros aspectos que pouco condizem com nossa realidade, seres que, mesmo habitando um mundo similar ao nosso – ou, por questões obvias, uma versão amenizada do mesmo –, jamais poderiam existir na caótica sociedade na qual, teoricamente, estão inseridos.

    O que acabo de expressar é uma das razões primárias para que muitos evitem animes, mangás e derivados, generalizando-os como histórias bobas e infantis, tal como aqueles que normalmente as protagonizam. Essa é até que uma razão compreensível, mas não cabível, vide que animes como Denpa teki na Kanojo, que exibem um atrativo enredo  unica e exclusivamente através da ótica de adolescentes, estão disponíveis a qualquer um.

    Quando uma desconhecida garota aproximasse e, não mais do que de repente, jura-lhe obediência, Juuzawa Juu, um notório delinquente juvenil, vê-se arrastado para uma espiral de estranhos eventos, que lhe seriam de pouca relevância caso a garota que agora o serve (contra a sua vontade) não fosse suspeita da serie de brutais assassinatos que assola à cidade. Esse é o ponto de partida da trilogia de novels de Katayama Kentarou (também autor da singular serie Kure-nai) no qual os 2 OVA’s aqui tratados, lançados em meados de 2009, se baseiam. Trata-se de dois instigantes contos de suspense e ação, que, nos quarenta minutos dos quais cada um dispõe, conseguem surpreender com sua casualidade e forma inusitada de narrar os fatos, apresentando mais uma estranha história sobre estranhos colegiais, que, em um divertido contraste, mantem-se imponente como trama investigativa.

    Apesar do que acaba de ser dito, é importante ressaltar que trata-se de um anime deveras pesado, que, por mais que adicione momentos engraçados e extrovertidos a seu roteiro, aborda temas como assassinato, estupro, suicídio, bullying e demência; o que é muitíssimo bem apresentado logo à principio, com a belíssima sequência de cortes iniciais. Isso caracteriza um dos grandes méritos da serie: sua visão seca dos fatos e personagens, mostrando que, tal como nós, eles prezam por suas vidas, carregam seus traumas e escondem seus segredos – alguns dos quais jamais tomaremos conhecimento. Todavia, os personagens não são reflexos de jovens comuns do dia a dia. De forma alguma. Eles mais se assemelham a caricaturas dos mesmos, valendo-se de um ou mais aspectos interessantes, gerando assim não personagens realistas, isso não, mas personagens críveis; recurso visualmente bem retratado pelo traço rústico; pesado, mas não incômodo.

    Uma vez citadas as qualidades, vejo-me, afim de não gerar expectativas errôneas, obrigado a alerta-los que este anime encontrá-se muito distante do excepcional, extraordinário ou de qualquer outro termo além de bom, ou, quem sabe, muito bom. Pois, por mais virtuoso que seja em determinados aspectos, Denpa teki na Kanojo não agrada tanto em alguns outros, como na animação pouco fluída ou na falta de explicações para com certos ocorridos, como, por exemplo, aquele que ilustra qualquer sinopse à respeito da serie. As poucas respostam podem ser atribuídas a uma representação do inexplicável, algo não tão incomum já visto de forma abstrata em Paprika, Bungaku Shoujo e, como exemplo mais palpável, Sev7n; mas, pela corrida condução do roteiro – o que é plausível, vide a duração de cada OVA–, nesse caso tal artificio, que definitivamente obtêm êxito em intrigar o espectador, pode, infelizmente, acabar por frustra-lo ora ou outra.

    As duas histórias, baseadas, respectivamente, no primeiro e terceiro volume das novels de Katayama, mostram-se bem elaboradas e competentes; culminando em uma animação que não requer muito tempo ou dedicação, mas que entrega, pontual como em suas viradas, cenas de ação, comedia e tensão constante, algo deveras satisfatório. Em meio a seus acertos e falhas, Denpa teki na Kanojo comete apenas um erro inaceitável: não possuí ou dá margem à continuações. O que é bastante triste, pois a industria clama por material desse nível.

    Texto de autoria de Alexandre “Noots” Oliveira.

  • Review | Camelot

    Review | Camelot

    camelot posterO mito do Rei Arthur já foi contado várias vezes nas mais diversas mídias. Compreensível, então, a dificuldade em trazer uma nova visão de uma história amplamente conhecida. Mas nem isso serve como desculpa para o seriado Camelot, do Canal Starz, uma das grandes decepções dessa temporada. Assistir os 10 episódios desse primeiro ano foi fruto de uma teimosia férrea. Aliás, quando fui pesquisar reviews como inspiração, descobri que os poucos sites/blogs que tentaram acompanhar a série desistiram na metade. Sensacional, não?

    A proposta é narrar a juventude de Arthur sobre uma perspectiva mais “realista” do que o habitual. No início, vemos uma amargurada Morgana envenenando seu pai, o Rei Uther, como vingança por ter sido rejeitada e enviada para um convento, e ver sua mãe ser trocada por uma rainha mais jovem, Igraine. Após a morte do Rei, o misterioso conselheiro Merlin vai em busca do herdeiro, Arhtur, um “bastardo legítimo”. Explica-se: quando Igraine ainda era esposa de outro, Uther, apaixonado, assumiu magicamente a forma deste e partiu pro abraço. O fruto dessa noite tórrida foi entregue a uma humilde família adotiva para ser criado em segredo. Como anos mais tarde Uther acabou se casando com Igraine, o jovem Arthur agora pode assumir o trono, para desespero de Morgana, que acreditava ser a única herdeira.

    A partir daí a história mostra Arthur buscando estabelecer um governo justo e pacífico, sob a orientação de Merlin e Igraine, e com o apoio de  alguns cavaleiros, seus “Campeões”. Enquanto isso, Morgana posa como irmãzinha querida enquanto prepara artimanhas mil. E pra apimentar um pouco as coisas, Arthur se envolve com Guinevere, esposa de Leontes, seu principal soldado. Partindo desse plot, nem parece tão ruim… o problema é que o roteiro é fraquíssimo. Tudo é muito, muito chato na série. Episódios arrastados, pouca ou nenhuma ação, atuações sofríveis. Jamie Campbell-Bower, o protagonista, é uma nulidade. Joseph Fiennes faz um Merlin jovem e careca, e aparenta estar o tempo todo drogado/com dor de barriga (ecos de sua finada série FlashForward, outra pérola).

    A única salvação é Eva Green. Absurdamente linda mesmo com uma cara de víbora traiçoeira, ela encarna Morgana com perfeição. Mas mesmo ela acaba cansando no meio de tanta chatice. Entre os demais personagens, Claire Forlani surge já meio envelhecida mas ainda altamente pegável como Igraine, numa atuação até interessante. A desconhecida e canastrona Tamsim Egerton interpreta Guinevere, Philip Winchester é o corno Leontes, e Clive Standen é Gawain, o cavaleiro mais fodão (que usa duas espadas, como Spartacus já nos ensinou). Seu personagem é meio rebelde, poderia ser legal se fosse mais bem explorado. Ah, e tem o irmão de criação de Arthur. Whatever.

    Seria inválido entrar no mérito de certo ou errado, afinal de contas essa história toda é uma lenda. Existem muitas versões, então “mudanças”  são esperadas. Mas a série opta por caminhos que nada agregam de interessante. O ambiente todo é muito pequeno, limitado. Os Cavaleiros da Távola Redonda são uma meia dúzia, o povo do reino se resume a poucas vilas miseráveis com um punhado de habitantes. Quando vai ter alguma luta, os números envolvidos são risíveis. Não adianta, uma trama medieval precisa ser ÉPICA. Mas o pior de tudo foi em relação à famosa espada de Arthur. Ele a retira do topo de uma cachoeira, poucas pessoas testemunham, e a impressão é que Merlin inventou na hora alguma lenda obscura sobre esse feito! Não sou especialista, mas retirar a espada não é um fator determinante pra Arthur ser o Rei? Na série, pareceu que fizeram essa cena porque lembraram no meio da história que ela precisava estar lá. E tem mais: essa espada NÃO É Excalibur! Ela é rapidamente esquecida, Merlin decide que o Rei precisa de uma arma digna, e vai em busca do melhor ferreiro do reino. Pra resumir, merda acontece, a filha do cara se chamava Excalibur, e há uma referência à Dama do Lago. Nem tente entender, não é importante mesmo.

    Enfim, Camelot é uma série não recomendada, a menos que você seja um fã ardoroso de histórias medievais e/ou masoquista. Ainda não há confirmação de uma segunda temporada, e mesmo com o final que pelo menos mostrou vislumbres da versão mais conhecida da lenda, a expectativa não é nada boa. Mas eu assistirei, afinal Camelot é uma obra-prima pra quem viu Heroes e Sarah Connor Chronicles até o final.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Review | Duke Nukem Forever

    Review | Duke Nukem Forever

    A década de 90 foi o berço dos clássicos de FPS (first person shooters – jogos de tiro em 1ª pessoa). Em meio a Wolfeinstein 3D, Doom, Hexen e Quake apareceu um herói canastrão, desbocado, que só se preocupava em uma coisa: eliminar os aliens para salvar a mulherada. Originado de um jogo de plataforma, Duke Nukem 3D nasceu em 1996, trazendo conceitos novos aos FPS.

    O que mais chamou a atenção foi o fato de o protagonista, além de matar os inimigos e resolver os puzzles, soltar frases irônicas e de baixo calão, curtir umas strippers e se vangloriar o tempo todo. O enorme carisma de Duke Nukem pegou em cheio os gamers de PC da década de 90, sendo um sucesso absurdo. Com isso, a 3D Realms, produtora do jogo, anunciou no ano seguinte a continuação dessa aventura: Duke Nukem Forever. Algumas fotos foram divulgadas e deixou os fãs malucos, de queixo caído, tamanha a qualidade gráfica para os padrões da época.

    Em 1999 iniciou-se a produção, porém muita coisa deu errado: paralizaram, retomaram, cancelaram, voltaram, mudaram de produtora… tudo isso em meio a disputas judiciais e muita dor de cabeça. Mesmo com um trailer publicado em 2001 o game nunca se concluía. Tornou-se motivo de piada, quase uma lenda urbana, assim como o Chinese Democracy do Guns’n Roses. E o problema se agravou: o Guns’n Roses lançou o Chinese Democracy! Onde está Duke Nukem Forever?

    Finalmente, em 2010, a Gearbox (criadora de Borderlands) assumiu a produção e anunciou o lançamento do game. Em 9 de julho de 2011, Duke Nukem Forever estava disponível no Steam, e logo após nos consoles XBox 360 e PS3.

    “Nodoby steals our chicks… and lives!”

    Duke salvou a Terra da invasão alienígena. Agora, ele desfruta de (muita) fama, (muito) dinheiro e (muitas, mas muitas) mulheres. Tudo estava indo bem até os malditos aliens voltarem ao nosso planeta. Mesmo o Presidente dos EUA ordenando que Duke não se envolvesse, ele se envolve. Afinal, os inimigos mexeram aonde não deviam: nas mulheres. O Rei está de volta!

    “Come get some!”
    A nostalgia já começa na abertura do jogo: uma retrospectiva em estilo HQ do que aconteceu em Duke Nukem 3D. Tudo ao som da excepcional música-tema, agora com novos arranjos e, claro, qualidade de áudio superior. A primeira fase também aquecerá o coração dos fãs, pois não é nada mais nada menos que o Stadium, com o gigante alien de um olho só atirando mísseis.

    Após a batalha, retornamos à mansão de Duke, onde é possível perceber o enorme narcisismo do herói com dezenas de quadros e pôsteres dele mesmo. Fãs alucinadas em sua porta, crianças pedindo autógrafos em seu livro, enfim. Tudo muito divertido e canalha, como o loirão deve ser.

    “Don’t have time to play with myself!”

    Os primeiros problemas surgem na parte técnica do jogo. Os gráficos, apesar de legais, deixam a desejar em relação aos padrões atuais. Cenários muito quadrados, texturas em baixa definição, muitos serrilhados, loadings muito demorados e lentidão repentina são pontos que decepcionam. É nítido que a Gearbox pegou o que já estava pronto e tentou atualizar. O resultado final não é dos piores. Podemos dizer que é aceitável (se você não é um gamer tão exigente nesses quesitos). Já os personagens (aliens e humanos) estão bem-feitos, mas não perfeitos.

    A parte sonora, sem dúvidas, é o ponto forte. O dublador Jon St. John refez diversas falas do Duke Nukem 3D, além de tantas outras inéditas. A trilha sonora está bem legal, muitas vezes deixando apenas os sons ambientes ou a música tocada no próprio local onde Duke se encontra. Juntamente com isso, os cenários estão bem interativos (a maioria são inutilidades). Jogue sinuca e pinball, faça musculação, dê uma mijada, desenhe na lousa e arremesse tudo que vir pela frente nos seus inimigos!

    No multiplayer, temos as opções de Deathmatch (Duke Match), Team Deathmatch (Team Duke Match), Capture tle Flag (Capture the Babe) e King of the Hill (Hail to the King). O mais bizarro é que cada partida comporta, no máximo, 8 jogadores, quantidade ínfima para os padrões de hoje. Pelo menos os fãs terão uma surpresa: a fase Hollywood Holocaust, primeira do Duke Nukem 3D, está disponível no multiplayer, apesar de a qualidade gráfica dela parecer muito inferior às demais. Ah, agora é possível ver os pés de Duke, assim como na franquia F.E.A.R e outras.

    “Say hello to my little friend!”

    Armas. Muitas armas. Escopetas, pistolas, metralhadoras, lasers, lança-foquetes, raio encolhedor… as velhas conhecidas estão de volta com novo design, e outras foram adicionadas ao arsenal. Porém, só é possível carregar 2 armas por vez. Isso deixará alguns fãs tristes, mas aumenta o desafio e a realidade do jogo. Pode ter certeza, a dúvida mais constante do jogador não será nos puzzles, mas sim qual arma vai levar. Vale lembrar que o chute foi substituído pelo soco. Sim, agora Duke mete porrada! Se preferir, utilize suas amas para desferir uma violenta coronhada. O desafio aumenta porque cada inimigo é mais vulnerável a certos armamentos, e resistentes a outros. Portanto, atire com sabedoria e leve a artilharia certa em cada momento.

    Mas nem só de armas vive um herói. Diversos itens estão à disposição para ajudá-lo na batalha: tome esteróides para aumentar a potência do soco e a velocidade da corrida; use o holograma para confundi-los; beba cerveja (!) para suportar mais dano (!!); e por ai vai. Combinando a arma certa com os itens corretos, as coisas ficam bem mais fáceis.

    Talvez a maior mudança ocorreu em relação ao HP/Health/Life. Agora ele é chamado de Ego, denominação já utilizada em Duke Nukem: Manhattan Project, um jogo de plataforma bem legal. Nosso herói não utiliza os famosos medkits para recuperar sua energia (ou melhor, seu Ego). Basta esperar alguns momentos sem receber nenhum dano que o Ego se regenera. Além disso, é possível aumentar o Ego máximo fazendo musculação, jogando pinball, vendo pornografia e outras ações esdrúxulas. Não pense que isso facilitou o jogo, até porque Duke está muito mais vulnerável que antes, recebendo bastante dano em pouco tempo.

    “It hurts to be you!”

    Os inimigos clássicos retornam com novo design e mais agressividade. Os porcos alienígenas agora possuem variações, podendo usar escopeta, pistolas ou até porrada; de vez em quando Duke fará um duelo de força contra esses monstros. Os polvos mutantes atiram o famoso raio psíquico e usam seus poderes mentais para arremessar coisas em você. Alguns inimigos são gigantes, e muitos só recebem dano por mísseis e artilharias pesadas.

    Essas variações obrigam o jogador e adotar táticas diferenciadas para cada inimigo, utilizando as armas apropriadas e cuidando para não ser atingido pelos tiros e golpes.

    “My name’s Duke Nukem!”

    Quem esperava o melhor jogo do mundo irá se decepcionar. “Mas foram 12 anos de produção!”, você diz. Não, foram 12 anos DESDE O INÍCIO da produção. Isso não significa que o game ficou em desenvolvimento durante todo esse tempo. Como já dito no início deste review, Duke Nukem Forever sofreu todos os empecilhos possíveis, e durante esse período a engine ficou defasada e algumas idéias também. A Gearbox se valeu de uma enorme colcha de retalhos e finalizou o jogo. Poderia ser muito melhor? Sem dúvidas. Entretanto, teriam que fazer a partir do zero. Com isso, levariam mais alguns anos…

    Não é justo condenar tão ferrenhamente as falhas. Também não somos obrigados a engolir qualquer coisa, até porque o jogo não é de graça. Colocando na balança, considero o saldo positivo, pois ainda é possível saírem atualizações para corrigir diversos problemas – ainda mais que a versão de PC saiu pelo Steam. Sou um grande fã de Duke e me diverti muito chutando bundas de alienígenas ouvindo frases canalhas lá em 1996. Duke Nukem Forever é para quem deseja uma experiência parecida, mas com idéias novas e gráficos melhores. O jogo é bem divertido, mais pelo próprio Duke do que pelo jogo em si. Ou seja, quem não for pego pela nostalgia dificilmente gostará deste game. Irá odiá-lo ou dar uma nota abaixo da média. Para quem estava com saudades do herói, divirta-se.

    Hail to the King, baby!

  • VortCast 06 | Ahhhh, O Amor…

    VortCast 06 | Ahhhh, O Amor…

    Bem Vindos à bordo ao túnel do amor, ouvintes apaixonados. Nesta edição, Flávio Vieira (@flaviopvieira), Levi Pedroso (@levipedroso), Rafael Moreira (@_rmc) e Mario Abbade (@fanaticc) se reúnem para comentar sobre cenas românticas marcantes do Cinema para cada um deles. Por isso, separe um bom vinho, acenda velas aromatizadas e traga sua parceira(o) para ouvir junto.

    Duração: 93 mins.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Declaracão de amor feita pelo Levi Pedroso

    Cenas Escolhidas

    Casablanca (Mario) | Cena Comentada
    Vanilla Sky (Levi) | Cena Comentada
    As Pontes de Madison (Rafael) | Cena Comentada
    Antes do Pôr-do-Sol (Flávio) | Cena Comentada
    Simplesmente Amor (Rafael) | Cena Comentada
    Meus Dois Carinhos (Mario) | Cena Comentada
    Aconteceu Naquela Noite (Flávio) | Cena não encontrada | Filme Completo no Youtube
    Um Lugar Chamado Nothing Hill (Levi) | Cena Comentada
    Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Rafael) | Cena Comentada
    O Último Tango em Paris (Mario) | Cena Comentada
    Star Trek (Mario) | Cena Comentada
    Star wars – O Império Contra-Ataca (Flávio) | Cena Comentada
    Os Implacáveis (Mario) | Cena Comentada
    De Repente é Amor (Levi) | Cena Comentada
    Hannah e suas Irmãs (Mario) | Cena Comentada
    O Senhor dos Anéis (Rafael) | Cena Comentada
    Luzes da Cidade (Flávio) | Cena Comentada
    Diário de uma Paixão (Levi) | Cena Comentada
    Coração Selvagem (Mario) | Cena Comentada

  • Crítica | 500 Dias Com Ela

    Crítica | 500 Dias Com Ela

    poster-500-dias-com-ela

    O que mais surpreende em 500 Dias com Ela é a completa inversão de papéis que ocorre. Enquanto em boa parte das comédias românticas temos certas “regras” clássicas do gênero e que aqui são completamente subvertidas, causando no público uma experiência muito diferente do que está acostumado.

    Joseph Gordon Levitt interpreta Tom, um arquiteto que nunca exerceu sua profissão e trabalha na área de criação de uma empresa de cartões comemorativos. Tom tem uma vidinha típica que acaba dando uma nova guinada ao conhecer Summer (Zoey Deschanel, aquela mesma do nosso top 10), uma recém contratada secretária no escritório onde ele trabalha. Com o passar do tempo, os dois se dão conta de que têm várias coisas em comum e desenvolvem uma relação. O problema é que Summer não acreditar no amor.

    Marc Webb faz sua estréia como diretor de longas em 500 Dias com Ela e começa muito bem. Conhecido por seu trabalho em videoclipes, Webb adota uma forma toda particular e própria para contar a sua história, o que dá o tempero necessário para a fluidez da história. Usando uma linguagem não linear, Webb intercala os 500 dias do relacionamento de Tom e Summer entre os bons e maus momentos vivenciados pelos dois, sempre mostrados sob a perspectiva do protagonista.

    A trilha sonora funciona muito bem e serve para mostrar como muitas vezes Tom está se sentindo. A direção de videoclipes de Marc Webb imprime uma assinatura própria ao filme, o que não teria acontecido tão bem com um diretor qualquer, já que o longa tinha tudo para cair no lugar comum e se tornar uma comédia romântica com elementos de um grande clipe da MTV, aqui vemos o contrário, Webb usa toda sua experiência anterior para sair do lugar comum e funciona muito bem.

    Gordon-Levitt e Zoey Deschanel esbanjam química e carisma, o que ajuda a imersão na história. 500 Dias com Ela é uma comédia romântica honesta, criativa, sensível e inteligente. Recomendado.

  • Crítica | X-Men: Primeira Classe

    Crítica | X-Men: Primeira Classe

    X-Men_First_Class

    É consenso dizer que Christopher Nolan elevou o nível dos filmes de super-herói, com Batman Begins e principalmente O Cavaleiro das Trevas. Todo mundo tem que se esforçar pra parecer bom diante deles. Pois bem, amigos: a coisa acaba de ficar mais complicada. Se a Fox, produtora que mais errou nesse gênero, conseguiu fazer um filme tão bom quanto X-Men – Primeira Classe, ninguém mais tem desculpa NENHUMA pra nos apresentar as bombas a que estamos acostumados.

    O longa dirigido por Matthew Vaughn estreou no dia 3 de junho e vem tendo uma repercussão bastante positiva. Surpresa, pois sejamos sinceros, ninguém botava a menor fé nesse 5º filme da franquia X. Mais uma prequência? E sem Wolverine, meu Deus do céu? E essas imagens de divulgação totalmente toscas? É claro que isso nunca vai dar certo… ah, como bom estar enganado. Pois justamente no fator reinício é que começam os acertos do filme.

    Ao situar a trama nos anos 60, época em que os mutantes surgiram nos quadrinhos, a questão do preconceito e do temor em relação aquilo que é diferente parece se encaixar melhor. A escolha da época permitiu também focar nos personagens que são de fato o centro de X-Men (nada de Wolverine, seu massa véio) Magneto e Professor X. Ou melhor, Erik e Charles. O filme é deles. Vemos os dois jovens tendo vidas bem distintas; um sofreu na pele com o Holocausto e é consumido pela fúria e o desejo de vingança, enquanto o outro é um acadêmico promissor, altamente  ingênuo e idealista. Do primeiro encontro, surge uma improvável amizade, pois eles têm algo em comum. São mutantes, o próximo passo na evolução.

    Voltando à ambientação, estamos no auge da Guerra Fria, a tensão entre EUA e União Soviética está cada vez maior… com uma certa ajuda de Sebastian Shaw, outro mutante (ligado ao passado de Erik) que deseja uma guerra nuclear pra desencadear a ascenção de sua raça. Temos a participação da CIA, a Crise dos Mísseis de Cuba, tudo muito bem costurado com o surgimento dos primeiros mutantes. A tal da “Primeira Classe” dos X-Men é formada por Banshee, Destrutor, Fera, Angel, Darwin, Angel, e Mística (apresentada como irmã de criação de Xavier). Em sua maioria, buchas, mas têm seus momentos, ajudando a compor o cenário sem ofuscar os dois astros principais.

    Aliás, todos os aplausos para James McAvoy (Charles Xavier) e Michael Fassbender (Erik Lehnsher). Excepcional trabalho dos dois na construção dos personagens que já conhecemos, mostrando algo de novo e ao mesmo tempo a semente do que está por vir. Outro que merece destaque é Kevin Bacon, muito estiloso no papel de Shaw. Atrizes de certo renome, January Jones (Emma Frost, braço direito do vilão) e Rose Byrne (Moira McTargget, agente da CIA e interesse romântico de Charles), ficam no feijão com arroz. O resto do elenco trabalha bem no espaço  que têm, ninguém chegando a comprometer.

    Aliás, merece uma menção especial a Mística vivida por Jennifer Lawrence. Não por atuação, mas porque a personagem tem um desenvolvimento muito interessante durante a história. O roteiro, por sinal, é o grande trunfo do filme. Bastante coeso, com um ritmo rápido sem ficar forçado ou corrido. Como não poderia deixar de ser, temos ação, humor, drama, etc, muito bem dosados. Aliás, a ambientação na década de 60 deu um certo charme meio James Bond pra história. Vale destacar algumas aparições especiais, uma delas de levar a galera à loucura. Como pontos fracos, os efeitos visuais deixaram um pouco a desejar, principalmente na forma diamante de Emma. Ah sim, os dois capangas de Shaw (Azazel e Maré Selvagem) estão lá apenas pra fazer figuração, mas isso não chega a incomodar.

    X-Men – Primeira Classe é uma grata surpresa, sem dúvida um dos melhores filmes de 2011, e sim, o melhor filme da franquia. E sem Wolverine… certo?

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Review | Shiki

    Review | Shiki

    shiki posterDurante o verão ardente de um isolado vilarejo rural, denominado Sotoba, tem inicio uma serie de inexplicáveis mortes; simultaneamente uma misteriosa família se muda para os arredores. Isto é o básico, e, a meu ver, tudo o que precisa ser dito a leigos sobre o enredo de Shiki, anime baseado na serie de light novels de Ono Fuyumi (mesmo autor dos famosos Juuni Kokuki e Ghost Hunt), exibido no cultuado bloco noitaminA, segmento mais abrangente e ousado da TV Fuji, lar dos conhecidos e aclamados Honey & Clover, Nodame Cantabile, Higashi no Eden, The Tatami Galaxy e tantos outros. Exibido durante o segundo semestre de 2010, com um total de 22 episódios, Shiki é, com seu design e trama diferenciados, um dos melhores animes de terror de uma escassa leva.

    Como dito acima, trata-se, em essência, de uma história de terror. E uma das com melhor execução no formato de serie linear vista nos últimos anos. Mas não se enganem, pois é justamente por não se apoiar apenas no horror, e, como shonen – serie para garotos, um publico, por definição, “menos maduro” – que é, dar espaço a elementos com maior apelo à massa, como investigação e ação, que Shiki é tido como exceção, e não regra. Mostrando desde sempre um contraste entre a realidade inadmissível e a fantasia aceitável, sobrenatural e senso comum, exposto através de personagens palpáveis, que se assemelham a pessoas reais em seu egoísmo, cinismo, fraqueza ou seja qual for o defeito apresentado, o anime obtém êxito em despertar o interesse do espectador sem utilizar de exposição desnecessária ou outros subterfúgios a fim de fisgar a audiência.

    A princípio, como tantos outros, Shiki mostra-se um tanto o quanto bobo, focado em assuntos e personagens triviais, que, mesmo envoltos no eminente clima de suspense, passam pouco do que a serie virá a se tornar. Tal artificio, que pode afastar espectadores desavisados e menos persistentes, é puramente proposital, tendo como função construir o pequeno cenário no qual a história se desenrolará. Apresentando a realidade na qual os mais distintos tipos convivem, de forma com que criemos uma opinião, positiva ou não, para com cada um deles, a vagarosa, porém muitíssimo bem conduzida trama progride de forma crescente e exemplar.

    Tendo a morte como ponto de fuga, como tipicamente ocorre em histórias do gênero, o anime propõe reflexões mais maduras do que a maioria espera, como as tão recorrentes duvidas a respeito de vida e morte, correto e incorreto. Entretanto, em momento algum é feito qualquer tipo de julgamento de valores. Não é uma história sobre o bem contra o mau, tanto que, em mais de um momento, aquilo que considerávamos certo inverte-se por completo, e os personagens pelos quais temos grande apreço ou aversão nos surpreendem de forma drástica. Brincando com a capacidade de aceitação e adaptação do publico, o texto deixa claro que morte e desgraça podem chegar – e comumente chegam – a qualquer um, independentemente de sua índole

    Shiki trabalha com planos entrecortados, e o faz muito bem, construindo assim uma narrativa repleta de detalhes e pontos de vista diversos, que requer atenção para ser contemplada em sua totalidade. Abusando de subjetivismo e, em certos momentos, de metalinguagem; incitando o espectador a olhar para a floresta e não para as árvores; e não subestimando seu intelecto, capacidade de interpretação e aceitação, o anime apresenta, de modo geral, uma excelente trama, que, embalada pelas belas composições de Yasuharu Takanashi (o mesmo de Jigoku Shoujo, Itazura na Kiss e Naruto) no que é, na minha opinião, seu melhor trabalho, não falha em entregar a tensão e desconforto característicos de qualquer boa história de suspense e terror. Shiki é um suspiro sazonal de um gênero depreciado e carente; um dos que merece atenção.

    Texto de autoria de Alexandre “Noots” Oliveira.

    shiki

     

  • Agenda Cultural 28 | Portais, Estereótipos e… SPARTACUS!!!

    Agenda Cultural 28 | Portais, Estereótipos e… SPARTACUS!!!

    Bem Vindos à bordo. Chegamos à 28ª Agenda Cultural! Não que isso signifique nada de especial mas… a Agenda volta com tudo desta vez com Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Mario Abbade (@fanaticc), Levi Pedroso (@levipedroso), Amilton Brandão (@amiltonsena), Bruno Gaspar e os convidados Rodney Buchemi do Melhores do Mundo e Diego (@diegogc) do Fênix Down. Essa mistura toda gerou uma agenda bem diversificada sobre portais, velhos deuses, destroços humanos e sugadores de sangue! Não deixe de conferir!

    Duração: 111 mins
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Rodney Buchemi – Site Pessoal
    Rodney Buchemi – Deviantart
    Fênix Down

    Quadrinhos

    Sandman – Edição Definitiva Vol. II
    Thor –  O Renascer dos Deus

    Literatura

    Noturno – Guillermo Del Toro e Chuck Hogan

    Música

    Foo Fighters – Wasting Light
    Heaven and Hell – Live at Wacken
    Wall of Death!!!

    Séries

    Spartacus: Gods of the Arena

    Games

    Portal 2
    Comic – Portal 2
    Mortal Kombat

    Cinema

    Rio
    Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio
    Pânico 4
    Sobrenatural
    Reencontrando a Felicidade
    A Garota da Capa Vermelha
    A Minha Versão do Amor
    Agentes do Destino
    Padre
    Thor

    Produto da Semana

    Absorvente Alcoólico – Dica do ouvinte André Farias